Este dia não devia existir. Este dia é uma vergonha que pesa sobre todos nós. Mesmo os que não têm nenhuma responsabilidade no assunto estão cobertos de vergonha. O assunto é ainda mais grave quando a razão de sua existência (condição de refugiado) deve-se a perseguições em seu próprio país, mas não é menos relevante quando na sua orígem está uma guerra. Estas dezenas de guerrinhas espalhadas por todo o mundo como resultado de um conflito não solucionado, não mediado, não resolvido, não apaziguado. O Sr. Engenheiro Guterrez, quem presentemente tem a responssabilidade de gerir esta pasta na ONU como alto comissário, não tem nenhuma ação preventiva, que é a única que realmente pode evitar o aumento progressivo desta triste condição humana. Não tem porque não deixam-no ter. Está tudo errado.
A condição de refugiado é a de lançar uma pessoa para um estatuto de inexistência humana, é colocar uma pessoa num vazio existencial onde não há futuro, onde o passado é uma desgraça que o excluiu, e o presente é desprezível. É uma situação de espera que, em alguns casos, pode levar toda a vida, e levar a vida toda. A ajuda humanitária mister é uma terapia, mas não é nenhuma cura. A posição do Comissariado para os refugiados é uma posição de bombeiro. Os bombeiros são muito necessários quando há fogo, mas é muito mais necessária uma intervenção quando se vê alguém com a tocha na mão, pronto para atiar fogo, no sentido de evitar que este fogo haja e se propague. Apagá-lo é já um paliativo, não é uma solução.
O número presentemente alça-se aos cinquenta e um milhões e duzentos mil refugiados espalhados pelo mundo, tanto pela ineficiência da ONU como organismo que devera evitar os conflitos que os geram, como pela incapacidade de seu alto comissiariado em promover qualquer ação definitiva que os restitua a sua condição anterior. É tanto mais alarmante quando pensamos que eram quarenta e cinco milhões o ano passado, tendo aumentado catorze por cento (14%) o que é assustador, podendo-se afirmar que este número é o maior de sempre, tendo ultrapassado a altíssima cifra atingida no final da segunda guerra mundial onde as deslocações eram muitas delas intencionais, e as outras inevitáveis em virtude da amplitude do conflito. Já, agora., em que presumivelmente vive-se um período de paz, este número ser tão alto, é uma mostra das distorções que presentemente se vive, uma evidência clara de que estes tempos do dinheiro são dos mais enganosos da história da humanidade. Líderes, grupos, etnías, facções dispostas a tudo, estimuladas pelas distorções econômicas, instigadas pela ganância e por crenças as mais inconfesáveis, das mais variadas orígens, e pelas mais estúpidas razões, promovem suas inadmissíveis ações miseráveis sobre inocentes cuja única culpa é existirem.
Ou não se admite mais que o poder de alguns possa promover o mêdo, o desconforto e a desgraça de outros, ou manter-se ão estas distorções e injustiças para satisfação da mesquinhez e malvadez dos agentes dos deslocamentos dos perseguidos, que se irão refugiar cada vez em maior número, que, a manter-se a tendência dos indicadores atuais, no próximo vinte de junho, rondará os sessenta milhões.
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