sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Homenagem a Vasco Graça Moura.


  Um homem definitivamente sem graça. Um bom tradutor é verdade, no resto um escritor mediano ou sofrível, que com a postura de intelectual (fazendo tipo) conseguiu fazer uma bela cama para nela se deitar. E, como diz o anexim: "Faça a fama e deite-se na cama." Foi o que ele fez!

Vasco Graça Moura há 50 anos vem querendo ser David Mourão Ferreira, no estilo, na versatilidade, nos modo, até no cachimbo, porém David era um intelectual brilhante e enquanto esteve vivo até 17 anos atrás, ocupava ele o espaço que era seu, depois, com sua morte, abriu-se vaga, que o mais bem situado mimético e com bom trânsito pode se lhe ocupar o lugar, porém a luz de David em inúmeras áreas ainda brilha com sua chama muito própria e inigualável.

O Dr. Vasco Moura, sem graça mesmo, veio por aí ocupando todos os espaços que se lhe permitiram, e permitiram muito, às vezes até porque o verdadeiro intelectual é muitas vezes muito pouco político, e aquela maneira antiga que havia de se reconhecer os valores de uma pessoa só por seus méritos, sem que ela fizesse nada para ocupar qualquer espaço, já não existe mais. Ninguém é mais convidado por seus méritos, desde que a mediocridade se generalizou! Muito cedo o Dr.Vasco se deu conta disto, por seu mérito, e diferentemente de como procedeu por exemplo um gênio como Eduardo Lourenço de Faria, este sim um homem com imensa graça aliás Graça com G maiúsculo, Graça na escrita, Graça na fala, Graça na forma de estar, Graça no dizer, Graça no se relacionar. Grande Eduardo Lourenço!


                                                               Acabou por falecer a 27/4/2014.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Toda praxe é estúpida! (II) A solução.

Agora que muito se discute este assunto devido a uma ocorrência que recuso-me a comentar, sobretudo por que é inominável esta ocorrência, e, em sendo inominável, eu não tenho palavras. Tenho palavras para dizer que a corrente que agora se vai tornando dominante de que se devem evitar e coibir os abusos e excessos da praxe, mas não a praxe, não tem noção do que diz. Quando algo se permite ser nocivo na situação de um abuso, ou de um excesso, já é nocivo em si mesmo. Não se irá coibir, ou delimitar para poder coibir, uma ação que não se consegue determinar quando deixa de ser o que já é, um abuso em si mesma, e passa a ser um abuso porque este se tornou evidente. Vamos ver bem isto: Uma prática não pode ser controlada quando quem a recebe e está sujeito a ela tem inibida sua capacidade de expressão, justo porque esta prática visa como última intenção testar a capacidade de resistência de quem a está tendo praticada em si, se este se manifesta quebra esta comprovação da sua capacidade de resistir, mesmo que isto lhe esteja sendo altamente nocivo. Portanto esta prática tem sua ação inaferível, e, logicamente, quando o dano fica evidente para dever ser parado já é demasiado tarde, posto que já foi praticado de forma irreversível. É assim como uma guerra, em que não se queira que ela seja excessiva: Só há uma maneira, é não começá-la!  -Toda praxe é estúpida!

Por outro lado nos foi dada, com a repercussão mediática que presentemente está sendo dada a um genocídio que tem na sua origem esta prática doentia a que se denomina praxe, uma oportunidade para acabarmos de vez com este comportamento miserável, consentido historicamente pela falta de entendimento da situação por um lado, e pelo 'usum' por outro. É hora de acabar com isto, já que: Toda praxe é estúpida!

Em respeito às vítimas, em respeito ao senso comum, em aproveitamento da revelação para além de qualquer duvida do que consiste esta prática repudiada na sua grande maioria por aqueles que foram submetidos a ela,  em respeito aos que morreram por sua prática, em respeito aos que sofreram a sua prática, em respeito aos que a praticaram e a praticam, e com isto têm o seu caráter deformado, por poderem impunemente exercer seu poder sobre outrem contra a vontade deste, por tudo isto é hora de agarrar a oportunidade que esta situação dá, e acabar-se de uma vez com ela. -Toda praxe é estúpida!

Se deixarmos passar esta oportunidade, restará a pergunta que não se calará e continuará a reverberar até que se ponha termo a esta estupidez que é a praxe, que em muitos casos é homicida. E é a pergunta: Quantos mais vão ser preciso morrer ou ser assassinados para que se pare com esta prática? -Toda praxe é estúpida!


P.S. No dia imediato a publicação desta vem o Ministro Português da Educação defender que os  alunos têm direito a resistir às praxes. Grande engano Sr. Ministro!  Grande engano! Os alunos têm o Direito de não serem expostos a essas práticas, e este é o seu trabalho e o seu dever! ( Foi twittado) Por outro lado vêm muitos desconectados afirmar que se deve prevenir as praxes abusivas. Muito bem! E eu lhes pergunto como se vai saber que uma praxe é abusiva antes de ela o ser?

Outros quantos dizem que as praxes são uma forma de integração dos neófitos na vida universitária, como pode ser isto numa prática que, logo à partida, é um divisor forte e quase intransponível entre os veteranos, as instituições acadêmicas, enfim os que representam a vida da universidade e os calouros que devem sofrer para serem aceitos?



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

VALORES

Super-Papa

                     Neste princípio de milênio nós vivemos uma crise de referencias mais que tudo. Perdemos os referenciais porque deixamos que se lhes ocupassem os lugares outros valores que são pseudo-valores, são falsos como notas de três euros, mas como têm escrito nelas ' 3 Euros'  todo mundo pega.  E porque?   Primeiro de tudo porque fomos enganados pela insidiosa manifestação destes outros valores, que, tendo a capacidade de seduzir, tiveram, e têm, a torpe capacidade de nos dominar. Crédulos de que os valores do conforto, do bem estar, da família em situação tranquila, eram os mais importantes, posto que são de enorme importância, esquecemos que acima destes valores todos esta um, que por inerência, está aparentemente presente nas nossas vidas de sociedades modernas democráticas : a liberdade. Nem sempre!

Sim perdemos a liberdade,(1) política primeiramente, porque os países se envolveram até a ponta dos cabelos, se por acaso ainda têm cabelos os países, sujeitos aos sistemas econômicos e financeiros de poder que os dominam, (2) depois perdemos a liberdade social, porque uma sociedade só é livre quando pode fazer sua escolhas independentemente de qualquer pressão, de qualquer ordem, que é o que não acontece, e (3) por fim perdemos a liberdade econômica, porque só pode fazer escolhas econômicas consoante suas prioridades, quem tem liberdade financeira. E é este o busílis, a liberdade financeira, roubaram-nos a liberdade financeira permitindo que o dinheiro ganhasse um protagonismo que não tem. Ou seja o instrumento transformou-se em instrumentador, os meios transformaram-se em fim.

Isto dito, a conclusão é que vivemos uma época de inversão de valores ou de perda deles, porque esta sujeição aos mercados, esta priorização do dinheiro em nossas vidas, esta ação de uma realidade financeira que rouba em segundos, décadas da ação econômica, é uma subversão da ordem das coisas, que vamos penar muito para reinverter, se é que o conseguiremos.

Entretanto anda todo mundo por aí perdido em meio a estes falsos referenciais, acreditando estar fazendo o que é certo, acreditando estar governando (nós as nossas vidas, os políticos as de nós todos) quando na realidade estamos tudo e todos sujeitos aos interesses e prioridades dos mercados e suas decisões acríticas e sem sentimentos, amorais em sua maioria, que seguem como avalanche de verdade, sendo de mentira, que são. Anda todo mundo sem saber para onde vai, acreditando que irão ter a bom porto. E isto vai roubando lentamente à tudo e à todos, à cada um de nós e à nós todos, o discernimento do que é verdadeiramente importante. Enquanto não redescobrirmos o que é que deve regular as sociedades, com o que devemos expressar nossas vontades no sentido de atingirmos a felicidade, e felicidade  dá satisfação, mas satisfação não é felicidade. Enquanto não ponderarmos quais são as coisas que realmente precisamos para sermos felizes, e entre elas certamente não está o último modelo de 'I pad', e procurarmos centrar nossas vidas naquilo que nos torne permanentemente maiores e mais ricos, e não falsa e ilusoriamente em coisas que nos alegram, é verdade, mas não nos acrescentam nada.

Para isto é necessário pensarmos e sentirmos. A primeira condição até a grande maioria o faz, mas a segunda, requer outras condições e pré-requisitos que tornam sua consecução um pouco mais difícil. Nós só somos capazes de sentir uma determinada coisa na sua plenitude, e enquadrá-la na  sua real importância, quando sabemos, por experiências anteriores, nossas ou que nos tenham sido legadas, o peso que esta determinada coisa e situação tem num quadro muito amplo a que chamamos vida, nossas vidas. Este enquadramento é fruto de relações familiares, profissionais, de amizade, sociais, de informação, de observação, etc... onde, tudo isto junto, estabelece em nós o sentido de importância que deve merecer determinado assunto ou determinado bem, face a este conjunto de pré-condições que no fundo não variam muito para cada ser humano, posto que em essência somos muito parecidos, e ao qual chamamos valores. Se não cultivarmos isto, ou melhor não deixarmos que isto aconteça em nós, porque estamos voltados para outros interesses que um ambiente sempre em movimento nos sugere, não somos nada, não consolidamos nada, e, tristemente vejo hoje, e este hoje já tem décadas,  cada vez mais pessoas que não tem uma sua lista de prioridades éticas, mas que têm muitas listas de prioridades econômicas e materiais. É lamentável!

E é esta a crise de nossos tempos: UMA CRISE DE VALORES! Enquanto não repusermos um modelo de sociedade que restabeleça o que é ou não verdadeiramente importante para nós, e que nos dê, neste contexto, um ambiente de verdade, ou seja que referencie as coisas que realmente importam, livres de toda a influência de coisas passageiras ou modismos, criando ou recriando uma sociedade mais estável e tolerante que nos faça feliz, não teremos a mínima possibilidade de ajustarmos os parâmetros das nossas avaliações e ponderações, e permaneceremos nesta mentira, nesta ilusão de que tudo se resolve com dinheiro.

E as pessoas estão ansiosas por reconquistarem uma alegria perdida em suas vidas, estão anciosas por terem referências que as façam situadas, que possam dizer com quais parâmetros e com quais paradigmas se governam, e, então, com estes valores bem presentes, se tornarem felizes. Hoje, como perdeu-se tudo isto, andam todos em busca de algo, que não sabem o que.

Este Papa, pelo que tem falado até agora, é alguém que tem, muito diferentemente de outros papas, estas refrerências bem presentes na sua vida. Seus valores são balizas que dão-lhe uma capacidade de avaliação das coisas deste mundo a um nível muito alto. E é por isto que as pessoas estão ansiosas. Curiosamente já vi até islamitas, judeus, teosofistas, agnósticos, entre muitos outros, admirando as ideias que o papa tem, e os pontos que ele tem colocado à nossa consideração. É por isto que ele é o homem do ano da Time Magazine e é por isto que pela primeira vez um papa, ele, é capa da Rolling Stone, com o jornalista da revista deliciado com ele, tendo afirmado que uma conversa com Francisco é " um escândalo de realidade". Grande Francisco, Super-Franciscus! E realidade é sempre o mais que precisamos.

Quando vi o grafite das ruas de Roma, que põe Francisco como o Super-homem,  o Super-papa, e que as armas com as quais combate o mal, ou as coisas as quais defende e preserva, estão numa pasta a qual está rotulada VALORES ; vi que o artista, o grafiteiro, tinha acertado na mosca. Porém se o artista anônimo acertou, mais ainda acertou Francisco ao inspirá-lo, porque ele está tocando nos pontos chaves, fulcrais, das expectativas das pessoas hoje. Esperemos que isto venha a ter consequência, que de alguma forma ele possa levar à todos aquilo de que todos estamos muito necessitados, que é estabelecermos e pormos em função operacional, uma lista prioritária de VALORES pelos quais vivamos.

Que Deus dê forças a Francisco!  



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Toda praxe é estúpida!

Como todo rito de passagem a praxe é um exercício de poder para quem já passou por ela e um ritual de iniciação a que está obrigado o neófito, para ser aceito oficialmente, ainda que muitas vezes oficiosamente não o seja; o que se passa aqui neste universo paralelo é que ao inverso do que ocorre na sociedade, onde o que conta é o oficial, aqui o que conta é o oficioso, e este determinará se você fará, ou não, parte do grupo, a aceitação oficial que a sujeição à humilhação da praxe permite, é apenas o bilhete de ingresso a participação no que se irá passar na vida acadêmica ou militar, onde estas praxes têm origens centenárias, mas isto já é outra história. O que é a mesma velha história é que: Toda praxe é estúpida. 

A estupidez começa com todo o iniciando estar obrigado a se submeter, e este, numa situação nova, aceita, em geral, a submissão, de bom grado até, acreditando que esta será uma chave que lhe vai abrir a porta para a nova realidade em que ingressa. Lêdo engano, posto, primeiro, que a porta foi aberta por seu mérito de ingressar nesta própria vida, não necessitando outra ou maior abertura, necessitando apenas mais afinco, mais estudo que lhe proporcione os conhecimentos que lá foi buscar. À seguir temos que a aceitação de cada um depende de seu comportamento diário e da sua capacidade em gerar bom ambiente e mais nada, aquele rito, se é por um lado uma festa, no que tem de melhor e de mais positivo, é, outrossim, uma expurgação das misérias inerentes a qualquer trabalho exigente, que corre melhor para uns e pior para outros, mas que enfim promove uma separação de águas naturais entre os mais e menos habilitados, poder exercer poder sob um desconhecido ou sob um sujeicionado que assim se mantém muitas vezes por suas inabillitações, é puro ato distorcido do exercício de poder, puro e duro, naquilo que ele tem de mais perverso, e por isto sempre, repito a palavra para não deixar margem para dúvidas, sempre leva a desvios e abusos. Por isto fui genérico ao intitular o presente artigo: Toda a praxe é estúpida!

A argumentação, interposta por alguns, de que não se deve acabar com a praxe por ela ser uma tradição, é equivalente da peroração que faziam uns, há muito tempo, quando se quis acabar com a inquisição e quando se quis acabar com a escravatura, era uma tradição, era um hábito já consagrados, sim eram, mas também eram uma grande ignonímia, como são as praxes. Toda praxe é estúpida

TODA PRAXE É ESTÚPIDA por que toda sujeição o é, e sujeitar, quem quer que seja, a qualquer prática, é a grande estupidez humana, nada mais há a dizer! Nós como seres livres que somos, assim devemos continuar. Livres e não praxados. Tudo o mais é fantasia, saudosismo e apreço pela festa, muitas vezes alegre que acompanha ou sucede a praxe, nada mais. Toda praxe é estúpida!

E como tal deve acabar!

Tudo que pode fazer mal, mesmo que preter-intencionalmente, não deve ser praticado, Os que discordarem que se proponham para levar a notícia, ou pagar as indenizações, ou  dar as explicações aos pais que tiveram seus filhos mortos em virtude desta prática.

Por fim como os atos ficam muito mais para quem os praticam, do que para quem os sofre; as praxes tem a superior desvantagem de deformar o caráter, e muita vez marcar para o resto da vida àquele que obriga ao neófito às práticas da praxe. Toda praxe é estúpida!

E, é claro, devemos nos eximir de toda estupidez.






sábado, 25 de janeiro de 2014

O Presidente Marcelo.

A marca do caráter, da fraternidade, da forma de estar, do modo de ser, da estrutura mental e de procedimentos, ao longo de uma vida pública já extensa, em que lida com muita gente por Portugal fora, evidenciam um homem que, só por seus próprios méritos, transformou-se numa unanimidade nacional.  

Sim, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, com seu jeito despretencioso, com seu caráter fraterno e humano, com sua  retidão de procedimento, é alguém que se tenha muito pouco a apontar, e pela universalidade de seus conhecimentos é uma das pessoas melhor preparadas para assumir o cargo de Presidente da República. Um Presidente próximo, ativo, verdadeiro, preocupado, interessado, que nunca se eximiria das suas responsabilidades de  promover uma estabilidade para o país, promover o melhor rumo em cada momento, e ainda antevejo momentos bem complicados no futuro próximo de Portugal à braços com uma monstruosa dívida externa impagável, com o compromisso de baixar o déficit para meio ponto percentual, com a necessidade ingente de reanimar sua economia, e com a obrigação de ter uma voz na Europa para lhe garantir um espaço de progresso, invalidado pelas distorções ora existentes. Para tal é necessária uma voz corajosa e sábia, que certamente não é a voz do atual primeiro ministro.

A visão do Professor no cargo, certamente incomoda muita gente, muita gente que não deseja ver uma renovação com participação popular, gente que não deseja um Presidente que ouça as populações, ou que lhes seja próxima, com um compromisso moral e ético, mesmo com sua forma de ser e estar, a ouvir e atuar em conformidade com as pretenções e os clamores da população. Não, sempre será mais cômodo para os interesses instalados, alguém que não oiça, ou não queira ouvir, alguém que não se preocupe, mas o Professor Marcelo se preocupa e seguramente ouve tudo e tem opinião, e isto é sua característica mais incomoda: TER OPINIÃO. Ter opinião é algo que atrapalha muito as relações entre, por exemplo, um primeiro ministro e um Presidente, que pode demití-lo, não aceitando, por exemplo, que este viva de crise em crise, sem ter um projeto bem concebido  para dar um rumo ao país, que não tenha uma visão de futuro bem clara, que não disponha de objetivos e intenções bem definidos e que estes tenham a intenção de à médio e longo prazo dar um horizonte de recuperação econômica para Portugal.

De fato o Professor Marcelo na Presidência da República seria bem incomodo, seria um garante de que os interesses nacionais estariam preservados, que  não se pode brincar aos governos, que não se pode perder tempo e enveredar por rumos tortuosos, porque Ele não deixa. E o pior é que o Professor Marcelo conhece as diversas soluções, as diversas situações que podem ocorrer, tendo dedicado as últimas três décadas de sua vida a pensar o país, ponderando as diversas soluções, avaliando os diversos caminhos, conhecendo os diversos percalços, e sabendo como evitar as muitas armadilhas que existem ao longo da jornada. Sim o Professor Marcelo será um Presidente incomodo porque tem coluna vertebral, o Professor Marcelo tem opinião e nada pior que ter opinião e saber das coisas, porque assim não se deixará enredar, nunca se permitirá ficar refém de quem quer que seja, e isto, como podem perceber, pode ser muito inconveniente.

O Dr. Passos Coelho detonou a candidatura do Professor Marcelo, desenhando-lhe o perfil de indesejável, o que lhe subtrai à partida o apoio do PSD a uma eventual candidatura sua. Posto que sendo supra-partidária as candidaturas presidenciais, se estas não contarem com o apoio de seu partido de origem, sendo este apoio prestado a um outro candidato, rouba a esta candidatura muito do vigor necessário a vencer a corrida ao cargo, temos na memória bem presente o que se passou com Manuel Alegre. Sabedor disto o Dr.Passos teve logo o cuidado de  retirar a Marcelo a possibilidade de poder contar  com o apoio de seu partido, barrando-lhe, desde logo,  com bastante antecedência, e que antecedência,  a possibilidade de trabalhar o apoio de sua base natural. Prevenidamente, e crédulo de que terá um segundo mandato, e que neste não poderá contar com um Presidente Cavaco a apoiá-lo, não quer, evidentemente, um  Presidente Marcelo a obstaculizá-lo, com a precisão, ante-visão e prevenção que devemos lhe reconhecer, preparou  uma cama na qual Marcelo não se possa deitar.

Tudo isto que certamente fará as reflexões do Professor, não farão, e o tempo dirá se estou certo, com que o Professor Marcelo não se candidate, mesmo que o próprio hoje não creia ser possível ir a votos, será candidato, aliás uma candidatura que já tarda e que deveria ter ocorrido em 2006, mas conteve-se, nove anos mais novo que o candidato, nunca aceitando dividir seu eleitorado natural com duas candidaturas na mesmo área, mesmo que pudesse ganhar, não o fez  por retidão de procedimento, deixando a vez ao Dr. Silva. Desta feita o Professor Marcelo será candidato e, mais certo, será eleito. É bom que tenha havido esta antecedência inusual pela ação do Dr. Passos Coelho, porque dará tempo ao Professor de articular por outros caminhos sua inevitável candidatura. 

Porque a adjetivo de inevitável, não é por nenhuma razão que tenha a ver com as pretenções naturais e legítimas do Professor Marcelo, não, de modo algum. Poder-se-ia usar aqui uma expressão tão cara aos políticos em Portugal: O que tem que ser tem muita força! E a candidatura do Professor Marcelo tem que ser! Tem que ser porque é vontade da maioria dos portugueses vê-lo no cargo. Tem que ser porque os tempos que se avizinham requerem alguém com genica, sabedoria e boa vontade para não permitir, mais que tudo, um desvio na prioridade das prioridades de Portugal nas próximas décadas : o crescimento econômico. E crescimento econômico é algo que acontece mais por razões imateriais que por materiais, e a principal das razões imateriais é a do estímulo a um ambiente de investimento, e este só existe quando alguém faz com que se acredite que as coisas vão dar certo, que este é o caminho adequado. E entre as possibilidades de candidaturas ao cargo de Presidente, entre os possíveis candidatos só o Professor Marcelo tem esta capacidade. E onde se juntam necessidade e vontade, a necessidade do país ter alguém que os motive, e a vontade que o povo tem de ver o Professor lá.  Pois onde se juntam vontade e necessidade, por maiores que sejam os obstáculos que se lhe anteponham, esta combinação fatal leva a bom porto o que se deseja e necessita. 

Saibam todos que Portugal quer o Professor Marcelo Presidente, que Portugal precisa nos tempos próximos do Professor Marcelo Presidente, e que contra todas as oposições que se lhe venham obstaculizar a candidatura, a necessidade e a vontade juntas, pela força que tem este binômio, levará a que Portugal tenha o Professor Marcelo Presidente!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Irréfutablement J'accuse.

Desde os tempos de Hitler e de seus detestáveis <Nazis> não se via nada assim sob o Sol. Assassinato em massa, uso de armas químicas, eliminação seletiva de uma população, prisões de inocentes, tortura generalizada. Bashar Al Assad é o maior monstro de nossos tempos.Se surgir outro miserável neste século XXI que começa, terá de  ser um criminoso quase inimaginável para ultrapassar o que de hediondo, o que de odioso, o que de absurdo, já praticou Bashar Al Assad nestes últimos dois anos e meio. Para que haja justiça imperando internacionalmente este criminoso tem de ser julgado. Para que os outros ditadores e senhores da guerra que ousem praticar crimes não possam ir tão longe, Bashar Al Assad tem de ser um exemplo da atuação da ONU e dos organismos e Tribunais internacionais nesta matéria, não permitindo-lhe nenhuma impunidade.

Conforme eu dizia em primeiro de Setembro, antes que a ONU tomasse posição, e entendesse que estes SÃO CRIMES CONTRA A HUMANIDADE :  Bashar Al Assad usou armas químicas contra seus concidadãos. Civis inocentes, homens, mulheres e crianças, que têm por única culpa estarem no cenário de guerra civil em que se mantém o país desde a primavera árabe, desde Março de 2011, e cujos mortos ultrapassaram já os cem mil, e os deslocados os dois e meio milhões.

POR ISTO O ACUSO DE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE !

Bashar Al Assad, um aprendiz de ditador reles, que herdou de seu pai a suprema magistratura de seu país, que este havia obtido através de um golpe de Estado em 1971. Filhote da ditadura, Bashar tinha cinco anos quando do golpe do pai, Hafez. Este criou-o no poder e para o poder, provavelmente ensinando-lhe, durante as três décadas de seu governo, que todos os meios são válidos para manter o poder a  qualquer custo. Agora Bashar, encurralado por uma oposição generalizada na Síria, não hesita em valer-se de todos os meios a seu alcance para manter-se no poder que lhe foge das mãos.

Conforme eu repetia a três de Dezembro : Hoje três de Dezembro de 2013 veio a  Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos acusar o Sr. Bashar Al Assad de Crimes Contra a Humanidade. Com três anos de atraso e sobre uma pilha de 150.000 mortos à conta destes crimes, afirmando ser necessário se estar absolutamente certo dos crimes para poder fazer tal acusação. Como é óbvio, e por outro lado incompreensível ser necessário tão longo período de tempo. E que os cadáveres seriam 125.000. Uma discrepância imperdoável. E que são crimes de Guerra. Não são. Guerra Civil, não é Guerra no sentido internacional do termo, é um ato de beligerância de Estado inadmissível, sobretudo contra civis desarmados. Até para mim que não disponho dos recursos da ONU, estava configurada a certeza, para além de qualquer dúvida razoável, e custou-me alguns telefonemas, destes Crimes Contra  a Humanidade praticados pelo governo do Sr. Bashar Al Assad, conforme denunciava aqui neste blog, e em cartas à diferentes entidades.

Crimes que não podem ser esquecidos, não podem ser branqueados, não podem passar sem um julgamento em Tribunal competente, pela força da comunidade internacional para que a impunidade que tem sido praxe nas relações com poderes ditatoriais, e que permite que estes não tenham nenhum temor e se permitam aos mais ousados crimes, não prossiga e permita formar jurisprudência e formas de conduta ao procedimento internacional nestes casos, que até pelo horror que geram querem ser esquecidos rapidamente por todos. E é esta vontade que tem permitido que muitos criminosos tenham permanecidos impunes, o que transforma-se num estímulo para que outros venham a repetir esses crimes hediondos.

Agora eu o acuso irrefutavelmente!

E o acuso por NOVOS CRIMES CONTRA A HUMANIDADE, que se vêm juntar àqueles de uso de armas químicas contra civis inocentes, são os CRIMES DE TORTURA  E ASSASSINATO de milhares e milhares de civis e militares presos em suas masmorras, mortos sob castigos inimagináveis, sob uso de tortura e emprego dos suplícios mais cruéis, como o uso da fome para além dos maus tratos mais abomináveis. Bashar Al Assad é um monstro!

Há provas as mais contundentes, fotos, depoimentos, muitos na primeira pessoa, registros destes atos de horror perpetrados por alguém que não vê limites para se manter no poder à qualquer custo. Bashar Al Assad é um miserável assassino, torturador, infringente dos Direitos humanos, CRIMINOSO PARA ALÉM DE QUALQUER DÚVIDA, que não pode escapar a julgamento adequado. As notícias de hoje nos jornais impressos e de ontem na mídia audio-visual são provas mais que suficientes a exigirem que seja levado a Tribunal.

Agora que vai decorrer em Montreux  uma Conferência para, sem o Irão, se procurar dar Governo à Síria e que certamente os negociadores de Bashar Al Assad procurarão livrá-lo, sobretudo pelo mui justificável argumento de evitar novas vítimas com o prolongamento do estado beligerante na Síria, argumento que tem permitido aos mais terríveis criminosos negociar uma saída que lhes permite escapar impunes da condenação que as atrocidades que cometeram lhes conferiria. É absolutamente imprescindível que não se permitam negociações no sentido de eximir Bashar Al Assad.

Por isto irrefutavelmente o acuso  de Crimes Contra a Humanidade por Genocídio e Tortura!

Há 11.000 almas dos que foram torturados nos últimos dois anos que clamam por justiça.
Há 200.000 almas dos que foram assassinados nos últimos três anos que clamam por justiça.
Há um arsenal químico que foi encontrado  e que teve uso e continuaria a tê-lo que provam os horrores que foram cometidos.
Bashar Al Assad não pode escapar!

Por isto IRREFUTAVELMENTE O ACUSO DE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE.

O arsenal químico que vem sendo retirado, o caráter de negociação que se estabeleceu entretanto, permitem antever o desejo de uma saída para Bashar Al Asad, que apesar de ter duplicado o número de vítimas desde que comecei a denunciar este horror, não conseguiu retomar as rédeas da Síria abafando a oposição e que parece quer uma saída negociada: NÃO HÁ NEGOCIAÇÃO POSSÍVEL DE PERDÃO A CRIMES CONTRA A HUMANIDADE.

Peço aos leitores que reencaminhem este texto a pessoas que tenham consciência e possam, por sua vez, também reencaminhá-lo no sentido de estabelecermos uma corrente de civilidade para que a impunidade de mega assassinos termine de uma vez por todas,
                                                                                                        obrigado,
                                                                                                                            o Autor.


domingo, 19 de janeiro de 2014

Todo dia é dia de Ary dos Santos.

                                             



 SINA FELIZ, FADO ALEGRE.




                                                                                                                    18/1/2014, 30 anos sem Ary.

                                                                                    À Sua Magestade José Carlos Ary dos Santos.(*)



“Os que entendem como eu a força que tem um verso”
Hão de juntar a este  nexo, o  indizível.
Para que cantem a sua face e o seu reverso
Numa mesma estrofe do impossível.

Porque “ Cantar é ser um pássaro de esperança
Poisado no olhar de uma criança
 Que de olhar nunca se cansa.”
 para que com estas artes congregue
o que descobristes  antes, como agora,
“ que o futuro é um sítio onde se mora”
cantado num “ Novo fado alegre”.

Então não posso recusar que por este poema passem
‘muitas palavras’ já por ti escritas, já por ti ditadas
E que elas , no poema, sonoramente entrem
Juntamente com outras coisas  mais, ignoradas.
E nas quais se juntam a alegria e a tristeza
para fazer com que todos alegremente as cantem,
Ou ainda  outras mais que“eu não tenho a certeza”

Entram certamente “antiquários e fadistas”
“Mantilhas pretas” “e alguns poetas”
Uma “laranja amarga e doce” e Mágicos e artistas
 Palavrões , ímpeto e loucuras e recusam-se tretas.

Entram ainda a “amendoa amarga”, o teu gim e os teus wisques
Como ainda a tua corte, tuas sobrinhas  e o teu veneno,
Mais de 600 letras de canções contigo, o teu dilema, e o teu partido.
Entra também tudo  aquilo a que não resististes :          
Teu “tudo ou nada” e tua loucura , que te fizeram pleno.

Entram: Tua angustia, tua  solidão e o teu requinte
E as“ banderilhas de esperança” das tuas touradas.
“Que  dizem não passam mais”, nem por acinte,
Assim como as nossas almas “barricadas”.

A tua Lisboa, pra ti sempre menina e moça,
por ti bordada à  pontos de luz,
esconde-se, ou revela-se a quem a ouça.
E que por ti cantada à todos  nós seduz,
com  teu pregão que nos une na mesma mó
e nos traz à porta a ternura,
destarte confundindo num  só,
idealmente, criador e criatura.

Por fim creio até que entram alguns falsos e covardes
para que tu os possa assustar, mas que será em vão.
Entram também os inocentes e os alarves,
Proxenetas, prostitutas. “Poetas castrados  não”.




                                       (*) Recomenda-se a leitura desse poema após ouvir a canção Tourada com                    
                                               música de Fernando Tordo.
























sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

"Alors ils iront obéir !"


                                                                                                                     frase de Ségolène Royal no
                                                                                                                     dia da eleição de Hollande.


A legislação inclusive dá um estatuto especial aos testemunhos em tribunal das esposas por várias razões, mas a primeira que nos ocorre à todos é, evidentemente, a relação próxima da mulher com seu marido conhecendo-lhe as fragilidades e características, melhor que outra qualquer pessoa, talvez exceção feita aos pais.

Fazia a afirmação, com a qual intitulei este artigo, perante o povo reunido em Paris para festejar a vitória eleitoral do partido socialista, encabeçada por seu ex-marido, a Deputada Ségolène Royal, que por razões diversas de proximidade (amorosa, conjugal, ideológica, política, partidária etc...) deveria ser a pessoa que melhor conhece o Sr. Hollande. Quanto engano, exatamente como a atual esposa que parece também não conhecê-lo e baixou hospital quando descobriu o engano de seu envolvimento com este homem. 

Como se viu, e reservo-me em não comentar todas as promessas eleitorais do Sr. Hollande candidato, as expectativas que gerou pela Europa  fora, pelos socialistas terem voltado ao poder na segunda maior potência européia, acreditando-se que faria o contrapondo com a direita no poder na primeira potência, e a desilusão geral que causou. A afirmação da ex-Senhora Hollande referia-se aos patrões, aos banqueiros, que até então, numa França de direita, tinham mandado e que, agora, no momento ao qual me refiro, iriam, então, começar a obedecer, porque o Sr. François Hollande com seu maravilhoso modo de agir os iria obrigar a isto.

Quão enganada esteve a deputada Royal, quão enganados foram os eleitores, quão defraudadas foram as expectativas de todos aqueles quanto viram no Sr. Hollande  uma esperança. Eu não!  E já vos direi porque.
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No entanto para o fazer, preciso contar uma história que se passou comigo há muitos anos, quando o Darcy Ribeiro disputava o Governo do Estado do Rio de Janeiro na sequência do Governo Brizola, tendo como adversário o ex-prefeito de Niterói, Wellington Moreira Franco, genro do genro de Getúlio Vargas, e eu trabalhava na coordenação da campanha do Darcy, por idealismo, e certo dia recebemos a visita de um grupo socialista francês que veio prestar sua ajuda e respeito ao grande sociólogo, candidato naquele momento, e tínhamos sido a ultrapassados, ou quase, pela candidatura oponente, e isto nos afligia à todos. Sentindo a pressão que se vivia na sede da campanha, recordo-me que um dos socialistas franceses quis conhecer a figura do opositor do professor Darcy. Alguém trouxe-lhe um fotografia do Moreira Franco e, impressionado com a figura, ou pouca figura, razão de nossas preocupações, fez, apenas, o seguinte comentário ao contemplar a imagem: " Mais il ne pleine pas une photo!"  E ele ganhou e nós perdemos.

Quando eu vi a figura do Sr. Hollande, inclusive ao vivo em Paris, por onde andava nesta época de sua eleição, ocorreu-me logo a frase do socialista francês que nos havia visitado no Rio naquela oportunidade. E como o Sr. Hollande não enchia uma foto, como não enche, assim vaticinei sua eleição, e acertei; e compreendi que sua inexpressividade era a prova provada de que os que são como ele sabem que as oportunidades não se podem desperdiçar e não se pode deixar passar uma chance, seja a que preço for, e que sempre dirão uma coisa, para fazer exatamente seu oposto. 

Está visto que os anódinos inexpressivos quando atingem o poder, o fazem primeiramente, se não exclusivamente, por si, e seus interesses. E suas crenças mais profundas, se existem, são secundárias. Está visto que esta condição de neutros é um fator preponderante para sua eleição, «o povo» prefere os menos intensos, logicamente menos ideológicos, falamos daquela larga faixa do centro, em que se colocar, ou se dizer, mais à esquerda, ou mais à direita, agrada mais, consequentemente os que comungam ou se empolgam, à cada oportunidade, com esta tendência, porém, tendo a certeza da âncora bem firmada ao centro. É uma escolha parcimoniosa! Esta escolha, parcimoniosa, da maioria é seu maior engano. Parece que, agora por toda a parte, são este os que se ocuparam da política nos diversos países e as opções são a de pular da panela de azeite fervente para cair no fogo que a envolve.





quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Poema do Cabo Espichel.

Ficaram por testemunho.


Romaria antiga se faz
da  história de Portugal
transportada em seu batel,
de forma bem natural
a espelhar-se no Espichel.

No Espichel estão reunidos
os ingredientes dos descobrimentos
todos a evocar o mar,
uns na alma, outros nos enfrentamentos.

Senhora do Cabo nos valha !
 Ventos de navegar,
 luzes pra se guiar,
 não mais haviam que estrelas,
sóis, augúrios e espectativas.
Há que fazer por merecê-las
e buscar com tentativas;
lembranças do mar
do tempo das narrativas.

É de  o atravessar
com fortes contentamentos
que se fez a história do mar
com os faróis, a fé, a faina, soprados p’los ventos.

Ficando por testemunhos
destas lidas destes tempos,
aqui, ali, acolá dispersos,
alguns faróis e muitos conventos.

Porém lá, por ser ponto de estratégia e romarias,
abrasados  pelo mesmo sol,
juntos no Espichel,
assolados pelo mesmo vento,
 à sua espera e de seu batel,
ficaram  como testemunhas
o farol e o convento.