quarta-feira, 27 de março de 2013

Há oposição finalmente.

                                                  FINALMENTE HÁ OPOSIÇÃO


       Eu estive esperando estes dias, desde quando saiu a'7ª'  avaliação da troika, quando pensei escrever um artigo que se intitularia: O princípio do fim, no  qual discutiria  a terrível falta de manobra em que se pôs este governo por conta das  medidas que tem de tomar em face do déficit,  e que deveriam terem sido implementadas no início da legislatura e não agora, quando o governo com um forte desgaste para se manter terá de fazer uma remodelação. E nesse governo a única remodelação que realmente é digna deste nome é a do Sr. ministro que fala tão lento como se todos fossemos atrasados mentais.
       Para além disto o número enorme dos cortes que são necessários fazer é bem maior( mais do dobro) dos anunciados quatro mil  milhões, que bem vistos com a enorme retração  do Estado que não se pode manter como era, porque o PIB diminuiu drasticamente e as despesas  do custo de seu financiamento(juros) aumentaram exponencialmente, que é o que está declaradamente acordado com a troika e é o que ela exige para continuar com o plano de resgate,não atende as realidades de ajustamento, além disto há as determinações de Bruxelas e as contingências de uma recessão que continua, e a bomba relógio (PPP etc...) que está armada para 2015. É melhor nem pensar!
      Porém não escrevi nada,  porque a resistência do primeiro ministro somadas a incapacidade das oposições de apresentarem alternativas credíveis  a este modelo de governação, não evidenciavam que, apesar de estarem criadas todas as condições para que o fim deste governo, que virá, mais tarde ou mais cedo, ocorra na segunda hipótese, mais que na primeira; posto que apesar do nível de expectativa do povo português ter baixado drasticamente, não há 'oposição' que o atenda.  Portanto: Não há fim à vista. Então...
      Por outro lado a sobre-vida que alcançará com a remodelação, exigida interna e externamente, que ao   atendê-la inevitavelmente obterá, prolongando-se em funções, afastava a constatação de que, apesar do princípio do fim estar implantado, o fim pudesse vir logo, portanto era melhor nada dizer.
       Contudo logo  à seguir surgiu a notícia da volta do ex-primeiro ministro ao cenário político na qualidade de comentarista da RTP, o que para mim, conhecendo a força do animal político, sua capacidade em criar fatos novos e boas expectativas, era regra esperar para ver o que iria se passar.
       Agora posso afirmar peremptoriamente que, não importando o quanto de verdade e de mentiras possa haver em suas declarações,a sua presença na cena política, seja em que condição for, cria um elemento catalisador da mesma,e que com esta situação: ' habemus' oposição. A força da sua presença, a incisividade das suas afirmações, a clareza de seu raciocínio, o talento em criar caminhos (certos ou errados, não importa) a sua visão política muito mais hábil do que a de qualquer dos  agentes  que estão operando na cena política atualmente, permite afirmar que corremos o risco de que por força das circunstâncias, o Sr. José Sócrates volte a ser primeiro ministro. 
       Não importa o alto índice de rejeição que tem na sociedade portuguesa hoje, a situação de desesperança e desespero em que esta se encontra, precisa mais que tudo de uma voz capaz de dar rumo e emocionar, gerando expectativas de melhoria (esperanças para o futuro) e isto, inegavelmente, o Sr. Engº Sócrates sabe fazer. Temos uma grande mudança no cenário político do país.
        Logo de início, nesta entrevista de ontem, que antecede aos seus comentários semanais, aplastrou a figura do presidente da República, revelou a incapacidade do governo em continuar com o seu plano e, elogiando a nova liderança do PS, tornou-a inexistente. Porque ele revela na sua pessoa tudo o que falta aos demais líderes da oposição: presença. Sendo assim, o que podemos afirmar é que finalmente há posição !

quinta-feira, 21 de março de 2013

Dia da Poesia


 
                           Poesia do dia da poesia.


Dias bons e dias maus, há sempre  um qualquer assim.
Há  dias pra tudo , porque não pra poesia?
Se a tudo coube um dia, como cabe à tudo um fim,
como  há  poesia em  tudo, porque esta não ter seu dia?
                                    ºººxººº



O mundo muito carece de poesia para ser pleno.
Sem poesia falta-lhe  maravilha,
se esta não existisse, tanto mais se carecia, temo,
Faltava-lhe sonoridade e perdia a alegria.
                                   ºººxººº




Se não existisse cor, não saberíamos quão bonitos são
 os  matizes, as tintas, as múltiplas combinações,
as diferenças do alternar  de luz e tons.
Tudo que varia com a luz do  dia e nunca aborrece,
nem  esmorece o que de belo se nos toca com lirismo,
 horrível  o  monocromatismo.
                     ºººxººº
Tão triste um mundo sem poesia,
sem  luz, sem cor, sem música.
Sem música a vida não canta,
não  encanta, sabuja.
Porém cuidado:
Aquilo que não é da paisagem, a suja!
Porém atenção:
Má dição é  maldição!
                    ºººxººº




É no dia do começo da primavera nos hemisférios
como um aviso que temos flores, que temos cores…
É chegada a hora  de cantar!
Sendo dos  mais importantes alertas, sem mistérios:
Vem aí inspiração, vamos sonhar!
                   ºººxººº

 Neste  tempo de  amores,
não é isto que fazem os poetas?
Pobres poetas que cantam a ilusão!
A poesia é  das coisas mais dilectas,
 pra dizer  coisas na contra-mão.
                        ºººxººº

Para isto não se precisa dia, serve  um qualquer,
há dias que são dias e há os que não são,
dos que esperam que se faça o que puder,
 fica-nos bem ter esta noção,
carreando aquilo que vier.
                       ºººxººº

E guarde esta verdade transcendente,
que é  feita de som e maravilha,
a manter o ritmo condizente
e o fazer resplandecer em fantasia,
 transpondo a melodia eloquente
à  fluir, fazendo-se poesia.


É dia todo dia de fazê-la,
 mais ainda dia, neste dia que a emoldura,
 pois cantam todos dias a bendizê-la
os que nela encontram seu ritmo e compostura.
                  ºººxººº
De todos ficam alguns, ditos artistas,
negam seus  eus atrabiliários,
assumem posição e dão nas vistas,
para que possam de ordinário,
fazer delas suas revistas.
                  ºººxººº

Retornando a elas todos os dias,
mais que nesse dia de sua eleição,
para expressar sem medo as fantasias,
que são a fonte de sua dição.
Todo dia é dia de poesia.

20/03
Olha que eu nasci nesse dia.

sexta-feira, 15 de março de 2013

'Extra omines'


                                        'EXTRA OMINES' :  É PRECISO CRER.


        Para  se ter esperança é preciso crer. Nenhum de nós pode esperar nada se não acreditar que isto ocorrerá, o que nos leva a concluir que o futuro é feito de esperança, ou seja: Sem esperança  não há futuro. 
        Entre as muitas coisas que temos que esperar  está a fraternidade entre os homens, esta relação de  tolerância e compreensão mútua que nos torna próximos, gerando afetos. Para alcançar esta meta o procedimento cristão é um dos melhores caminhos, sendo de se esperar que a preocupação central da igreja deva ser propalar a boa nova para que  o relacionamento entre os homens a todos os níveis seja fraternal.
          Assim nos primórdios da igreja tinha-se como objetivo praticamente único este fim de estabelecer uma relação de fraternidade universal, criando uma comunidade que vivesse segundo este princípio. Entretanto com o passar do tempo, com a verdadeira universalização da igreja, esta organizou-se como uma estrutura de poder, tornando-se um Estado, e tornando-se uma organização muito rígida, onde a convivência com o mundo lhe trouxe descaminhos. Como a igreja é feita por homens e os homens são imperfeitos, estas imperfeições têm se refletido, em maior ou menor grau no seu corpo institucional, permitindo-lhe se desviar grandemente de seu objetivo primordial.
         Nesta sua longa caminhada cometeu verdadeiros crimes, amplamente conhecidos, e , finalmente, reconhecidos com os pertinentes pedidos de desculpas.A igreja, deslocada de sua rota, tem vivido ultimamente, desde João Paulo I para cá, uma busca para se re-centrar nas suas tarefas originais e  reencontrar um caminho de purificação, livrando-se da corrupção instalada em tão vasta e complexa estrutura. Poderíamos recuar ainda mais a João XXIII e seu concílio, sendo este uma reformulação que procurou estabelecer. Porém o patriarca de Veneza, cardeal Roncalli, foi o último a ter força para assumir o poder que deve ter um papa, sendo  realmente dono de seu destino, depois dele nenhum outro papa o conseguiu, com um pontificado breve não prosseguiram as resoluções do Vaticano II.
              Luciani, 'governou' só pouco mais de mês,  há três papas atrás deste Francisco que agora surgiu, era novo, tinha 65 anos, deveria ter um longo pontificado, e súbita e misteriosamente morreu no final de Setembro, vão fazer agora  35 anos, já naquele tempo se falava do Banco Ambrosiano, de sua relação com a Máfia, da corrupção instalada no Vaticano. 35 anos nos quais a igreja espera a reforma que João XXIII estabeleceu em princípios, dois papas antes de Luciani, em seu pontificado breve de cinco anos.
                Depois veio o segundo João Paulo que, com sua simpatia conquistou o mundo, e com um longo pontificado, muita média, muitas viagens pelo mundo fora, foi deixando dentro de casa tudo, como sempre esteve, podre: corrupção, desvios, fraudes, roubos, domínio da cúria, um rol de desgraças que continuam lá instaladas. Ratzinger pensou poder contrapor-se a este estado de coisas, e fez sua campanha eleitoral pensando nisto, terminou por resignar.
                  Não se pode pregar dignidade chafurdado em lama, não se pode postular fraternidade num ambiente de luta intestina pelo poder, e uma boa face do poder é o dinheiro, que, como elemento conversível em quase tudo, tem a enorme, quase infinita, possibilidade de converter os homens ao seu culto, bem como de os desvirtuar de seu caminho.O dinheiro, sobretudo o dinheiro de um banco, ademais mundial, com ramificações por quase todos os países, gera imensas possibilidades, como desmesuradas complicações. Só uma administração firme e voltada para desígnios superiores pode ter em mãos tal poder, sem se deixar envolver em nenhuma patranha, em nenhum desvio, nas propostas inúmeras que chegam todas as horas a uma instituição como esta.
                       Com tudo isto fica claro que a igreja católica apostólica romana necessita de uma mudança radical nos seus rumos  temporais, e de uma higienização de seus corpos administrativos, como ainda de focar-se em seus objetivos primordiais, razão de sua existência.  
                          A situação de desrespeito e fragilidade institucional segue sendo a mesma que se revelou bem no episódio que ficou conhecido como 'Vatican leaks' , como ocorre com a justiça portuguesa em que o andamento dos processos que correm em segredo de justiça, estão logo no dia seguinte estampado em todos os jornais, as conversas entre os cardeais, que juraram manter segredo das mesmas, estavam no dia seguinte na imprensa italiana. A tarefa de dar dignidade, integridade, respeito, hierarquia, honestidade e fidelidade é difícil, mas possível.
                             Eleito agora para a tarefa  para qual ficou em segundo na votação anterior, tendo sido ultrapassado pela campanha eleitoral  do homem da inquisição, que presentemente atende por outro nome menos comprometedor (Congregação para a doutrina da fé)o homem de dentro do sistema, o alemão Ratzinger; Bergoglio agora, já mais velho oito anos, assume o cargo, é um  homem do Novo Mundo, pela primeira vez, e pela primeira vez um Jesuíta. Quem conhece a história da Velha Companhia sabe quão pragmáticos costumam ser seus membros, na velha máxima de Loyola que nos faz crer que 'os fins justificam os meios'. No entanto quero eu vislumbrar nas mensagens passadas até agora por este papa Francisco, entre elas a primeira foi mesmo a escolha deste nome inaudito, sua espontaneidade, tendo, até agora ultrapassado o  poder do 'stablishment' da cúria, que titereia todo aquele  que assume um posto no Vaticano, quero ver  uma boa nova, de alguém que quer por cobro aos terríveis desvios e fraudes instaladas.
                          Quando o Cardeal Bergoglio foi eleito, sua primeira expressão foi, dirigindo-se aos demais cardeais: " Que Deus vos perdoe." Eu quero crer que com isto queria ele dizer que escolheram o homem que vai limpar a igreja, que eles não tinham noção de quem estavam escolhendo, não poderiam ter ideia de que ao escolhe-lo estavam a apostar em alguém que vai fazer  reformas tão profunda e uma limpeza tão ampla que vai regenerar a igreja, evidentemente acabando com muitos interesses aos quais estão vinculados muitos  cardeais, por isto: Que Deus os perdoe. Quero crer, porque quero ter esperança, esperança de que a igreja católica venha dar seu contributo para a construção da fraternidade entre os  homens, quero crer que vamos ter uma instituição que venha a ter o  verdadeiro respeito  dos dirigentes mundiais e possa ser  uma voz que intervenha no sentido de harmonizar interesses tão conflitantes, que possa consolar os povos, que possa ajudar as gentes, que possa promover a concórdia, que possa semear a paz. E esta minha esperança é a de todos os, católicos e não católicos, homens de boa fé.
                         Bem sabe o papa Francisco que ira mexer num perigosíssimo vespeiro, com vespas bem avisadas, vespas gordas, que atuam na sombra, vespas que sabem como fazer para emperrar as determinações superiores,  vespas que sabem usar seu microcosmo do poder  para  emperrar toda e qualquer ação que possa incomodar seus interesses. Estas  vespas são os membros do aparelho da igreja, a cúria, a administração temporal da igreja.Todos os demais   crêem nas reformas, 'extra omines'  querem as reformas, os de dentro nem tanto. Que este Francisco de sua escolha possa trazer como outros Franciscos um novo horizonte, possa ser de Assis, Xavier; Borja, e ainda mais Franciscos que enriqueceram esta igreja com a sua santidade.
        
     

terça-feira, 12 de março de 2013




                       ESCOLHA – de quem escolhe.

                                                                         para Jorge de Sena.


Prefiro esventrar o céu
Que a palma
Retirar lentamente o véu
Prenhe de calma
Rasgar o solidéu
Sem trauma
Para revelar
Ou desvendar a alma,
Que fervilha e não acalma
No furor de existir…

Se o negasse
Se o não preferisse
Não seria eu,
Seria tu, eu.

                     Se preferisse
                     Sem minha particular tolice
                     Seria outro disse me disse
                     Daquilo de não mais queria
                     Daquilo que mais não disse,
                     Se preferisse

Ao não preferir, fico sem escolha.
Pouco na recolha
deste ingerir
de pobre, de trolha,
que  qualquer  barulho faz com que se encolha….
E O faz fugir.


                       Sonha pouco
                       e pouco cabouco.
                       Para  pouca construção.


Contrição  é  que é o seu dia-
a-dia que por tudo fugiu,
não se importa vá,
não mais queria,
deixa pra lá!
Que porcaria….
Esta vida sem solução.

                     E vive o dia – diacho –
                     Sem tacho, sem cacho ou cambalacho
                     Com pura confusão –
                     Pouca difusão.


Que ideias não há.
Que escolhas não há.
Há a palma, serena e calma
enrolada e guardada
no poço dos mil véus,
sem luz e  sem céus,
mesmo que noturnos –
taciturnos, lúgubres e fundos
poços  da imaginação.




























                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 

               

                                 
           

                                                       

domingo, 10 de março de 2013

Tudo ao contrário.

havidaemmarta
TUDO AO CONTRÁRIO.

       Apanhar um tapete, um tecido e cortar, CORTAR, é muito fácil. Difícil é tecê-lo, difícil é arranjar suas fibras, difícil é sempre criar alguma coisa, retalhá-la nem tanto.Este governo atual de coligação PSD/CDS que tem as rédeas de Portugal presentemente, começou, claro, pelo mais fácil. Admitindo que para começar era necessário ir logo arranjar receitas, e que este mister se consegue com aumento de impostos mais facilmente, do que em cortar despesas, aceitemos, pois, as primeiras medidas. O que se passa é que a meta incontornável de diminuir o déficit, que não deveria ser diminuir, mas eliminá-lo e até obter superavit, para estabelecer reservas, como em qualquer empresa, tem de ser alcançada por razões muito diversas e de fontes múltiplas: necessidade orçamental, imposição da troika, normas de Bruxelas. 
       O atraso verbal do falar do ministro incumbido de tal tarefa denuncia algo, que não sabendo classificar, não deixa de me causar espécie. Tendo invertido as prioridades que salutarmente teriam higienizado a situação financeira de descontrole orçamental, que, juntamente com a situação má da balança de pagamentos, previam uma ruptura a médio prazo. Ou seja não se pode viver de empréstimos e acima das receitas, sem que um dia isto não dê pro torto, logo a prioridade só poderia ser arrumar as contas ! Não, o Sr. Ministro  optou pelo caminho mais fácil : aumentar as receitas com IMPOSTOS. Só que este caminho  é o de matar a vaca tirando-lhe além do leite, o sangue, tanto sangue, que o animal não se safa de um coma.
       No entanto a matriz (será ideológica?) que guia as atitudes do governo, governo este que tem à cabeça este ministro de falar e soluções arrastadas, que afinal de contas ambas se revelaram de pouquíssimo entendimento e de resultados com consequências, que veremos no médio-longo prazo, catastróficas, está cada vez mais atuante no emprego da tesoura, não usando o único instrumento que teria sido capaz de dar futuro a este país: A reestruturação do Estado, que teria como arcabouço por as suas contas em ordem, permitindo com reformas complementares criar celeridade na justiça, ter projeto de desenvolvimento econômico, e, mais que tudo, promover a diminuição dos custos de contexto, que são o maior descalabro deste país.
       Chegamos ao ponto seguinte dos cortes que é o das pensões, que ufanosamente declara o primeiro ministro que não atinge 85 por cento das pensões, como que só atingisse os ricos, levando a alguns a acreditarem nisto, como o Senhor que compareceu ao lançamento do movimento dos reformados indignados achando bem a atitude do governo por que atingiu, e primeiramente atingiu uma classe média com pensões de dois e três mil euros, valor do salário mínimo em muitos países europeus, mas que também atingiu a reformas altas como a do que foi escolhido para liderar o movimento, descredibilizando-o. Ao achar bem a ação governamental por esta ter atingido uns quantos pensionistas ricos, este senhor, não tem a mínima noção de que esta ação apenas semeia mais miséria.
          Temos mesmo o avesso do avesso ! E esta desordem, esta inversão da perspectiva das coisas, num país em que a situação econômica impõe uma desvalorização da economia na ordem de trinta por cento, que com uma moeda forte( e cada vez mais) que se não pode tocar, a única saída era terem eliminado o déficit e promovido crescimento econômico, como o não fizeram.....
            Resta esperar que Portugal aguente mais esta inversão de prioridades, que cada vez mais se traduz em inversão de valores, porque os portugueses já não aguentam, e talvez não queiram esperar  os dois anos que faltam para o fim da legislatura, ainda que os substitutos de plantão não traduzam em si qualquer esperança. Está mesmo tudo ao contrário.
           


sábado, 9 de março de 2013

Ruas de Lisboa.


 RUAS DE LISBOA  linhas.nobolso

Há um pouco de Cairo nas ruas de Lisboa,
do Cairo egípcio e do Cairo árabe.
Ou melhor: a fusão destes dois Cairos, quem sabe?
Revelando um terceiro que é mais bem à toa….

No grito que desperta do muezzin atlântico,
na chamada incerta dest’outro de cá,
na mesma linguagem, grito alterado, semântico,
um sentido de alerta diz que talvez não vá!

Teatro das ruas, nas ruas, um sonho abrevia …..
Vendedores passantes, vendedores derramados,
na apresentação sucinta da mercadoria:
Caixotes, panos, lona, plástico e o de vender por cima,
Magotes, ramos, trava, proceder asiático e o ‘cliente’ declina.

Declinação de todos os sentimentos……
Na giga, no tabuleiro, na canastra ou com o molho na mão:
Ibéria, onde a Europa é menos europeia.
Ginga, estaleiro, restolho, retalho,refolho malsão.
A necessidade recria a mesma epopeia.

Vendiam flores, vendiam cravos,
vendiam roupa, vendiam aves,
vendiam bolos, assavam castanhas,
grelhavam febras, onde outras tamanhas
passavam gentes, passavam naves,
haviam amores e haviam estragos,
haviam cantigas, pragas haviam,… haviam magos.

Nesta Lisboa de vozarios,
desta Lisboa de corrupios
e correrias,
de rodopios é o que é.

Manifestamente muçulmana,
manifestamente cristã,
não nos é preciso voz humana
para refazer a fé
de nossa gentinha mui sã,
…desta terrinha nada chã.

Há ventos d’África nas ruas de Lisboa,
de batuques, de azougue e de prece.
Há gente que tudo tem e há a que de tudo carece.
Gente ruim e gente boa…
Sempre gente de Lisboa.

Reboliço, feiras, vendeiras - peixeiras, varinas.
Do mar o cheiro que chega,
fronteiriço cheira, o rio ressaca e cega.
E mais ainda entra pelas narinas.

Na esquina a olhar o tempo passar
ou a beber a sua ginja,
há quem cisme neste cuidar
ou quem logo se cinja.

Às vezes até há atropelos.
Sempre  que tropeça e cai.
Reboliço e fanfarra.
Gente que está pelos cabelos
e outros com dedos em garra. \\

Lisboa que passa cantando,
alegre em formosura.
Às vezes também passa triste,
silente e obscura:
Com ar de quem foge,
com ar de quem procura.

Também não lhe faltam temperos mediterrânicos
nestes cheiros, nestas côres
e de muitas outras praias mais além.
Porto e encruzilhada de valores,
… já não falta ninguém.

Há uns recantos de Europa nas ruas de Lisboa,
Já que há uns encantos de Europa nas ruas de Lisboa,
bailes, valsas, carrocéis, cirandas, folguedos,
mirantes, boulevards, , estações , armazéns e catedrais.
E outras mais coisas pra espantar seus medos
e tantas outras mais pra sufocar seus ais.

Lisboa que fica a congraçar dois mundos
com sua vocação existencial.
Segue levando outros, bem mais fundos,
buscando sempre seu ideal.

Não dizem de ti as tuas ruas, da tua graça,
a exaltar tua beleza sem igual,
guardado zeloso em sua traça,
todo o mistério de Portugal?

quinta-feira, 7 de março de 2013

Mente vazia oficina do diabo.

 ' MENTE VAZIA, OFICINA DO DIABO.'
opontodefe



       Imaginem só: Três  milhões de pessoas sem ter o que fazer. O número de desempregados, somados aos que nunca tiveram emprego(desemprego jovem/aqueles que nunca entraram no mercado de trabalho) que, por esta razão, não podem receber subsidio, rondam aí os hum milhão e trezentos mil neste nosso Portugal. Com os reformados, mais os que nunca  tiveram condição de trabalhar, mais coisa, menos coisa, são três milhões. Um terço da população do país! Como temos um outro terço de doentes, muito velhos ou crianças, temos só o outro terço ativo. Conclusão: de cada três pessoas, uma não conta por ser criança, doente ou bem velhinho, um está trabalhando e uma não tem o que fazer.
    Pois sendo assim este terceiro terço, inativo, angustiado, desesperançado, revoltado, sem rumo, desocupado ou mesmo em estado de desespero por várias razões, cabendo cada uma destas condições a situação de uma parte do total que compõe este terço, anda por aí sem ter nada o que fazer. Quem está atento para o movimento da cidade, não pluralizo pois ocorre em cada uma e em todas as cidades, quem está atento se dá conta que o número de pessoas pelas ruas e praças e 'shoppings' e estações e praias etc... aumentou, e quando acabar o frio vai ser maior, e vão estar ainda mais visíveis.
       O que nos leva a que temos para cada pessoa que trabalha, outra que está disponível( os dois terços) já que o outro  terço que completa o todo aqui não conta, por que está alheio  pelas razões que já comentamos, ficamos então com que à cada um de nós, que está cuidando da vida, corresponde um desocupado.
       Com o correr do tempo as economias deste terceiro terço, a sua paciência, a boa vontade dos que o ajudam, a relativa contenção em que se encontram, vai acabando, gerando cada vez mais angústia, desespero e más ideias. Sim más ideias, posto que como afirma a expressão que escolhi para título, as mentes vazias(quanto mais as angustiadas) têm o triste vezo de se inclinarem para maus feitos.
       Ou seja: quanto mais tempo dura esta situação de exclusão social em que se encontra metade das pessoas que eram ativas neste país, mais propensa a uma atuação má está um cada vez maior número de pessoas que, na sua revolta, se sentem miseráveis, amaldiçoadas, renegadas, excluídas, já que esta última condição, lhes é inerente, posto que todo aquele que acorda sem ter o que fazer, passa o dia, a semana, o mês sem ter o seu dinheirinho para levar a vida, passa o tempo e não vê uma solução para sair desta condição em que se encontra, está disponível para fazer uma besteira. A maioria não faz, por ter estas coisas a que chamamos berço, boa educação, bases existenciais,formação de caráter, mas muitos podem se perder, apesar de tê-las, posto que sua situação é tão revoltante, degradante, indignante, que este indivíduo pode atuar para além do racional.- Acuados somos todos feras.
          Estas pessoas hoje vagueiam por aí, falam umas com as outras, procuram, sem achar, emprego, trabalho, ocupação produtiva de qualquer ordem, encontram outras, e muitas, pessoas nas mesmas condições, encontram também os clientes do costume, aqueles que nunca trabalharam e não têm o que fazer por que nunca o tiveram por opção pessoal, e se vão formando grupos, já muitos andam até altas horas da noite conversando, este é um fermento de uma grave situação.
       Se esta situação que o plano de recuperação econômica criou,  não abrir espaço muito rapidamente, mas grande espaço, para dar esperanças às pessoas de que vão ter alguma chance de recuperar suas vidas roubadas por uma situação na qual elas não tiveram nenhuma culpa ou influência, se perdurar esta situação em que metade das mentes do total daqueles que deviam estar fazendo a riqueza do país, estão por aí vazias de compromissos, vazias de direção, vazias de objetivos, vazias de esperança, teremos muitas oficinas disponíveis para as mais imprevistas situações. A ser assim, só Deus nos poderá valer !   
       

terça-feira, 5 de março de 2013

Os gregos e os portugueses.


Imagem: canstockphoto

Os Gregos e os Portugueses   

       Costumo sempre dizer que ninguém conhece o Brasil sem vir a Portugal. Como brasileiro sei das características  e  idiossincrasias  que estão patentes nestes dois povos e sua grande opção pelo ' laissez faire' e  pelo 'laissez passer', que deu aos portugueses o rótulo de ' povo de brandos costumes', pois estas características levaram os dois povos a perderem muitas oportunidades históricas de mudarem suas vidas, deixando a sua vez para outros que se adiantaram.
       Agora em que todo o mundo está sendo confrontado com o vento forte da mudança deste princípio de milênio, que sopra inclemente afastando perspectivas e recriando estatutos, será muito oportuno que se reescrevam estas formas de estar, aceitar e julgar as coisas que têm levado Portugal ao atraso e  à  situação pouco lisonjeira de ser considerado muito pouco confiável,  pela corrupção instalada, pelo  incumprimento das leis, e por uma fraca atuação da justiça em por cobro a toda esta situação gerada pela presença destes dois fatores ante-mencionados.
       Os portugueses que pelas piores razões nos últimos tempos, têm tido o seu perfil colado e comparado com o dos gregos, terão  agora uma oportunidade áurea  para, assim como os gregos o fizeram, numa  ação eficaz da justiça, punir exemplarmente os culpados pelo caso dos submarinos alemães que,  assim como a Grécia, os adquiriu num processo inquinado pela ação coruptora dos vendedores alemães, como ficou provado no país vendedor, e que agora, no primeiro país comprador, fica provado o enriquecimento ilícito do ministro da guerra que os adquiriu, levando à sua condenação e a uma multa de 520 mil euros.
       Aliás a Grécia vai fazendo escola, pois há pouco teve outra condenação,esta à prisão perpétua, do presidente da câmara de Tessalônica por um desfalque de vinte milhões.
       Se em Portugal, seguindo o exemplo grego,se fizer o mesmo com muitos políticos que estão incriminados, pois que na sua vida pós-governação se dedicaram a ações que estão imputadas como criminosas, como por exemplo os Srs. Oliveira e Costa , Arlindo de Carvalho e Armando Vara, para só citar três ilustres senhores, entre muitos que estão incriminados, e entre muitos mais que deveriam estar. E se estas acusações vierem a  se consubstanciar em condenações, seguindo o exemplo grego de cujo perfil  quis, em outro área, se descolar Portugal,  poderemos, então, querer acreditar que velhos hábitos,velhas fórmulas e velhas características que temos como povo, podem e querem ser mudadas.
       Ficará, claro, faltando, para seguir o exemplo grego pelas melhores razões, condenar políticos por ações advindas do mau exercício do poder. Se na Grécia foi possível, porque não há de ser em Portugal?

As pessoas e os princípios.

                                                     AS PESSOAS E OS PRINCÍPIOS.
                                          rádiowterrashow

       E os portugueses cantam!
Uma música de princípios. O seu ânimo já se foi há muito para canções alegres. Entretanto cantam ! E o seu cantar universaliza um paradigma, estabelece uma fronteira: nós e eles. E nesta separação toda uma  realidade intangível, mas muito presente : Estamos aqui, somos para além das instituições, para além dos poderes, somos o Direito, somos o princípio, nós o Povo.

       E foi tudo como eu antevi, para não dizer como a não opção de plantão:" Eu bem que avisei."Na minha ante-visão do dois de Março, deixei claro muitos pontos, o mais importante deles é que a  manifestação iria ultrapassar as suas próprias razões não institucionais. Aqueles que a convocaram, assim como os convocados ultrapassam esta pequena dimensão daquilo que deveria estar partido para manter o pacto social. Estes estão para além das estruturas de poder, já que elas falharam. E isto é o mais perigoso. Estes agora querem uma outra via, estamos todos hoje reescrevendo as bases das relações que se estabelecem entre as pessoas para viverem em sociedade, e isto, francamente, parece fabuloso, ainda que, como tudo que é inaugural e inaudito, tenha a sua componente de imprevisibilidade, e nela habita, como sempre. os antagonismos do que possa ser maravilhoso e desejável ou execrando e repelivel. E é assim por toda a Europa.

        Vivemos dias tão singulares, e quase ninguém se dá conta, que  na velha máxima de que os extremos se tocam, a diferença entre o sim e o não, entre o possível e o impossível, reside cada vez mais  na capacidade política dos agentes que se envolverem ou surgirem no cenário dessas mudanças.

          Ainda muitas coisas inesperadas vão surgir por todo o mundo, por agora, nesta velha Europa que busca ansiosamente caminhos para se renovar, esta componente do inesperado e do imprevisível vai falar alto, e, em meio a seus gritos, haveremos de ouvir vozes dissonantes e nestas se hão de reformular os princípios e se hão de mudar as pessoas.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Só em ter saudade.


.           Solitatem.*

                                                                                                                                                                     
                                                                                          'Solitares' ** …é de quem o é.
                                                                                          'Solitudine' ***…é de todos. 

                                  Há uma sensação de ausência
                                  que sendo permanente diz-se perda.
                                  Que forte, dói com inclemência.
                                  Que mesmo fraca, afaga como cerda.

                                                                       Deste sentir  ninguém se pode furtar,
                                                                        pois que  existe  em permanência.
                                                                        E como se quer  alcunhar
                                                                        o que gera  esta sensação de ausência?
                                                                        

                                  Como é comum nesta nossa condição de humanidade
                                   tudo denominar…..
                                   E sem mais ciência, aos efeitos desta sensação 
                                  chamam saudade: 
                                  Sem consciência  que são...

                                   Como  quis definir D. Duarte no ‘Leal Conselheiro’,
                                            Eis que perpassa algo 
                                         a um só tempo escuro e soalheiro
                                                  que  ocorre ao fidalgo
                                                  como ocorre ao esmoleiro
                                                  em igual desproporção.

Suposto sentimento do que não é,
da solidão fez-se timoneiro….
E perde-se em si na pretensão de estar só 
e  ganha em si, ainda, um outro nó:
Aquele que acolhe o mudo inteiro.

                                                            Ao embaraço da solidão,
                                                                       ajunta-se o desconexo de perdê-la,
                                                                       pela presença do ausente, que muito se sente 
                                                                       e  eis que encontra satisfação
                                                                   por já  não tê-la.

É um outro sentimento que se afirma,
aquele do que foi mas já não é.
É muito mais que se confirma,
não é vazio, é vontade, isto é que é!

                                                   
                                                  A  solidão é via para a morte.                                               
                                                 Assinatura de sem sorte.
                                                 Via de esquecimento.
                                                           Caminho a não percorrer.

A  saudade é bem melhor que a solitude,
já que é prenhe de esperança...
No vazio não há nada que fazer ou que dar luta,
No desejo, na vontade, há  sempre busca,
além  da sua origem de compulsão absoluta.


                                                                    E buscar é sempre um caminho a percorrer,
                                                                    por isto esta palavra 
                                                                    que passa ligeira
                                                                   ' inda que deixe permanente emoção,
                                                                    já que é presença de ausência alviçareira
                                                                    já que é ternura, sem que tenhamos noção. 
                                                                                                                                                  


(*) Solitatem - Solidão
(**) Solitares -Solitário
(***)Solitudine - Deserto









                                          “Et  tout se  remplace Sire.” Interregno de existir.



                          Impassibilidade mais que tudo.
                          É a postura recomendada
                          quando se percebe a transitoriedade
                          em que se está  imerso.

                                                                      Apercebe-se da inutilidade de lutar….
                                                                                  Porque  vai passar.
                                                                                      Tudo  passa.
 ……………”Tout passe, tout casse, tout lasse"…………………………..
                                Porque  há um ponto  além do qual já não é.
                                É  assim.
                                E vai sendo……… 
                                Até que já não é mais.
                        
                                                                                       Portanto  não  se aflija:
                                                                                       Há  sempre  uma  possibilidade.
                                                                                       Impossível é não haver.

                                E, mais  tarde, o intangível,
                                torna-se presente.
                                E um pouco mais tarde, torna-se banal. 
                                                                                                
                                                                                       E como tudo cansa,
                                                                                       esta banalidade também se vai.
                                                                                       E se esvai nesse ir-se.
                                                                                       E já não é.
                                                                                       Às vezes  nem é outra  coisa.
                      E  não sendo outra  coisa,
                        pode ser  a  mesma.
       
                                                                   E se assim é:
                                                                              Viva  Madame  de Stael !





















                                                

sexta-feira, 1 de março de 2013

ANTE-VISÃO DO DOIS DE MARÇO EM PORTUGAL.

                              ANTE-VISÃO DO DOIS DE MARÇO EM PORTUGAL.
RTP| Notícias

        Após o quinze  de Setembro, teremos agora o dois de Março.Aqui não é como na Grécia já que este povo de brandos costumes não se deixa levar pela brutalidade comesinha ao gosto oriental,  presente no sangue grego, tanto pela geografia mediterrânica, como pela herança desta época em que esta Grécia foi 'magna'.
        Porém assim como quinze de Setembro nos lembra o onze, dois de Março, nos lembra o outro onze dos acontecimentos de Atocha em Madrid. No ano seguinte foi Londres, no sete de Julho...Passamos os primeiros anos do milênio a colecionar atentados da Alqueida, e, desde lá até aqui, a horrorizarmo-nos, talvez nem tanto, com uma série de atentados bombistas, suicidas ou não, num oriente mais ou menos próximo, que não deixou de ser africano, que nos terrificando no horário do noticiário, perdia-se rapidamente na memória das desgraças indesejáveis, recanto menos salutar do nosso cérebro. Ao esquecermos tudo isto tornamo-nos cúmplices( involuntários é verdade) de todas estes desequilíbrios que o exercício do poder gera.
       Não os esqueceram certamente nossos irmãos em  Kirkuk, Damasco, Ancara, Aleppo, Bagdad, Jenin,Grozny, Mandala, Quetta, Jijiga, Idlib, na Jerusalém de sempre, bem como em muitas outras das cidades de Israel. Todos estes atentados que se contam pelas centenas nos afetam e estão ligados a nós.
        Entrei certa vez num parque em Shangai, que tinha escrito na porta um aviso colocado pelo governo colonial inglês que,com sua obljetividade prática, dizia assim : " Neste parque é proibida a entrada de cães, gatos e chineses." depois disso aceito qualquer coisa que os chineses façam, e eles estão só começando.
        Todas as ações provocam reações, mais cedo ou mais tarde a resposta chega, por isto a única saída  é não entrarmos, não fazendo a ação. Esta, uma vez realizada, sem outra possibilidade será reacionada na medida de si  mesma, é infalível !
          Agora por outro lado vivemos uma realidade 'erdmaniana'  em seu panlogismo  ao comentar Hegel, já
que a inteligibilidade da realidade provoca  reações  incompreensíveis na justa medida da desorientação a que estão sujeitos os povos  que caíram nela. Agora foi a vez da Itália, anteontem, resolvendo não resolver nada através das eleições, dividida e confusa dando por outro lado espaço a um movimento de massas que não estava na história. Dos dois bufões do B, escolheram um terceiro, profissional mesmo, Peppe para quem o conhece, que emergiu desta conjuntura sem saber bem qual seu destino histórico ou não. O poder não é para todos, e no final das contas por qualquer razão que se o ambicione ou atinja, é uma doída responsabilidade. 
        A ideia de partido político vem da apreciação do todo social, onde para se estabelecer um  pacto que o realizasse e governasse, contratavam uma série de ideias, ações e medidas que pretendiam levar a efeito, sendo pois um  grupo separado (partido) que propunham e defendiam estas medidas no corpo da sociedade.
        Traídos, enganados, miseriabiliasados, ludibriados, iludidos, falseados e falsificados os objetivos dos partidos tiveram como como consequência direta esta mesma série de qualidades refletirem-se no ânimo e na alma de seus eleitores, criando enfim a quebra do pacto social e o sentimento generalizado de insegurança e de descrédito que gozam presentemente todos os que se dedicam a coisa pública.
           Aquelas ações violentas que vimos e vemos desfilar durante anos pelo mundo fora são a situação extrema do descrédito e da desesperança generalizada em que a ganância dos homens colocou os outros homens submetidos a ela. A imperdoável logística do poder levou a esta lógica perversa pelo mundo fora.
             Estes desequilíbrios levaram ao empobrecimento de imensas regiões do globo que tinham tudo para serem ricas, até muito ricas por terem abundantes recursos, entre estes petróleo. Hoje são fontes de problema quando poderiam ser grandes países com comércio e importações, que gerariam riqueza e empregos nas outras regiões que atravessam a dura estrada da pós-industrialização, mas não foi assim.  Não se fez assim !
           Com tudo isto chegamos a situação presente de grande distorção do equilíbrio mundial e com uma miséria alastrando-se em maior ou menor grau por todos os países, pois que quando alguém empobrece, empobrecemos todos.
            Como tudo está relacionado e não podemos fugir disto, e por uma simples coincidência de meses, Setembro e Março, na sequência temporal de acontecimentos deu-nos que pensar no que se irá passar amanhã, literalmente amanhã dois de Março na grande manifestação convocada para fazer  ver aos membros do governo  português que o povo não aguenta mais, diferentemente do que acredita o Sr. Fernando Ulrich, não aguenta, não aguenta.
             O triste é que isto nunca se consubstancia em ações onde os culpados sejam indicados e se possa escrutinar a verdade interna que expôs de maneira tão inclemente, boa porção dos portugueses a esta situação maior, que lhes ultrapassa, como a todo mundo, porém para uns pode ser menos avassaladora por que o pacto social esteve atuante e diminuiu a brutalidade do choque.
               Quantas canções cantarão o povo desesperançado  até que se encontre um caminho? Quanto mais do tecido empresarial será destruído até que se possa entender que a vida é feita de trabalho, e há que garanti-lo como meta primeira e não como consequência das virtualidades economicas ?  
                    Não vos posso responder, porém sei que este povo vai às ruas já cansado,vai às ruas com seu orgulho ferido, com a suas esperanças roubadas, com as suas vidas defraudadas e isto é perigoso. O menos que se pode dizer é que é perigoso. Quem conhece a história sabe que este povo que desde sua mais remota  origem não aceitou bem nenhum domínio, levando a que muitos povos o deixassem existir mesmo neste pequeno pedaço de terra que lhes coube no extremo sul da Europa. Assim são os portugueses, e eu, que falei em bombas, não me esqueço que elas também aqui existiram no verão quente de 75, que  atentados, muitos, aconteceram ao longo de sua longa história, para saber que há um 'surplus' de imprevisibilidade que, para surpresa de alguns, pode levar a um surto de reações generalizadas. Os analistas de cenários que auxiliam as decisões de todos os governos, já avisaram que o melhor é que as forças de segurança não intervenham a não ser em situações extremas, para não atiçar a irritabilidade geral e provocar forças que vão estar ao rubro no emocional da manifestação.
                    Faltam menos de vinte e quatro horas; quem viver, verá !