domingo, 6 de outubro de 2024

Um ano de nada.

"Hoje é o dia do teu aniversário..." Um ano de tudo, onde tudo era impensável, impossível. Tomar um banho com aquele sabonete que me deixa com um cheirinho tão bom. Simplesmente tomar um banho. Lavar o rosto. Trocar de roupa. Molhar os lábios. Saber onde estou. Aquela camisa que gosto tanto, meu travesseiro; se faz frio aquela manta que minha mãe me deu. Ir à janela. Ver o Sol. Que Sol? O Sol no rosto. Que rosto? Um dia o vi nos cartazes na televisão. Eles viam o noticiário numa língua que não entendo, e estava lá nos cartazes na mão de uma manifestante, meu rosto. Será que eu ainda existo? No princípio a certeza que ia logo acabar, soubemos que uns outros quantos haviam sido trocados, logo sería nossa vez. Trocariam-me e tudo voltaria a ser como dantes, poder ir na cozinha e fazer uma omelete, tomar um sumo, não aquele que gosto tanto, qualquer um. Ir a privada sozinho, sem ninguém me ver. Mas não! É só essa espera na escuridão. Quanto tempo fará? Já não sei o que é tempo. Não sei se é dia, não sei se é noite. Se tenho fome, só me resta esperar. Se tenho dor, só esperar que passe. O pior de tudo é essa falta de noção. Não faço votos. O que é isso que vivo? Pra que é isso? E ninguém faz nada? Tudo que há é espera. Nada que seja esperança. Essa que perdemos no meio do caminho, esse caminho que fizemos, os que estamos vivos, mas que não nos levou a nenhum lugar. Outro dia vi um blusão como um que eu tinha. Onde estará meu blusão? Onde estará minha mãe? Meu pai, minha irmãzinha? Eu tinha um namorado. Uma amiga, onde estarão? O que é que eu sou agora? Testemunho o que? Vivo o que? Espero o que? Às vezes ele vem com a mão e toca-me, abre-me as pernas, antes, quando eu dava luta, me batiam, e outros vinham-me segurar. Já não luto mais. Já não sei o que sou. Sinto o cheiro de meu sabonete, aquele que não existe, que nunca existiu, e que mamãe comprava-me sempre. Onde andará meu sabonete? Onde andará minha mãe? O QUE TRANSFORMOU O RESPEITO E O SORRISO NESTA MISÉRIA ABSURDA? Às vezes penso num passeio que dava. Na praia. No banho... e essa imundice no corpo que não me deixa. Mudam-nos para outro lugar, que é o mesmo. Não há luz. Penso demasiado em coisas banais. Gostava de escrever qualquer coisa, mas não tenho como. Os poemas e a filosofia deixaram-me, penso em arroz, em dormir muito e sempre. Para sempre, talvez. Tínhamos muitas perespectivas daquilo que desejávamos, como não desejamos mais, nem entendemos o que será desejo, NÃO TEMOS PERSPECTIVA. Nada vemos que não seja o mesmo, e o mesmo é esse nada que é tudo. Não é vazio. São inexistências. Desde aquele dia em que estávamos no festival deixamos de existir. O que será existir? Ao menos ter vontade, poder dizer não. Querer dizer sim a tantas coisas, meu sabonete. Que sabonete? Água para lavar o rosto. Quando volto a ser eu? Nessa expectativa reside o vazio que enche tudo, é então o NADA, que não é a mesma coisa. Começo a entender subtilezas inimaginadas. Nesse dia fizeram uma festa. Era um ano de nada. E com ironia nos deram: PARABÉNS.

sábado, 21 de setembro de 2024

Os 75 anos do 1984.

O famoso livro de George Orwell, cujo título é um ano, o de 1984, completou três quartos de século de sua publicação neste oito de junho, último romance do controverso autor, traz à discussão a realidade desde sempre pretendida por algum poder que governe, controlar a sociedade em nome de uma suposta 'paz social', para a qual a única resposta possível é a ação guerrilheira (uma vez que a guerrilha é a derradeira forma de reação aos instrumentos pervertidos dos poderes instituídos) portanto uma ação como tentativa de se contrapôr, resistência ativa aos meios de manipulação em que se converteu, conformou, e se consusbatanciou o Estado e seus instrumentos, manipulação a muitos e diversos níveis para controlar as pessoas, intervindo e manipulando: A informação, a linguagem, o controle do passado, a promoção do negacionismo, a guerra, a alienação de largas franjas da população, a ação psicológica, o uso de tecnologias e legislação propícias, a vigilância - individual e em massa, a mistificação da verdade, fake news, "duplipensar", 2+2=5, "crime de pensamento" e, no topo, o totalitarismo. ONDE JÁ VIMOS TUDO ISTO? Hoje, em toda parte, com maior ou menor amplitude e incidências, onde se encontram infiltrados em todos os países estes diferentes meios de domínio da sociedade, mesmo a mais instruída. 1984. Esse ano bissexto e olímpico não teve grandes ocorrências políticas ou históricas, mas fica para a História por sua marca ficcional. Orwell escolheu uma data que se aproximava, não muito próxima, não muito distante, 35 anos adiante do tempo em que escrevia, visando demonstrar que nos encaminhavamos para uma instrumentalização social, que, com os novos e mais capazes meios tecnológicos, atingiria níveis de eficiência desconhecidos na Historia até então. E vimos isso acontecer, não em 1984, se não um pouco antes, e também depois, e sempre, e agora, em exercícios de subjugação e controle cada vez mais eficientes, até o absurdo.(Sugiro a leitura da crônica: A nota social, a cidadania e a liberdade - 31/03/2018.) 1949. Saídas da Segunda Guerra Mundial, as pessoas aterrorizadas por tudo que se passou com a tentativa nazi de instrumentalizar o mundo, e como fizeram com os alemães, pretendem fazer os diferentes grupos de poder, só não o fazem aqueles que, obstaculizados pelas forças sociais impeditivas a tais pretenções, vêem-se obrigados a refrear suas intenções, que, com raríssimas exceções, buscam um poder maior que a Democracia lhes concede. Expor à evidência essas intensões é a reação política primeira de uma imprensa, de partidos e de uma sociedade em regime democrático. Do confronto que então se estabelece vemos caminhos e descaminhos para atingirem seus fins, desde lutas intensas de opiniões, como as que vemos nos jornais e noticiários televisivos, até encarniçadas redes sociais defendendo e contrapondo pontos de vista, tanto normais e verdadeiros, quanto mentirosos (fakes) e inventados. Passa essa confrontação por ações mais vis, onde se estabelecem ações públicas ou nas sombras - Ataque ao Capitólio, Washington; Ataque aos Três poderes, Brasília; Watergate, Washington - bem como por inúmeros golpes palacianos, tudo pretendendo asumpção de poder que não corresponde aos conferidos pela situação vigente. Orwell terá pouco de oráculo, de Nostradamus, ou advinho, mas não deixará de ter seu que de profeta, ainda que suas previsões se assentem na observação da natureza humana e suas tendências desvirtuadas, e não em poderes ocultos. Seu livro é uma transcrição ficcional dos aparelhos que se formam visando alcançar poderes qwue não têm. "Big brother is watching you." Nada mais eficaz que o temor generalizado. Quanto a Gestapo terá alcançado pelo simples fato de existir? As pessoas temendo comportam-se como espiões de seus vizinhos, agentes do totalitarismo, fontes copiosas de informação e delação, estabelecendo uma rede de terror e vigilância, e em miseráveis denunciadores de comportamemntos supostamente contra o regime. Pela força, pelo medo implantado, pelas ações de inteligência e espionagem, os meios que se traduzem no que chamamos genericamente de Big brother, têm comprovado sua eficiência como ação autoritária, repressiva, fascista, ditatorial, numa tradução próxima de algum modo das ações para as quais Orwell nos alerta. 2024. O poder sempre busca uma forma de controlar, moldar e enganar a Sociedade, da forma mais restritiva que consiga, bem como da forma mais manipuladora possível, criando narrativas que induzam a crença nos valores que propagam, pouco importando se existem ou não as coisas que afirmam, buscando unicamente convencer tudo e todos de que sua ficção é a realidade. Vemos hoje essas fábulas narradas como recurso de instrumentalização por toda parte, com destaque para as redes sociais. Parece que voltamos aos tempos das quimeras mitológicas, com seus meios de assustar as crianças e controlar as populações. E tristemente verificamos que as fábulas resultam e alcançam seus propósitos, como sempre as pessoas gostam de crer em ilusões e invencionices. Tanto no livro como na realidade, tanto outrora como hoje, estamos e creio que estaremos sempre sujeitos a essas ambições de poder inevitáveis, posto que o poder corrompe. O alerta orwelliano é uma lembrança constante que faz-se sempre necessária para que deixemos de ficar pela rama na observação e análise das ações que nos afetam.

UMA SÉRIE INIMAGINÁVEL DE COINCIDÊNCIAS OU A MAIOR DAS MENTIRAS.

A tolerância chegará a tal ponto que as pessoas inteligentes serão inibidas de fazer quaquer reflexão para não ofender os imbecís. F.M. Dostoiesvski. SABENDO O RISCO QUE CORRO, não posso me furtar a analisar o que vi. Eu, que detesto teorias da conspiração, NÃO COMPRO ESSA DE TENTATIVA DE ASSASSINATO NA PHILADELPHIA. O Bolsonaro contou ao Trump que depois da "facada" sua campanha ganhou novo ânimo, basta ter uma equipe de médicos confiável; isso dá ideias, mas restrinjamo-nos só aos fatos. ANALISEMOS OS FATOS: Por experiência própria, sei qual é o efeito de uma bala na orelha. Por mais superficial que seja o estrago que deixa é grande. A orelha do sr. Trump, vê-se claramente, foi ferida por cima ou por trás, não na parte externa por uma suposta trajetória de uma bala. * As orelhas são muito vascularizadas, um ferimento causado por uma bala faz uma sanguera imensa, não foi o que se viu. Via-se o sange coagulado logo, como o que escorre de uma pequena ferida, mas na orelha, mesmo sendo pequeno o ferimento, esse esguicha, e demora muito a parar. ** Ele se vira no momento antes das balas, como a esperar que algo acontecesse. (Com um pequeno estilete na mão poderia ter ferido a orelha, logo a seguir olha para a mão que tinha levado à orelha, para confirmar o sangramento. Prestando atenção na filmagem, nota-se um pequeno atraso entre ele "ser ferido" e sentir a dor do ferimento, o que só o demonstra quando já está no chão, escondendo-se). *** Se seguirem a suposta tragetória da bala, poderão notar que ela não é contínua. TENTATIVA DE ASSASSINATO é um excelente moto de campanha. => O fato é que o Sr. Trump não pode perder essa eleições, porque se as perder irá para a cadeia, por vários e diversos crimes, sendo o mais grave o de tentativa de golpe de Estado. Logo fará tudo para ser eleito, para não ir para a cadeia. CONTINUEMOS COM OS FATOS: O atirador é republicano. Usava camiseta de seu grupo republicano. O que nos diz isto???? Os agentes do serviço secreto não reagem como estes reagiram, DESTA FORMA - dando tempo para o agredido levantar o braço, etcetera. Eles envolvem-no e desaparecem logo com ele. Depois na porta do carro dão-lhe outra vez tempo de fazer o gesto de novo, para se vangloriar, os agentes teriam-no enfiado no automóvel e sumido com ele dali. 86 segundos. Foi o tempo que os agentes demoraram para reagir. 86 segundos é uma eternidade em termos de reação a ataques. Como no caso Kenedy, JFK, ao eliminarem o agressor, evitam que ele possa dizer algo, fazendo assim morrerem ali com ele quaiquer suspeitas, e a posibilidade de as esclarecer. Não tentaram prendê-lo, nem perderam tempo em tentar desarma-lo. Atiraram a matar. A 100 metros ninguém com um rifle AR 115 erra, basta dar uma rajada. NOTE: O perimetro de segurança que se estabelece habitualmente é de 350 metros -como poderia haver um sniper a 120 m? Dizem que as pessoas circulvam por ali sem nenhuma vigilância (????) E muitos avisaram aos serviços secretos e à polícia que havia alguém 'armado' em cima do telhado. DIA SEGUINTE - FATOS: A ORELHA ESTÁ JÁ RECUPERADA como por milagre. Não há vestígios do que teria feito uma bala, por mais superficial que fosse sua passagem, menos ainda uma que perfurasse a orelha. Onde está a perfuração alegada? Dias seguintes - Dúvidas: Os serviços apresentam muitas dúvidas, desde como o homem com a arma podia estar naquele telhado tão próximo, até como os fatos se desenrolaram, buscando entender como tudo se passou. Alguns se questionam sobre como foi possível. Só quem nunca viu um ferimento numa orelha pode acreditar no que se viu, e do modo como foi narrado. O Presidente Biden ordenou investigação independente ao caso. Porque? Agora irão surgir as falhas de segurança. As necessárias para que houvesse atentado. No Brasil fala-se abertamente que foi tudo construído. - Teoria da conspiração? E o drone? Não tem impressões digitais? DIA 24 - Alguns dias depois aparece com a orelha 'já' recuperada. Devemos ter em atenção dois pontos: 1. A cartilagem da orelha não se recompõe, só a pele. e 2. A recomposição epitelial é muito lenta, tão mais lenta quanto a área afetada seja maior. Com a rapidez da recuperação evidenciada, fica claro que a área afetada foi muito pequena. VALE DIZER: INSIGNIFICANTE. DIA 25 - O FBI põe em dúvida que tenha havido atentado. As narrativas de Trump. O homem que é o maior mentiroso que se conhece, então conta a maior mentira de todas, a de que foi agredido, uma narrativa, assim terá sua eleição garantida pela MAIOR DAS MENTIRAS. Ou não? Muitos afirmam que teremos guerra mundial desta vez. ATENTEM: Ele joga um jogo que desconhecemos. NOTA: Até saber (25/7) não pensewi em publicar essas minhas suspeitas, é algo muito sério se levantarmos suspeita infundada. MAS AGORA NÃO SOU EU. É O FBI.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

O invisível poder do impossível.

Está sob consulta no Portal Participa, com a fantástica adesão de pouco mais de duas dezenas de cidadãos, a CONSULTA sobre o Armazém para resíduos de material nuclear ativo, de altíssima periculosidade, originados na Central Nuclear de Almaraz, do outro lado da fronteira, ao abrigo de uma convenção entre Portugal e Espanha, sob o título de NOVO ARMAZÉM TEMPORÁRIO, o que não revela o cerne da questão: Depositar em Portugal o lixo nuclear Espanhol, que na consulta designam por CI, RAA e RE. A cidadania, que não olha para estas coisas, e que se esquece muitas vezes de perguntar o óbvio: 'Armazém para armazenar o que?', deixa passar tantas vezes coisas absurdas sem/com o escrutínio popular mister, prescrito em Lei, pela simples razão de apenas duas dezenas de pessoas olharem para o assunto, que uma vez aprovado poluirá uma porção do território nacional português, que sabemos não ser assim tão grande, por milhares de anos, corroborados por uma consulta pública que o justifica (pré-requisito mister). É incrível, mas nem a imprensa, nem as entidades de caráter popular que olham, ou deviam olhar, para essas coisas, nem o Governo da República, que devería dar publicidade à consulta para que os cidadãos votassem, tomam atenção a uma matéria que irá comprometer o território nacional por milênios, que as gerações vindouras verão diminuído, e imprestável na área atingida pelo "NOVO ARMAZÉM TEMPORÁRIO", TEMPORÁRIO para o tempo de armazenamento, mas milenar para os efeitos da radiação que permanecerão. A CONSULTA ESTÁ ABERTA DESDE PRIMEIRO DE AGOSTO, MAS EU SÓ FUI DELA AVISADO PELO PORTAL A 18 OU 19, SENDO QUE A CONSULTA TERMINA A 12 DO MÊS QUE VEM, SETEMBRO DE 2024. Penso que o sistema de consulta assegura uma mui minoritária participação, e que deveria ser alterado. Como ninguém se interessa por isso, vai seguindo lampeiramente sua forma modelar de consultar/sem consultar, porque o número de indivíduos envolvidos na consulta é de tal sorte pequeno, que é como se não tivesse havido consulta alguma. INVISÍVEL PODER DO IMPOSSÍVEL. Eu, que não sou ninguém, nem português sou, tenho feito minha parte desde há muitos anos participando nas miuitas consultas do Portal, muitas delas inofensivas, ou que podem facilmente ver seu efeito retirado pelo desmonte das instalações, o que não me causou maiores preocupações, nem me instigou o dever de denunciar, MAS UM ARMAZÉM DE RESÍDUOS ATÔMICOS, QUE PERDURARÁ POR MUITAS GERAÇÕES FUTURAS, POR MILÊNIOS, me obriga a pegar da pena para denunciar uma dessas muitas coisas que são feitas na surdina, sem a devida publicidade para julgamento dos cidadãos.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

A pegar fogo.

Estamos a caminho de um ponto de ruptura definitivo, aquele do qual não há mais volta. Quem ainda não se deu conta é porque é cego, ou porque não quer ver. Olha que há muitos! Todo o planeta está comprometido, como iremos ver em detalhes. E a inação geral está acelerando o processo (Ver o artigo: 'Causa e efeito.' por exemplo.) Se os últimos eventos não foram suficientes para começarmos a agir na intensidade mister, como mostraram não ter sido, nem serem, a evidência de que não se pode esperar mais um minuto, e uma vez que não têm um plano de ação global, que é o único que nos poderá salvar, posto que nenhum país ou continente pode fazer nada sozinho, situação que vem comprovando a falta de noção da dimensão do problema. Ficamos a esperar que aconteça conosco alguma desgraça, ou que alguém que amamos morra, para irmos tomar as atitudes necessárias, até quando? É absoluta falta de previsão e atitude. Situação que também já foi vista em detalhes em textos anteriores, como por exemplo em : 'Eles estão a matar-nos'. Como nada foi feito além de medidas esparsas e isoladas, muitos mais irão morrer por causa disso, e por toda parte, como veremos. Ficarão listados aqui os indicativos dos pontos mais afetados pela insania geral, como um mapa planetário da nossa inconsequência. Sob o título 'Antes do que pensava', há dois anos, em Março, fiz o seguinte comentário, que não publicaram: Com não posso comentar nem meus próprios artigos, escrevo isso aqui, na esperança que não seja censurado. Há só quatro meses, em 8 de Julho 2022, pp, escrevi o artigo intitulado 'O homem não sabe parar', onde afirmava que muitas outras doenças epidêmicas ou pandêmicas viriam a se manifestar, em face da violenta pressão que o homem exerce sobre o meio ambiente. Não demorou nada, e está aí a 'varíola dos macacos' a me dar razão. Mas é só o começo. O Inferno virá atrás de nós por termos lhe batido à porta. Ou como quer o Secretário geral da ONU: "Estamos a caminho do inferno, e ainda aceleramos." Nunca pensei ter razão tão cedo, mas repito: É APENAS O COMEÇO. Hoje o título deste comentário seria 'Muito antes do que pensava'. Mas basta ver os noticiários para termos perfeita noção da catástrofe ambiental que provocamos, e que já está instalada. Ela não está batendo às nossas portas, ela está já dentro de nossas casas. Como não em todas ao mesmo tempo, pensamos ainda podermos consertar o estrago, não podemos. É inevitável. O único que podemos é trabalhar para que a catástrofe dure o menos tempo possível, mas é necessário ter olhos de ver. MAS NINGUÉM AINDA VIU ISSO. => SÓ OS CIENTISTAS. Leiam o tal artigo 'O homem não sabe parar'. Este 'homem' são sobretudo os políticos e industriais que não se deram perfeita conta do problema em que estão metidos. Faltou a consciência de que o que vemos hoje em nosso planeta é resultado de milhões de anos de enterramento e mutações. Temos enterrados bem lá no fundo coisas/eventos/ experiências do passado feitas pela Natureza, que não foram as melhores, mas que nos fizeram evoluir/mudar, até estabilizarmos no que somos hoje, e o que vemos/víamos hoje é/era o resultado destas inumações e mudanças. Agora que desenterramos, vamos voltar no tempo, e lidar com coisas muito perigosas. O petroleo é todo um passado enterrado que desenterramos, trazendo o Carbono em excesso de volta, e com ele o calor, que pôs o mundo a pegar fogo novamente. SERÁ QUE NÃO VIRAM QUE TÊM DE PARAR DE QUEIMAR PETRÓLEO? Não importa o quanto isso custe, a opção de não o fazer é muitíssimo pior. Vamos olhar então para o problema, para seus pontos quentes, ou seja, onde o aumento da temperatura na superfície do mar é maior atualmente. Comecemos de cima para baixo, o que equivale a dizer de Norte para Sul. Temos portanto as franjas do Círculo Polár Ártico (66º 33')todas comprometidas, criando emorme degelo na calota polar, e consequente aumento do nível dos Oceanos, bem como o aumento das temperaturas em todo lado, porque a ação polar sobre as correntes marinhas, esfriando os oceanos, está diminuindo drasticamente, gerando el Niños por toda parte. Logo a seguir notamos que a costa atlântica do Canadá tem agora temperaturas muito altas e no outro lado, no Pacífico ocidental, na altura do mar de Okhotsk, e pelas ilhas Curilhas, que são milhares de ilhas, com muitas dezenas delas vulcânicas, estendendo-se até Hokaido, há uma grande alteração na temperatura do mar. E na ligação com o Ártico, entre o Alasca e a Sibéria, no mar de Behring, há grande concentração de calor à superfície do Oceano Pacífico, criando extensa zona de perigosa alteração ambiental. Já no Ártico, entre a Rússia e a Noruega, vamos ter a mesma alteração muito alta das temperaturas superficiais, como no mar de Barentsz, sendo que neste mar, por ser bastante raso, tem sua camada aquífera toda aquecida, e não só a superfície. Já ao lado, mais ao norte da Sibéria, no mar de Kara, separado, pelo estreito de mesmo nome, do mar de Barentsz, vamos encontrar em ambos as mesmas anomalias, também o mesmo se passando do outro lado do continente, com o problema indo ter ao golfo do Alaska, envolvendo as Aleutas, seguindo para o outro lado, sempre pela costa do Pacífico no Canadá, onde sabemos ter também a costa atlântica comprometida. Formando aí dois cinturões de calor muito perigosos. Ainda no Ártico vamos encontrar tanto o mar de Chukchi, como o de Beaufort, com altas temperaturas que se espalham tanto aí pelo Ártico, como também do outro lado, no Pacífico, em especial junto à costa, por toda a da América do Norte, a famosa Costa Oeste americana, continuando para Sul até o Chile, com a só interrupção no entorno da costa central da Califórnia (Big Sur) até o Yucatan, estando já todo o resto muito comprometido. Se passando o mesmo no centro do Pacífico, sem a ação dos Alísios, evitando a Ressurgência, fonte de equilíbrio para as populações marinhas, e de aves, com o afloramento das águas frias que trazem com elas nutrientes. Sem esse fenômeno muito em breve teremos uma grande mortandade neste Oceano. O Atlântico Sul que ainda é o mais preservado dos oceanos, tendo apenas ao Sul dos dois continentes que o delimitam, pontos quentes, desde a altura do Sul do Brasil, seguindo sempre a Sul, pelo Uruguai e Argentina de um lado e do outro desde a Cidade do Cabo entrando pelo Índico até Durban, e um pouco mais acima por vários pontos em Madagascar, com forte influência climática em Moçambique. Já o Atlântico Norte está todo comprometido, sempre com mais pontos quentes, quanto mais nos dirijamos para Norte. O Mediterrâneo está todo dominado pelos pontos quentes, com terríveis consequências se manifestando já por todo seu entorno, e com temperaturas a subir. O Índico também está ainda pouco afetado por enquanto, para além do que já descrevemos na costa do sul da África, com só alguns pontos quentes, mas não com temperaturas tão altas, franja que segue até a Austrália, para os lados dos mares do Círclo polar Antártico. Passando-se o mesmo na Austrália, onde só em poucos pontos do Queensland se verificam anomalias mais intensas, isto já do outro lado, na costa do Pacífico deste país da Oceania, no lado do Índico não há pontos quentes na costa australiana. Mas isso não quer significar que as alterações que ocorrem em outros locais distantes não venham a afetar muitas zonas bem distantes deles, já afetando a Austrália. Está assim neste estado, como descrevemos, a superfície oceânica do planeta hoje, com as alterações nestes pontos quentes, que ultrapassam aumentos já de nove a dez graus Fahrenheit, com tendência a subir, e subindo, com as evidentes consequências por todo o globo, e que só irão piorar, porque o problema está sendo tratado desplicentemente, sem o empenho que uma crise deste tamanho requer. Todos os desastres climáticos que estamos vendo por toda parte, tufões, ciclones, furacões, secas, tempestades, dilúvios, etcetera, são consequências diretas da subida de temperatura nas superfícies dos oceanos. E vão piorar muito, com resultados muito perigosos para as populações, uma vez que poderão resultar em fome e guerras, pela água e pelos grãos. Muitas cidades, vilas e cultivos vão ter de mudar de lugar, porque onde estão passou a ser perigoso e inadequado para as suas atividades e moradia. Nós alertamos de uma maneira suave mas holística há décadas, quando dizíamos que o bater d'asas de uma borboleta num hemisfério podia causar tempestades noutro. E agora elas estão aí.
Numa rápida passada d'olhos vemos

sexta-feira, 10 de maio de 2024

"DIGITUS IMPUDICUS".

Esta designação surge na Epigrammata - Marcial séc I d.C - mas crê-se que venha do séc V a. C, quando os gregos se ofendiam com o gesto Expressão macaca, simiesca, do mesmo estilo da que fazem os macacos pregos valendo-se de seus próprios pênis para demonstrar menosprezo. Este gesto também sói representar o próprio pênis. Linguagem clara e inequívoca de desprezo. Há sempre uma demarcação confrontacional em se pôr o dedo ao outro. Há uma raiva guardada, um menosprezo latente, um desafio, uma humilhação pretendida, uma agressividade desperta, quando fazemos o gesto. Ainda que não tenhamos perfeita consciência da linguagem oculta em nossos corpos, o estudo desta linguagem evoluiu e codificou todas as posturas, gestos, reações, e atitudes que experimentamos nas diversas situações em que podemos nos encontrar. Ainda que a fala e a postura, uma impostura muitas vezes, busque esconder, ou vá no sentido de protagonizar a suposta verdade formulada, a linguagem corporal juntamente com certos gestos, e formas de dizer, bem como sonoridades particulares, e/ou as escolhas feitas para articular uma contestação ao que o corpo está dizendo. No entanto temos que o corpo não mente, porque sua formulação é assimétrica, essa tentativa de simetria, de correspondência da formulação com a mentira imposta, que o corpo desmente porque seu diálogo é autônomo em virtude da correlação não correlata por parte dos nucleos cerebrais autônomos, impondo que o corpo diga outra coisa, muitas vezes diferente da história que esteja sendo contada verbalmente à conta da dissociação dos dois hemisférios cerebrais (Ver Assimetria Assintótica IV.). Quanto ao dedo, sua legitimação é inequívoca, ainda que tudo o justifique, nada o torna razoável, porque apesar de ser resposta, é confrontação ao mesmo tempo, exacerbando ânimos, apesar de estar tão normalizado em nossos dias, não deixa de ser gestualidade ofensiva e reles, portanto agressiva. O gesto do dedo médio é de toda sorte uma mascarada, porque sendo uma não resposta ao que quer que o tenha motivado, esse gesto é uma hipocrisia, tendo em vista que antes de mais é um despiste, uma charada, linguagem obscura que afasta e refuta sem mais explicação qualquer passo seguinte que pudesse ser articulado. Será referenciado muitas vezes, no Suda, a enciclopédia bizantiba, nos Adagia, a compilação de Erasmus, no Satyricon, que acreditamos ser de Petronius, e em Juvenal, Aulus Persius, Marcial, como referi, o bispo Isidoro de Sevilha, em todos sempre com similar interpretação, mas com diferentes usos, pretenções e intenções diversas. Em outras partes do mundo é o fazer figa o gesto ofensivo, e há outras preferências gestuais, algumas preferindo os braços, a do manguito ou de dar banana, no entanto o gesto do dedo do meio vem se generalizando, espalhando-se por todos os países do mundo, ainda que possa em alguns ter conotação mais ligeira como "só em seus sonhos" ou "desavergonhada", contudo seu intúito mais usual é o de mandar o outro fazer a ação que para os homens é anal e homosexual. Desrespeito, zombaria, infâmia, e obscenidade. A insultuosidade do gesto, 'katapygon' não impedirá Diógenes de Sinope de o evocar na sua comédia 'As núvens', com seu outro significado métrico, mas não nos esqueçamos que Diógenes era um 'cínico' e dirigindo o gesto a Demóstenes, não se equivoca na sua significação, mais tarde Epitecto em seus "Discursos" interpreta o gesto de Diógenes como dirigido a qualquer um dos sofistas. Nenhuma de suas outras conotações lhe restringirá a intenção infame. Repetido pelos séculos fora, insinuando que o dedo se deva introduzir no ânus, muitas vezes sendo feito com o acréscimo da saliva para mais significar a intenção, generalizou-se com uma conotação mais branda, mas sempre ofensiva, pretendendo sempre a repulsão a quem se o dirija. Ainda que... Significando um ataque a quem é direcionado, que ficará desarvorado e baterá em retirada, ou ficará quedo, o gesto multi-milenar sempre que empregado tem efeito desconcertante, sendo o eleito pelas mulheres para demonstrar seu desinteresse num homem que as admire, ou se insinue, é sempre ação repulsiva a quem se dirije, e repele qualquer um quando direcionado para além das palavras. Com tudo isso não alcança justificar nada, nem propor o que seja, só destrói qualquer hipótese de diálogo, de aproximação ou harmonia entre os polos de execução e recepção da gestualidade do dedo impúdico. Ilustração: escultura de David Cerny.

Nós só pensamos com as palavras- III da Assimetria Assintótica.

Gostam muito de estabelecer a dicotomia: emoção/razão. É um grande equívoco. Razão e emoção não se opõem, se integram. Estabeleceu-se esta oposição devido a ideia que o emocional incapacita-nos para decidir. Ao contrário, a emoção estabelece conteúdos mentais que desencadeiam reações que se irão traduzir em compreeensão, inteligência do que se passa, logo, razão. O engano deve-se a crença de que não devemos estar sujeitos a influências do emocional para podermos ter coerência. Todas as funções funcionam autonomamente, e se integram no todo do pensamento. A lógica como maneira de raciocinar é, e será sempre, emocional, uma vez que o caminho das impressões seguem circuito emocional, como ficou claro no segundo artigo desta série, o anterior a esse, sobretudo devido a supremacia do entendimento emocional. Mesmo porque não existe entendimento fora do emocional, fora das emoções. Unidade de significação. As palavras codificam o entendimento, sintetizam pedaços lógicos do saber, tornando desnecessárias explicações para quem conhece a palavra. Eu digo água e você sente o potencial de ter sua sede saciada. Esse o fabuloso poder da palavra, a palavra é como uma sinapse que se estabeleça, mas que tem o dom de transmitir a informação, e não só memorizá-la. O processo é bi-unúvoco: O todo se encontra nas partes, e as partes dissolvem-se no todo. Como pensamos. Não existe pensamento sem a impressão exterior, se não a que o provoque de momento, a que formulou a sinapse que determina a memória que irá conformar o pensamento e que ficou registrada; ainda que esta se atualize, a origem da formulação será sempre exterior. Não há pensamento dentro da cabeça que não venha de fora, para dizermos isso de uma maneira bem simples.(1) Pensamos com as palavras. As palavras são atalhos, resumos, sínteses de ideias mais extensas, conclusões estabelecidas, sinapses extra-cerebrais autônomas, que trazem significado, significação e significância do que dizem. Portanto trazem consigo uma interpretação, uma escolha, uma preferência de entendimento; uma força expressiva particular, com um valor de sentido (2), uma acepção. Como ideia é um significante, que evolui em ter um significado, passando a ser uma palavra, uma síntese de ideias. Socialmente. Como diria o professor Heri Laborit: "Nous ne sommes pas plus rien que les autres." - os mamíferos têm o comportamento aprendido - e para o convívio é necessário um entendimento comum, e o primeiro entendimento é vernacular: são as palavras! Individualmente. Somos o resultado daquilo que recebemos. As informações, que traduzem os sentimentos, e mais que sua percepção seu entendimento, viajam com e como palavras. As palavras. Por isso com elas pensamos, com elas nos comunicamos, com elas sentimos, com elas expressamos o que é de nós e o que é em nós, na acepção comum. E é assim que todos os anos homenageamos no tempo do Verão mo hemisfério norte, e no de inverno, no sul; a dois grandes romanos, e mais uns quantos deuses da mitologia em outros meses (3), uma vez que trazemos nas palavras sempre um significado que se esconde por conta de sua orígem, uma vez que está tudo encadeado neste mundo, assim como milhares de outras palavras têm em si outras razões, outras histórias, outras orígens que as formaram. Assim são o que foram e não devemos nunca esquecer que é com as palavras que realizamos a maravilha da comunicação, e o sonho do entendimento, esse que se realiza na cabeça quando pensamos. (1) Desconsideremos a metafísica e as alucinações. (2) E sentido é sentir. Sentir o que? As emoções. (3) Julho de Júlio César, Agosto de Augustos, Janeiro de Janus, Março de Marte, etc...