«Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia.»
Eça de Queiroz
Solteirão sem família, alto, magro, de agora em diante passará a se vestir todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito, o rosto aguçado no queixo (e no nariz) ia-se alargando até a calva vasta e polida, um pouco amolgada no alto.(Calva invisível, presentemente, pela forma como deixa crescer o cabelo e penteia-o para emcobrí-la.) à partir de agora tingirá os cabelos, que de uma orelha à outra lhe farão o colar parta trás da nuca ...Tinha uma covinha no queixo e as orelhas muito grandes, muito despegadas do crânio... e, é claro, não lhe faltarão as polainas
Comendador com Estrela da Ordem do Mérito da Polônia, Cavaleiro da Ordem de São Tiago( Se não é o Dr. Cavaco resolve isto certamente.) em atenção aos seus grandes merecimentos literários e às obras publicadas, de grande utilidade, no campo da economia política. Era autor das seguintes obras: Elementos Genéricos da Ciência da Riqueza e sua Distribuição. Discrição Pitoresca das Principais Cidades de Portugal e seus mais famosos estabelecimentos (no prelo) e do famoso Guião da Reforma do Estado, tão importante que esteve na gaveta do Primeiro Ministro vários meses, e que agora atende pelo nome de" Um Estado Melhor", com 112 páginas que visam recuperar a autonomia de Portugal.
Paladino da família e das virtudes cristãs, moralista com frequentes e insistentes declarações à favor da sã moral e dos bons costumes, defensor dos agricultores, e dos grandes valores como o nosso Garrett, o nosso Herculano, o nosso Saramago, defensor dos nossos reformados e dos nossos pencionistas, na defesa perene das nossas virtudes pátrias. Ministro de Estado várias vezes, quase, digo melhor vice,-primeiro-ministro, assinante do Teatro São Carlos há 18 anos (deve ser) para aperfeiçoar a personagem mudar-se-á pra um terceiro andar da Rua do Ferregial. Os seus gestos muito medidos, mesmo a tomar café. Nunca usava palavras triviais, citava muito, se expressa por chavões e frases muito elaboradas e vazias de conteúdo como: " A vida é um bem inestimável." " Reformar é diferente de cortar." " Estar no Euro é incompatível com a demagogia." Nem Estado mau, nem Estado mínimo, um Estado melhor." " É preciso reformar, é preciso remodelar" Com seu frasiado elaborado e vazio e com obviedades, temos o Conselheiro Acácio.
Está é a nudez forte da verdade : O Dr. Paulo Portas dando sequência aos vários renascimentos da personagem, o faz no melhor estilo acaciano, dando-lhe relevância raramente vista nos inúmeros políticos que a fizeram renascer pelo mundo fora. Pois que como disse no entre o 'g' e o 'j' toda a verdade se esgota, é valendo-se destes meios que se atinge uma grande posição. Pois este é o mesmo Paulo Portas de quem falei no Irrevogável Upgrade I e II, tendo o primeiro por título : Portugal e o futuro, e não é título de livro? Sim é o mesmo e não é limitado como o Conselheiro Queiroziano. Então porque isto? Não havia outra solução. Fez todo o possível para ver se descalçava esta bota. Deixou passar o tempo, transformou o documento em secreto, criou várias manobras de diversão, vendeu-o à peso de ouro, ou melhor à peso de alto cargo. Inútil. Todos queriam o Guião. Pois então está aí o Guião. Como ele não pode conter nada de substantivo e imediatamente exequível, havia de ser vago, genérico, óbvio, um apanhado de banalidades, para ser inconteste, e não comprometer o autor.
Muito esperto o Dr. Paulo. Fê-lo sem o fazer. O momento escolhido é ótimo. Durante a votação do orçamento de Estado( e que orçamento) onde muito será discutido, tudo estará na ribalta, menos o Guião. Além do mais, como este não desperta grandes contestações, por ser um conjunto de boas intenções e de objetivos indefinidos, irá logo voltar de onde nunca devia ter saído, para o limbo das propostas cheias de boas intenções e sem sentido prático e sem intenções para se cumprir. Há alguns inocentes, ou incautos, que acreditam na intencionalidade do documento. Provavelmente também acreditam no Pai Natal, e sua intencionalidade. Só que se o pai, a mãe ou o avô da criança não comprar o presente, ficam-se por aí as boas intenções do Pai Natal, mas há gente para tudo. E, ademais, sabemos, bem o que é que está cheio de boas intenções. As propostas do Guião são como os Pais Natal de shoppings, só servem para a fotografia.
E agora o manto diáfano da fantasia : O Dr. Paulo Portas cumpriu, deu o seu grande contributo para a Reforma do Estado, tão desejada e tão esperada, e ficaremos todos a esperar que Portugal tenha um crescimento real do PIB de 2%, como ele mesmo salienta no documento, até lá, vão se fazendo mais cortes e privatizando-se tudo que for possível do Estado Social e companhia ilimitada, será a Reforma em ação. E, como este aumento real do PIB de 2% (4 ou 5% nominal) vai demorar mais de uma década para acontecer, o Dr. Paulo Portas está salvo. Não foi culpa sua. O guião está pronto, mas só se poderão começar as filmagens depois da tempestade, e esta está para durar.
*** Para a leitura de brasileiros, que não há acordo ortográfico que dê jeito:
Descalçava esta bota é livrava-se deste problema de qualquer maneira.
Pai Natal é o Papai Noel, e « está para durar » é que vai demorar.
P.S. Ninguém como Eça para estar tão vivo e presente em todas as situações,
especialmente as políticas. Que escritor formidável !
Está é a nudez forte da verdade : O Dr. Paulo Portas dando sequência aos vários renascimentos da personagem, o faz no melhor estilo acaciano, dando-lhe relevância raramente vista nos inúmeros políticos que a fizeram renascer pelo mundo fora. Pois que como disse no entre o 'g' e o 'j' toda a verdade se esgota, é valendo-se destes meios que se atinge uma grande posição. Pois este é o mesmo Paulo Portas de quem falei no Irrevogável Upgrade I e II, tendo o primeiro por título : Portugal e o futuro, e não é título de livro? Sim é o mesmo e não é limitado como o Conselheiro Queiroziano. Então porque isto? Não havia outra solução. Fez todo o possível para ver se descalçava esta bota. Deixou passar o tempo, transformou o documento em secreto, criou várias manobras de diversão, vendeu-o à peso de ouro, ou melhor à peso de alto cargo. Inútil. Todos queriam o Guião. Pois então está aí o Guião. Como ele não pode conter nada de substantivo e imediatamente exequível, havia de ser vago, genérico, óbvio, um apanhado de banalidades, para ser inconteste, e não comprometer o autor.
Muito esperto o Dr. Paulo. Fê-lo sem o fazer. O momento escolhido é ótimo. Durante a votação do orçamento de Estado( e que orçamento) onde muito será discutido, tudo estará na ribalta, menos o Guião. Além do mais, como este não desperta grandes contestações, por ser um conjunto de boas intenções e de objetivos indefinidos, irá logo voltar de onde nunca devia ter saído, para o limbo das propostas cheias de boas intenções e sem sentido prático e sem intenções para se cumprir. Há alguns inocentes, ou incautos, que acreditam na intencionalidade do documento. Provavelmente também acreditam no Pai Natal, e sua intencionalidade. Só que se o pai, a mãe ou o avô da criança não comprar o presente, ficam-se por aí as boas intenções do Pai Natal, mas há gente para tudo. E, ademais, sabemos, bem o que é que está cheio de boas intenções. As propostas do Guião são como os Pais Natal de shoppings, só servem para a fotografia.
E agora o manto diáfano da fantasia : O Dr. Paulo Portas cumpriu, deu o seu grande contributo para a Reforma do Estado, tão desejada e tão esperada, e ficaremos todos a esperar que Portugal tenha um crescimento real do PIB de 2%, como ele mesmo salienta no documento, até lá, vão se fazendo mais cortes e privatizando-se tudo que for possível do Estado Social e companhia ilimitada, será a Reforma em ação. E, como este aumento real do PIB de 2% (4 ou 5% nominal) vai demorar mais de uma década para acontecer, o Dr. Paulo Portas está salvo. Não foi culpa sua. O guião está pronto, mas só se poderão começar as filmagens depois da tempestade, e esta está para durar.
*** Para a leitura de brasileiros, que não há acordo ortográfico que dê jeito:
Descalçava esta bota é livrava-se deste problema de qualquer maneira.
Pai Natal é o Papai Noel, e « está para durar » é que vai demorar.
P.S. Ninguém como Eça para estar tão vivo e presente em todas as situações,
especialmente as políticas. Que escritor formidável !