sexta-feira, 30 de junho de 2017

Está na hora de mover os sobreiros. . .






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Da muito antiga convivência com o fogo nasceu essa maravilha protetora a que chamamos cortiça, curtida capa defensiva, corcha resistente às chamas, solução da natureza a esse velho convívio, que se refaz por ser necessidade absoluta da árvore.

A mancha florestal dos sobreiros, única em Portugal, estende-se bem para lá de Lisboa, e com a mudança da inclinação do eixo da Terra deverá passar bem de Coimbra, como já o foi em outros tempos. Esse trabalho deve começar já. Explico porque:

1. Os sobreiros necessitam de solos com um grau de umidade que se irá perder no Alentejo.
2. Pois o Sahara, atravessando o Mediterrâneo, virá bater às portas de Lisboa.
3. Todo o Alentejo deixará de ter as características propícias aos sobreiros.
4. Será o fim do montado, o fim do sobral alentejano.

Se desejarmos manter essa riqueza, esse modo de vida que dá a rica cortiça e porcos gordos e saborosos, teremos de o mover para solos que tenham a umidade mister a sua manutenção, caminhando para norte, única solução possível.

Como os chaparros demoram em média vinte e cinco anos para começarem a ser produtivos, e necessitam de largos espaços, gigantes que são, em altitudes inferiores aos trezentos metros, e superiores aos cem, devemos ter em atenção que as terras adequadas ao norte do Tejo não são tantas quanto as do Alentejo, necessitando portanto de tempo e planejamento para a introdução das árvores, e darmos ainda mais dezoito anos, nove à desboia e mais nove até começar a ser produtiva. Se não quisermos queda na produção nacional, única no mundo, que tem necessidade universal de seu produto, devemos já começar a tratar de mover o sobral para norte, nos locais onde seja possível planta-los, onde as condições o permitam, onde a orografia os aceite, e onde as populações contribuam para essa epopeia que será alterar todo um modo de vida com a introdução do montado. Ao mesmo tempo que teremos de  transplantar ou suprimir outras espécies para dar lugar a azinheiras e sobreiros, modificar terrenos, criar condições diversas, muito trabalho nos espera. Iremos ter de 'alentejanizar' o terço central do país em substituição ao terço sul  que se irá desertificar.

As grandes mudanças que lentamente se vão dando com a alteração da inclinação do eixo da Terra,  impõem que com a antecipação necessária tomem-se medidas para supera-las e ultrapassa-las na manutenção desse modelo sócio-econômico-ecológico do montado que responde por 5% do PIB português.

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