quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Perdidos sem rumo n'As rotas da escravatura- RTP1.






A RTP produziu conjuntamente com uma produtora francesa, constituindo portanto uma co-produção franco-portuguesa uma série, que, conforme o jornal Público, se constitui de quatro episódios, com muito boa apresentação, intitulada As Rotas da Escravatura (Les Routes d'Esclavage) cujo segundo episódio foi ao ar nessa meia-noite de 21 próximo passado,  e que mete medo acreditar nas informações que presta, nas notícias que dá, na tese que defende. Visto este segundo episódio eivado de erros diz enormidades.

Pela notícia do Público ficamos a saber que a série levou cinco anos a fazer, com a colaboração de 40 especialistas, tendo na produção Daniel Cattier, Juan Gélas e Fanny Glissant,  com a consultoria da Dra. Catherine Coquay-Vidrovitch, professora emérita da Sorbonne, tendo neste episódio a colaboração da Dra. Isabel Castro Henriques da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,
do Dr. Izequiel  Batista de Sousa da Universidade de Reunião, da Dra. Filipa Ribeiro da Silva do Instituto Internacional da História Social, tendo já a série DVDs lançados em França, plataforma na internet, e pavor a quem entender um pouquinho de História, porque certamente ficará com medo das enormidades (repito) lá patentes.

O Sr. Prof. Dr. António de Almeida Mendes, professor e pesquisador na Universidade de Nantes, cidade que é capital de departamento em França, nos quer convencer que os portugueses "de arma em punho"foram capturar escravos na costa do Senegal, e que assim começou o tráfico negreiro, o início da escravatura não se passou desta maneira. Porém aqui teríamos uma discussão académica passível de controvérsia, apesar de estar errado o que afirma o Prof. Mendes, menosprezando assim a verdade histórica de que haviam muitos escravos em África, e que os portugueses os compraram, e que irão também, e aí exatamente onde se refere o professor António Mendes, os apanhar nas populações pesqueiras junta a costa. Entretanto esse senhor já havia afirmado que D. Henriques o Navegador, era o príncipe herdeiro de Portugal. Quem afirma tamanha sandice não tem condições para dizer mais nada. Eu poderia continuar dissecando o documentário, mas não é o intuito dessa crônica, que visa tão somente alertar para os perigos da informação. A cultura é para quem a tem, e só deve abrir a boca quem sabe o que vai dizer. Porém esses senhores professores-doutores não estão sozinhos, ao contrário, estão muito bem acompanhados. Minha frequência às Academias tem me obrigado a ouvir cada coisa, que, para não me inimizar com tudo e com todos, aguardo terminar a prelecção, e envolvido numa pergunta polida e educada corrijo o erro do palestrante. Porém sempre toda a tese estará comprometida por iniciar em erros primários. Quem não sabe o básico, que autoridade terá para propor uma tese? Entretanto uma série que vai para o ar com tanta gente responsável, com quarenta consultores, dói.

Vou vos contar só mais uma do mesmo episódio para mostrar que a série não teve revisão digna desse nome. Para não parecer que sou um implicante, não sou. O documentário apresenta mesmo ideias tortas, vamos então ao primeiro comentário da Dra. Isabel Castro Henriques que nos informa que em Lisboa havia uma Mouraria para os mouros, uma Judiaria para os judeus (extraordinário) e "faltava" uma Pretaria par os negros. Devo informar que não faltava coisa alguma! Está registado em muitos documentos a existência de uma pretaria em Lisboa, que é exatamente o bairro do Mocambo a que se refere a ilustre Dra. Isabel Castro Henriques, que esqueceu-se de recorrer a um dicionário para ficar a saber que a palavra mocambo quer exatamente significar local dos escravos negros, portanto, apesar de ter trocado o designativo original, existia uma pretaria, que assim se chamou por bom tempo, e que depois se chamava Mocambo, nome que perdura, e, mais importante, deveria ter referenciado que  este bairro, diferentemente da mouraria e da judiaria, tinha uma população flutuante e muito inconstante, pelo fato de grande parte dos negros estarem afetos ao serviço doméstico, como não  eram livres, passando grande parte, ou a totalidade de suas vidas nas casas de seus senhores. E por aí vai! É assim que se destrói uma série que, a ser credível, discutiria assunto de especial relevância, sobre o qual falta muita luz. 


** No episódio de 29/1 a tradução (?) confunde engenho com refinaria. Ao que se referem são engenhos, que fabricam o açúcar, a refinaria só vem muito depois, quando o açúcar vai tornar-se branco.



segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

B FOR BREXIT.










Altero a cabeça dessa crônica de 21/1  para contrapor essas objeções do David Leonard no NY Times em 14/2 (ambos em 2018) :

"But I also don’t like ignoring the results of a national referendum. If I got to choose, Parliament would hold a separate vote on each of the three major options, including hard Brexit. If none came close to a majority, the British people would vote again, on two separate questions — whether to leave the European Union and, if Brexit wins again, how to do so."

Ou seja exatamente como qualquer pessoa normal (exclui-se Theresa May entre estas) há uma clara hipótese de respeitar-se o referendum realizado, mas voltar a fazê-lo para que seja mais explicativo com essas duas perguntas ao povo britânico: 1. Se querem mesmo o Brexit, 
e 2. Se assim é como devemos fazê-lo?


May be B for beyond.



Ou seja não há plano B.  Há a estupidez pegada da Sra. May, as inconveniências de pontos diversos do plano negociado, gerar uma fragmentação dentro da Grã-Bretanha, o que não pode haver, e haver um enorme desejo dos ingleses em desfazerem a bobagem que  fizeram, mal informados, e com enorme ação (Russa?) em propaganda enganosa (Fake news) que levou por uma margem mínima  aos ingleses fazerem a escolha errada que fizeram. Única saída é um segundo referendo, e os ingleses a votar massivamente para ficar.





Mas  a defunta Sra. May, para se manter no poder, agarra-se ao impossível, e quer impor, como plano B, o plano A, ou então será o hard-Brexit, a saída sem nenhum acordo, o que, evidentemente, não pode haver. É tudo falso e casmurrice dessa mente torta da Sra. May. Há mais e melhores caminhos. O acordo que ela conseguiu não serve, e o hard-Brexit muito menos, logo...

E, em meio a tudo isso, o caos.

O fato é que a Inglaterra, assim como toda Europa, vive uma crise de liderança, e vão aparecendo por aí esses desmesurados, pra não dizer imbecis, por toda parte, mas no parlamento britânico, certamente não há espaço para desencaixados desses.

Recomendo aqui a re-leitura do artigo THE BRITISH VOICES. A Inglaterra não sairá. Cujo link abaixo muito provavelmente não funcionará, mas não há problema, ponham no motor de busca aqui do blog o título, basta a parte em inglês, que ele logo aparece.

https://hdocoutto.blogspot.com/2018/08/the-british-voices-inglaterra-nao-saira.html

Boa leitura.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Brasil vai mergulhar no far-west.

Toda a estupidez à solta.




Bolsonaro Wants to Plunder the Amazon. Don’t Let Him.
By LEILA SALAZAR-LÓPEZ
The Brazilian president’s pro-business agenda will be a test of American companies’ commitment to the environment.
The New York Times 30/1/2019.












segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Pessoa censurado: Qualquer censura é inaceitável.





A Porto editora censurou um texto de  Fernando Pessoa, a palavra em questão que motivou a censura é masturbar  que aparece no poema Ode triunfal de Álvaro de Campos onde três versos foram suprimidos. São eles: "Cujos filhos roubam às portas das mercearias
                                     E cujas filha aos oito anos - e eu acho isso belo e amo-o! -
                                     Masturbam homens de aspecto decente nos vãos de escada"
Referindo-se "a gente ordinária e suja" "para quem nenhuma religião foi feita" (os excluídos) nessa maravilhosa "Ode triunfal" que clama e conclama as banalidades da vida numa cidade, e que  com isso denuncia todos e todas as misérias que por aí se apresentam, porque a suprema injustiça é que hajam excluídos, seja porque motivo for, todos os que não foram convidados à festa, que, por alguma razão insólita, não têm voz para representarem presença, e que serão sempre ausência e exclusão. E nós que somos "triturados por um motor" "atirados dentro da fornalha" apesar de o mar ser sempre "misericordiosamente o mesmo" não o é para todos, expressando o desejo inconfessado de todos os que o possam desejar: "Ah, como eu desejaria ser o chulo disto tudo!" desse mundo rico e proveitoso, que revelando sua inutilidade e seu proveito para uns quantos, para por fim redimensionar a grandeza relativa das coisas nesse parênteses que tudo resume e realiza: (Na nora do quintal de minha casa
                                                                                O burro anda à roda, anda à roda,
                                                                                E o mistério do mundo é do tamanho disto.
                                                                                Limpa o suor com o braço, trabalhador descontente.
                                                                                A luz do sol abafa o silêncio das esferas
                                                                                E havemos todos de morrer,
                                                                                Ó pinheirais sombrios ao crepúsculo,
                                                                                Pinheirais onde a minha infância era outra coisa
                                                                                Do que eu sou hoje...)

Porque nosso condicionalismo prende-se à nossa suposta importância exterior, avaliada por fatores fúteis e compromissados, desconsiderando todo e qualquer valor ou referência espiritual, baseando-se só em cálculos materiais mensuráveis, desprezando tudo o mais.     

Assim é o ato de censurar que também prende-se a condicionalismos de uma suposta importância, e mais grave ainda porque não mensurado, e muito mais agravado ainda porque resulta de pura presunção, e nesse pressuposto acham que deva ser excluído, deve ser restringido, condenando o que talvez não deva ser condenável, repreendendo o que talvez possa não ser repreensível, criticando o que não é criticável,. Poder que nasce de si mesmo e a si próprio basta, direito a que se arvoram uns quantos por presunção de o possuir. Assim podendo mutilar, podar, subtrair, e mais que tudo trair a verdade do texto, a integralidade das ideias e sentimentos do autor. Constituindo a censura sim, de fato, crime imperdoável, adulteração execrável, mentira condenável, porque engana, foge, falseia omite. A censura é a face mais criminosa do preconceito levada a ação, comportamento inaceitável porque criminaliza, prejulga, condena, e executa a pena para além da consideração de qualquer dúvida razoável.                             


PERFUME FASCISTA.





Sentimos um cheiro diferente no ar. Na repetição dos ciclos das tendências que ocorrem alternadamente, percebemos que chegou a má hora da orientação se extremar à direita por toda parte, mostrando com maior ou menor clareza a que vem. Várias são as orientações de plantão, travestidas de partidos.  Revelando logo suas intenções, assumindo pronto suas posições, ou só as insinuando, na maioria das vezes com os inocentes úteis a lhes servirem de vanguarda, de força expedicionária para abrir caminhos a instalação dessas situações que a pouco e pouco se vão revelando. Percebe-se um odor nazi a levantar-se, porque essas ideias que existem sempre por aí guardadas, escusaram de se manifestar por bom tempo, intimidadas pelo horror em que redundaram quando tiveram o poder de serem postas em prática.

Como sempre vicejaram ocultas, nas sombras, esperando um momento de insatisfação mais forte para se proporem como solução, levando suas maldosas propostas a estimular o lado negro do ser humano com um manifesto astucioso, e uma falsa imagem de solução abrangente, trazendo essa propensão humana transposta em força política, convocando os sentimentos mais egoístas, mais discriminatórios e mais tendenciosos que existem em todos nós, que só a filosofia, a fé, a solidariedade fraterna, e a manifestação do divino podem coibir, e que agora se levantam porque a política deu espaço as agruras provocadas pela incoercibilidade da voracidade econômica, que nesse princípio de milênio se manifestou em duas crises sucessivas (sub-prime e dívidas soberanas) ferindo milhares de milhões pelo mundo fora, e oprimindo muitos milhões excluídos ou excluindo-os, roubando-lhes a moradia, o emprego, a saúde e o direito a ela, a educação, ao descanso ou férias, empurrando outros tantos milhões para  a miséria, ou para uma franja miserável muito próxima dela, os deslocalizando, os fazendo emigrar, revelando, mostrando, trazendo para o dia-a-dia a instabilidade a que estamos sujeitos, evidenciando o que a ganância de alguns pode ocasionar, sem que haja nenhuma defesa, nenhuma ordem, nenhuma política, nenhuma justiça digna desse nome que nos proteja, portanto tendo a política falhado em toda a sua extensão e razão de existência, fragilizando a democracia, e nem depois de verem os resultados catastróficos, tiveram a coragem de impor as leis que pudessem defender o cidadão comum da  sanha voraz, devoradora e sem rosto a que chamamos mercado, NÃO HAVENDO UM POLÍTICO QUE TENHA TIDO O BOM SENSO DE REGULAR OS MERCADOS EM SEU PAÍS, ainda que muitos prometessem o fazer.

Nessa situação abriu-se espaço para que as falsas soluções políticas se extremassem, que mentiras passassem a ser tidas como verdades, que diversos elementos fossem apontados como alvos a abater >> os imigrantes e refugiados, como sendo os responsáveis pelo desemprego e pela corrupção social  >> os empresários como fonte dos baixos salários, da má distribuição da riqueza e perversão social  >> até os próprios políticos moderados, fossem culpados pela ineficiência do Estado e miséria social que se manifestou depois da crise por seus efeitos de escassez de recursos que pudesse atender a demanda crescente. Com isso as ditas ideologias extremas voltaram a se apresentar como solução. Mas não são ideologias, pois não têm cabeça, tronco e membros, são ideias avulsas, que juntas colam bem, e dão o falso aspecto de um corpo ordenado, ideológico, de soluções para os problemas das sociedades modernas.  pois com a evolução social em todos os tempos surgem problemas novos que devem ser combatidos e solucionados prontamente, exigindo políticas e políticos eficientes. Políticos que imponham lei e normas regulatórias, que não deixem os mercados à solta. Quando estes falham (na crise e no pós crise de 2008 falharam fragorosamente) abrem espaço a todo tipo de populismos. É o que se passa hoje, por isso esse forte odor  autoritário por toda parte, onde soluções de força são propostas como o bom caminho, onde a exclusão é feita como algo positivo, onde as armas e o uso indiscriminado delas volta a ser proposto, onde a homossexualidade volta a ser encarada como doença, onde ações culturais são proibidas por serem incômodas ao denunciarem ações do regime, onde uns quantos são apontados no corpo da sociedade, com a conivência ou o silêncio da maioria que acabará também por ser apontada, numa sucessão de culpas que nada resolvem, mas criam bodes, vítimas, para expiar os problemas que nos afetam a todos.

A culpa é toda da má prática da política democrática pró-cidadã, que deveria visar proteger aos mais fracos, não conseguindo realizar seus objetivos abre espaços a propostas pseudo-políticas, ou antidemocráticas, que trazem o autoritarismo, a voga da ditadura, a ousadia de incriminar inocentes para dar azo às mais odiosas sensibilidades, aos mais execráveis sentimentos, trazendo tudo isso de novo ao cenário da prática política, e exalando esse forte odor nazista, esse perfume fascista que inebria os mau formados, envolve os menos avisados, concita multidões, vale-se de inumeráveis inocentes úteis, fascinados com a expectativa de uma solução aos problemas emergentes, aos quais a política como se conseguiu estabelecer democraticamente não atende prontamente, ou com a presteza desejada, convocando soluções de outras pseudo-políticas autoritárias, que vêm oferecer outros caminhos tortuosos como solução, caminhos que já foram ilusoriamente trilhados no passado, mas que são e serão sempre contraponto ao longo e lento caminho da democracia.

E felizmente há reação.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

António Peças dá-me engulhos.




Asqueroso, abjeto, sem caráter, insensível, egocêntrico, mete-me nojo.

Há tanta gente com dedicação, empenho, gente irrepreensível mesmo. Por exemplo a Dra. Maria da Glória Amaral Bairras, não falta nunca ao trabalho, doente, de rastros, comparece, se empenha com muitas horas extras todos os dias, tão somente por seu senso de responsabilidade, com isso não goza do descanso que lhe é merecido, abre mão de muita diversão que deveria fruir, tudo por seu senso altíssimo dos encargos que abraçou. E essa Senhora é Conservadora do Registo. Sua responsabilidade é manter os serviços em dia, não atrasar o atendimento às necessidades dos utentes que buscam a proteção de um Registo Predial, e não falha. Quantos e quantos funcionários a todos os níveis cumprem com empenho e zelo suas funções. Estão em toda parte, a Dra. Maria da Glória é um exemplo que cito por conhecer de perto. Outro exemplo que parece notório, e este na área da medicina é o do Dr. Francisco Jorge, que transpira excelência e dedicação, que sempre que necessário lá estava ele a tranquilizar o público com as medidas tomadas em casos diversos, inclusive epidêmicos, sem descansar, um médico admirável, que continua seu percurso de serviço público, reformado dos serviços, mas não da sua função de médico a servir o país, agora na Cruz Vermelha Portuguesa. E esta atitude não é ocasional, é de todos e cada dia, lá estão a cumprir seu trabalho. Não posso deixar de lembrar a tripulação abnegada do helicóptero que sofreu acidente vitimando todos os tripulantes, que, apesar das condições adversas e não recomendáveis a voar, saíram para levar um doente ao hospital, gente admirável que não hesita um segundo em prestar auxílio, sem em que âmbito for cumprindo com suas responsabilidades no ativo em que se encontrem.

Porém quando a função e a ação do funcionário implica o risco para vidas humanas, então essa responsabilidade e este empenho atingem níveis altíssimos. Eu não posso conceber que uma criatura biltre e egoísta, possa ter a responsabilidades sobre vidas humanas, pondo-se a discutir o auxílio que lhe foi ordenado prestar. A recusar reiteradamente sair com o helicóptero, e transportar enfermos cujo transporte aéreo é recomendado, porque tem preguiça, porque acredita que o doente irá morrer, então, fazendo-se de Deus para concluir: pra que tentar salva-lo? Ou porque nesse dia quer ir à praça de touros, de onde nunca deveria ter saído, de sua condição de forcado para pôr em risco vidas humanas. Este senhor não é médico! No sentido do muito de abnegação e empenho que essa profissão requer. Eu pertenço a uma família de médicos, e conheço bem o sentimento que impera em quem se dedica a este ofício, e o Sr. António Peças, positivamente escolheu a profissão errada, lucrativa talvez, sobretudo para quem consegue estabelecer esquemas para estar em dois lugares ao mesmo tempo, ganhando a dobrar, mas essa criatura sem caráter nunca deveria ter escolhido fazer o curso de medicina.

Eu que conheço tanta gente dedicada, empenhada, nas mais diversas funções, gente que tenta cumprir e desempenhar-se com a mais absoluta eficiência, quase sempre prejudicando sua vida particular, mas nunca se furtando a cumprir bem as obrigações às quais está conectado, gente exemplar, e são imensa maioria, sobretudo entre os médicos. Umas "Peças" dessas são felizmente excessão, e revolta ouvir as gravações, as escusas, a aversão com sua atitude insistentemente refratária, mete nojo que exista sequer uma coisa dessas atuando como médico, indigno que é de possuir o título, e de exercer.

Recomendo também a leitura da crônica Critérios, que mostra o sentimento de opção pessoal daqueles que fizeram a escola de servir, e não de se servir no trabalho que desempenham.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Dias de FEL no MEL - Manuela Ferreira Leite, Carlos Carreras, meu voto, e meu veto.



                                        FEL - Como é empregado em sentido figurado.
                                        MEL - Movimento Europa e Liberdade.


Estou numa posição muito confortável para defender a Dra. Manuela Ferreira Leite, porque até a mão neguei a essa senhora, nada tenho que me possa vincular a essa dama, nem sequer um aperto de mão.

Dra. Ferreira Leite diz que prefere ver o PSD mais pequeno que vê-lo "de Direita". Isto nos leva a uma conversa minha com o Presidente da Câmara, Carlos Carreras, em sua re-eleição, que como eu afirmava que ele era e é merecedor de meu voto, porque tem feito excelente presidência em Cascais, onde vivo, e que o obstáculo para eu materialização-lo, era ele pertencer a um partido de direita, como houve essa conversa algumas vezes, e o Carreras sempre insiste que o PSD não é de direita, o que eu contesto, ficou no ar, para minha reflexão, as acertavas do presidente Carreras. Porém agora, refletindo as razões que levam o Carreras, como a Dra. Ferreira Leite, líderes do mais alto grau desse partido, não aceitarem o rótulo de direita, é o relevo, a importância, o respeito que têm a causa Social Democrata que abraçaram, e que lhes repugna as ideias, hoje tão em voga, da direita sem causas sociais, e memo com tendência pra menos, ou mesmo nenhuma democracia, experimentamos esses senhores em ação na sua última governação, vimos o que fizeram com  o país, e vimos como as figuras verdadeiramente sociais-democratas se afastaram dessa  gente que efetivamente lançou o PSD na direita, e numa direita extremada, onde permanece, apesar de todos os esforços de seu atual presidente. E o desgaste que isso tem criado, o homem nem completou um ano no cargo e parecem dez. E próceres como a Dra. Ferreira Leite e o Dr.  Pacheco Pereira, afastaram-se do partido e do poder que os anteriores detinham então, o que só lhes ficou bem. Realmente não é muito compreensível uma conversa mais próxima entre esses dois que citei, e por exemplo o Sr. Relvas, vinhos de pipas muito distintas, e com ideias da ação política muito diferenciadas, como mesmo quem não tiver muito conhecimento político pode observar e constatar facilmente.

Agora que uma figura que diz não precisar de licenças no PSD para disputar qualquer cargo no partido, o ex-deputado Luís Montenegro, que presidiu a bancada parlamentar desse partido por longo período, contrapõe-se a Dra. Manuela Ferreira Leite considerando essas suas afirmações "gravíssimas e descabidas". Ora, ora, para ele o são porque sua argumentação de poder é ter um grande partido, não importa com que rótulos, o que é a meu ver abjeto, e por isso venho defender a Dra. Ferreira Leite, coisa que nunca pensei fazer em dias de minha vida, mas como tudo anda por aí invertido, tive de ser eu, de esquerda, vir defender essa dama com a qual não concordo, a quem até neguei um aperto de mão, porque apesar de ser contra suas ideias, não posso deixar de lhe reconhecer idealismo, sobretudo quando as serpentes que rondam só têm ambição de poder com ideias que os possa conduzir a isto. Muita gentios vê todos como gatos do mesmo saco, prefiro olhar mais atentamente.

E o que é este MEL se não um grupo de pressão para estarem nas listas do PSD para as próximas eleições? O que propõe essa gente que não seja a velha retórica da extrema direita que se viu tão bem representada quando a serpente que ronda era primeiro ministro? Que ninguém se engane, o Dr. Rui Rio sobre quem escrevi a crônica intitulada Dr. Rui Rio, que assim seja. (Quem quiser ler é só pôr no motor de buscas lá em cima.) Onde afirmo que o caminho longo e fidedigno que propõe o Dr. Rui se encontra em pleno confronto com esses que tiveram o poder e se re-elegeram como os mais votados nas eleições seguintes, as últimas parlamentares, mas que um acordo de esquerda os apeou do poder, abrindo novas perspectivas, mas que a serpente em sua ronda está só a espera para dar o bote, e para o que, a renovação das candidaturas dos deputados, com fiéis de Rui Rio que se elegerão, não interessa, pois o afasta do poder. Querem o Dr. Rio só como um ocupante de meio termo, alguém para manter o lugar até a volta da serpente. É evidente o confronto interno, do qual o Dr. Santana Lopes logo se excluiu, procurando nova aliança para os caminhos do poder. Está declarado, o ex-deputado Luís Montenegro não sabe como agrupar hostes em torno de sua pessoa, formando uma quarta corrente pessedista, das que existem diretamente ou dele advinda, que está imobilizada, mantendo o fogo aceso com declarações extemporâneas e um aparição semanal na tv.    

Com maior ou menor hipocrisia, com mais ou menos presença esquizóide nas afirmações e atitudes, está lá a mesma salada de sempre, a salada que é o PSD, só que agora mais vincada, porque não têm uma figura, execranda figura, como foi o ex- presidente Cavaco Silva, que em sua gênese e manifestação, que sabia aquecer o coração desta direita execrável, abjeta, dando ao mesmo tempo espaço a essa social democracia que, tudo junto, o ajudava a ganhar eleições e conseguir maiorias, numa posição intermédia e oblíqua que se manteve por décadas. É isso o PSD. Sempre foi, o que o Dr. Rui Rio sonha, não existe. E penso que não lhes darão espaço para que possa alguma vez existir. Ainda que sem o meu voto, na expectativa de que o Dr. Rio possa alcançar uma nova forma de fazer política, mas que sempre poderão contar com meu veto para que a serpente volte.