A Europa se pôs em mãos da Turquia, com um acordo absurdo e injustificável. Absurdo porque quis pôr a Turquia como tampão de suas responsabilidades favorecendo seu ingresso na comunidade, o sonho turco, com isso de degradou duplamente, cedeu a uma chantagem e promoveu uma muralha, barreira invisível e silenciosa custeada a peso de ouro, muro indecoroso tanto ou tão mais que se o mandasse construir ao longo de sua costa mediterrânea, coisa que levaria Itália e Grécia, depositárias de uma tradição filosófica humanista multi-milenar a não consentir. Andamos pelo limite da dignidade humano, do auto-respeito, da vergonha na cara, na manutenção do brio dos povos ou em sua perda, limites que atravessou várias vezes, deixando de ser a Europa em vários momentos, naquilo que ela representa. Quando uma pessoa ou um país perde sua dignidade por qualquer razão que seja, perde o 'gravitas', que é a face com a vergonha que nela devera ter.
A Europa nessas ultrapassagens dos riscos do que representa seu passado, expôs-se a mesquinharias inadmissíveis a um conjunto do contingente humano que detém todo o simbolismo do que representa a humanidade no sentido de avanço sócio-filosófico. E ninguém é gente sem sua dignidade, tergiversar nesse ponto é o maior risco que se pode correr. Quem viveu situações estremas sabe bem do que falo. Quem por exemplo foi torturado, esteve à mercê de um poder discricionário sabe que seu derradeiro bastião é sua dignidade, calcada naquilo que acredita, naquilo que defende, se perder isso, seja por que razão for, terá perdido tudo. Por isso aqueles que delatam sob tortura sabem que venderam a alma para manter o corpo. eram melhor ter morrido, ter perdido o corpo para manter a alma.
Por outro lado nesse rol de negociações que a Europa fez com a Turquia, esqueceu-se que tem um diferendo com a Turquia em Chipre, porque a Europa apesar do Sr Schauble achar que pode haver Europa sem Grécia, não pode, e Chipre é grega, apesar da Turquia a ter invadido. Há valores que não se pode negociar seja por que razão for!
A Grécia foi exposta até o caroço. E o que é a Grécia? A Grécia é a democracia, a cultura, a filosofia, nossa herança civilizacional. Nunca devia ter sido exposta a isto, a essa humilhação, foi demais! O governo deixou de ser para ser reeleito, O Sr Tsipras foi espremido mais que uma laranja da qual se tira o sumo. Os gregos resistiram, mas a Europa esmagou-os retirando-lhe tudo ou quase tudo, talvez até a esperança. Dirão alguns que os 'hair-cuts' como dizem dos perdões de divida, demonstram uma solidariedade, e um apoio europeu. Para mal comparar é como o médico que dá aspirinas a um doente que necessita de cirurgia para remoção de seu tumor que o está matando, destarte demonstrando sua solidariedade ao doente.
Portugal foi esfolado até sangrar, impiedosamente, por ter atendido às recomendações européias e ter posto milhares de milhões na banca para evitar que ela falisse, a receita europeia, que funcionou para os grandes, mas para uma pequena e frágil economia como a portuguesa foi seu esfacelamento.
A Irlanda teve uma convulsão da qual deverá necessitar muitas décadas para recuperar como os demais. Itália está a beira de uma crise como a dos países mais a Sul. A Grã-Bretanha pulou fora.
O peso da Alemanha bloqueia cada vez mais uma Europa autônoma. O ano de 2017 será todo passado a esperar pelas eleições alemãs, porque a Europa é um arremedo de uma União, é algo como um aglomerado, um ajuntamento de países, nesse momento a caminho do nada, posto que a Comissão não tem propósitos claros e o parlamento não tem poder efetivo. Os países se irão cada vez mais perguntar. Europa pra que?
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A estupidez generalizada: A Europa vai diminuir a produção de leite para fazer o preço subir, uma pseudo solução, uma dupla machadada.
Tanta gente no mundo passa fome, e há leite barato, é só fazê-lo ir ter onde é preciso. Por toda África aqui pertinho faltam milhões de litros todos pos dias. Nos países andinos também. Um pouco por toda parte, no oriente e por ocidente, a quem precise leite barato. Nos próprios países onde é produzido há gente que o necessita barato.
A solução era compra-lo todo a um preço satisfatório,continuar a pô-lo barato em seus mercados, e levar com um preço possível, à todos os lugares onde falta num mundo que sente fome.
Dimiuir a produção e aumentar o preço é o cúmulo da estupidez, solução de gente que não sabe administrar, que é só o que se vê. Não sabem fazer um projeto que não dê lucro, evidentemente só poderia ser um projeto público, que DÊ SUSTENTABILIDADE aos produtores, e dê oportunidade a todos os consumidores, isso não sabem fazer. >>Publicado no face em 15/3/2016.