domingo, 29 de maio de 2016

Poema a Pedro Passo Coelho.



Não estragues o que é positivo.
                                                      à Pedro Passos Coelho em seu zênite.


Vá tentando, vá tentando
Vá tentando desengonçar
Geringonça quando engonça
É como onça, difícil de desentocar

Muda a cor, rejeita a trela
Tenta azul, e amarela
E a geringonça a se sustentar

Vá tentando, vá tentando
Dá-lhe jeito ver os gonzos
a se soltarem...

É difícil, é difícil
Ver a geringonça desengonçar.

Uma geringonça cheia de engonços
Jigajoga  muito particular
Caranguejola articulada
Engenhoca tão manhosa
Rês perdida, Vaca a voar
Tresmalhada e encontrada
Estupor difícil de desmontar

Vá tentando, vá tentando
Vá tentando  desengonçar
Geringonça quando engonça
É como onça, difícil de desentocar

Mostrengo que se arranja
Como irá desarranjar?
Mecanismo que funciona
Não se consegue parar...

Vá tentando, vá tentando
Vá tentando  desengonçar
Geringonça quando engonça
É como onça, difícil de desentocar

Queres desengonçar a geringonça
Fazê-la  parar de caminhar
Bamboleando, balançando
Lá vai ela a gingar
Segue firme, segue bela,
Vaca louca a voar...

Vá tentando, vá tentando
Vá tentando  derubar
Geringonça quando engonça
É como onça, difícil de desentocar

Queres dar-lhe o badagaio
Ver a máquina a falhar
Amarelo, verde-gaio
Muito tenta enganar
Geringonça, geringonça
Pôs a vaca a voar...

O Doutor:
Vá tentando, vá tentando
Vá tentando  desengonçar
Geringonça quando engonça
É como onça, difícil de desentocar

Maquinaria consertada
Vive sempre a maquinar
Não desmonta, é  concertada
Não a pões a claudicar

Vá tentando, vá tentando
Vá tentando  desengonçar
Geringonça quando engonça
É difícil desengonçar!

  

sexta-feira, 27 de maio de 2016

A Violação sexual no Brasil.






Estimam-se em cerca de 150. 000 casos anuais no Brasil, com cerca de 50. 000 denúncias, a maioria se esconde do horror da exposição pública, erradamente, protegendo o agressor.



É uma puta, dizem.

Uma moça jovem, foi violada sucessivamente por trinta rapazes, tudo envolto no mesmo universo das drogas, vítima inclusive, que sob o efeito das drogas foi raptada e levada para outro local onde se praticaram as sucessivas violações.

É uma puta, reafirmam.

E que fosse, digo eu, nada se lhes dá o direito de abusarem dela. Se por sua vontade praticasse sexo não com trinta, mas com trinta vezes trinta, era um direito seu, pois seu corpo lhe pertence, mas ser abusada, em estado de inconsciência ademais, me parece uma agravante vergonhosa para um crime ainda mais vergonhoso. Eu, como homem, acho que toda a ação sexual contra a vontade dos praticantes é miserável, excesso esdrúxulo descabido, porque não inclui a conquista do consentimento, maravilha abonatória e pre-libatória  do ato, que só nesses moldes se pode realizar para quem tenha caráter, mas para os outros, estes desviados e abomináveis que acreditam poder forçar quem quer que seja, e muito mais abomináveis e miseráveis quando atuam em bando, seja por que motivação for.

É uma dama!

Toda mulher é uma dama no Direito que possui exclusivo em consentir ou não numa relação, e nessa evoluir ou não para as intimidade, e entre estas para as de cariz sexual. Só assim podem ser encaradas, e só assim podem e devem ser vistas por quem as desejar, porque toda e qualquer outra postura degrada e conspurca seu  praticante, trazendo a infâmia, o opróbrio, o agravo ao praticante, que, ma sua baixeza, vilania, ignomínia, vergonha, vexame e injúria consuma a maior torpeza, a maior indignidade, a maior abjeção a que um ser humano se pode sujeitar, sim porque a vergonha é de quem viola, e não de quem é violado.

Pois são essas as características dos trinta, seres sem nome, que não os quero conhecer, seres sem alma que, se as tem, as não souberam demonstrar, seres sem rosto que não se devem aproximar de qualquer mulher e que não se lhes chamem homens, que não são dignos desse nome, nem lhes chamem animais, que os animais cortejam suas fêmeas e com elas praticam ato sob consentimento, chamem-nos infames, que é o que são, e os condenem exemplarmente, para que sejam excluídos pelo maior tempo possível do convívio em sociedade, que a ignóbeis, como estes, deve ser vedado.


Hoje 28/5 já se sabe que foram 33, ou seja os 4 que foram detidos já cantaram...

quarta-feira, 25 de maio de 2016

A dimensão da cidadania.




Que é cidadania? Como avalia-la?  Poderá ser medida? Por quais critérios? O que determinará a dimensão da cidadania?



A primeira questão que se coloca é sobre o ambiente onde ela se manifesta. Será mais cidadão aquele que se manifeste em democracia ou em ambiente de ditadura? Terá mais peso o cidadão numa ditadura que numa democracia? O que nos parece óbvio é que o risco agregado num ambiente de liberdade é pequeno, o que não dispensa o critério central que avaliamos como básico: o da participação. O primeiro critério para avaliar a dimensão da cidadania de um povo, como de uma pessoa é, certamente, a sua capacidade de mobilização, porque antes de tudo a cidadania deve ser vista, e sua visibilidade requer atitude, e só essa torna visível o cidadão.  O que não retira cidadania a nenhum cidadão que passe apenas sem manifestar-se, qualquer pessoa terá em princípio o mesmo grau de atuação cidadã que qualquer um, desde que seu objetivo seja o pluralismo democrático, mas tem de demonstra-lo.

Por isto a avaliação da cidadania dá-se em momentos difíceis, em situações adversas, em ações contra o status quo, em reação a ambientes adversos, e, sobretudo em nadar contra a corrente dominante, seja ela majoritária ou não, desde que  detenha os meios para refrear a participação cidadã, fica evidente que o outro polo que se insurja necessitará de maior ímpeto e força, características que em democracia são mais difíceis de se avaliar, mas existem indicadores, e devem ser apreciados. Haverá sempre sentimentos contrários, sentimentos de xenofobia, de superioridade racial, de racismo portanto, de pessoas e países que se julgam superior aos outros, e muitas vezes sem se darem conta de que sentem dessa forma errada, trazem consigo um divisor de águas que os presume ao menos mais efetivos que os demais, pelos resultados que conseguem, ignorando o esforço alheio pelo seu fraco resultado, ou o atribuindo a razões as mais excludentes possíveis, que inesperadamente se revelam em suas atitudes, mesmo acreditando serem politicamente corretos, há um vírus inoculado, sobretudo na gente do norte da Europa, que os faz acreditarem-se superior por seu progresso material alcançado. Na verdade há mais valores no mundo a ter-se em conta.

Por exemplo no doméstico, fica claro que as pessoas vêm perdendo sua eficiência cidadã, há menos família, há menos gente atenta e preocupada, caíram os níveis de responsabilidade doméstica, todos eles, a desagregação familiar leva a outros níveis de desagregação, aquela fórmula de se atribuir às famílias a condição de célula 'mater' da sociedade, segue vigorando.

Deixemos, por outro lado, aqui bem claro que em ambiente de ditadura todos os indivíduos sujeitos a ela devem reagir no sentido de extermina-la. Todo aquele que se omite nesse ambiente, não merece o título de cidadão. Depois temos que em democracia, que é uma construção permanente, deve sempre existir reivindicação e luta social, porque existem forças poderosas na sociedade que promovem seus interesses contra os interesses da maioria, e que todo aquele que se vir prejudicado ou restringido em seus direitos de qualquer modo que seja, deverá de manifestar-se contra essa situação até que ela se extinga.

Por exemplo o que se passa hoje na Síria, o que se passou na Alemanha Nazi, em Espanha, em Portugal, no Iraque, e o que se passa hoje na Coréia do Norte, onde ditaduras impuseram sua vontade ao povo, sem grande oposição, é o atestado de menoridade cidadã mais forte que se pode ter. Já com países como Angola, Rússia e China, onde um simulacro de democracia é apresentado, tendo, sob sua  capa, na verdade regimes autoritários, a reação é mais difícil, mas mais imperiosa.

Em países como Venezuela, o Brasil de Temer, a Turquia de Erdogan, onde os governos ascenderam democraticamente, mas não revelam legitimidade política para governar, a ação cidadã é necessária, mais sua manifestação só pode conter o germe do saneamento democrático a que chamamos eleições gerais, toda e qualquer outra manifestação é antidemocrática, logo não cidadã.

Portanto fica claro que a dimensão cidadã tem características muito diversas dependendo da situação. Por exemplo os portugueses que por décadas mostraram sua incapacidade cidadã sob Salazar, com honrosas excessões, hoje é um dos povos com maior índice de capacidade cidadã no mundo. O Brasil que se sujeitou a quase década e meia de ditadura militar, com muita oposição é verdade, mas com muita cumplicidade, porque todos aqueles que se calam são cúmplices, hoje dá exemplo ao mundo com manifestações pelo imenso país fora, reivindicando seus direitos nas mais diversas questões e tomando posição quanto a todas as situações da vida civil. Entretanto as atitudes russas, norte-coreanas, angolanas, venezuelanas e chinesas, para evocarmos situações muito diversas, onde a imensa maioria, para não dizer a totalidade, cala e aceita a vergonhosa opressão que sofrem à conta de um poder que não representa a maioria, ainda que em alguns casos, como o chinês possam estar promovendo o progresso econômico, como foi o caso do Brasil em ditadura militar, mas fica a pergunta: Poderá não haver progresso e desenvolvimento econômico em países como o Brasil e a China, seja sob que regime for? São fortes demais, ricos demais, poderosos demais para não avançarem, logo todo o desenvolvimento econômico que fizerem tem dever para todos, quando excluírem alguém estão a falhar.

Porém é isso que se tem passado historicamente, há segregação, há profundas diferenças de classe, e há racismo. Sendo essas mascaradas historicamente, ocultadas, dissimuladas, como se isto não os afetasse. Por exemplo em Portugal e Brasil, países marcadamente racista, por haver a latere um contingente populacional sem preconceitos, e haver também pouco preconceito sexual, havendo imensa miscigenação, querem-se crer não racistas, no entanto é só raspar um pouco a superfície e logo se revela um sentimento profundo, enraizado de discriminação de várias ordens.

O que aqui se discute é a participação cidadã, e esta é sinônimo de liberdade, onde esta falhe, seja porque razão for, como no caso da Venezuela, que um governo legitimamente eleito, com todas as condições para governar, não poderá permanecer,  e a dimensão cidadã deve exigir eleições para que ele seja mandado embora o quanto antes, porque não da repostas à liberdade do povo, e uma das primeiras liberdades, talvez a mais fundamental, mais que o direito de protestar, mais que uma justiça atuante e sem motivações outras que as de prover Justiça, é a liberdade de poder comer todos os dias, e encontrar alimentos para satisfazer a essa necessidade, liberdade intrínseca e manifesta.

Temos por fim o caso brasileiro, onde de apreciação institucional em apreciação institucional, democraticamente manifestas, sejam judiciais ou parlamentares, chegamos ao fato de termos um governo legitimamente democrático e politicamente absurdo, onde os interesses que se movimentaram dentro da normalidade democrática levaram a uma situação esdrúxula de ilegitimidade política manifesta, que só o banho lustral do ato eleitoral poderá sanear.

Como se vê a dimensão da cidadania é muito variada e variável, carecendo de coragem, força. ímpeto, ação e participação, mas sobretudo de discernimento, em cada caso.




segunda-feira, 23 de maio de 2016

92 anos de Charles Aznavour.




Releiam o poema de seus 90 anos,  basta pôr no motor de busca Charles Aznavour, que logo aparece,

ou o link: http://hdocoutto.blogspot.pt/2014/05/charles-aznavour-no-2252014.html

quinta-feira, 19 de maio de 2016

O prêmio de um rato a um leão, o paradigma dos entregadores de pizzas e super-heróis.




Foi ontem, aqui em frente à minha casa, com a presença do Presidente da República para consumar a entrega, que se ofertou o prêmio Vasco Graça Moura  a Eduardo Lourenço, mas foi afinal Vasco Graça Moura que recebeu o prêmio.

Que homenagem pode prestar um rato a um leão?

Eduardo Lourenço é merecedor de todos os prêmios, de todo o reconhecimento, de todas as glórias, como no tempo antigo onde as terras davam uma coroa de louros a seus maiores, para, cingindo-lhes a fronte, demarcar suas vidas, destacar seus talentos, reconhecer seus feitos. Eduardo Lourenço é desses escritores raros, que no uso da palavra, mesmo para simplesmente defender uma tese científica, fá-lo com as tintas da maravilha, resultando o surgimento do elemento descritivo alcandorado da sublime forma de dizer, que afirmando uma simples possibilidade encanta, porque a sua resultante é paisagem e música, é magia que convida ao entendimento, por isso o Leão Eduardo Lourenço é digno de todas as  homenagens que lhe queiram prestar, 'modus in rebus'.


"A excessiva honra"

E a moderação de que vos falo é não confundir o entregador de pizza com o super-herói, o entregador não nos vem salvar, nós que precisamos sempre ser salvos de nossa falta de conhecimento, e, mais grave, de nossa falta de entendimento, porque mesmo quando nos é dado conhecer, é necessário o esforço do desvendar, que o super-herói nos presta, revelando o entendimento de nossa descoberta. Nosso leão é desses raros super-heróis que com seu dom superior de entendimento vem sempre revelar a verdade profunda que há por detrás das coisas mais simples, deixado-nos maravilhado com a refulgência não percebida que ele nos apresenta.

Eduardo Lourenço começa seu discurso de agradecimento com as palavras "excessiva honra" para colocar-se na sua principal condição de ensaísta, onde a única coisa que o distingue do nome do prêmio que lhe outorgaram, é não lidar com as palavras que brotam da imaginação, mas lidar com palavras que brotam do esforço do entendimento de coisas reais que se passaram ao longo do tempo, esse fluente manipulador dos acontecimentos, compondo-os em corrente de elos encadeados, muita vez com distâncias inesperadas, que só são visíveis para alguns iniciados bafejados com a força do leão que as consegue revelar. Só ficou bem a Eduardo Lourenço marcar sua posição e render homenagem ao detentor do nome do prêmio que lhe entregavam, mas trovejava na sala, rebimbava o despropósito, trovoava a desproporção, pois a homenagem que se prestava era a Eduardo Lourenço, portanto a inversão produzia os trovões e ecoava a pergunta:  Que homenagem pode prestar um rato a um leão?


Que homenagem pode prestar um leão a um rato?

Eu gosto de ratos, não discuto seu lugar na imensa pirâmide da Natureza que guarda espaços para todos, mas sempre afunilando essa localização, porque na base da pirâmide, local dos ratos, há espaços para muitos, sempre havendo espaço para menor número à medida que se escala a pirâmide, quanto mais alto se está, encontra-se menor companhia, no estreitamento natural de sua forma, como soe ser na vida real infelizmente, o número dos brilhantes é sempre muitíssimo menor do que o dos diletantes, ou de forma mais popularesca, há infinitamente mais entregadores de pizzas que super-heróis, como é sabido.

Eu gosto de ratos, muito mais de leões, mas pergunto-me sempre que homenagem pode prestar um leão a um rato, ontem obtive a resposta, é receber o prêmio com o nome do rato.





terça-feira, 17 de maio de 2016

Camilo José Cela, um século.






MAZURCA PA UM MORTO.
                                                                             11/5/2016.


Teus cem anos foram bem comemorados, mesmo pelas poucas comemorações de Espanha e pelas muitas de Galiza, marcando o compasso da indignação que ainda inspiras. Bravo! Mesmo morto consegues ainda incomoda-los, que bom... Não entenderam ainda que tu fostes e que tu és Um vagabundo a serviço de Espanha, e este serviço que prestas com as bênçãos de São Camilo, não são isso nem aquilo que lá quiseram comentar, são seus rasgos de loucura, suprema ventura em seu expressar de intensa e cáustica candura que tudo soube observar com a força de uma mensagem e fervilhando como a vida em toda parte, no formigueiro, n'A colmeia, máquinas de vida, como em qualquer parte em que disseste com arte a indignação, e que fulminando os cérebros sonolentos, máquinas de morte, que não retiveram suas palavras que a boa gente soube guardar, máquinas de eternidade que te não deixarão passar. Essas nubes que pasan, não passarão de ti, que ficastes, velho timoneiro no encontro certo da palavra.  

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Fez renascer a Igreja.




'Ecclesia renata' podemos dizer em bom latim. Francisco está fazendo mais pela Igreja que um milênio de doutrina e imposição, mais que toda a opressão da inquisição, mais que toda a califasia do mundo, Francisco é autêntico. Toda a naturalidade, a simplicidade, a despretensão, toca-nos pelo que contém de verdadeiro, de espontâneo, mesmo de ocasional.Tudo o que é forçado, preparado, pretensioso, exclui, soa a falso, e Francisco vocês já sabem como é.


Quem me lê assim com  alguma regularidade, deve imaginar que sou um católico praticante, tantas vezes me lêem falando sobre a Igreja, mas a razão é outra. Não sou católico praticante, acho que nem católico eu sou, porque a Igreja nunca exerceu nenhum fascínio sobre mim, excessão feita a arte sacra, sempre adorei a arte que foi empregada como meio de expressão religioso, que, ao longo dos séculos, deu trabalho aos artistas, nada mais da ação da igreja me atraía porque vinha acompanhado daquela presença repulsiva que se chama padre, que me afasta deles desde sua califasia, até as suas atitudes pouco recomendáveis. Quando na minha cidade apareceu um padre bêbedo, gostei imenso, porque ele era humano. Para mim que sempre gostei muito do feminino, em toda sua expressão, sobretudo a sexual, a vida sem mulher era inconcebível, e pensava que para aturá-la, só mesmo bêbedo. Assim não buscariam outras desviantes.

Francisco mudou muito minha opinião, como mudou a igreja, por isso este artigo se intitula assim como se intitula, mostrou que pode haver gente de carne e osso por debaixo das batinas, das sovas, das sotainas, coisa que parecia-me impossível a quem optou pela mentira de uma vida sem sexo, totalmente contra a vontade de Deus que o criou, e criou o sexo para o prazer além da procriação. Tudo o mais é mistificação e arrelia.

Todos os padres que falaram comigo desde sempre, nenhum tentou me converter, à fé, porque a minha se lhes afigurava, como é, imensa, à religião, porque como sempre eu disse não precisava de que ninguém me ligasse com Deus, do qual nunca me apartei, beatismos e papa-óstismos nunca foi comigo, logo logo sentiam que era uma conversão impossível. Francisco, e se o criticam em sua ação pastoral, no meu caso enganam-se, vem, com sua ação de homem, pouco-a-pouco me aproximando dessa Santa Madre Igreja, que não considero nem santa, nem mãe, mas que pode ser um elemento de boa ação nesse planeta, e que pode servir à Deus, sobretudo com as enormes capacidades instaladas, que a faz capaz de poder ser um instrumento de Sua vontade.


sexta-feira, 13 de maio de 2016

Uma longa espera.





Virá D, Sebastião?
Certamente virá, ou não?
Numa manhã enevoada
Numa tarde chuvosa
Numa noite sem  Lua
E nós todos em prontidão...
Virá talvez com revoada
Ou virá em total mansidão?
Importa é que virá
Certamente virá, ou não....
Virá porque vem sempre
Vem sempre em nós
Nós que por esperarmos, tornamo-nos,
Quando eternamente esperamos,
Não mais uma dádiva
Não mais uma ânsia
E sem sofreguidão
Não mais um sonho
E sim profissão
E como tal, hábito,

Esse, o de esperar D. Sebastião.

ENCORE PARIS....






Encore, Je suis !

quarta-feira, 11 de maio de 2016

35 years outside.





Bob Marley is dead
No woman no cry
He is not really dead
He's playing in the sky...

With his unique swing
Flying at cloud, at spear
Or the bird wing
He is there
...always dreaming!

domingo, 8 de maio de 2016

A luta pelo poder ao vivo.




Ao vivo e à cores, a luta pelo poder, esse ofício mesquinho e pequeno do dia-a-dia da lide humana, revela-se em toda a sua profusão confusa, e em toda a sua realidade deletéria, pois toda luta gera costumeiramente mortos e feridos, evidenciando o embate miserável, o combate vil, a disputa pequena e muitas vezes podre de cada espaço de combate, porque a política é antes e tudo a arte de ocupar espaços. Como se pratica essa arte? Aí já é outra história!

O que estamos vendo no Brasil é esta contenda a revolver seus lodos mais fétidos, e a permitir que aflorem os odores mais viciados e pútridos  de sua decomposição,  putrefacto, o sistema político brasileiro, revela-se em sua plenitude nefanda, corrupta, podre e pestilencial. Execrável e torpe, essa política, baseada em gamelas, quando estas taparam-se, ou quando o controle de seu tráfico recrudesceu, degenerou na disputa à luz do dia para verem restabelecido o sistema e o modelo de corrupção instaurado.

Se fazem o que fazem em frente às câmaras, o que não farão em privado?

Não haverá inocentes certamente, mas a culpabilidade apresenta gradações, o espetáculo que oferecem ao mundo é degradante, esquecendo-se que eles são atores quase sem importância, não é a eles que olham os olhos do mundo, é ao grande teatro onde representam seus medonhos papéis, é ao Brasil, esse sim, que merece respeito e dignidade por tudo que é e por tudo que representa, que segue achincalhado pela ação espúrea, indigna, inqualificável, mesquinha, miserável desses atores que o povo escolheu, e quem conhece a política de perto por ter dela participado, como eu, sabe o que move essa gente torpe e ambiciosa, e sabe como a política se move. Lembra-me aquela história que contei para o Fausto Wolf, e que ele repetiu nos seus discursos na sua candidatura a federal no PDT; um determinado grupo de eleitores bate à porta de um deputado, atende-lhe seu mordomo, que informa que um grupo de eleitores seus o quer contactar. Diga-lhes que eu não estou. Volta o mordomo dizendo que eles viram-no entrar à pouco com o carro pelo portão da garagem. Diga lhes que estou ocupado e não os posso atender. Volta o mordomo com a insistência e com a alegação crucial: São seus eleitores e insistem em falar com o Deputado. Num acesso de raiva ele bate no bolso, onde se percebe dentro uma sólida quantia de dinheiro que conforma um volume bem visível, e batendo várias vezes grita ao mordomo, meus eleitores estão aqui... Oooo! E torna a bater sobre o bolo de notas que tem no bolso.

Quando tudo passar, ficará esse gigante à espera de governo, essa ação tão difícil de empreender, mesmo em países pequenos e visíveis em todos seus detalhes como Portugal, como podem imaginar a complexidade que é administrar um continente como o Brasil, com suas diversidade e peculiaridades que requerem atenção especial, e que não pode ser obra de um só homem ou uma só mulher, requer equipe, e equipe dedicada e interessada em fazer com que o país seja bom para todos. Como formar essa equipe com os políticos que se apresentam ? Que escolha será possível com esse material humano que há e com os reais interesses que os movem? Pobre Brasil! Que Deus se apiede de sua gente que tanto precisa de paz e trabalho.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

O Brasil está matando o Brasil...




                                                             Brasil antes do tempo?
                                                             ia ser a 4ª potência voltou a 7ª
                                                             "Mostra tua cara"
                                                             "Que país é este?"
                                                             "Do Brazil SOS ao Brasil."
                                                             Músicas premonitórias...


1

Relembrando o grande Noel Rosa:"Quem é você que não sabe o que diz? Meu Deus do céu que palpite infeliz..." Continua o Império da lei de Gerson, Gerson foi um bom jogador brasileiro,  que, sem nenhuma autocrítica, fez uma núncio televisivo onde afirmava gostar de levar vantagem em tudo. O tom que empregava o jogador, mais sua forma de estar na vida, ao que se acrescenta uma certa malandragem que ficava revelada em sua apresentação, que, tudo junto, criou essa ideia da lei com seu nome, a determinar que se deve levar vantagem em tudo.

Nada mais ignominioso e abjeto, entretanto quanto mais rico fica o Brasil, mais impera essa lei, a lei de Gerson. Jogaram o Brasil na lama, reafirmaram a divisão do Brasil. Foi na Câmara dos deputados: Gente sem espelho, gente sem noção, gente sem cérebro. Se tivessem noção do ridículo a que se prestaram, as figuras caricatas que expressaram, a evidente malha de interesses que se movimentava. Uma vergonha inconteste! Tudo pela manutenção da corrupção. Como também a dizer que mesmo contra a justiça e o executivo vão manter o sistema de corrupção. E aí o verdadeiro crime de Lula e Dilma, por não terem denunciado todo este conluio, e rasgado o tumor, o furúnculo, eliminando a putrefação. Faltou-lhes a coragem no momento certo para enfrentar tantos que os não os deixariam governar por longo período, o tamanho do envolvimento os aterrou, e a dificuldade em recolher provas, a força do que já vigia... amarelaram.

2

"Brasil! Meu Brasil brasileiro" cantava Ary Barroso na sua Aquarela. E ficou bem mais brasileiro com Lula, é verdade, e isso foi o começo da confrontação,  porque não queriam tirar "a mãe preta do cerrado", nem "o vestido rendado pelos salões arrastando..." e enquanto houve espaço roubaram, roubaram o que puderam, mas o povo vinha acordando, e o confronto acabou por acontecer. A crise econômica que é a responsável invisível por tudo isso, e a matriz de todas as insatisfações, exatamente como no caso anterior de impeachment, o de Fernando Color de Melo. Naquela época se tinha um 'enfant gaté'  e ladrão no cargo, hoje temos uma guerrilheira e não política no cargo. Os deputados então moviam-se pela sua indignação, hoje movem-se pelo seu senso de oportunidade, porque aquela metade que perdeu privilégios e viu o grande bolo ser dividido com outras camadas da população não aceita e não quer a continuidade dessa política, que, se sustentada e não torpedeada como foi pela crise internacional, iria se mantendo, e criando mais classe média e mudaria o Brasil, mas infelizmente as estruturas não foram cuidadas, os pilares não foram estruturados, atendendo a  prioridades como uma redução drástica do custo Brasil, e também, com uma reestruturação profunda do perfil tributário, e uma mudança das ingerências estaduais no processo tributário tão pulverizado, e com uma transformação no perfil partidário indispensável, não havendo possibilidade de governabilidade com tantas mãos puxando a corda em direções tão opostas e divergentes, com tantas mão dentro da cumbuca, com o saco de gatos da política brasileira, conciliado a poder de propinas e subornos. Como modificar isso? É a pergunta de um milhão de dólares... (melhor dizer de muitos bilhões...) Já que todos terminavam a aquarela pensando estarem cantando a sua canção de encantar: " Brasil! Pra mim, pra mim Brasil. Pra mim, pra mim. Brasil, Brasil."

3

O Brasil foi se tornando pouco a pouco  numa conjunção democrática de interesses locais, setoriais e até religiosos, representados todos, por força da pulverização do voto popular, tornando ingovernável o gigante econômico, com cada fação querendo tirar seu naco. ( Esse, seu, não de Direito, mas de possibilidade.) Essa é a triste resposta à pergunta do Legião Urbana, concentrada na ação política e em suas falsas promessas, e no que se vê agora: "... Ninguém acredita na constituição. Todos acreditam no futuro da nação. Que país é este? Que país é estes? "E a resposta do PT foi uma tragédia: o suborno multi-facetado (mensalão) e a tentativa da ditadura democrática (ação de José Dirceu  e seu grupo, que substituídos pela Dilma que assume seu cargo no Governo Lula.)  e o acúmulo de riquezas que era o principal, se não único, objetivo dos políticos como vêm demonstrando as investigações (operação lava-jato) e que poucos políticos são cidadãos com procedimento honesto  (basta lembrar que quase 60% está sendo processado) que  retirassem sua legitimidade das urnas (o que afinal acontece, mas a usam para interesses pessoais)  para proceder a reformulação político-institucional que o Brasil espera para crescer. Esfacelado pelas forças que o conformam, como um barco em que os remadores cada um remando para o seu lado acabasse por ser levado ao naufrágio, roubando toda a possibilidade de chegar a bom porto.

4

Dividido ao meio o Brasil, aí já lembrando outra música esta do meu saudoso Cazuza, com o George Israel e o Nilo Moreno: Brasil! "... mostra tua cara. Quero ver quem paga pra gente ficar assim." Pois rachado ao meio, como sempre foi, por isso é bom conhecer História, porque assim se entende que apenas segue seu destino, nasceu dividido, segue dividido, o senhor e o escravo. O problema é que quando se deixa de ter escravos, o senhor é menos senhor, e aí, então, tem de dividir o bolo! A guerra é exatamente essa, pois não querem dividir o bolo, por isso tentam rouba-lo via das suas portas mais ricas como a Petrobrás, resta o final da composição com suas perguntas chaves:"Qual o teu negócio? O nome do teu sócio? Vote em mim..."

5.

A velha dignidade da Ordem.

A OAB, Ordem dos advogados do Brasil, na sequência do que se passou na Câmara,  indicia por sua ação vil, mesquinha, iníqua, miserável e contra o decoro da função que desempenha, o Deputado Bolsonaro em sua ação além de tudo indigna ao declarar seu voto pelo impeachment do Presidente da República, revivendo um fantasma que lhe compraz no ódio, no saudosismo de tempos de ferro para todos e de alegria para ele certamente, e sem o menor pudor em fazê-lo, deve se ter inspirado na música de Luan Santana quando diz " ...traz de volta. Eu não tenho vergonha na cara. Eu te amo e assumo. Pois você também não vale nada." e foi por isto que a OAB, seção do Rio de Janeiro, em virtude de sua quebra do decoro parlamentar, bem como pela promoção da tortura no país, na emulação ao torturador condenado Ustra, entrou na justiça pedindo a cassação do mandato deste ignóbil deputado.


6.

Com tudo isso, com todas essas "Querelas do Brasil" há que se lembrar a magistral composição de Maurício Tapajós e Aldir Blanc na Transversal do tempo (Tudo premonitório!):
"O Brazil não conhece o Brasil. O Brazil nunca foi ao Brasil.
O Brazil não merece o Brasil. O Brazil está matando o Brasil. Do Brazil SOS ao Brasil...
Piriri, ratatá, karatê, olará Do Brazil SOS ao Brasil..  Ipanema, Nova Iguaçu, olará..."