segunda-feira, 29 de abril de 2013

Reflexões/ Âmago das coisas.


Chiaro/Oscuro

                                                             Poderíamos ter toda a claridade,
                                                             porém basta-nos um raio de Sol.
                                                                                        6/10/12 às 6hs.


Na plena escuridão de tua vida
um raio de sol há sempre…
No negrume do teu dia e lida,
certo, um ponto de luz se acende.

Segue-o e rompe à claridade,
e irrompe, ofuscado,
pronto a fazer asneira.
Retrocede, agradece à escuridão
e à pequena luz sinaleira.


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domingo, 28 de abril de 2013

Paisagem humana.

                 Gente por toda parte.

         Nunca pensei que tanta gente ia logo ler, e com diferentes interesses, interesses que não poderei conciliar. Poderei atender, eventualmente, poderei agradar, quem sabe, porém temos muitas barreiras a vencer. A mais difícil é a da língua, tenho uma leitora árabe.... A esta certamente não vou me dirigir, não falo nem escrevo árabe, outros idiomas, de vez em quando, os leitores da minha língua mãe( o português) vão me perdoar, porque vão aparecer uns textos aqui e ali, mas em árabe certamente, não!!! 
          No mais é uma alegria sabermos que tem gente nos 6 continentes lendo-nos, e uma tristeza por não ser nos 7, pensarão vocês, como eu também pensei, que o sétimo que faltaria era a Ásia, pois tenho lá uns quantos leitores, não sei de que nacionalidade, o que falta é, infelizmente, África ! Com quatro países de expressão portuguesa, cuja língua oficial é a portuguesa, e nem um leitor... as razões são dolorosas, mas é assim.
            Outro impecílio é que para os leitores que só querem de mim poesia, vão muitas vezes deparar com um texto sobre, política, ou sociologia, ou história, ou economia,ou arte,ou filosofia,ou música, ou outros assuntos  aos quais também me dedico, e/ou ao contrário, aqueles que procuram textos sobre política ou economia, e deparam-se com um poema, já viram a decepção....Não posso fazer nada, vai ser assim mesmo.... Porém desculpo-me antecipadamente pelo incômodo. 
              No entanto o que eu quero mais aqui reparar é que é fabuloso o interesse suscitado, bem como a alegria de sabermos-nos lidos e requeridos em tão diferentes locais deste mundo de meu Deus. Decepcionando alguns, é verdade, entristecendo outros( desculpem-me) alegrando muitos,é bom saber, e levando o questionamento por toda parte, que é o que penso ser o melhor. Agradeço que haja gente por toda a parte a quem possa ter despertado interesse das coisas que penso.   

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ella Fitzgerald, única e exclusiva.

                                                É o dia d'Ella.

                       Havia uma Ella
                       que era tão Ela,
                       quem a viu não esquece,
                       não por ser bela,
                       nem por estrela,
                       não se padece...
                      quem a viu não a esquece.
                   
                                     Ela tinha o sonho na voz:
                                     Good Night Ladies and gentlemen:
                                     Miss Ella Fitzgerald !

                                                    Cry Me a river...
                                                    .......................
                                                    I'll cry a river on You.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Húbris: Agravamento da Síndrome.

                   


O  Agravamento da Síndrome de húbris.


            Diz-se húbris ou hybris, o termo grego para descomedimento, e olha que os gregos entendem disto. Viu-se ultimamente que o descomedimento desta nação tem levado a Europa e  a (o nome maldito) troika a enterrar   lá dezenas de milhares de milhões de  euros para tirá-los da bancarrota, e bancarrota é o exemplo máximo  de  descomedimento.  Este  termo gerou  em  latim a palavra hybrida ( que nos deu híbrido) para designar a violação das leis naturais.

            Em Portugal com a saída do ministro que mais publicamente demonstrava a  patologia, parece ter havido um agravamento da mesma, com o translado de seu foco insidioso a outros ministros, por contágio talvez. Temos agora que aquele lentíssimo a falar, consciente de seus super poderes, enraivecido  por  ter sido contrariado nas suas  pretensões anti-constitucionais, vem agora inconstitucionalissimamente impor medidas de retaliação.

           A falta de experiência governativa destes ministros, salvo duas ou três exceções, é, naturalmente a geratriz desta situação de arrogância, entretanto esta condição é  a  patologia descrita há milênios  como húbris, por ser a característica da deusa Hybris que com sua insolência e falta de moderação insultava aos outros deuses e aos humanos. Pensa-se que ela era assim por ser filha de Coros, o 'daemon' do desdém. Acreditavam os antigos que a falta de moderação e o descomedimento vinham do próprio desdém, por isto foram buscar esta palavra, ao nome da deusa, nas raízes indo-europeias dos termos ut+qwein, que queria dizer peso excessivo, nada mais apropriado.  


húbris ou hybris (em grego ὕϐρις, "hýbris") é um conceito grego que pode ser traduzido como "tudo que passa da medida; descomedimento" e que atualmente alude a uma confiança excessiva, um orgulho exagerado, presunçãoarrogância ou insolência (originalmente contra os deuses), que com frequência termina sendo punida. Na Antiga Grécia, aludia a um desprezo temerário pelo espaço pessoal alheio, unido à falta de controlo sobre os próprios impulsos, sendo um sentimento violento inspirado pelas paixões exageradas, consideradas doenças pelo seu caráter irracional e desequilibrado, e concretamente por Até (a fúria ou o orgulho). Opõe-se à sofrósina, a virtude da prudência, do bom senso e do comedimento.

Cquote1.svgAquele a quem os deuses querem destruir, primeiro deixam-no louco.Cquote2.svg


            


domingo, 14 de abril de 2013

O passarinho na gaiola.Cruzeiro Seixas em Famalicão.


       Há um passarinho preso numa gaiola, talvez um quadro num fundo de um cofre, sem cumprir a sua primeira intenção: ser admirado!
                                                                    Na minha visita a Cruzeiro Seixas em Vila Nova de Famalicão.


'Surrealisme', como diria Dali alongando o último esse e espocando a sílaba final do eme bilabial.
Surrealisss-me !
Como se  dissesse: me 'surealise'.
Não traz solução. É um excelente bálsamo, desconvulsiona, redime a tensão, porém não a erradica.
O 'non-sense'  tem esta capacidade maravilhosa de admitir e indicar saidas imprevisíveis, porém estas verifi-cam-se curtas ou portas falsas. É o momento liberador e libertador das experiências ou expectativas, que permite abrir uma porta, que, em verdade, está permanente fechada, ao promover uma atmosfera delirante que tem o poder de dissolver(mais que de abrir) as duras portas que conformam(comportam) a existência individual e solitária a que todos estamos destinados. Só somos com e em nós mesmos.
A fama, o brilho, os olofotes criam a fantástica ilusão de serem permanentes ( nesta mesma noite estarás sozinho- podereis continuar enebriado daquele brilho, porém quanto tempo durará esta ilusão?)
        O homem comum  é mais feliz, infinitamente mais feliz, têm a  companhia diária do peso das suas responsabilidades: prover, trabalhar, preocupar-se e ocupar-se muito e pensar pouco.Sempre, e o mais cedo possível, voltar à casa, ao lar, às crianças, à mulher ansiosa e preocupada também: " Já voltastes querido? Ainda bem! E sucumbirá à fabulosa quantidade de problemas e expectativas do dia a dia que não são solução, resolvendo tudo porém. Já que resta a fenda, permanece a ferida, corrói-lhe a insatisfação: misto de não resolver os problemas e atender às expectativas que têm dele. Ou, noutra dimensão e perspectiva, um desejo diverso de ter outros problemas talvez, e de certamente ter outras expectativas. ( O socialismo, a riqueza, o comunismo, a religião promovem uma atmosfera diluente que também tem o poder de dissolver estas portas, gerando outras ilusões diversas.) A dissolução intensa do eu  não traz solução, posto que permanece incólume uma parte deste eu, que se mantém, nunca atingindo a dissolução total, que talvez sobrevenha só com a morte, conservando a angústia. E, ao manter-se , o eu permanece em si, na expectativa central de felicidade, este corrosivo desejo humano jamais atingível, ou satisfeito, para logo se manifestar em nova expectativa.
            E no foco central de tudo isto nossa condição de cão andaluz, se quisermos, ou de passarinho na gaiola, se formos mais brandos, porém lá está sempre a quixotesca expectativa de transmutar a realidade pelejando com ela, sem nunca aceitá-la ou incorporá-la.
              Da manipulação dos dados sobrevivem os choques do possível com o desejado, que recriam sem-pre insatisfações, que todas juntas, ou cada uma delas de per si, são o agente opressor a coriscar e a corricar a insegurança da alma que quer sempre mais. O desejo é o único culpado! Porém como não desejar, se esta satisfação eu já tive? Outros horizontes alcançáveis ou possivelmente alcançáveis, surgem infrenes, insufragáveis e incontornáveis em contradição, impondo atenção, mais que exigindo.
              E o passarinho preso na gaiola canta talvez, mas voar não pode, ao menos o voo longo, largo e libertador a que ele anseia.....(" O passarinho fez um buraquinho..voou, voou, voou...")
                 O horizonte sempre nos concita, e nesta situação redonda, ou esférica, sempre surge um horizonte mais além, sempre alcançável e sempre anterior aos sucessivos horizontes que surgirão quando, liberto da gaiola, voar, saindo o passarinho do ponto estático donde aquele horizonte único o instigava e convidava a todo instante, para, liberto, em voo alto buscar e encontrar o horizonte alargado e pleno e   multiplicado que apresenta-lhe este voo intenso e libertador, longe da gaiola  opressiva e opressora, para, finalmente livre, ser feliz. 
                Quanto mais voar, mais horizontes surgirão porém.

           
    

sábado, 13 de abril de 2013


  ‘Raptus’     (Interregno de existir.)



                                  Só sei que vou andando.
                                  Aconteço um pouco aqui, e ali,
                                  e às vezes acolá.


                                             Sigo firme na direção da casualidade
                                             e vou acontecendo...
                                             um pouco por toda parte
                                             sem propósito.
                              vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv


             Este acontecer  dura como um fósforo dura.
             O tempo do fulgor da flama que logo se extinguirá:
             Um pouco antes, um pouco depois.
   vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv

                    Mas que logo….

vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv

                                           
                                              E neste interregno existo.
                       


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                  Piscando.( Interegno de existir.)
                                                         Em homenagem a Rodrigo Leão  e cinema ensemble e Ana Vieira.



                      ….como vagalume  vou existindo.


      vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv

                 Num lume vago….
                  vago lume,
                  que acende e apaga
                  à propósito.
                 
vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv

  A propósito de que?

vvvvvvvvvvv    A propósito de existir despropositadamente.  vvvvvvvvvv

Mas  estimulado continuará a pirilampiar  ocasionalmente
buscando um sentido  para o que não tem.

vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv



                       No entanto diz-se:  Vaga lume !
                       Alumiando-se pela eventual luz da minha existência,
                       e  estimulando-me a vagar,
                          devagar….

                                  Pervagar errático  de um divagar  occasional….
vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv


Seguindo o caminho que se impõe.
Ou se propõe mais cortesmente.
Põe e dispõe deste vaguer dizendo:
“ Vaga, vaga e supõe…."
  ( Supõe que este teu vagar é rumo.)
  E contrapõe : "Lume!”
   “Vai... lume !”
…… Sim, mas a iluminar o que ?

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Sim, interregno, não e síntese.


              Sim
                                       É  o descuido do  não,
                                                    diz  Vinicius.



Desta tua negação, minha bonança:
Não  há negação sem inclemência.
Mas como não há abstenção sem experiência,
Mesmo ao negar-se, experimenta-se
o  sentimento daquilo que podia ter sido.
Resiliência é melhor que resistência.


Pó  de raspadura
É  pretexto, é  propenção,
É fina flor de formosura,
Antes dizer sim, que dizer não.


E que não sendo por escolha tua,
foi tanto ativo no meu desejo
como na tua impossibilidade.
Pois assim caminha a humanidade,
que mais que título de filme,
é  toda nossa realidade.


Não digas não à  possibilidade.
À impassibilidade, junte ação.
E para que sempre digas sim,
em bom tom,
  digas: não!
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           Interregno.  

                                Sou absurdo.
                                       digo eu.


E  entre este antes e este depois, existo,
                             como  já disse…..
        Como é incontornável este fato:
                            Há  que existir!
E em que tom?


A intensidade é que é o busílis.
    Posso existir pouquinho,
     que é quase ser inexistente.
         Posso existir um tanto, o que dá pra muita coisa,
             como os animais:
            crescer e multiplicar.
Posso existir muito, muitíssimo,
o que me prende neste interregno
de permanência, de intensidade absoluta,
da certeza de que não devia
e de que sou absurdo:
Por querer tanto,
Por fazer tanto,
Por expor-me tanto
Resistência e resiliência são pura experiência.
E todo este tanto, que é dizer muito
e aí fica assim:
Por querer muito!
Por fazer muito!
Por expor-me muito!
Resta saber que o fogo da experiência se acende na chama da inquietação
E que o desejo nos comanda.
E que o tom é que o busílis.

E saber que isto tudo é  muito, muito pouco.
A vida é breve interregno!

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                 Não.
                                       É mais difícil dizer,
                                                  dizem todos.


Da tua aceitação
meu desespero.
Resistência  é melhor  que resiliência.
Não há aceitação sem clemência,
nem há participação com tranquilidade.
A atitude de ir à jogo….
Para se livrar  do eterno que é feito agora,
a crepitar neste fogo da experiência,
requer mesmo muita ciência,
de  tudo quanto nos traz a hora,
pois é desta inquietação que ela se acende
e arde inclemente neste ardil,
posto que existir é prenhe de eternidade.
Porquanto a  atualidade  é sempre vil,
não tenhas tom,
sejas assim:
(Só) digas sim.
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              Síntese.

                                          Põe  em acordo os opostos,
                                                             diz a filosofia.


A  simbiose, mais  que nenhuma alternativa,
pode ser  falha  ou criativa,
e deixa que tudo isto fique assim:
Em vez de dizer não, disse sim.
E nesta mesma evocação,
em vez de dizer sim, disse não.



(Sim, interregno, não  e  síntese, são um a quadrilogia  e devem ser lidos em sequência.)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

AMOR- signo de eternidade.










                                             SIGNOS DE  ETERNIDADE



       Esta ideia tola de que o amor acabou é o engano daquilo que se acreditava amor. O amor nunca acaba. As relações nunca  acabam, o que é mais grave. Certamente mudam de natureza, mas não acabam.Vivemos muito equivocados  com aquilo que sejam as nossas relações, sobretudo aquelas fruto de sentimentos.
       O grande engano das aparências é fruto da ilusão da existência, só porque o grande engano da  existência é fruto da ilusão da aparência.Esta frase podia ter acabado na primeira palavra ilusão. Esta ilusão é a  ilusão de existir, porque este fato mesmo de existirmos é em si mesmo uma ilusão, não que não existamos, existimos de fato, mas não como acreditamos ou aparentamos existir, esta é também a outra ilusão que criamos para acreditarmos na existência como um fim, e esta é apenas um meio, porém, como animais, jogamos tudo nesta capacidade de por um espaço de tempo termos vida e expendermos nela todas as nossas energias, como se ela bastasse-se a si mesma.
       Se tivesse parado a frase na primeira palavra ilusão, ou mesmo na segunda, a redondilha não ficaria completa, incompleta ela estaria mais acorde com a nossa percepção, já que acreditamos no tempo. Cingímo-nos e restringímo-nos a esta limitação, acreditando que as coisas existem e deixam de existir,  dentro da nossa percepção delas. Só que sabemos bem o quanto existe para além de nós, para além da nossa capacidade de percepção e entendimento. É este o fantástico de existirmos, e com isso não podermos controlar ou prever os acontecimentos, bem como sabermos cada vez mais que eles têm todos uma razão em si mesmos que nos ultrapassa, mesmo quando nós somos os seus autores,e como fruto deste entendimento e desta percepção vem ter connosco o sentimento da desilusão da aparência, que nos corroi aos poucos.
        O que vai acabar, mais cedo ou mais tarde é a ilusão, e aí, então, começamos a perceber que somos eternos ao habitarmos outras moradas.Habitamos a alma daqueles por quem nos fizemos amar, habitamos a memória daqueles por quem nos fazemos lembrar, habitamos os corpos daqueles em quem nos fizemos eternizar...
          E se existimos para além de nós, ou para aquém de nós, tanto faz, já nos libertamos da ilusão da existência, ou se quisermos da ilusão da aparência de existirmos desta ou daquela determinada forma, e começamos a perceber que tudo em nós e de nós, nos transcende, é além de nós, para além de nós e nós não (nos) podemos controlar (n)esta condição, como também não podemos evitar de ser assim ( poderia dizer de existirmos assim para além de nós). Assim é com os sentimentos: Sempre nos ultrapassam. Quando existem verdadeiramente já não podemos fazer mais nada, têm vida própria, são assim como um ser autônomo, como um filho, existem e é isto, agem por si mesmos, vão nesta ou naquela direção e nós nada podemos fazer, porque existir dá autonomia, esta a condição da vida. E esta é  a grande incongruência da vida, se queremos ter controle sobre algo, este não pode existir, pois quando existe, logo passa a ter autonomia e, é fatal, já não temos mais controle. O que nos leva a concluir que só podemos controlar sentimentos que ainda não existem verdadeiramente, ou que estão mortos por nunca terem nascido. Os sentimentos vivos têm vontade própria e como tal existem, e existem eternamente.
       Você ao amar, nunca deixa de amar. Pois que o amor ao existir por si mesmo ganhou corpo, ganhou vida, se depois o relacionamento que existiu, fruto daquele amor, acabou, nos queremos iludir que, com isto, o amor também deixou de existir,ou até nos esforçamos por acreditar que como não há mais a expressão material daquele amor, ele também não mais existe, e, às vezes, até nos convencemos disto. Porém se formos analisar perceberemos que o amor lá está, onde mesmo o deixamos, vivo e de boa saúde, talvez  não cante mais porque nós lhe tiramos a voz, mas não lhe tiramos as canções, muito menos a existência.
         Ao entendermos isto passamos a compreender algo de maravilhoso, que é aquilo que não podemos matar, nunca podemos matar nada, o compromisso com a vida é eterno. Aqueles que matam pessoas, sentimentos, compromissos, vontades, talentos, vocações, na verdade não as matam, destroem certamente sua  presença neste tempo, só isso, são impotentes quanto ao mais, pois todas estas pessoas e estes sentimentos e capacidades, perdurarão naquilo e naqueles que lhes guardarem a memória, e sempre alguém se lembra, às vezes contra a sua própria vontade, e ali aquele ser ou este sentimento existem e perduram como signos de eternidade.  

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Poesia seria.


Poesia seria.

              (2º arranjo.)


A vida é poesia.



Poesia Seria.


Seria poesia, se poesia talvez não fosse,
o que quer que se queira dizer
desse querer tão doce?

Seria poesia, qual poesia que talvez fosse,
a que se quereria fazer
e como tal propiciou-se?

Seria também poesia àquela que se queria doce,
em toda a fantasia de saber
que a esta entregou-se?

Seria bastante poesia aquela que fosse,
só com o que quer dizer,
para quem a esta abandonou-se?

Seria talvez poesia, como qualquer que fosse,
aquela que far-se-ia um dia
e que bem quisera, com sua magia,
ficar, mas foi-se?


Seria decerto poesia, como em qualquer dia,
a que ousou que assim seria,                                                                                                          
ainda que nem sequer o fosse,                                        Conclusão: Quando se pensa                                             
e, por se ir dizendo, desenganou-se?                              que se já entendeu algo…
                                                                                        Não! Ainda não.
                                                                                              
Seria ainda poesia, mesmo a que não quisesse               O que pode ser e se faz verso,                                  
fazer-se melodia, qualquer que fosse,                             mesmo não tendo propensão,
e, em meio a tanta folia ainda assim o fizesse,                nunca é boa poesia.   
só para saber-se assim tão doce?                                     E o que tendo se arrelia, 
                                                                                         também nunca é boa solução.
                                                                                       
Seria aquela que, vindo como o raiar de um dia,            A que ocorre por ser plena,     
queiramos ou não, realiza-se,                                          e, então, torna-se poema           
refulge-se, inteira materializa-se,                                    esta sim virá por bem,               
para além de nós e de nosso fraco querer,                       ainda que poesia seja,           
e poema se vem fazer?                                                     é outra coisa mais além.

terça-feira, 2 de abril de 2013

De volta pro futuro.

                                                   BACK TO THE  FUTURE

       Vocês já viram este filme?  Vai passar agora em Portugal com um só ator, todos os domingos na RTP1
(não sabemos bem quem é o patrocinador) porém sabemos desde já que será líder de audiências.

       O passado não pode estar mais presente, meio mundo o discute, a audiência foi recorde, dizem que ultrapassou os um milhão e setecentos mil espectadores, mais o que foi repetido em todos os noticiários em todas as redes, mais as análises e discussões que gerou em todos os meios de comunicação, significa que todo mundo no país está 'ligado' com o Sr. Engº José Sócrates, por boas ou mais razões. Destarte centralizou o debate político, o que de certa forma é, ou não, um alívio para o governo,  não importa, este governo já não governa mais(terá entrado em gestão?) e, como não governa, não adianta mais bater no ceguinho!
        Os  comentários são os mais díspares possíveis,dos mais isentos aos mais comprometidos. O brilhante, honesto e verdadeiro Pacheco Pereira, abruptamente saiu pela tangente, pois conhece, como ninguém, o poder da palavra, da comunicação, da presença mediática. Os outros, a maioria dos comentadores repetiam que era uma volta ao passado.Não podia deixar de ser para alguém que não aparecia há dois anos, e tudo o que tinha a dizer datava desta época, na perspectiva das perguntas que lhe foram feitas. Evidentemente no comentário político será diferente, e, desenganem-se os do governo pensar que lhes será favorável, não será bom para ninguém(excepto para José Sócrates 'him self').

           Entre os comentadores suscitados, teve graça a Deputada Francisca Almeida, costumeiramente inexpressiva, afirmando que a entrevista do ex-primeiro-ministro lembrava-lhe dois filmes: " Regresso ao passado e Vingança dos derrotados", que somada às afirmações do pessoal do bloco de que o julgamento do Sr Sócrates já havia sido feito nas urnas, e  o que se  queria eram fatos novos.  Iremos saber o nome do filme!

                À parte  da temática conspiração X deslealdade, que pôs o presidente da república na ordem do dia, que é certamente um ajuste de contas, quem prestou bem atenção à entrevista, notou que ela é voltada inteiramente para o futuro, ainda que se refira enormemente ao passado. Se alguém quisesse lançar, ou relançar um produto na mídia,  para obter o alcance que o produto José Sócrates alcançou com a força e rapidez obtidas, teria de gastar muitos milhões de euros; foram horas à fio de espaço mediático.Isto é obra.

                Era José Sócrates no seu melhor, confronta tudo e todos e, realmente toma a palavra. E neste mister é mestre: as caras mais convincentes, as múltiplas modulações de voz, as paradas certas, os variados tons necessários a fortalecer a ideia e mensagem que quer passar, os cortes na conversação,criar um tom intimista com os entrevistadores para os paralisar ou para que eles sejam sua(s) testemunha(s) no que afirma, a linguagem corporal... era um mestre no seu melhor. Do outro lado tivemos sincronizado o Sr. António José Seguro a mandar uma carta para a troika a afirmar sua fidelidade ao plano. Tudo isto somado quero informar à deputada Francisca que ela não viu bem o filme e à todos que o filme é outro, cujo título que cabe à perfeição é de volta pro futuro: Back to the future, como intitulei este artigo.