O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
quinta-feira, 30 de abril de 2020
O escolhido e a escolha.
The chosen one, é como se diz em inglês para designar àqueles que por alguma razão transcendental são colocados numa situação especial que lhes cabe, sem que saibam, ou que saibamos porque, lhes cabe essa missão, esta tarefa especial.
Portugal estava destroçado, preparando-se para não sei mais quantos anos de austeridade, essa palavra eufemística que quer dizer o que não diz, quando surge um homem com um plano macro-económico, que traz as soluções necessárias e recupera suas destroçadas finanças. Na sequência este homem é reconhecido internacionalmente, sendo eleito presidente do Euro-grupo.
O Dr. Centeno agora está novamente no olho do furacão, terá de usar todas as suas capacidades para conceber um plano macro-económico que possa fazer o impossível, repor nos trilhos economias em meio ao medo e ao desespero geral, porque a crise que esse micróbio gerou é uma coisa inusitada, desconhecida, inédita, e, como tudo que é desconhecido infunde terror, e não havendo exemplos em que nos possamos apoiar, não existe study case que possa fornecer elementos para dar ideia de como devamos agir. Porque o Dr. Centeno? E porque lhe atribuo essa missão?
Bem as razões transcendentais que me levam a crer isso, comigo ficam, mas as características do Dr. Centeno apontam para uma escolha das energias que regem o mundo, ou uma razão que nos ultrapassa, por isso o título da crónica. Estarei errado? Quem viver verá. Se estiver equivocado na pessoa, não estarei quanto ao que se irá passar.
O fato é que alguém terá de conceber um plano que permita, por vias incertas, mais que retomarmos os rumos do desenvolvimento económico, o único que conhece o planeta desde que os mercados se formaram, e isso é história, não é bom nem mau, o que requer crescimento constante para não morrer, aliás esse propósito é mais que estimulado, é imposto pelo crescimento populacional (mais gente para dividir o mesmo bolo, o que obriga a uma única solução, fazer crescer o bolo) com a necessária geração de postos de trabalho, para que essa gente toda possa existir, o que estimula a fantasia do dinheiro, uma fantasia vestida de fantasia, na qual se crê que os valores económicos são infindáveis, grande equívoco, ou seja fantasia, se preferirem, porque o dinheiro cria essa falsa impressão de normalidade, que em sua origem, quando era moeda feita de matéria nobre e escassa, realmente existia por ser limitada, mas que perdeu-se ao transformar-se em papel impresso, primeiro com, depois sem lastro ouro, e ainda depois sem limites e sem vergonha, sendo impresso aos borbotões.
O que vai ficar no cenário planetário quando o virus for posto no seu lugar? (Que é o desígnio da Humanidade, pôr tudo no lugar de algo, para que sempre o possamos controlar, essa tem sido a ação do homem) Porém o rastro de destruição que ficará não tem nada que se possa comparar na história, exceto os anos após a gripe espanhola, 1918/1919, que matou cerca de cem milhões de pessoas, talvez o dobro. Ou a peste negra, que terá matado igualmente cem a duzentos milhões, por volta da metade do XIV, o que era proporcionalmente muito mais, porque a população mundial rondava os quatrocentos milhões no XIV e em 1916 era apenas quase cinco vezes mais, e teve mais de um quarto da população infectada, logo, com o mesmo número de mortos, a espanhola terá matado, então, algo como dez porcento da população do planeta, a peste negra terá matado quase metade. Todavia a principal diferença entre o começo do XX e a metade do XIV, é o mercado, antes haviam os ferreiros, o alfaiates, os remendões, no XX, como hoje, há a industria metalúrgica e as confecções, e a indústria têxtil. A nossa fabulosa capacidade de nos reproduzir teve e tem essa extraordinária característica de defender a espécie, ao mesmo tempo que a ameaça, cria grandes estruturas, como cria grande destruição, e, porque vivemos num ambiente finito, que, como tal, tem de ter limites para tudo que viva nele, sendo que, com o grande número de gente que há, corremos sério perigo (mas isso é outro assunto). E hoje a pandemia será muito menos mortífera por inúmeras razões que vão desde a difusão da informação até aos avanços da medicina e da farmácia que ocorreram depois (como a penicilina que é de 1928) passando pela brutal evolução na higiene e saúde.
Então fui pesquisar o que se passou em 1920, há cem anos, pós pandemia da gripe, único elemento de comparação possível, e o que apareceu, foi que após a pneumónica, foi como se tudo tivesse começado novamente, tal o nível de destruição e desarranjo económico que se evrificou.
Como já vimos, as autoridades europeias não têm empenhamento para enfrentar esse enorme problema em conjunto. Como sabemos o problema tendo afetado a todos, carece de resposta geral, global, como não há nenhum organismo a nível mundial que interfira na economia ativa, só a nível europeu há um organismo com esse propósito, ainda que vago, e esse é o Euro-grupo. Por isso entendo que caberá, 'sobrou', para o Dr. Centeno, tornando-o o escolhido. Por agora a dimensão da repercussão económica da pandemia é desconhecida, e, diferentemente dos EUA, onde muitos milhões foram logo para o desemprego, na Europa o lay-off, e outras medidas tentam retardar a ação direta da crise virótica sobre a economia. A China teve e tem, como sabemos, outros poderes para impedir o pesado fardo económico sobre seu gigante parque industrial e seus trabalhadores. Então caberá a Europa dar o exemplo no mundo ocidental. E qual deverá ser esse exemplo? Terá de ser uma solução que reconquiste a dinâmica económica de todos com todos, e com todos em simultâneo. O que obrigará a um profundo conhecimento das diversas chaves, dos diversos botões a mexer para ajustar todos os agentes económicos como um todo, para que a máquina volte a funcionar sem saltar dos trilhos, e sem ficar emperrada em nenhum trecho. É muito complicado, porque é inédito, e porque a razão da lesão é de natureza muito mais profunda que as que se tenha sofrido por qualquer agente conhecido até então, desde as desgraças financeiras que repetidamente se abatem sobre a economia, até às guerras, onde, entretanto, as economias não pararam, estavam voltadas para outras produções (as da economia de guerra) mas persistiam ativas. E com o fim do evento, todos estavam anciosos por voltar às suas vidas, hoje estão receosos. Agora, ajustar todas as variantes da economia, ainda sujeitas às restrições das medidas de saúde, e equilibrar todas as inúmeras ações necessárias a pôr em andamento todo o bloco, sem desequilibrá-lo e sem criar distorções insanáveis, será uma tarefa ingente.
Essa ideia de Plano Marshal de que se falou, está ligada a expectativa (vã esperança) de que alguma nação virá emprestar dinheiro e salvar os mercados arruinados, como estão todos, e a austeridade e as contenções orçamentárias são os únicos remédios conhecidos, que terão de ser aplicados na falta de outra melhor medicina. Remédios que, sem outras medidas paralelas, decretariam um longo período negro na história da economia europeia, portanto tem de haver um plano de estímulo e motivação das forças vivas da economia, para que possam encontrar outros e novos caminhos.
Caberá ao escolhido gizar e estabelecer um plano de recomeço económico baseado em três premissas básicas, 1ª- Aceitar as modificações e o novo normal, incorporando-as na economia que deve daí renascer, 2ª- evitar que a recuperação económica evolua para uma crise, como aconteceu em 1929, e 3ª- Convencer a UE que entramos num tempo de oportunidades, e que, portanto, tem de pôr-se a altura desse tempo, usando todo seu potencial, em ciência, pesquisa, capacidades instaladas, poder económico, e geo-estratégia, para sair mais forte da crise pandémica, e estar precavida para outra semelhante, bem como encontrando soluções conjuntas, a começar por uma receita comum provinda de impostos sobre atividades não taxadas.
Tomando a perspectiva histórica de que a recuperação económica após as crises, traz Justiça Social, como mostra Walter Scheidel no seu "The Great Leveler" verificando que as desigualdades económicas decrescem após cada crise, e monstrando que os avanços sociais, com seus direitos conquistados, tendo imediato impacto na economia, são resultantes das medidas que foram tomadas como respostas às crises, demostrando a grande oportunidade que elas são, e as grandes alterações que geram, estará na hora do Dr. Mário Centeno valer-se dessa oportunidade histórica única, que lhe é dada, para definitivamente demonstrar suas capacidade e seu valor, com medidas de grande alcance que promovam a entrada num mais justo novo tempo de bonança.
quarta-feira, 22 de abril de 2020
O milagre português.
O líder da oposição espanhola, Pablo Casado, do Partido Popular, questionou hoje o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, como era possível Portugal, mesmo ao lado, ter apenas 700 vítimas mortais enquanto Espanha já passou dos 20 mil mortos devido ao novo coronavírus."Como é possível que Portugal tenha tido [apenas] 700 vítimas mortais e nós mais de 20.000, se partilhamos uma fronteira comum?", perguntou Casado a Sánchez durante o debate no parlamento sobre a prorrogação do estado de emergência em Espanha.
Como diria o Professor Marcelo, o milagre é Portugal!
Partilhamos uma fronteira comum, mas Portugal não é Espanha. De fato há uma forma, um modo, uma essência lusitana que faz toda a diferença.
O que motivou-me escrever esta crónica foi essa pergunta da oposição espanhola, pela boca do deputado Pablo Casado do PP espanhol: "Como é possível Portugal ter 700 mortos e nós mais de 20.000"?
E de pronto a quem gosta de História vem à mente: Essa questão deve ter sido a mesma, ou quase, que terá feito D. João I de Castela, após Aljubarrota, há mais de seis séculos.
Também poderá ter sido igualzinho a que antes disso se fez Ibne Iúçufe após Ourique, ou D. Tareja a Peres de Trava após São Mamede, ou posteriormente Felipe IV e Carlos II a seus generais após as guerras da Restauração.
Sabe-se lá que milagre é este, mas sabe-se que Portugal continua independente, e mais ainda sabe-se que se há milagre, acertou na 'mouche' o nosso Presidente, seu nome, decerto, é Portugal.
sábado, 18 de abril de 2020
ENSAIO GERAL.
O Covid 19 é o ensaio geral da crise ambiental do final da próxima década. Todo esse impacto económico, do qual ainda só vimos a pontinha, é uma colher de chá do grande caldeirão que se está cozinhando.
Comecemos por fazer notar que essa crise do Coronavid não é uma crise de saúde pública, como muitos querem crer, mas sim uma crise ambiental (Verão suas causas e consequências ao longo do texto, que esclarecerão esta afirmação.) .
Nosso comportamento (o dos seres humanos) está moldado para trocarmos germes, desde a proximidade com os animais (sempre tivemos animais próximos, domesticados ou não), e com o solo (cavamos e lidamos com a terra com as mãos nuas) até aos antigos rituais (com sangue, fezes, secreções diversas) passando pela alimentação (Carnes pouco cozidas, ingerir animais de toda ordem e origem) até aos comportamentos sociais (dar as mãos, dançar, abraçar, beijar) e os sexuais (sendo o de maior quantidade de troca de germes de todos, o beijo na boca, além de outros beijos noutros lugares, e o coito em suas várias expressões). Todos esses comportamento evoluíram evoluíram ao mesmo tempo que a ciência, ou o que ela era, que foi, em diferentes épocas, os alterando com as suas descobertas e soluções, o que nos foi afastando do básico animalesco, mas que demorou muito a incorporar, e ainda no século XIX se operava um paciente sem sequer lavar as mãos, e ainda hoje toda a modelação do comportamento infantil está em ensinar às crianças o que é adequado e inadequado em termos de lidar com micro-organismos, levamos anos nisso (Não ponha a mão na boca. Vá lavar as mãos. Troque de roupa. Não mexa na terra.). Toda esta educação comportamental evoluiu para usos e costumes estabelecidos, para escolhas dietéticas, e, logo também, opções religiosas, que iriam incluir restrições alimentares e comportamentais, tornando-se, à seguir, tudo isso cultural, mas não é, nunca foi, foi e é, desde sempre, biológico e ambiental, ou seja é a Natureza a nos moldar a seu talante, não são hábitos culturais como ir à missa. Que ninguém se engane! (Note que devido às suas restrições e opções alimentares, certas religiões -as abraâmicas mais que todas- forjaram uma superioridade moral que as demarcou.)
Todos esses hábitos contraídos mostraram-se proveitosos, ainda que a princípio essa troca de germes só se desse instintivamente, os resultados que apresentaram, os benefícios que daí advieram, tornando todos, e cada um daqueles indivíduos que os praticaram, mais saudáveis e imunes a muitas doenças, foram tornando esses hábitos universais para cada grupo, culturais, pode-se dizer afinal, criando, como consequência, unidades sociais sincronizadas, que atuam como barreiras às doenças e aos micro-organismos patogénicos. Viu-se isso claramente quando grupos, com outras defesas, ou sem elas, e portadores de organismos patogénicos que não os afetavam, entraram em contacto com outras populações também saudáveis e perfeitamente defendidas dos elementos patogênicos que haviam "domesticado" enquanto comunidade, em seu ambiente, assim como os outro, mas que eram sazonais e diferentes daqueles que vieram ter com eles (Foi assim, por exemplo, quando os europeus chegaram ao novo mundo.) matando aos milhares os elementos da outra população sem defesas para virus banais, mas muito contagiosos, como os da gripe comum, que os mataram impiedosamente. Portanto devemos considerar que todo o contagio que nos crie anti-corpos é bom, e que necessitamos mesmo dessa contaminação branda, e que os exacerbados meios de higiene e limpeza de que hoje dispomos, (desinfetantes, detergentes, remédios, mais que todos os antibióticos, máquinas, tecnologia, e sobretudo água corrente) nos tornou mais distantes desse elementos, com os quais só o convívio com suas formas brandas nos pode imunizar.
Outra coisa que devemos ter em atenção é que a rede da vida, com seus milhões de espécies, é muito intrincada, e que a separação de seus diversos ramos é, muita vez, pouco considerada, e que a nossa proximidade traz e proporciona evoluções diversas nos micro-organismos que contactam e contaminam em nós e nos animais com que lidamos, gerando alterações e evoluções nesses micro-organismos.
E ainda mais um aspecto que devemos considerar é o de que nossa inteireza biológica, ou somática, que sofre atualmente uma série de agressões e modificações a que antes não estavam sujeitas, porque agora convivemos com elementos tóxicos e patogénicos de toda ordem (muitos que fomos nós que criamos, e não são encontráveis na Natureza, sendo que desde o remédio que tomamos e depois expelimos nas fezes com grande impacto no meio ambiente, até os produtos de limpeza que usamos em quantidades gigantescas, e que são química dura, não biodegradável, ou que requer muito tempo para se degradar) e que fluem pelos rios, mares oceanos, e pela atmosfera, como todo o tipo de gases tóxicos que produzimos, que juntamente com a grande convulsão de nossa presença excessiva em todos os cantos do planeta, geram na própria natureza (com a presença de 9 bilhões de indivíduos) com nossa ação, que libera nas correntes atmosféricas todo tipo de bactérias, bacteriófagos, virus, fungos, esporos, micro-algas, gases tóxicos, toxinas outras que também sejam aerotransportáveis, e ainda trilhões de outras partículas e componentes que sem a nossa ação (sobretudo as ações agropecuárias e de destinação de resíduos) estariam quietinhas em seu lugar, e que entram, espalhadas pelo ar, com inusitadas tendências de dispersão, naquelas redes de seres vivos, alterando-as, modificando suas relações interespecíficas, derrubando as barreiras existentes, bem como suas situações endémicas, o que promove contaminações de toda ordem, estimulando comportamentos, ocorrência, reações, presenças, e ações diversas e pouco naturais, criando hospedagens novas (relação espécie x hospedeiro) o que altera todo o ambiente e toda a estrutura do planeta, bem como provocam reações individuais em todos e em cada indivíduo com que contacte (eis a fonte de muitos de nossos males) liberando elementos patogênicos a vários níveis, que, por sua vez, serão combatidos com a poderosa química moderna, a qual, com sua forte ação, irá gerar ainda outras mudanças e extinção massiva de outros micro-organismos de que necessitamos, ações que também podem ser perigosas, ou mesmo desastrosas numa cadeia de acontecimentos e fenómenos que se re-alimenta (eis o fenómeno asa de borboleta) estamos interferido de mais com o ambiente, que tem de per si seus caminhos e métodos próprios. Já vimos muitos organismos expandirem-se mortiferamente ao longo da História, esse, o Covid 19, é apenas mais um, mas que irá servir de ensaio geral para as catástrofes ambientais que se seguirão (se serão mais mortíferas, ou não, dependerá de nossa capacidade de resposta e antecipação). Toda esta anormal concentração de espécies, com a exacerbação do número de algumas delas em monoculturas, agricultura industrial, e criação intensiva, corrompe a ordem natural, que a diversidade criou subtilmente, gerando uma nova ordem epidemiológica, de onde vêm novas zoonoses, novas estirpes, e novas fontes de contágio. Note que ainda não conhecemos claramente as implicações genéticas disso tudo, que dirá de sua transitoriedade ou permanência, de sua maior ou menor profundidade.
Todo esse progresso que permitiu o aumento exponencial do número de membros da nossa espécie, consequência que terá de ter um fim, posto que o espaço em que vivemos é finito, e nossas possibilidades são finitas consequentemente. Logo ver, visualizar o fim, para anteciparmos-nos às consequências danosas, é uma necessidade imperiosa, para possamos ter parâmetros, e estabelecer padrões, paradigmas com os quais possamos evitar que o edifício todo colapse. => Não já teremos ultrapassado esse número? Não estaremos, como estamos, dispondo de recursos que nunca mais iremos recuperar? E isto nos empurrará para o abismo? Ou não? O fato é que a crise ambiental que vivemos tem muitas formas de manifestação, e sua compreensão e gestão exigem uma percepção acurada e totalmente nova, que vindo de nosso passado, da História portanto, deverá nos ensinar meios e modos de lidar com o ambiente, respeitando-o sobretudo, porque os parâmetros que não o violavam residem no que já fomos, e em quando convivíamos bem, já as soluções de recuperação, residem no que ainda deveremos ser.
Tendo em mente a ideia de que nossa expansão específica, pois somos apenas uma espécie dentre muitas que interagem no planeta, bem como os recursos que esta expansão convoca para seu sustento, nos encurrala enquanto espécie, uma contradição nos termos, um paradoxo, cuja lógica reside no entendimento de que o mundo finito nos impõe sua finitude, e que apesar de não conhecermos os valores desta, os devemos buscar, para poder respeitá-los (freando antes de atingirmos o precipício). Entretanto existe um valor, 1, 5ºC que já conhecemos, o qual devemos abraçar o quanto antes.
Este grau e meio centígrado que temos de diminuir da temperatura média no ambiente do planeta, que este ensaio geral do coronavirus expõe como simulacro da derrocada que nos espera se mantivermos nossa pouca ação no combate às desgraças ambientais que causamos, e que estão, portanto, respondendo em força. Que o ensaio geral nos sirva de aviso!
sexta-feira, 17 de abril de 2020
Observando-se as curvas, vê-se a estupidez.
As assimetrias registadas revelam muitas coisas, como, por exemplo, da força ou da fragilidade das populações, muito ligada à sua alimentação e hábitos de vida. Revelam ainda os processos de ação que sofreram, cada uma das comunidades como resposta ao mal que as afetou, pela maior ou menor capacidade de resposta de seus sistemas de saúde, da prontidão e inteligência de seus governos, etc... etc...
Aqui só quero analisar a estupidez que emerge do processo de reação de cada país, por culpas várias. Vamos a isso.
O arrostamento da curva americana, curva eriçada, que, com sua inclinação, fica muito mais em pé que qualquer outra, revela-nos muitas verdades, se refletirmos um pouco sobre a razão dessa verticalidade, comparada com as outras curvas mais suaves em igual período de tempo, algumas mesmo atingindo o planalto, patamar de estabilidade que antecede ao declínio (incomparável é a diferente irresponsabilidade que evidenciam!).
A reação social à agressividade da curva revela a capacidade de um povo em reagir à difusão da pandemia, sua reação será mais ou menos eficaz sempre quando torne a linha da curva mais suave, e nessa reação, com esse objetivo de suavizar a curva, a de todos como sociedade, onde estará inclusa a de seus governantes com sua capacidade, ou não, de resposta, de ação (sendo sempre todas as falhas e demoras nessas respostas à pandemia, culpas destes, que, como se demonstrará, não exime as populações, posto que estas os elegeram.) Quando todos queriam abrandar a sua curva (pôr a mão sobre a mola como diziam), uma meia dúzia de gente ignorante pelo mundo fora, sem entender a violência do virus, nem sua força de contágio, assassina muitas vezes, desvalorizavam a urgência das medidas de contenção, mais preocupados com a economia, e as suas re-eleições, desse modo no Brasil, EUA, Inglaterra, Itália, etc... a resposta pecou por tardia, arrastando milhares, dezenas de milhares, centenas de milhares, milhões de inocentes par o contágio e muitos destes para a morte.
A comparação com a Europa Ocidental, onde também houve muitos incautos, mostra assim mesmo a maior agressividade da curva americana (acima) Com a Coreia, que teve o primeiro caso em simultâneo com os EUA, 20 de Janeiro, passado um mês, podemos ver as duas evoluções no gráfico à seguir, que evidenciam a diferença em se ter dado atenção ao problema e tê-lo tomado com a seriedade mister, e não (A Coreia manteve a ERC * abaixo ou igual a 1%.). O descaso inicial de Trump, que agora faz tudo para se redimir e não perder votos, levou à brutal diferença entre o comportamento das duas curvas, levando à morte milhares de americanos que lhe cumpria defender, NÃO OBSTANTE SUAS MÃOS SUJAS DE SANGUE, COM A IDEIA QUE SEMPRE PERSEGUE, A DO PASSA CULPAS, JOGA A CULPA NA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, E COMETE ENTÃO CRIME CONTRA A HUMANIDADE, RETIRANDO O APOIO FINANCEIRO À OMS NESSE MOMENTO CÍTICO, o que evidencia sua estupidez absoluta, que não pode estar mais claramente demonstrada, nesse caso, que na curva a seguir:
* ERC - sigla em inglês (Emergency Risk Communication) Comunicação de risco em emergência, que é o valor das colheitas de dados no qual a OMS baseia toda a avaliação dos processos de evolução das doenças. Quando (ERC >1) é maior que um, reflete que um infectado infecta mais de uma pessoa, e a curva estará em ascensão, quando igual a um, a curva estará em planalto, paralela ao eixo temporal, mantendo estável o número de infectados, e quando é inferior a um, estará em regressão, e irá apresentar uma declinação, um inclinação para baixo, mostrando seu abrandamento.
20/4/20 - Hoje completa uma quinzena que nos EUA infectam um Portugal por dia, todos os dias, e matam bem mais. E os EUA não têm as capacidades instaladas para fazer frente à pandemia, que Portugal tem, guardada a diferença populacional evidentemente, porque o sistema de saúde lá é privado. Um Portugal por dia significam 25.000 pessoas infectadas, e têm um número crescente, e o número de mortos também está em ascensão. Este o resultado da brincadeira do Sr. Trump, e no Brasil vai passar-se o mesmo, com um idiota que afirma esperar 70% da população brasileira infectada pela "gripezinha". Pagamos todos o preço da estupidez de alguém. Deveria haver Lei que os punisse.
24/4/20 - No The New Yorker de hoje encontrei a palavra, no texto de Jeffrey Sachs, para caracterizar como foi tratada a pandemia por Trump, "The Catastrophic American Response to the Coronavirus".
domingo, 12 de abril de 2020
O Mundo trancado em casa.
Há duas possibilidades de interpretação do título desta crónica.
Comecemos por alterar-lhe o título como primeiro pensamento sobre o tema, se retirássemos a palavra trancado, teríamos O mundo em casa, o que é algo muito bom, e que hoje qualquer computador nos proporciona. Se caminharmos para trás no tempo, teremos cada vez menos mundo em casa, porque as possibilidades de acesso a ele, mundo, todas as coisas que há, eram muito menores, e muito mais caras, aumentando os dois obstáculos, dificuldade de acesso e custo, sempre mais e cada vez mais, à medida que retrocedemos no tempo.
Os primeiros obreiros que cumpriram a tarefa de pôr o Mundo em casa, foram os livros, esses maravilhosos e insubsituíveis instrumentos de transporte, que trazem em si acesso a muitos infinitos, universos paralelos, alcançáveis com a simples abertura de suas páginas.
A biblioteca foi o mundo trancado em casa, por séculos, com seus diferentes aspectos, mostrados e demonstrados por diferentes caminhos através de cada um de seus livros, que, quando tomados no conjunto, reuniam esta capacidade multi-disciplinar, e de universalidade de interpretação, tão cara e tão arrebatadora.
O mundo trancado em casa do título proposto, a que de momento me quero referir, é o mundo das pessoas que têm, à conta do coronavirus, seus movimentos restringidos e, sem possibilidade de ir ao mundo, se encontram confinadas. Todos confinados, tendo como único acesso à realidade exterior, a via virtual, essa maravilha da criação humana que altera tanto o formato da vida, mas que aproxima muitos de seus aspectos.
Pois bem, nesse mundo que nos foi imposto inopinadamente, com enorme dimensão e sem visão de sua extensão, um acontecimento histórico pelas suas características de cisne negro, seguindo a visão económica de Taleb, que classifica assim as ocorrências com essas características, as incógnitas sugestionam más expectativas, ao mesmo tempo que transformam nosso entendimento e compreensão. Será bom? Será mau?
Depenando o cisne, não para fazer nenhuma almofada, que seria bem ao gosto das influências do ADN do economista Taleb, originário do oriente próximo, ou do sudoeste asiático, como preferem dizer agora, onde há muitos tapetes e almofadas, inclusive o próprio termo é originário da região, e as de pena de cisne ou ganso, são as melhores. Uma vez com o animal bem depenadinho, iremos observar que seu pescoço longo é signo de sua extensão, e, em sendo negro, variedade destas aves que é rara, tendo sua ocorrência inesperada, mas, como tudo que há, se bem estudado, mostrará claramente sua relação de causa e efeito, já pra conhecermos de sua dimensão, será preciso medir-lhe o longo pescoço, que variará de ave para ave, criando incertezas.
Posto que não devoraremos o bicho durante nosso confinamento, nem tão pouco, longe dos laboratórios, teremos meios para estudar o animal convenientemente, devemos, portanto, esperarmos por mais informação, porque o Mundo está trancado em casa à espera de melhor compreensão desta peste que se abateu sobre nós, bem como que a ciência dê as soluções, o que expõe cruelmente nossas fragilidades e impotências.
Com esta convicção avassaladora, e por comparação, será estimável refletirmos sobre o que nos espera à seguir, no que a outra coisa ruim que virá a seguir, a crise económica, a que já vinha vindo e que o corona travou, para melhor ou para pior, logo veremos, é insignificante, face a outros perigos maiores, e reflitamos sobre o mundo que nos foi legado, e que está a espera que o resfriemos de novo, porque ele tem temperatura certa para existir, assim como muitas vegetais que fora do frio, que ressecam e morrem, por isso criamos os frigoríficos, e OUVINDO A CIÊNCIA, temos que URGENTEMENTE REPÔR A TEMPERATURA DO PLANETA EM VALORES ACEITÁVEIS.
Devemos refletir também o quão somos dependentes do ambiente, e que essa insistência estúpida em se arvorar em deus, menosprezando-o, só nos pode destruir. Vimos fortemente a manifestação daquilo a que os cientistas chamam de efeito asa de borboleta, evidenciando que tudo está relacionado. E oremos para que não insistamos em querer experimentar o ambiente, continuando a poluí-lo, porque a fatura será elevadíssima em termos de vidas. Ou talvez ainda pior.
terça-feira, 7 de abril de 2020
O verdadeiro mal está em nossa aflição: Paciência - Lenine
Prestem atenção na letra. Parece que foi feita sob encomenda para esses dias. Mas os verdadeiros artistas têm essa capacidade de premonição, sabem das coisas antes do tempo.
E você que não tem tempo para saber das coisas???
O milagre de verão.
E será uma vez um Verão, com o seu calor habitual, o Sol a brilhar, convite a alegria, claridade em todas as coisas, presença magnífica, estação de todas as mudanças, expressão absoluta da renovação.
Haverá nesse Verão um milagre. Maravilha de ocasião, revelação de inusitada ocorrência, promessa divina de transformação. Convocando outros poderes, trazendo infinitas perspectivas, recriando uma época de bonança, sobrepondo o Bem à todo Mal. Mística absoluta da vida em sua plenitude, redefinição de posturas e possibilidades, manifestação de Esperança e da Bondade.
O pentagrama escondido no Covid 19, PARA MUITOS MÍSTICOS, É SEU SÍMBOLO DE MALDADE.
Mas a irradiante força solar, mãe e mestra de tudo que existe, a que faz mover o Mundo, e faz por existir todas as coisas, maravilha criativa, poder infinito, centro do sistema, estrela radiante, criação e destruição congregadas, segundo a crença em sua poderosa capacidade de destruir para criar, renovando vida e desvendando mistérios, está a essência de toda as coisas, trazendo vida na bondade de existir, eliminando os mais escondidos agentes da desgraça. Oposto manifesto. Matar para dar vida.
Esse o milagre que esperamos ocorra no Verão de 2020 no hemisfério Norte, e que no Sul não evolua para pior, começa no 20 de Junho, 20-6-20, milagre da vida, inter bonum et malum, vita aeterna, e que seja um recomeço com um novo entendimento do que é a vida, e quais devem ser as prioridades para as populações do planeta. A 20-12-20 outra cantiga já cantará. E no mais, nos apressemos para a batalha pelo ambiente. Pois: A luta continua!
quinta-feira, 2 de abril de 2020
SERVIÇO PÚBLICO.
SERVIÇO PÚBLICO
Com a prorrogação do Estado de Emergência e do confinamento domiciliário, um prolongamento no tempo da suspensão da vida normal, entendemos que existem MUITAS QUESTÕES PRÁTICAS, DE TODA ORDEM, QUE SURGEM. AS PRETENDEMOS RESPONDER!
Formamos um grupo de pessoas muito bem informadas para poder responder as questões e dúvidas que tenham e que nos deseje propor. Responderemos em 24 horas, nem que a resposta seja: Não sabemos.
>>>>>> Ponha a pergunta aqui como comentário, se não quiser que seja respondida publicamente, deixe seu e-mail, ou aqui, ou no e-mail responderemos logo.<<<<<<<
6/4 Entre as questões propostas creio que tem interesse geral a seguinte:
* Não consigo adquirir gel, nem outro produto, para poder limpar superfícies, maçanetas, e as mãos fora de casa, no mercado negro estão a mais de 30 euros, como resolver isto?
Cara Senhora a solução mais simples e barata é usar os toalhetes para bebes. Num pacote de toalhetes, derramar meio copo (60 ml) de álcool, lixívia, ou cerveja, ou conhaque, ou aguardente. Sacudir bem o pacote para o produto chegar a todas os toalhetes descartáveis embebendo-os com álcool ou lixívia, ou cerveja, ou whisky, ou qualquer outra bebida alcoólica. Esses toalhetes que custam o pacote com uma centena, um euro, ou pouco mais, que com o álcool ou lixívia não chegará a euro e meio, admitem 100 utilizações, são baratíssimos e surtem o mesmo efeito, ou são ainda mais efectivas, uma vez que não necessitarão de outro suporte, pano, ou lenço vosso, que sendo posto para lavar, serão sempre focos de contaminação.
6/4 Entre as questões propostas creio que tem interesse geral a seguinte:
* Não consigo adquirir gel, nem outro produto, para poder limpar superfícies, maçanetas, e as mãos fora de casa, no mercado negro estão a mais de 30 euros, como resolver isto?
Cara Senhora a solução mais simples e barata é usar os toalhetes para bebes. Num pacote de toalhetes, derramar meio copo (60 ml) de álcool, lixívia, ou cerveja, ou conhaque, ou aguardente. Sacudir bem o pacote para o produto chegar a todas os toalhetes descartáveis embebendo-os com álcool ou lixívia, ou cerveja, ou whisky, ou qualquer outra bebida alcoólica. Esses toalhetes que custam o pacote com uma centena, um euro, ou pouco mais, que com o álcool ou lixívia não chegará a euro e meio, admitem 100 utilizações, são baratíssimos e surtem o mesmo efeito, ou são ainda mais efectivas, uma vez que não necessitarão de outro suporte, pano, ou lenço vosso, que sendo posto para lavar, serão sempre focos de contaminação.
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