sexta-feira, 10 de julho de 2020

Uma semana esclarecedora, já que "odiar não é um sentimento bom".





Desde há  muito que se sabe que são dois os delfins de António Costa, o que lhe dava também uma certa imunidade direta, posto que, diferentemente de Francisco Assis ou Ana Gomes, eles não eram polos de tensão com o primeiro ministro. São suas criaturas, e, quem sabe, numa lógica mefistofélica, duas metades de seu eu. Entretanto a lógica política ultrapassa toda e qualquer lógica.

Todos somos esquerda e direita, não politicamente falando, porque a maioria de nós opta por um dos dois lados, mas espiritualmente, representando a esquerda, ou sinistra, ao Mal, e o outro polo ao Bem. Assim temos a dualidade polarizada de António Costa transposta de sua alma para o cenário político vindouro, ainda que esse porvir possa demorar, uma vez que o primeiro ministro pensa seriamente numa terceira candidatura. E os polos, indefinidos num cenário dominado pelo PM que joga nos dois, se foram aclarando ao longo do tempo, com manifestações sucessivas de ambos ao longo de suas carreiras, que deu àqueles que acompanham a política nítida imagem do que são um e outro. Entretanto essa semana que passou, na qual deixamos Junho e ingressamos em Julho, foi muito esclarecedora.

Eu tinha feito minha opção logo de início, porque, como gosto de gente de cara limpa, vi no Presidente da Câmara de Lisboa, o homem que, dentro do PS, reune as condições para dar um bom primeiro ministro. Dizem que ele é mais à direita, espiritualmente acertam em cheio, é do Bem, mas politicamente creio que será mesmo centro-esquerda, não tão à esquerda como eu gostaria, é verdade, e dizem que o seu oponente será  mais a esquerda, se não for só pose (ou máscara) para obter apoios dentro do PS, um partido que por princípio deve estar à esquerda. Se for mesmo  sua opção ideológica, esta sai muito maltratada com suas sucessivas opções no dia-a-dia político, desde que passou de secretário de Estado dos assuntos parlamentares, onde se houve bem e angariou simpatias, para ministro das infraestruturas e habitação nessa segunda legislatura do PS, posição onde revelou sua alma torta, seus sofismas incontáveis, sua postura dissimulada, sua máscara maldosa, já lá iremos.

A razão de minha escolha, àquilo a que chamei de 'cara limpa', está no facto de Fernando Medina ser aquele bom moço que aparenta ser, e o Sr. Pedro Nuno Santos ter essa máscara pesada de quem diz uma coisa pensando outra, ou, como fez recentemente no caso da TAP, mente com quantos dentes tem na boca, ou nos passa à todos um atestado de menoridade, tratando-nos como se fôssemos retardados mentais. Vejamos: Na conferência de imprensa após a decisão do caso TAP, não disse uma coisa de concreto, respondendo como se falasse com crianças de bibe, falseando a verdade, e enganado, como se fosse um dos 'apprentices' do Trump, revelando cruamente a máscara da falsidade que o corrói e domina, como a máscara do duende-verde faz com Norman Osborn no Homem-aranha, e que todos sabemos que é seu alter-ego, ou seja ele é mesmo aquilo, ele é, no fundo, a máscara.

Deste modo mascarado, o Dr. Pedro Nuno Santos, a quem doravante só chamarei de o sapateiro de Madeira, em razão de sua empresa familiar em São João da Madeira no Distrito de Aveiro, nos tentando fazer passar todos por estúpidos, escondeu o enorme falhanço que foram as negociações que desenvolveu para a aquisição da participação do americano David Neeleman na TAP, pela qual ele oferecia 40 milhões e o Sr. Neeleman queria os 55 milhões que acabou por conseguir. O mínimo que se esperava do sapateiro de Madeira era uma declaração, onde diria que afinal cedia à intransigência do controlador da TAP,  por isso ou por aquilo, com qualquer explicação que quisesse dar, porque nós não somos estúpidos, nem meninos de bibe, mas não, fez-nos à todos tolos, mostrando sua face mais verdadeira, a do enganador, o duende-verde maligno que vive e domina a personalidade do Dr. Pedro Nuno Santos.

Na mesma semana tivemos um desmascaramento na esfera do outro possível primeiro ministro, o Dr. Fernando Medina, que foi a relativa aos sucessivos equívocos na área da saúde, em que teve a coragem de expor com clareza meridiana, quando o Sol está mais alto, as falhas de seus dirigentes, terá desagradado a muita gente, mas não faltou a verdade, não nos fez de tolos.

Ficam desta maneira bem vincadas as diferenças que podem ser vistas só em olhar os dois rostos, onde um tem os movimentos dos músculos faciais que acompanham o seu pensamento, o outro tem o rosto sem articulação, inexpressivo, só comparado àquele que na mesma semana deixou de ser treinador do Benfica, cujo rosto é o de uma pedra, onde nada mexe. Esta insensibilidade facial é bem reveladora dos sentimentos que vão na alma de quem a possui, se os que decidem tivessem mais em atenção a esse fator, não teríamos duendes-verdes em tão grande número circulando por aí, e os sapateiros de Madeira não nos vinham passar atestados de menoridade. 

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