O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
terça-feira, 8 de novembro de 2022
Quando ele vai ser preso?
Passaram-se dois anos. Ocorreram as intercalares. E QUEM É O RESPONSÁVEL PELO ASSALTO AO CAPITÓLIO NÃO ESTÁ NA CADEIA?
Aquele que tentou um GOLPE DE ESTADO. E diz que na semana que vem vai anunciar sua candidatura? Alguém deve estar brincando com a minha lucidez. NÃO É ABSOLUTAMENTE POSSÍVEL QUE ESSE HMEM NÃO VÁ PARA A CADEIA. Isso mata a DEMOCRACIA. Porque a Demcracia é o regime da normalidade jurídica. E incitamento, mentiras sem fim, e negacionismo são anormalidades ATÉ QUANDO?
terça-feira, 1 de novembro de 2022
A liberdade é frágil, a democracia é um fino cristal.
Estes tempos conturbados fazem-me refletir.
Como sabemos o cristal só se parte uma vez, e, uma vez partido, assim permanece, não é como o metal que pode ser soldado, ou a madeira que pode ser colada, ou ainda como tantos outros materiais, como a pedra, que, ainda quando partida, mantêm-se quase sempre. O cristal não cola, não solda, e não se mantem uma vez partido, passa a cacos. E, naquele ponto, só parte uma vez, e uma vez partido, partido fica.
A liberdade é um bem tão desejável que sua supressão é a principal ameaça àqueles que transgridam. A prisão, o encarceramento, está em maioria entre as penas que amedrontam o Homem, que, se mantém o respeito aos com quem convive, é por pavor de perder, com o desrrespeito ou transgreção, sua liberdade, este bem invisível para quem a tem, e que é tão esmagadoramente angustiante para quem a perde, seja por que tempo for, e, desse modo, restrige-se a acatar às Leis.
No entanto esse fabuloso edifício social cnstotuido pelo Direito, que aparentemente é tão sólido, como as paredes de uma prisão, está construído no vento, no vento envolvente da sociedade que regula e regulamenta, que tão fortemente o abrace, ou não, e tão depressa é órdem como tumulto, é paz como pode ser guerra, é progresso como pode ser atraso. Sua estrutura ao vento é de cristal, também transparente como vento, numa certa perspectiva invisível como este, e friável, mutante, pouco sustentável, frágil. Porque frágil são suas fundações, as quais chamamos liberdade.
Muita gente que dá por garantidas suas conquistas, esquece-se quão facilmente se pode tudo reverter. E faz por esperimentar caminhos políticos novos (Velhos como o Mundo que eles são.) gentes que se cançam daquilo que têm, do que foi conquistado com muita luta e derramamento de sangue, e que facilmente se entregam ao canto das sereias, idiotas que ao longo da História estiveram dispostos a experimentar, e outros maiores idiotas, que conhecendo no que deram estas experiências não democráticas, voltam a ser seduzidos por estes devios propostos como A grande solução.
Todo edifício social construído sobre as bases do assombro, do constrangimento ou da submissão, tem muito mais força estrutural que os construído no vento da democracia, e muitos mais foram aqueles ao longo da História que seguiram modelos de força e constrangimento, quase como uma prosaica índole histórica determinada pelo reflexo do comportamento individual de poder no colectivo, rejeitando o bem precioso que desejam e repudiam, a librdade, ambicionando-a para si, ao custo da sua perda para o próximo (Assim existiram os mandarins, a nobreza e a escravidão para citar alguns destes edificios sociais onde a liberdade não entrava.) numa torpeza descarada de privilégios para uns em detrimento do dos outros, conceitualizando valores e princípios, critérios e perspectivas que legitimassem suas posições e excluíssm as demais. E, magister dixit, estabeleceram- se dogmas de suas conveniências sem olhar o outro dissemelhantemente semelhante, para não lhes conferir direitos que pretendiam exclusivos. E criaram toda uma dialética confrmando uma gramática no Direito, nas instituições e até no credo. Mundo de espelhos, sem autocrítica, e sem igualdade. E só há dignidade onde há igualdade. Todo privilégio é indigno e excludente!
Nesta palavra igualdade, qualidade não atribuível sem alguma perda, posto que ao se fazer corresponder o todo igualmente à todos, abrimos mão de alguns privilégios na equação. Esta palavra, esta qualidade, é a parte mais frágil da Liberdade, posto que de finíssimo e puríssimo cristal, e invisível em sua manifestação, se atendida e efetivamente existente, é contraponto mister à Liberdade posto que sendo outra coisa é a mesma. NÃO PODE HAVER LIBERDADE PLENA SEM IGUALDADE. Exigência necessária. Ao mesmo tempo que é o desgosto esdrúxulo daqueles que a pretendem para si como privilégio. Verdade de casta. Miséria humana. Falsa noção de direitos inexistentes, mas que todos querem ter. E (Muito importante!) diminuição sistemática para aqueles que não entendem que estas gêmeas siamesas ou existem juntas e em igual proporção, em sua condição sine qua non, ou são falsas cada uma de per si. Por isso as adjetivaram, restringindo seu campo de ação, criando critérios e relativizando sua universalidade.
Vocês podem ver bem a fragilidade que há em tudo isso, sua estrutura muito friável construída no éter, sua condição instável e movediça à conta dos ventos nos quais, e com os quais, se move, e que só pode existir pelo elemento da vontade que a constitui, e que não é como o de uma qualquer outra construção, que uma vez realizada mantem-se. A Liberdade, assim com o sistema que permite sua florescência, a Democracia, são como a santidade no dizer de Santo Agostinho: "A cada dia se renova.", posto que se alguém é santo e não se mantem em santidade, e se permite desvios, e a praticar injustiças ou maldades, pois deixa logo de ser santo. Por isso todos os dias há que renovar a santidade, como a democracia a cada dia deve ser estimada, como uma planta frágil em meio a um deserto, que deve ser protegida e regada para sobreviver.
Muitos cansam-se da morosidade e lentidão com que atua a Democracia, este imperfeito sistema que nos estressa com as exigências que propõe à nossa paciência, e pensam em abraçar outros sistemas mais efetivos. Esquecendo-se que essa efetividade é momentânea, e que há um preço para tudo, e que as coisas ligeiras custam sempre mais porque demandam mais energia. A Democracia, ÚNICO SISTEMA QUE PODE GARANTIR A LIBERDADE, tem esta condição horrível de exigir paciência, confiança, de que aceitemos avanços e recuos, adiantos e atrasos, mas que é o único que nos garante equidade, este bem que nos pode garantir o que mais desejamos: LIBERDAE, a mais preciosa condição, que todos desejamos.
Nunca esqueçam o ensinamento de Saint-Éxupery: “Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé” Se queres ser livre cuida da Democracia.
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