Conforme disse no primeiro artigo com este título: Isto tudo era um grande engano. Desde as afirmativas da ex-esposa do presidente eleito, agora já há outra ex, até a todas as promessas eleitorais do Sr.Hollande. Ou era a grande vontade de ver um governo socialista outra vez em França, ou era um grande equívoco das circunstâncias exepcionais que o momento refletia, ou era tudo uma falácia eleitoralista, como tantas, e não importava o que afirmassem desde que se alcançassem o poder. Porém a afirmação título é posterior as eleições, é do momento mesmo da vitória, poderia ser a embriaguez desta, mas as promessas eleitorais eram de quem desconhecia totalmente a realidade econômica ou preferia desconhecer. Nem Passos Coelho em Portugal ousara ir tão longe.
O fato é que as promessas feitas eram absolutamente impossíveis de serem cumpridas na atual conjuntura econômica, como criavam expectativas que inviabilizariam a presidência desde o início, roubando-lhe a verdadeira possibilidade de fazer qualquer coisa para mitigar a situação em que a crise colocou os franceses. Portanto esta atitude era no mínimo estúpida porque roubava à partida a capacidade interventiva do presidente Hollande, roubando-lhe, destarte, credibilidade e possibilidade de ação. Não deu outra.
E como tudo tem um preço, o preço que os socialistas franceses irão pagar é ficarem longe do poder à todos os níveis por um muito longo período. E já começaram a pagá-lo! À derrota acachapante de hoje nas municipais, seguir-se-á outra idêntica nas européias. E o PS francês ficará curado de líderes inexpressivos como eu descrevi no artigo anterior
Esta é uma boa lição partidária : Quando um partido permite-se ser conduzido por um líder pouco expressivo que ascende à liderança por qualquer circunstância fortuita ( controle da máquina partidária, ausência de outro líder que se lance, condições momentâneas de diversas ordens, etc...) for fraca, não pode estar na liderança, tendo que ser prontamente substituído, para não causar desgaste desnecessário ao partido. E, se eleito, ao país.
A insatisfação popular reflete a condição de terem sido enganados e de verificarem da falsidade das promessas eleitorais. E assim como os banqueiros que não obedecerão, porque há Leis, e estas são os limites da obediência, o povo insatisfeito não segue uma liderança enganadora e sem rumo. As lideranças políticas necessitam ser fortes e firmes, para o bem e para o mal.
O Sr. Hollande é uma alma pequenina e sem rumo que está fazendo a França perder tempo, precioso tempo, bem como permitindo que fantasmas de um passado de todo enterrado ressurjam, emerjam de suas sepulturas para virem assustar uma Europa que precisa de paz para promover a retomada do crescimento econômico e a sua condição como espaço unitário, a qual a crise revelou ser muito incapaz e ineficiente.
Le gens n'ont pas obéi !