O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
sábado, 13 de novembro de 2021
MODUS FACIENDI EM GLASGOW 2021, três canções, e seja criança.
Só há um modo de fazer, é fazendo. Entretanto como fazer admite vários caminhos e esses alteram o modo através do qual se atinge a meta: O FAZER. E nessa alteração reside toda a diferença porque se se escolhe um caminho longo, irá demorar mais, muitas coisas podem acontecer ao longo do caminho, e mesmo podemos nos perder na caminhada.
Neste caminho, como em todos, sobretudo aqueles que não conhecemos sua rota e itinerário, haverá desvios, incertezas, percalços, barreiras a serem transpostas. O que virá é sempre incerto, mesmo de mapa na mão, porque no terreno acontecem coisas que não estão no mapa. Em Glasgow entramos num beco sem saída, ‘a dead end’ que termina num precipício, e é nele que estamos caindo. Estão brincando com a vida, cujo contraponto é a morte, pensam fazer economia com o que custa a vida de todos; e a falta de juízo das nações, seus jogos de interesses que se transformam em jogos de poder e possibilidades, revelando que em verdade esses são jogos florais, o que Greta Thumberg chama de bla, blá, blá. E é o que são! Por enquanto cantaremos como Mina: “Parole, parole, parole” E Alberto Lupo falsamente a tentando convencer: “Che cosa sei?” E ela bem convicta “Non cambi mai…” Ciente que é só blá, blá, blá. Na COP 26 há além do blá, blá, blá, o toma lá dá cá. E vão destruir o planeta.
Já lá vão três décadas desde que sabemos que se não reduzirmos as emissões de carbono, iremos destruir o planeta como o conhecemos. Glasgow é a 5ª ação (1º Compromisso, depois Protocolo, 3º foi Acordo, agora Pacto, da próxima será o que? Desgraceira?). Falharam todas. Falhou o Rio 92, falhou Kyoto 97, falhou Paris 2015, e vai falhar Glasgow 2021, porque estão levando de ânimo leve algo que é muito, mas muito sério, pesado, muito pesado. Agora temos mais uma década perdida a de 2012/2022, porque desde o alarma até os Acordos não cumpridos de Paris em 2015, perdemo-la, como havia sido com os Protocolos de Kyoto, levaram 8 anos para os assinar (1997/2005) e depois não os cumpriram. De Paris até essa segunda tentativa em Glasgow 2021, foram mais outros sete anos jogados fora, e agora estamos já em 2022, a perdermos mais essa década. Não que nada tenha sido feito, foi feito, mas não atingiram o ponto crucial dos “acordos”, que é o da redução contínua de emissão a partir de 2020, para que fossem 50% em 2030 as emissões em relação ao que eram. Daí Glasgow em 2021, para tentar dar novo ânimo à necessidade de reduzirmos as emissões de carbono, razão do aquecimento. Mas Galsgow revelou-se um falhanço, bem pior que Paris, pois andaram para trás em relação ao que haviam se comprometido há 6 anos, vendo que isso tem de custar caro, e que irá causar atrasos nos progressos econômicos de muitos países, optaram pela insanidade, optaram por mudar de rumo e andar para trás, os compromissos que eram firmes, os protocolos a serem cumpridos, passaram a acordos em Paris, e agora serão um Pacto, declarações de boas intenções em Glasgow (Blá, blá, blá como diz Greta.) Esta década (12/22) foi uma perda de tempo ao não cumprirmos as metas, e iremos agora perder a década crucial, 21/30, ou 22/32, quando temos mesmo que reduzir em 50% as emissões até 2030, para evitarmos a catástrofe, e preparar o processo de neutralidade para que em 2050 sejamos neutros em emissão de carbono, única situação que nos poderá salva, mas mesmo 2050 já poderá ser tarde, ainda mesmo se cumprirmos os objectivos, ainda teremos problemas, se não, será fatal. Ao perdermos esta década que agora começou, chegaremos à uma situação onde o clima, braço armado da Natureza, irá mostrar toda sua força, e o preço que cobrará em vidas(animais, vegetais e humanas), fome, miséria, e destruição será enorme. Tivemos pela Graça Divina um aperitivo para ver se assim punham juízo nas cabeças ‘coroadas’, com as evidências do aquecimento que estão por toda parte, e, ademais,o interregno da pandemia deu que pensar, saíram alguns idiotas do poder com seu negacionismo, mas sua ação continua viva nos milhões de idiotas seus seguidores, e, entretanto, o relógio não para. Não há tempo para pôr juízo em tantas cabeças tontas, adultos adulterados pela má formação de suas personalidades. O que nos leva à segunda canção, na voz de uma amigo querido que perdi, Gonzaguinha, com “a pureza da resposta das crianças” no seu adorável samba, para “Viver e não ter a vergonha de ser feliz” – “O que é, O que é?” (É o que basta, ou deveria bastar, a cada um de nós, mas a ganância é demasiado grande!) Hoje temos crianças ajuizadíssimas e adultos estúpidos até não mais poder. Que raio de mundo é esse que necessita das crianças para nos impor responsabilidade? E poderão as crianças salvar o mundo? Porque os adultos estão a destruir o planeta, e vão dar cabo dele.
Não entendendo que estamos a beira de um precipício, o que não nos dá oportunidade para continuarmos a caminhar, alguns países, com todo o direito do mundo, entendem que os países ricos poluíram à vontade para acumularem sua riqueza, agora, que é chegada sua vez, não podem porque o mundo não aguenta mais (China, Índia, Brasil pensam assim.) e querem adiar mais umas décadas o inadiável processo necessário a evitar nossa destruição global. Ninguém imagina que os ricos irão dividir sua riqueza para evitar o caos, pagando, por assim dizer, para que estes que se querem desenvolver, parem de poluir. E por outro lado temos os países que vivem quase exclusivamente da venda de petróleo (Arabia saudita, emirados etc..) que não querem ver seu negócio acabar, posto que os combustíveis fósseis são os únicos responsáveis diretos pela poluição carbônica. Outros, como a Rússia, o quarto maior emissor, querem mais décadas, e também como exportador de petróleo, não pensa abrir mão desta riqueza; estamos saindo do antes e indo para o depois, e depois não vai ter jeito. Iremos abrir a caixa de Pandora, e libertar todos os males, como se os que já temos fossem poucos, pela incúria e menoscabo dos líderes (os ausentes, a que chamo coroados) frente a um problema que vem a galope [O problema é que NÃO TEMOS MAIS TEMPO.] o que nos leva à terceira canção, esta de Sergio Endrigo, em que é dito que só tinha você, e é a Natureza falando a ela mesma (“Io ho avuto solo te”) para concluir: “Io che amo solo te, io mi fermerò, e ti regalerò, quel che resta della mia gioventù.” E não resta uma década! Envelheceram e desgastaram a Natureza. E se continuarem irão destruir completamente o planeta.
Por fim pedindo-Vos que ouçam as canções por inteiro, digo-Vos que o modus faciendi em Glasgow foi o recuo dos compromissos, caminharam para trás num suposto pacto, como se houvesse mais tempo, a factura não tardará a chegar. Poderia cantar uma quarta canção, mas seria por demais macabro, aguardemos.
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