sábado, 27 de junho de 2015

Já não tenho palavras. O suplício chinês deve ser a tragédia grega!





Será a Grécia um equívoco? Se o é, é um equívoco europeu!


Ou é a hipocrisia, esse arrastar de não soluções impostas para toldar uma ação promissora de solidariedade, de fraternidade e de visão de longo prazo, para em oposição impor uma situação de apoios e compromissos curtos e imediatos, que, consoante a evolução que venha a ter o conjunto da situação, se vá lentamente possibilitando outras condições e outros compromissos sempre curtos, que alterem o patamar de restrições e misérias que se estabelece como primeira meta, para que haja possibilidade de cumprir compromissos draconianos, não importando se isto trará um custo incomportável para as populações sobre as quais recaem estes ditirambos, é assim, ou não há apoios, ou aceita-se o suplício chinês, ou nada. Fica decidido: Há que se jogar à mentirinha. 

Recusar-se a jogar é ser posto fora. 

Afirmava quando ao analisar no princípio do mês (em dois de Junho) no artigo intitulado Ultrapassaram todo e qualquer limite do razoável, quando indicava que a situação já ia tarde e a más horas, porque enfraquecia, essa falta de solução, a Europa como um todo, que dizer agora um mês depois? O que não posso deixar de dizer é que se o que a Grécia pede aos seus parceiros europeus fosse que mentissem, que enganassem, seria normal que unanimemente recusassem, mas como é exatamente o oposto que se passa, é normal que a Grécia, cheia de razão, para não participar da mentira, mentira que irá comprometer seu futuro, e mais forte ainda a faz fugir a seu único anseio, o anseio mais forte do povo grego, o anseio mais forte de quem deve e quer pagar, que é equacionar sua modalidade de pagamento dentro do tempo e dos recursos que lhe permita pagar. Tudo o mais é falácia, é delírio, é pura hipocrisia, que têm sido a regra no seio da União.

A única palavra que tenho e que grita no meu peito é uma pergunta: Até quando? 

terça-feira, 23 de junho de 2015

O jogo de Monopólio da China.







Quem já jogou Monopólio sabe que é com o tempo, deixando evoluir o jogo, que os lucros se acumulam e se podem ir fazendo aquisições sucessivas, de tal modo que se ganha o jogo. 


O que vejo a China fazendo hoje, de uma forma organizada, com uma estratégia bem definida, faz-me lembrar muito fortemente o jogo do Monopólio, tendo escolhido este título que admite duas leituras que se coadunam perfeitamente.

Foi a vinte e sete de Dezembro do já longínquo ano de 2010, na imediata sucessão da crise das dívidas soberanas, que o Comissário Europeu para a Industria alertava para o perigo das aquisições chinesas, notando que a China havia agarrado a oportunidade que surgira com a crise, filha de uma outra crise, que, como quem me lê sabe, tenho a impressão que foi provocada com ajuda americana, melhor dizer estadunidense, que foi provocada pelos americanos dos Estados Unidos, não há nenhuma dúvida, se intencional, como creio, logo se verá. De toda sorte os americanos irão se arrepender pelo resto da vida de o terem feito, ou apenas por ganância, ou com intenção, essa ocorrência vai determinar o começo de seu fim como maior potência. Aquele gancho que para sempre ficará marcando a curva do PIB dos EUA nesse dois mil e dez, que à custa de porem a moviola a rodar, de imprimirem dinheiro como nunca antes na história daquele país, repuseram a curva de novo em movimento ascensional, marcará o começo do fim. Dizer isto hoje é uma ousadia, será sempre mais fácil um historiador o confirma passados vinte anos que a China tomar a dianteira, teremos que esperar de três a quatro décadas para isso, logo eu já estarei morto para ter o prazer de ver confirmada minha previsão, e a maioria dos que me lêem também, mas quem viver verá. 

A China está jogando Monopólio com o mundo, e jogando como grande jogadora que é, e como quem já perdeu por várias vezes seu lugar cimeiro entre as nações, inclusive por ações miseráveis de outros países, quem conhece história sabe do que falo, com a calma e o descompromisso com o tempo, atitude dos grandes vitoriosos em quase tudo, e que especialmente no jogo do Monopólio é condição 'sine qua non'. Escolheu as casas certas, que lhe darão credibilidade e lucro ao longo do jogo, vejamos uns quanto exemplos: Adquiriu dez por cento da dívida americana, outro jogador e seu principal contendor, comprou todas as empresas que pode nos EUA ou imediatamente transformou-se em seu forte acionista, estamos falando de gigantes como a General Eletric a Chespeake Energy Corporation, Motorola, a parte da IBM de computadores pessoais, sempre em áreas das quais os seres humanos nunca irão poder prescindir. Na Europa o mesmo, adquiriu tudo que pode, por exemplo: A Pirelli, a Volvo, a REN, a EDP, o porto de Pireu, este com ajuda da União Europeia que forçou o proprietário a vender, saiu na carta, a Peugeot-Citroen em parte, como a Pizza Express, e investindo em empresas como Sonia Rikiel, na moda, alargando o leque de possibilidades.

Aproveitando que a crise fez desvalorizar os preços ativos na Europa, e obrigou a muitos Estados a terem que vender suas empresas, seguindo uma estratégia bem definida, dá prioridade a empresas estatais, e logo à seguir a empresas com alta tecnologia e com tradição familiar, conquistando o tripé do sucesso, alto desenvolvimento tecnológico, marcas profundamente enraizadas na economia, e aí é com ela, baixíssimos custos de produção, pois que essas empresas terão a China por detrás e seu 'savoir-faire', para não dizer mais.

Imparável vai ganhando o jogo!


De bautizos y funerales.




                                                                                                     (*)


Las campanas huelen las alegrías y sonrisas
En el campaneo de sus divisas
Peró pliegan también los fúnebres
A los que caminan incertidumbres

          Doblan las campanas y campanillas in horas ciertas
          Las que sean de tristezas y alegrias
          De las personas que son muertas
          Como aquelos que ven sus primeros dias.

Por entre dos toques todo un vida!
Peró la misma celebración
Que sea con lagrimas o sonrisa
Tendrá solo un atención....
Tendrá solo un discusión.

                                                                                        (*) De la serie El temblor de la vida.

domingo, 21 de junho de 2015

A grande surpresa portuguesa.








Numa noite lá pros dias de Outubro vai haver uma enorme surpresa. Após as urnas falarem sejam com 40, 50 ou 73 por cento dos votantes, vai mudar a correlação de forças em Portugal. Aqueles três quartos dos votos que ficavam distribuídos entre os partidos ditos do arco da governação, três dos cinco partidos com representatividade parlamentar, entendendo a CDU como um único partido, não vão mais ter esta distribuição. Portugal vai mudar. 

Os partidos passarão a ser oito ou nove e não cinco como hoje, e a repartição dos votos se fará à três terços aproximadamente. Por força do medo e da inércia, além de seu eleitorado tradicional, um terço ficará com a direita, PSD/CDS, outro terço será do centro esquerda, PS, e o outro terço irá ser distribuído entre vários 'pequenos' partidos qe além da CDU e do Bloco, não podemos nesta eleição incluir o CDS-PP entre os pequenos, seu lugar costumeiro, por que irá coligado, mas veremos o que se vai passar com isto mais adiante, quando após as eleições o PP se separar do PSD, e sair com uma suposta votação que responderá por um número de deputados que terá, mas que não mais representa sua expressão eleitoral, e que, creio, nunca mais se repetirá, voltando a ser o partido do taxi, ou quem sabe mais propriamente o partido da motocicleta futuramente.

Menosprezando, ou desconsiderando a inteligência popular, individual e coletivamente, inclusive a análise das pesquisas o fazem, as opiniões correntes prolatam possibilidades inexistentes, que coerentemente esperam que se venham a verificar, licita esperança de suas pretensões, porém a surpresa guardada é que, para além dos crédulos, dos que se deixam enganar, dos que por convicção são conservadores, e dos que esperam apenas por modestas mudanças, haverá um alto percentual  expressivo de vanguarda, que, apesar de ter um dilatado número, nunca se manifestou tanto quanto se manifestará nessas eleições, tendo tido sempre preferência pelo alheamento, porém hora chega em que toma decisão extrema, em que decide de maneira totalmente inesperada, e toma novo e diferente rumo, que causará surpresa dentro da lógica tradicional dos fatos. Não como os gregos que o fizeram por desespero, não aqui será inesperado, não desesperado. Este Outubro de 2015, como se verá, será de surpresas em Portugal.

Como sabem estou pondo minha credibilidade no prato, porque estou, mais uma vez, fazendo previsões, dando meu testemunho do que irá acontecer, o que obriga-me a ter uma capacidade de análise, e intuição, fortes, que se não se verificarem com aproximação essas previsões, fico desmoralizado. Correndo esse risco conscientemente para querer demonstrar que as coisas têm lógica própria e que o povo não é bobo, e que saberá fazer suas escolhas apesar do clima de medo e de insegurança geral.

Serão quatro meses para o verificarmos, e, é claro, em minhas contas entram todas as mentiras, todos os enganos, todos os falsos acenos, todas as fábulas, todas invenções que serão ditas e propaladas para angariar o voto de cidadãos já quase desorientados, de quanta degeneração e falsidade à qual vão estar expostos, mas tendo tudo isto em conta, mais as personalidades envolvidas, Antônio Costa vai ser arrasado pela boa dialética de Passos Coelho no debate, por exemplo, a situação da Grécia vai pesar muito nas dúvidas e ansiedades de todos, o prisioneiro de Beja em qualquer situação influencia, a situação de aparente estabilidade da economia se materá ou não? Nunca houve eleições com tantas influências alienígenas, ficando cada vez mais distantes daquilo que verdadeiramente é importante no debate eleitoral: As propostas políticas credíveis e possíveis na atual conjuntura.

Tudo manipulado, tudo dependente de incertezas, guardo comigo uma certeza: O Povo não é tonto!

Quem viver verá!





sábado, 20 de junho de 2015

Canto presente.





                                     
                                                                         

                                                                                                         A  Fernando Pessoa
                                                                                                                no ano dos
                                                                                                          80 anos da morte.
                                                                                                           127 anos depois
                                                                                                               de nascer,
                                                                                                             em 20/6/2015.




Já passou uma semana,
E eu sigo buscando as palavras
Que a minha alma reclama
Para cantar-te como cantavas.

Pobre de mim pequenino,
Jamais as encontrarei
Havia que ser velho e menino
Perdido e salvado,
Herói e derrotado,
Miserável e Rei.

Fernando porque és tão colossal?
Três dias depois nasceste,
Do dia em que morreu, este,
Que contigo, é Portugal.

Fica, pois, essa minha vontade,
Cantar que ainda não é nosso,
A dizer com imensidade
Tudo aquilo que não posso.

domingo, 14 de junho de 2015

A invisível solidariedade europeia.




Vêm majoritariamente da Síria, Eritréia e do Sudão, os refugiados que acedem às costas italianas, mas que se destinam a outros países mais a norte por razões várias, entre elas, para muitos, a identidade linguística, porque alguns são francófonos, muitos anglófilos, e há quem fale o alemão, e encontraram as fronteiras fechadas, ficando reclusos em Itália.

A solidariedade maior para com esses homens, mulheres e crianças que fogem à guerra foi demonstrada pela Itália que os acolheu, e pelas populações com as quais contatam que não lhes recusa apoio, e a falta de solidariedade é demonstrada pela França, pela Suíça, pela Áustria e pela Alemanha, que logo fecharam suas fronteiras, vedando-lhes o acesso.

Entretanto a falta de solidariedade de que Vos falo é superiormente europeia, ou seja dentro desse grande sonho que se chama ainda Comunidade Europeia, a falta de solidariedade da Alemanha, da Áustria, da Suíça, da França, é, antes de tudo, para com a Itália, sua parceira europeia que ficou sozinha com o problema na mão, tendo estas pessoas a caminhar por suas estradas, cidades e ruas, como fantasmas perdidos, como os sem destino que são, tornaram-se invisíveis, os invisíveis mais visíveis, mais audíveis, mais palpáveis, que possam haver. Os que não se vêm, os que não se ouvem e os que não se tocam com a gravidade do problema, são os que fecharam suas fronteiras, afirmando silenciosa e invisivelmente: NÃO OS QUEREMOS AJUDAR!

Não só não querem ajudar a estes desgraçados que fogem da guerra, pretos na sua cor, cor que causa diferença entre brancos tão louros, tão bem vestidos, tão bem alimentados, com olhos tão azuis, não querem ajudar também a este antigo povo peninsular que há muito tempo dominou o mundo conhecido a ocidente, e que se vê a braços com um contingente crescente que chega às suas praias, às suas ilhas e portos.

A solidariedade europeia é invisível. É um elemento de retórica para cimeiras e outras reuniões do estilo. A prática, o dia a dia, a realidade, as unicas coisas que realmente importam, têm vazio do invisível, invisível que se reflete nesses que são ditos invisíveis, e que pervagam sem destino pelos caminhos de Itália.

Blá, blá, blá, versus acolher, numa atuação indesejada, tem sido a resposta. Papa Francisco foi a Lampedusa mostrar o caminho, e houve um certo refluxo de dignidade, mas como têm demonstrado com a Grécia, sua real solidariedade é a que surge à fórceps, motivada pelas conveniências. E que inconveniências maiores haverá com esses refugiados? Em qualquer caso essas nações souberam mostrar em vários momentos da história sua prontidão de resposta. Não me façam aqui relembrar-lhes em que momentos de sua história souberam dar respostas prontas, não ficarão a ganhar com isso. Deveriam antes, lembrando seu passado, persignarem-se e porem mão à obra com esses desgraçados que buscam uma vida melhor, e com os quais somos todos e cada um de nós responsáveis, pelo que fizemos ou deixamos fazer em seus territórios, direta ou indiretamente.

Esses que só falam, e para os quais tenho apontado meu dedo acusador, esses que não ouvem o pedido de socorro de tantos em momento de aflição, esses que não pegam na situação e dão-lhe destino e amparo, esses que não querem ver, por que não lhes convém ver, tornando invisível, não o que não querem ver, mas a si mesmos, pois, com isso, geram outra invisibilidade: A invisível solidariedade europeia!












sábado, 13 de junho de 2015

A utilidade do segredo de justiça.




São três as condições, ou pré-requisitos, para haver prisão preventiva, ou seja haver necessidade de afastar o detido e suas ações na sociedade em que está inserido, por que essas podem ser danosas ao inquérito, se se verificarem, em uma ou mais dessas três vertentes, ou condições, que são: O perigo de fuga, de alarme social, ou de perturbação do inquérito. Há ainda uma quarta, porém essa não causa dano ao inquérito.

Até a decisão instrutória é mantido o segredo de justiça, sendo sua violação crime punível, porque segredo, segundo nos ensina mestre Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, «é aquilo que não pode ser revelado» o que implica logo uma consequência de questionamento: Não pode ser revelado a quem? A resposta deveria ser em abstrato para ser absoluta, e realmente haver segredo. Não o é! Por isto é antigo entendimento de que o sigilo processual admite duas vertentes, uma interna e outra externa.

Instituto que mata o princípio de ampla defesa, o sigilo interno, vedando a publicidade do inquérito e da ação penal ao imputado ou a seu patrono, é uma gritante instituição medieval, só cabível em ambientes retrógrados, contaminados pela arrogância de meios privilegiados, que entendam que suas possibilidades são superiores, roubando ao incriminado seu Direito maior de conhecer as razões pelas quais está sendo investigado e/ou acusado.

Por outro lado o sigilo externo é um fator compreensível da boa guarda do processo inquisitorial, bem como do bom nome do suspeito, que uma vez conhecidas as suspeitas às quais esteve ou está sujeito, sofrerá um julgamento público antes de que estas suspeitas se confirmem e que uma eventual acusação lhe seja aduzida, ficando, destarte, previamente condenado, não mais se livrando da pecha, ainda que não venha a ser acusado.

Temos ainda que todos, sem exceção, os estudiosos afirmam que crescem os abusos nos julgamentos que ocorrem a portas fechadas, fato comprovado estatisticamente, logo por similitude temos, e talvez em maior grau, que o mesmo ocorrerá na investigação a portas fechadas, tornando-se mais virulentos se o promotor e o juiz de instrução estiverem acordes no entendimento da culpabilidade do investigado.

Com estas premissas temos que, quando um inquérito, que corre em segredo de justiça, vê diuturnamente esse segredo desrespeitado, por obra e graça de quais interesses não importa, estando o agente passivo do inquérito em prisão preventiva, pelo só efeito destas constâncias combinadas; por um lado a insistência em tornar públicas matérias objeto de segredo, levantando todas as suspeições e as mais horrendas presunções, sendo estas, na sua esmagadora maioria, de culpa, e culpa de alguém que deve ser presumido inocente, destruindo desta maneira o seu bom nome e credibilidade, e também a possibilidade de persistência de seu 'estilo', de seu 'ritmo' e mesmo da sua 'objetividade' de defesa,  que arrasados em praça pública por divulgação maliciosa, unilateral, e incompleta dos fatos apurados, rouba a defesa grande parte de sua ação, e, horrivelmente, há que se dizer, rouba sua ação pré, intra (durante) e pós julgamento, desfazendo argumentações, corrompendo isenções de tudo e de todos, por mais honestos e isentos que sejam, adulterados pela irrecusável influência da praça pública; por outro a situação acentuadamente débil do preso, imputando-lhe uma condenação de modo, já que a opinião pública vê na prisão, seja ela qual for, uma imputação objetiva de culpa, o que até é compreensível, uma vez que esta deve estar à montante na investigação, ainda que seja só pela força de seus indícios, e nada mais, enquanto decorre a investigação, e nunca à jusante, fato de meridiana clareza. Com esse conjunto de premissas, creio haver aí uma inversão do ônus da prova, não jurídica, que, esta, tem seus meandros bem determinados, mas da prova geral dos fatos na boa defesa do nome, como soe ocorrer, o que, coincidentemente, afeta os mesmos pressupostos da imputação da prisão preventiva, senão, vejamos:

                                                        1- Perigo de fuga. No caso é bem mais que perigo, é fuga e fuga reiterada, constante, determinada, intencional e recorrente, que 'in periculun' coloca toda a credibilidade da investigação judicial, e da Justiça, posto que a investigação lhe é superveniente.

                                                            2- Alarme social. Poderá haver maior alarme social que termos uma justiça sem créditos, desacreditada? E não é menor alarme ver um crime repetidamente ocorrer, VIOLAÇÃO DO SEGREDO DE JUSTIÇA, sem que ninguém seja acusado, não é? E é também alarmante ver o agravamento de acusações, fundadas ou não, serem assacadas diariamente contra um prisioneiro sem possibilidades de defesa, que ademais lhes foram retiradas, como frutos das investigações feitas pela mais alta magistratura do país, imputando culpa, se não certa,  como ainda não pode ser, generalizadamente acreditada a alguém que deve ser presumido inocente.

                                                              3- Perturbação do Inquérito. Pergunto-me se haverá algo que possa perturbar mais o inquérito, quanto mais não seja em sua credibilidade, sobretudo um inquérito que deve prosseguir em sigilo, que este inquérito ter suas peças discutidas todos os dias por tudo e por todos, a partir de informações sigilosas e incertas, que têm sempre a mesma origem em alguns poucos e constantes órgãos de comunicação social? 

                                                              Dito isto, pergunto-me: Que posso aduzir à utilidade do segredo de justiça?


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Acordo ortográfico: A estupidez amplia-se.






Um quarto de século, vinte e cinco anos, para opinarem, manifestarem-se, oporem-se, fazerem tudo que lhes desse na real veneta. Nada fizeram! Após entrar em vigor, com todas as carências que houve, mais que as que poderiam ser admissíveis ou necessárias, ou as que seriam admitidas pelo desenvolvimento do processo, ou pela prudência do legislador, vinte e cinco anos, e não foram suficientes, havendo tantas coisas importantes com as quais se preocuparem, e pelas quais se manifestarem, resolveram agora, movidos por uma irascível preguiça, irem para as ruas de Lisboa firmarem posição contra uma Lei em vigor, com os mais estapafúrdios argumentos, e as mais descabidas afirmações, numa unanimidade em serem infratores desrespeitosos da Lei.

Insatisfeitos com o bem que lhes é feito, usuários minoritários de um idioma que leva o nome de sua nacionalidade, o que lhes arvora impudicamente a presunção de proprietários da língua. São donos de suas próprias línguas, e só delas, as quais usaram para dizer asneiras quantas bastem para verem atendidas suas insatisfações com um acordo que quem mais com ele beneficia é o povo português, e que passada uma geração estará plenamente incorporado, apesar de ter demorado outra geração em ser discutido e implementado, e que os jóvens, todos, o aceitam com instinto de boa vontade. Enquanto esses ignorantemente opõem-se,  fazendo gritaria escusável e perclusa. Sendo seu único recurso possível reunirem assinaturas para um referendo que não tem o mister interesse geral, sendo questão menor e muito mais pequena face a tudo que atravessa Portugal hoje e pelo que deve-se movimentar a população.

Moven-se instigados por uns quantos preguiçosos, que vêm razões outras, e que as enumeram como argumentos lógicos e verossímeis com os quais pretendem justificar sua inércia, uma fieira de distorções implausíveis. Pessoas que metem o pé na argola, ou na poça, tendo o seu principal cabeça já desencarnado, mas que deixou seus prosélitos, entre os quais incluem-se pessoas que eu admiro, como Pacheco Pereira e Bagão Félix, que pela força da inércia caíram nesta armadilha equívoca.

Destarte é o procedimento destes que se assanham em defensores de um vencido 'status quo' e não se acanham por não terem usado o tempo - décadas - que lhes foi dado para que se opusessem. A estupidez amplia-se!

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Mais iguais, mais distantes e mais sozinhas: O Mundo mudou, e mudou para pior.






Fatores como a institucionalização que vem muito de trás, mais o aumento populacional, exponencial no século XX, os meios que se foram estruturando, permitindo um afastamento cada vez maior entre os seres humanos, criando relações cada vez mais frias e distantes, com tudo isso foi se formando um sistema onde suas preocupações estão cada vez mais ligadas a números, estatísticas, projeções, tabelas, programas, cenários, ou seja uma série de novas formas de entendimento que escondem, cada uma delas, e todas elas em conjunto, o ser humano que está nesses números, nessas estatísticas, nessas tabelas, programas e cenários, que escondendo a parte humana do ser humano, apresenta apenas os seus valores quantificáveis como o quanto de trabalho foi realizado, sua produtividade, seus consumos, e sobretudo  sua conta bancária, e num patamar inferior suas necessidades humanas, nestas, compreendidas as suas necessidades sociais, as médicas, clínicas, educacionais, culturais, de informação a vários níveis, ou mesmo de  lazer, que acabaram por formar um bloco de valores só quantificáveis como despesas na maioria das vezes indesejáveis, como se a sociedade fosse apenas meios, ou mais corretamente, modos de produção.

Sempre houve e sempre haverá essa desmaterialização da sociedade em números com um propósito preconcebido, e este esteve e estará sempre ligado com os modos de produção, e como ensina Marx: "O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida material, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência."

Condicionados por esta realidade sempre estivemos e sempre estaremos, o que varia são os graus de condicionamento. E a primeira determinante do grau de condicionamento é a avaliação mais, ou menos, humana da situação que determinará a condicionante. Se quem faz essa análise vê os números apenas como números, por exemplo dois milhões de pessoas abaixo do limiar da pobreza, e considera esses dois milhões como pessoas a subtrair do número de pessoas que contam para o consumo, ou se essas pessoas devem ser recuperadas para o consumo, como numa campanha de vendas se faz a avaliação dos potenciais consumidores, desta pequena consideração da exclusão ou inclusão de um número no modelo macroeconômico que se vá utilizar, onde se incluídas no cenário, essas pessoas representarão uma contingência econômica com valores a acrescentar ou a retirar, que exigirão recursos para a sua inclusão, que depois irão representar retornos, ou se excluídas trabalha-se com um cenário de menor número, e se obtém, dentro desse cenário, respostas mais efetivas sem alocação de recursos e trabalhando só com o grupo menor que já está na categoria de consumidores. Desta diferença, daquela escolha, dessa opção pelo 'só', que exclui dois milhões de pessoas, vem toda a diferença do mundo.

A avaliação será mais ou menos humana dependendo do grau de envolvimento humano de quem faz a avaliação. Se o avaliador for exclusivamente técnico é expectável que os dois milhões sejam vistos apenas como números num determinado quadro econômico, se for político é mais provável que sejam considerados seres humanos. É por isso que o nosso sistema de governação é política e não técnica, por que fizemos esta escolha durante nosso processo histórico, porque queríamos ser considerados como aquilo que somos: seres humanos.

Com o passar do tempo histórico e com os desenvolvimentos dos meios tecnológicos, as sociedades ficaram mais iguais, há várias uniformizações perceptíveis, nos idiomas vão morrendo os regionalismos, diferenças que desapareceram,  por isto estamos todos mas iguais, por outro lado todas as pessoas ficaram mais distantes, ninguém pede ajuda mais ao vizinho do lado, telefona, manda um msn, envia um e-mail. Há outros meios eficazes de se gritar por socorro, e o vizinho do lado perdeu a importancia. Esta nova sociedade na qual estamos todos inseridos é, consequentemente, mais fria, mais distante, não depende mais de uma «boa vizinhança» e aqui quero dizer não depende mais de avaliações humanas, de valores baseados em prerequisitos de proximidade, há suportes tecnológicos que os substitui, e nesta substituição toda a desumanização que se criou. Retiremos a componente humana e estamos fritos, e o azeite já está fervendo!

Pagamos o preço destas armadilhas que criamos para nós mesmos, porque com essa desumanização toda a sociedade acabou por aceitar implicitamente um modelo mais individualista, mais distante, mais frio, supostamente mais profissional, que retirou a componente prima da humanidade: entender o próximo como alguém que sofre, que sente dor, que desespera, que tem limitações. Sofrimento que pode não me atingir, dor que eu posso não sentir, desespero que pode não me afetar, limitações que eu posso não ter, mas que amanhã podem ser minhas, de minha mãe ou de um filho meu. E prisioneiros deste trama nos enredamos cada vez mais na solução tecnológica, roubamos a proximidade, inclusive política, que se traduzia na política administrativa que nos servia. A falta de rostos aos agentes permite que o egocentrismo natural do ser humano se projete em sua forma mais intensa e cruel, bem como outros desvios do mesmo estilo.

Desservidos, desfigurados, com uma frieza cortante, sem um vizinho para quem pedir socorro por que o ignoramos ou o desconhecemos, unicamente apoiados no suporte tecnológico, vamos criando um mundo diferente, creio que um mundo de desumanidade, e o  mundo para que nos sirva deve ser humano na plenitude do termo, bondoso, benfazejo, compassivo. Tudo onde não há sentimento corre o risco de avaliações desumanas. Vê-se que o mundo mudou, e mudou, incontestavelmente, para pior.





sexta-feira, 5 de junho de 2015

Tiananmen's day.









                                                                                            O que tem que ser tem muita força.


Passou-se um quarto de século, e agora ainda mais um ano. Foi em 1989, mas as imagens são tão presentes em nossas vidas, que quem tiver trinta e tais anos para cima não deixará de ter perfeita lembrança daquele dia, o herói anônimo em frente ao tanque no meio da enorme praça vazia, símbolo de uma resistência, paradigma de uma mudança que virá. Democracia, a velha Senhora sempre cortejada por ser eternamente bonita e desejável.

Como escrevi no Outubro passado, quando uns quantos guarda-chuvas em Hong Kong pugnavam pela mesma coisa, no velho e múlti milenar solo chinês, porém também solo de um território que tendo sido inglês por longo tempo conserva a marca da modernidade com a presença forte daquilo que chamei infecção (CHINA: A infecção que acompanha.) porque entedia que a China havia guardado duas pústulas, Hong Kong e Macau, que acabarão por lhe infeccionar de democracia, a infecção estava e estará latente, pronta a tomar toda China quando ela menos esperar, porém que, como tudo na China, far-se-á lentamente, com uma lentidão incomodativa para nós ocidentais.

Milhares de velas na imagem de ontem dia quatro, o Tiananmen's day, vêm confirmar minhas, não deixam de ser esperanças, sempre foram suspeitas, e mais fortemente são minhas constatações, então e agora, que a China está irremediavelmente contaminada com o benfazejo vírus da democracia que o dia da febre virá, ineludivelmente virá.

Cada vela daquela acesa é um marco de que o espírito de Tiananmen, que tão rápido e inesperado quanto surgiu naquele quatro de Junho de 1989 e desapareceu pela imposição do poder governamental chinês, perdura e vive, paira por toda china ancestral, evoca sua mais recôndita sabedoria, clama por sua mais pujante tradição, abnega mandarins e zhonguo's, e namora às escondidas com a mais sedutora amante que vive na casa da velha Senhora, a liberdade.

A China que deseja liberdade e democracia, que é contra a China dos zhonguo's que são mais de oitenta e dois milhões, porque oficialmente o partido comunista chinês tem oitenta e dois milhões e meio de afiliados ao partido, Zhonguo, o que não chega a cinco por cento de sua população, e que serão derrotados por aqueles quinhentos mártires de Tiananmen, esta China não pode também esquecer a China dos mandarins, que mandando e interferindo em tudo como os zhonguo's, ainda lhes fazia passar fome, por isto tudo corre  muito lentamente, mas solto o gênio da garrafa, liberto o espírito que surgiu límpido e radiante em Tiananmen, este espraia-se por toda imensa China, gerando não oficialmente, demarcando de forma espontânea, mas contudo repetente e indelével estes dias quatro de Junho de cada ano, a dizer presente, que há um dia de liberdade na China, e que este será todos os dias quando a velha Senhora ganhar a parada, por enquanto vai-se lembrando, mantendo a chama acesa,  e relembrando este quatro de Junho, o não oficial Tiananmen's day.

Matando o último elefante.


















Já se sabia que haviam poucos, muito poucos mesmo. Para além de toda a previsão e para além de toda a lógica, esta ganância de fazer dinheiro com o comércio de marfim já acabara há muito com as grandes manadas, restaram pequenos bandos solitários, tornando o marfim deles cada vez mais raro e, dentro da lógica da oferta e procura, cada vez mais caro, estimulando a ambição do comércio e a consequente caça destes animais para chegarem ao material de suas presas.

Destes pequenos bandos também caçados passaram a haver animais solitários que vagueavam pelas planícies e logo à seguir refugiaram-se em montanhas longínquas, como que sabedores de sua situação precária, e que com sua graça característica, seu abanar de tromba, seu balançar de corpo, esquivaram-se cada vez mais, proscritos de seu modo de vida, banidos de toda parte, caçados de todos os modos, mortos de todas as maneiras.

Até que só restaram uns poucos isolados, como que furtivos, sobrevivendo longe, muito longe, de seus habitats costumeiros, para evitarem a presença humana que sabiam ser a razão e origem de suas mortes, razão de irem deixando de existir, primeiramente de existir naquelas alegres manadas, bandos pervagantes, quase irresponsáveis na alegria de viver, na felicidade de sua existência vadia e errante, como obra máxima da criação, uma montanha de carne com seus lindos dentes, sua tromba saliente, seu modo brejeiro, sua imensa alegria de viver, e viver era só o que pretendiam. Viver como testemunhas de sua magnificência, viver como verdades da vida, viver como prova de sua maravilha. Sim, cada um uma maravilha da natureza, um prodígio de beleza e graça, que pela desgraça de portarem presas de um material lindo e untuoso, matéria dúctil e própria a ser esculpida, prestando-se a assumir todas as formas, a figurar todas as coisas, guardando sua beleza eterna e manifestando sua graça infinita pela arte dos escultores, serão caçados até a extinção. Nesta desgraça sua morte, pois que às presas só se pode ter acesso matando o animal. Preço altíssimo a pagar: Toneladas de graça e vida, enormidade de presença e beleza, por alguns quilos de marfim.

Quando caçarem o último elefante, caçarão junto com ele uma coisa muito simples, mas extremamente preciosa, o Direito de existir por existir, e com isto roubarão grande parte da beleza da vida, que é bela por ser vida em si mesma, por ser manifestação, e só por isso bastar para preencher todas as lacunas da existência, e com isto provarão que não compreenderam a vida e este planeta cheio dela.

Pois, naquele dia, vagueava o gigante paquiderme nos confins onde se havia metido, furtivo, esquivando-se, escondendo-se, esgueirando-se, para uma única coisa, por uma única razão, manter-se vivo. Aquilo à que todos desejamos, razão por que todos trabalhamos, Direito inalienável a tudo que é vivo. Seu Direito de assim permanecer, seu Direito de existir. Mas naquele dia, naquela hora, estava fadado, pela ignorância, pela ganância, pela estupidez, a morte do último elefante.

Foi, como milhares de outras mortes, ocasionada por um tiro, um tiro apenas, o premir de um gatilho. Apontar uma arma, mirar num seu ponto vital e puxar o gatilho, e o animal cai sob si mesmo, cai por não haver mais vida que sustente aquele enorme peso, tomba o gigante, e cai levando consigo toda sua graça e maravilha, o último de uma estirpe, testemunho de uma existência plena, que só pelo fato de existir transformava nossas vidas em beleza, fazia-as mais ricas, plenas, e completas, porque tudo que existe nos faz falta quando deixa de existir.

Mas naquele dia fadado, naquela hora maldita, naquele lugar sagrado, onde a vida, como último testemunho desta maravilha da criação, passeava-se, como se passearam todos os seu iguais e ancestrais antes dele, como soíam fazer por seu turno e em seu modo de ser, em seu habitat  de enorme vastidão, agora restrito, malbaratado, amesquinhado, até uma dimensão diminuta, até já não mais poder, até, por fim, aonde só percorria este último animal, que passeava-se por existir, porque existindo, caminhava, e mostrava sua galhardia, até que aquele tiro o matou. Sem provavelmente saber que com ele matavam toda uma linhagem, o último de sua espécie caía, e com ele parte da beleza deste mundo, com ele caía muito da graça, com ele caía a inocência de ser grande, a impotência de ser majestoso, e a desgraça de carregar consigo matéria desejável e valiosa, preço de sua vida, passaporte para sua morte.

Em breve, muito em breve, esta história se transformará em verdade para a evidência de nossa estupidez, para a manifestação última de nossa ganância, pela impotência do homem conter ao homem, algoz da natureza, e para a pobreza eterna do planeta, que perdendo o seu gigante dentado, entrega-se, mais que à pobreza, à miséria da manifestação última de sua insânia, como testemunho fatal de sua incompreensão. 


O Greenpeace diz assim: (USE O LINK)

https://www.facebook.com/BligzDotCom/photos/a.438895749542336.1073741826.438527469579164/725407190891189/?type=


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Tempos de calor, está-se roxo.



                                                                                                              No céu, na terá, na serra, no ar.








Os vermelhos de sóis poentes,
No azul infinito do céu,
Vêm nos trazer emergentes
Vivos violetas e roxos a granel.

Matizes púrpuras que surgem,
Magentas que os irão seguir,
Roxos intensos que logo se seguem
Verão ainda outros violetas surgir.

Céus de primaveras e de verões
Felizes, lilases, anis, intensos, febris,
Violas que tocam outras canções,
Agora cantais e repetis
Vossos intensos tons e padrões.

E para que os céus não lhes sejam limite…
Espalham-se nas plantas, em flores, grinaldas
Descem às copas dos Jacarandás, dos Mama-cadelas, das Quaresmeiras
Às Olaias e aos buquês das Syringas, Lilases, e em outras faldas
Até o Alcaçuz, às Gloxínias e à Piririca, rasteiras.

Profusão violeta em todos os níveis,
Sonoras múlti tonais sinfonias,
Com variedades incríveis
Do roxo sem tristeza, e com alegrias.



terça-feira, 2 de junho de 2015

Ultrapassaram todo e qualquer limite do razoável.







Este assunto já deveria estar resolvido pelo menos há três semanas, entretanto esta exposição de uma Europa sem soluções, ou com soluções tardias, é a expressão máxima da fala de lideranças, da falta de bom senso, e, como bem sabe quem já participou de qualquer coletivo, o coletivo  só tem juízo se sua(s) liderança(s) tiver(em) juízo.

Todos sabemos que a Grécia não pode, e não vai, sair do euro, muito menos da Eurolândia, logo todo esse universo de pressões ao governo grego, são fogos de artifício, conversa de polícia mau, processo inquisitorial, ou interrogarório da Gestapo. [- Já lá vou arranjar um jeito de ter o blog suspenso novamente, porque fui suspenso por quinze dias, ao ter escrito o artigo intitulado: Alemanha - A infecção persiste. Onde  faço uma análise distante e verdadeira das inconsistências políticas da Alemanha de hoje, indo às suas raízes, sem nenhum preconceito, como pode ser comprovado por quem o quiser ler, continua disponível no blog, e fui acusado de incitar ao ódio, que é o que não faço, e fui condenado, porque a justiça do Google é unilateral,  não admitindo o contraditório, princípio fulcral da administração de boa justiça, e, atendendo à denúncia, fui suspenso injustamente  por uma quinzena.]

 Então esta demora patrocinada pela incompetência política dos dirigentes europeus de hoje em dia, onde uns mandam e outros obedecem,  e onde patenteiam-se nações de primeira e de segunda (Haver-las-á de terceira.) é só acrescentar miséria à miséria. E a Grécia, berço de nossa civilização, onde os grandes empresários historicamente tem a elasticidade de incumprir e evitar ao máximo aos custos que possam incidir sobre seus patrimônios, praticando, e com muita habilidade, o que é conhecido como fuga ao fisco, e que o governo para aumentar os impostos sobre os que detém a maior porção do dinheiro do país tem de ter muita habilidade, e que necessita de tempo para recompor estratégias e criar medidas que possam conseguir ir buscar mais alguns recursos num país onde todas as medidas já foram implementadas após mais de meia década de medidas excepcionais das mais variadas cores políticas, que levaram, por isso mesmo, o país a uma situação extrema que tem o compromisso eleitoral, que pretende honrar, de tentar outras vias para solucionar o problema da dívida grega que nem com um perdão parcial se resolveu, porque os custos de seu financiamento nos altíssimos níveis em que se encontra seu endividamento, inviabiliza qualquer tentativa de solução, sobretudo as de curto prazos.

Cansados de saberem isto estão os dirigentes europeus, pois sabem que a situação grega enfraquece a situação europeia como um todo, pois que havendo uma parte infectada, todo o corpo está em risco, e que deveriam dar remédio a esta parte do organismo, remédio pronto e eficaz, para preservar o todo e não andarem por aí como desgraçados ou itinerantes, a gerirem um grupo que no mundo, não só em nossos dias como historicamente, é cada um de per si potência, entre as mais desenvolvidas, e que juntas, não podem ser menos, nem prestarem-se a esta situação lastimável.

Ademais após o Banco Central Europeu ter aceito pôr a 'moviola' a funcionar, o que irá injetar centenas de bilhões de euros na economia europeia, a exemplo do que fizeram os Estados Unidos, para estimular o desenvolvimento econômico, e promover uma retomada que sem um estímulo, as economias ressentida das duas enormes crises por que passaram, não parecem estar conseguindo alcançar, nada mais justifica esta farsa, esta enorme farsa de apertar, garrotear mesmo, a Grécia para que se cinja aos estritos ditames que a Alemanha, com alguma assistência, quer impor a todo o continente.

Tudo é compreensível, e que tem que haver uma liderança que defina o quadro da sustentabilidade da União como um todo, e que adotem um modelo conservador em economia, onde hajam índices bem definidos, com limites bem conhecidos, e que se não forem rígidos esses princípios, sempre haverá quem os queira driblar, tudo bem.  Que a Grécia tinha que suar um bocado por se ter deixado ir até onde chegou, também compreendo perfeitamente, mas este desleixo em alcançar uma solução, expondo a Europa como um todo, se permitindo ser tema de debate nos EUA, e promovendo uma discussão, e uma instabilidade, que só serve para fraturar uma União que se está recuperando de sua maior crise desde que existe, foi uma atitude irresponsável, que evidencia a falta de liderança, e que faz-nos ver que ultrapassaram todo e qualquer limite do razoável.





Hoje, 17/06, a notícia do dia  é que a Grécia vai sair do Euro, a infâmia da protelação de uma solução, arrastando-se para além de qualquer limite, mesmo o mais irrazoável, é, mais que tudo, a repercusão que esta atitude já provoca no conjunto da União. Sabe-se que o verdadeiro 'dead line' poderá ser vinte de Julho próximo, quando vence a tranche ao BCE, este possível atraso do mês em curso ao FMI, é, nada mais do que isso mesmo, um atraso, só constitui default um montante mais avultado por um mais longo período de tempo. Mesmo o vinte de Julho depende da reação do BCE, porém a reação que não poderia estar concorrendo é a dos mercados face da incúria dos dirigentes europeus.Por outro lado o empolgante disso tudo é a coragem de resistência do governo grego, cumprindo algo que todo mundo apostou que eles não iriam cumprir: seus compromissos eleitorais. Estamos a assistir uma demasiado longa e insidiosa novela. Há que se por cobro a esta vergonha!

-- Alguém  tinha que resistir a esta insania generalizada de que são pagáveis, dívidas impagáveis, alguém tinha que deixar cair a máscara. Coube à Grécia. A Grécia de tantas e tão grandiosas tradições em tudo que representam as fórmulas de soluções para a humanidade. Calhou a Grécia, e ela mais uma vez, como se sua grandiosa história se estivesse repetindo, resiste.

18/06- Como a estupidez política da União não tem limite, surgem agora que  vêm a oportunidade de atrelar a Grécia a seus interesses, como a Rússia, como a China, vendo quais serão seus próximos movimentos se a União deixar mesmo a Grécia cair. Por outro lado os Estados Unidos da América alertam para os riscos envolvidos. Já não há mesmo mais limites para se ultrapassar.

20/06- E o seguinte movimento deu Vladmir Putin, estabelecendo um acordo para a construção de um gasoduto da Rússia à Grécia, as coisas vão evoluindo, e a Europa sem a reação de firmeza que se esperava fosse sua atitude, reação de quem tem este modo de proceder.

Os sofridos meninos do Huambo.





No interior do país, na altura onde estão na linha de costa o Lobito e o Benguela, fica uma extensa região (província) que atende pelo mesmo nome de sua capital: Huambo, que quis ser uma Nova Lisboa. Região dos ovibundos de língua Umbundo, uma  gente bonita, alegre, coquete mesmo, com um vestir muito garrido, multicolorido, feliz, reflexo de sua forma de estar na vida.

No Huambo vivem dois e meio milhões de pessoas em aproximadamente trinta e seis mil quilômetros quadrados, que têm todas as razões para serem felizes, pela causa primeira de serem alegres e viverem numa região que tem tudo para ser farta, e dentro de um país rico, riquíssimo mesmo.


Como em todos os lugares do mundo, há meninos no Huambo, meninos e meninas, que, na suas tradições de memórias tribais perdidas na bruma do tempo,  cantam e vibram suas histórias e suas vidas nos ritos de épocas que se repetem, o que não se podia repetir é a desgraça contra essa gente inocente.  Como com exatidão cantou Paulo de Carvalho, «Os meninos do Huambo fazem alegria Com fios feitos de lágrimas passadas» (a inversão é minha), lágrimas que nunca deviam ter rolado por suas faces feitas para a alegria e talhadas na medida de sua inocência.

Sua inocência foi violada muitas vezes, algumas com mais ênfase que outras, foi a UNITA, foi o MPLA, foram os governos, GURNs e não GURNs, foi Bicese e Lusaka, foram as chacinas, mas era a Guerra, a mais estúpida das guerras, a Civil, não que isto justifique chacinas, mas entende-se a excepcionalidade do momento e a desgraça da situação, o que é inaceitável é o que se passou agora.

Porém o que neste  dezesseis de Abril viu-se outra vez no Huambo, nova chacina, desigual em tudo, como todas as chacinas, mas mais grave, porque num país sem guerra, polícias chacinarem a população civil a pretexto de nada, ou sabe-se lá em que escuridão se esconde tal pretexto. Empetecados, diz-se no Brasil para uma sujeira agarrada, aí é caso talvez para dizer «enkalupetecados» em escuridão, porque não há luz no mundo que clareie essa sombra, nem limpeza que retire essa nódoa.  Entretanto é Direito inalienável das pessoas fazerem escolhas, mesmo que estas escolhas não sejam mais que perda de tempo, ou trabalho político mascarado, que sigam uma seita, ou acampem, ou dancem, ou cantem: Ninguém tem o direito de atacá-las, muito menos de matá-las.

O que se passou no monte do Sumé traz lembranças antigas de meninos que só queriam ser felizes, e que terão de enfiar suas lágrimas outra vez, para encarrilar suas vidas e reconquistar a sua alegria.