sábado, 30 de agosto de 2014

Contra-dição





Dizer e dizer contra,
Dizer e desdizer,
Contradizer
No jogo das possibilidades.

Para que esta contradição?
Porque  sentimos esta contradição?
Pois vivemos esta contradição!
Esta ….qual?
Todas.

Oposição entre duas proposições que se excluem mutuamente.
Pode ser ádvena advertência,
Bem como forte incoerência.
É aljava,
Abanão abúlico e insurgente.
Aventesma.
Auriga de si mesma.
Surge  sem ninguém esperar
E se coloca no contraponto da nossa asserção,
Diz-se sim , por dizer não.
Faz-nos  penar.
Magoa-se e maltrata-se o coração.
Faz-se contra o sentir,
Faz-se contra a noção
Contra tudo e
Contra todos,
Contra a corrente.
Contra a dição.
Sempre
Contra.






sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A maravilhosa nuvem em que me encontro.






Todos os ídolos, deuses, Reis, túmulos e templos erguidos na mais sólida pedra, todos os monumentos do mais duradouro material, desaparecerão junto com o planeta no 'dooming day', o dia do fim, que não foi o 21 de Dezembro de 2012, como se viu, mas, como estamos em rota de colisão, será um dia daqui a milhares ou milhões de anos. Todos os arquivos, museus, coleções e acervos deixarão de existir, restará a nuvem.

Hoje a cada segundo tiram-se sei lá quantas fotografias de tudo e de todos, com ou sem autorização dos visados, e enviam-nas para a nuvem, e 'if a picture paints a thousand words', como diriam os bread, temos um registro mil vezes ampliado da história à partir de quando esta situação se tornou possível, e depois se generalizou, e depois se tornou viral, com quase todas as fotos indo parar à nuvem, e todos os textos produzidos em todos os idiomas, sobre todos os assuntos, numa infinidade de blogs, comentários e correspondência. Estamos construindo, sem nos darmos conta, o mais amplo registro histórico do planeta. Virtual, porque assim está sendo formado, o que quer dizer imaterial e eterno. Hoje quando procuramos ansiosos uma carta o séc XIX, ou mesmo do XX, para confirmar uma perspectiva histórica, uma notícia de jornal que mostre o contraditório de certa opinião histórica vigente, com grande dificuldade, porque muitos dos materiais estão perdidos, muitos não estão acessíveis, ou estão em locais longíncuos, na nuvem temos tudo, e vamos tendo o passado mais remoto também, escaneado para ela a pouco e pouco. Esta fabulosa construção será o maior legado de nossa época! Vai ser muito fácil ser historiador no XXII.

No dia do fim dos tempos em que o planeta Terra deixará de existir, dia que demorará mais, ou demorará menos a chegar, consoantes algumas variantes, espero que esta maravilhosa nuvem não esteja sujeita à existência física do planeta, e se mantenha para memória desta civilização da qual fiz parte, e que, apesar de suas muitas misérias, insanias e loucuras, foi e é uma fantástica civilização, por tudo que conquistou: desde o vatapá à Teoria da relatividade restrita, desde as sonatas de Mozart ao forró de Olinda, e pelas maravilhas do planeta desde a selva amazônica ao Kalahari, desde a fossa abissal aos cumes do Everest, a beleza desde planeta está em todo o lugar e no rosto de cada um de nós. Ter podido percebê-la, desfrutá-la, vivê-la, tem sido para mim a maior graça da minha vida, este enorme privilégio.

Tudo o que cada um de nós escreve na net, tudo o que se fotografa, desde o mais banal ao mais importante, é um registro de uma perspectiva, mais relevante ou mais ligeira, tudo somado é o que nós somos, é a nossa face, a verdadeira face de nosso tempo, como nunca, em tempo algum antes do nosso, esteve registrada e disponível para consulta, dando pela primeira vez na história a fotografia de corpo inteiro da realidade, pois nela se inclui os anônimos, os invisíveis, que agora passam a fazer parte da história, passam a contar como nunca contaram, passam a ter uma perspectiva apreciável e considerada, que antes não tinham, apesar de sua existência contar na história, não estava registrada, não era visível, ou só muito superficialmente. Agora não, agora está tudo, ou quase. Desde as mais importantes descobertas científicas, ao meu humilde blog, inclusive discutindo esta perspectiva insanável e que deve ser considerada, tudo está na nuvem, esta maravilhosa nuvem em que me encontro, em que nos encontramos.


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

E quem guia o ceguinho?





Detesto vulgaridade, mas há certas colocações rudes que, beirando a vulgaridade, são  necessárias para a compreensão, e muitas vezes a solução, de determinadas questões. 

Com a sucessão de tolices e falsas questões que correm hoje por todos os países, deixando-se perder as coisas que verdadeiramente importam, deixando-se passar o tempo e as oportunidades que não se repetem, pela tibiez e inoperância dos políticos em toda a parte, exceção creio que deva ser feita à China, que  vem obstinadamente perseguindo seu caminho rumo a se tornar a primeira potência econômica mundial. Como já coloquei no artigo: Que falta nos faz um Churchill, não há presentemente lideranças com uma visão abrangente, que permita-lhes saber de onde vêm e para onde vão, com o entendimento do momento, da situação, e ter as respostas que a hora exige. As coisas têm de ter pés e cabeça. Como Bocage, quando a ronda da noite lhe coloca esta questão, na praxe do questionamento sob a pontaria das armas aos que caminhavam na noite, e que começa com a pergunta mais difícil: Quem és? Porque a resposta para ser perfeita tem de reflectir não só a sua verdade íntima, como a pública, e nisto a resposta do Bocage é perfeita. À pergunta :« Quem és, de onde vens, para onde vais? » responde com graça, prontidão e certeza: «  Sou o poeta Bocage, venho do café Nicola, vou para o outro mundo, se disparas a pistola. » As coisas têm de ter pés e cabeça!

Num julgamento, em que a titular Juiz era uma Senhora experiente, mãe de família, com perfeita noção de seu ofício, que é esclarecer a verdade, e, em presença desta, julgar; apreciava-se um caso  de estupro, onde a vítima, acusando seu ex-namorado, alegava, contando como a ação se passou: « Pois depois de me derrubar, colocou-se entre as minhas pernas, afastando-as violentamente, e agarrou-me pelos pulsos e me violou. » A Juíza indaga: A agarrou com as duas mãos, uma em cada pulso? E a vítima confirma entusiasticamente, feliz do entendimento da Juíza a sua explicação do ocorrido. Quando a Juíza faz, ato contínuo, a pergunta decisiva, que ficará sem resposta. « E quem guiou o ceguinho? As coisas têm de ter pés e cabeça.

Antigamente quando, pelo mundo fora, se construía um edifício destinado a uso comercial, era costume se por junto às ombreiras do telhado as estátuas do Comércio e da Fortuna, estas cobiçadas entidades, com capacidades quase mágicas de fazer progredir e desenvolver os homens que se colocavam sob sua proteção. Desde tempos imemoriais a Fortuna, esta tão desejada deusa, que o dinheiro romano já retratava como sendo símbolo de prosperidade, com sua cornucópia plena a despejar todas as benesses, e o Comércio que era retratado na figura de um deus, mensageiro dos deuses, com seu caduceu e as suas asinhas na cabeça e nos pés, Hermes Trismegisto, o Mercúrio romano, são os mentores das práticas do enriquecimento legítimo, às quais veio se juntar a Indústria, conformando uma tríade, então imbatível. Hoje, se alguém se lembrasse de superpor a um edifício seu, deuses que lhe pudessem trazer prosperidade, certamente escolheriam a Finança e a Política, essas deusas benfazejas que tanto têm bafejados uns quantos sem os escrúpulos necessários em recorrer a elas com este fim, a entidade terceira para compor a tríade contemporânea, pela razão que declarei ao começar este artigo, evitarei referenciá-la. Lembro a estes, que atuam dentro e uma lógica completamente diversa, que o Comércio, que não há corpo hermético que não conheça, assim como a Fortuna, que não há 'tique' que não conheça, e destino que não governe, diferentemente da Justiça, que é cega, têm os olhos bem abertos.

Neste grupo de tolos que  temos hoje nos cargos máximos, nos diversos países, a pretenderem que colocam soluções bem concebidas que irão resolver os graves problemas da crise que atravessamos e se vai prolongando pela sua incúria e falta de respostas consequentes, pela falta, contrariamente à resposta do Bocage, de visão de conjunto para ser perfeita e conclusiva. Quando surgem tontos como o Sr Hollande em França, este embuste monumental, que vem com sua comédia de erros acoitando um Primeiro Ministro que é uma comédia de horrores, e, sem resposta, contradiz tudo o que havia proposto. E estes tontos estão em toda parte. É raro o país que não os tenha, e quando não os tem tolos, os tem refinados ladrões, que outra coisa não fazem que governar suas finanças pessoais mais ou menos escandalosamente, dependendo da afoiteza do 'líder' em questão. Quando está tudo sem resposta, e as respostas e propostas são ideias  inverossímeis de quem, sem prática das coisas da vida, pensa poder fazer vingar suas histórias faltas de verdade, resta-nos perguntar-lhes, como a Juíza fez à moça' vítima' no caso de estupro, e que no nosso caso tem de ter resposta: E quem guia o ceguinho?

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Onde é que não há culpas nem culpados?





Conforme eu previra no artigo intitulado No máximo do cinismo, a dívida pública portuguêsa ia atingir os 134%, e acreditava que esta barbaridade fosse acontecer em Setembro de 2014, porém deu-se no final de Junho, ou seja coroou o fim do primeiro semestre com esta estratosférica marca. Afirmava então, e reafirmo, que a realimentação imparável da dívida se iria acentuando lentamente. Em outro artigo ( Dívida impagável) explicava o processo. E já em outro (A crise financeira e não só.) dava conta do que move tudo isto. Agora vou afirmar que esta dívida vai ultrapassar os 150% do PIB, o que significará convulsões sociais e desgoverno, com uma impotência manifesta de quem quer que seja que ocupe o cargo de Primeiro Ministro em Portugal.

Fui atravessado pela realidade, quando preparava um artigo que se chamará: A realimentação natural das dívidas, onde procuro dar conta que nada as fará parar, após um certo patamar, tornando inviável qualquer medida de contenção, quaisquer cortes, quaisquer medidas de austeridade, e que só um desenvolvimento progressivo da atividade econômica, sem mais sobressaltos das misérias financeiras privadas e púbicas, poderá dar horizonte, poderá por limites à expansão continuada da dívida soberana e a tornar controlável. Tudo o mais é falacia. E pelo caminho que Portugal persegue, em breve, muito em breve, vai estar implorando por um 'hair-cut', e, com isto, terá atingido o fundo do poço. Por enquanto segue no poço sem fundo em que se atirou, eu diria, de cabeça.

134% no final de um semestre até contido, sem as grandes e péssimas novidades que o segundo já revelam antes do fim de seu segundo mês ( BES, PT, GES ao retalho, e o desiquilíbrio da balança de pagamentos etc,,,) é a perspectiva mais sombria que pode-se ter notícia no atual contexto, em que a Europa não sabe decidir como estabiizar o Euro, dando um equilíbrio às disparidades da União, que ocorrem por ter dentro de si velocidades diversas, fruto de economias de pujanças muito diferentes. (Pode ser que o Euro se torne uma prisão?) E teremos senhores do Norte e escravos do Sul?

Independentemente das causas, o crescimento da dívida é imparável, mas a mentira propalada da fórmula encontrada, receita antiga do FMI, empregada em países em desenvovimento com moeda própria, totalmente indequada para uma parte de uma União riquíssima e próspera, que precisa antes se adequar aos meandros e desequilíbrios do espaço onde se movimenta, e devera sobretudo ser tratada como aquilo que é, parte de uma União monetária, e ter o tratamento num modelo interno (sugiro o termo 'unicional' para o classificar.) sem FMI, ou seja sem tratamento de país. Aliás os países da União ou deveriam ter retirado seu dinheiro do FMI e passado para um fundo da União, ou tê-lo reconstituído como um fundo único no FMI, pertencente a União como um todo. Esta dupla condição de país e Estado de uma União, além do mais consentida e estimulada pela União e seus órgãos econômicos e administrativos, é uma forte fonte de distorções e desalinhamentos a nível estrutural da União. A inconveniência de uma situação imperfeita e dúbia para os países, é também uma situação falsa no sentido de não expressar aquilo que é, com os países ainda atuando como aquilo que foram, vem demonstrando sua plena má configuração, e vem se traduzindo numa burrice. E, diferentemente do que possam pensar os artífices desta peculiar situação, supondo os principais beneficiários que só pagam os devedores e os fracos dentro de uma União forte, enganam-se, antes que se dêem conta verão os prejuízos à porta, mesmo sem envolvimento de seus bancos, como aliás, tanto se esforçaram para deixar de ter, pagarão por outras vias e fecharão temporariamente, por mais longo ou mais curto período de tempo, não importa, uma parte de seu comércio, uma parte do escoamento de seus produtos, e foi para este comércio sem custos alfandegários que foi feita a União. Quanto mais tempo permitirem este modêlo, mais prejuízos terão, e menos União terão. Mais cego é aquele que não quer ver.

Por outro lado de difícil compreensão, apesar de absolutamente consciente do excedente de capital existente e de como se movimenta a ganância humana, é, para mim, a situação dos mercados não se darem conta de que estão cada vez mais se chafurdando no pântano, posto que a dívida portuguêsa é impagável. Os mercados fazem de conta que está e estará tudo sob contrôle, e que o esforço dos portugueses permitirá, no fim de tudo, que cumpram seus compromissos, o que é a maior ilusão em que se lançaram, fazendo crer, não sei se crendo, mas fazendo crer que a situação com a interfereência e o acompanhamento dos organismos internacionais e intraunioniais (outro neologismo necessário) está estável, não vendo, ou não querendo ver, a progressão de uma dívida que não conseguirá ser paga nem com todo o prazo que se lhe possa dar, à conta da perspectiva de sua autoalimentação, por ter ultrapassado o patamar de viabilidade operacional, ou seja o ponto além do qual uma determinada dívida não para de crescer para um determinado tamanho de uma economia ( este tamanho se traduz nos números do PIB) autoalimentando-se incoercivelmente.

É para propormos, com tudo isto, três interrogações fundamentais. 1- Até quando manterão esta mentira? 2- O que farão na sequência de saberem da inviabilidade de continarem a receber os juros? 3- Que responsabilidades se apurarão deste exercício suicida? Penso que o lado mais trágico da economia real, é que para além de toda previsão e apesar de toda a possibilidade de previsão, as soluções só são encontradas depois das bombas rebentarem, e nunca há culpados na regulação porque o sistema é assim. Por isto está combinado: Na próxima encarnação vou vir banqueiro ou regulador!



quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Último domingo de Setembro.




                                                                                                              Transcrito do Face à pedidos.


Para tudo há uma razão, ou palpável ou imponderável, mas ela lá está visível ou escondida, acessível ou recôndita, porém ela lá estará sempre para revelar-se à quem esforçar-se um pouco em percebê-la, em descobri-la, em fazê-la revelar-se. Eu muito havia estranhado a escolha do 28 de setembo para as eleições no PS, pelo Grande Lìder Antônio José Seguro, Tó Zé  pr'os íntimos, esta expressividade com repercussão nacional (portuguesa) que arrebata corações e compreensão de sua veemente figura, da sua exuberante presença.

Todo o último domingo de Setembro comemora-se o dia mundial, veja a amplitude da data, dos surdos. Sendo comemoração de data móvel, pode cair em variados dias, mas sendo domingo sempre é o último do nôno mês. Neste malfadado 2014, onde seguem-se pelo mundo fora as penitências do milenário, neste jardim ibérico à beira mar plantado, não sería, e não é, diferente. SOMOS TODOS PENITENTES. O que não é crível, é que fôssemos todos cegos, ou surdos, ou ambos, ou tontos, ou burros, ou sem lógica em nossas opções. Fato é que, neste ano penitente, o último domingo de Setrembro é 28!

Vinte e oito, o dia escolhido para as primárias do PS, porque se fôssemos ou fizéssemo-nos, todos, de surdos, com todo o respeito pelos surdos, mas sua característica inapartáel é não ouvirem, não darem atenção ao clamor geral de uma nação por mudança, por alguém que nos conduza, por alguém que pelo menos cheire a líder, e não estes mamulengos inexpressívos que atuam presentemente no cenário político português. Dia 28 ou não, o povo português manda avisar, que : "NÃO É SURDO!"  E acrescenta que mais surdo é aquele que não quer ouvir, e que mais tarde ou mais cêdo ouvirá seu clamor, independentemente de dia, de hora, e de situação. Tó Zé, amigo, má escolha...mesmo...má escolha!

P.S ( e não é o partido) Tó Zé, amigo, mas o povo está contigo...

domingo, 17 de agosto de 2014

Uma nação de refugiados.



                                                                      Num vácuo existencial.

                                                          Emergência humanitária a nível máximo.

       


É a cereja no topo do bolo. Para se juntar a todas as dificuldades e penitências do milenário, vem se somar a incrível situação de algo como uma Espanha em população deslocada, criada, do dia para a noite : 50 milhões de seres humanos sem casa, sem país, sem opções, sem emprego, sem comida, sem possibilidades, sem futuro, sem presente, sem condições e sem que nada se faça para alterar esta situação permanentemente, resolvendo o problema. Quatro países, Iraque, Sudão do Sul, Síria e República Centro Africana, declarados pela primeira vez na história, no nível 3, máximo de emergência humanitária, podendo mais três países chegar a este nível (Gaza, Yemen e Congo.) esqueceram de decretar também emergência nos países vizinhos que albergam esta imensa massa de deslocados. E temos centenas de milhares de africanos tentando fugir à sua condição para entrar na Europa todos os anos. Lida com este imenso problema um homem bom, o Sr.Engº Guterres, um português, de caráter e integridade comprovados, um cristão nos mais, e com os mais, profundos senso e sentimento de solidariedade, o que é mais importante, e com vontade de obter a solução, mas não se cria uma Espanha física do dia para a noite, menos ainda sem os recursos e a geral vontade política para o fazer. Temos a maior encilhada, o maior beco sem saida da história, criado pela ação de alguns. Temos uma verdade histórica que marcará a humanidade de forma permanente até que se resolva. Temos uma situação de exclusão, e toda situação de exclusão é injusta. Daí temos uma injustiça em movimento. Temos uma desumanidade, temos uma enormidade, temos uma abominação que clama por solução

Estes são os fatos, para além deles, ou em sua substância, está a razão de ser de que eles tenham ocorrido, nunca, como agora, nem mesmo durante os conflitos que foram globais, houve este avantajado número de refugiados, acendrados por circunstâncias diversas, tudo se resume na mesma e unificadora razão: Intolerância! 50 milhões de intolerados, como se lhes estivessem a dizer nos lugares de onde se refugiaram: Aqui não há lugar para vocês! Andor, ponham-se longe! Fora! Não os queremos aqui, e se ficarem damos cabo de vocês! Intolerância de diversos carizes, religioso, étnico, social, todos eles imateriais, como se estivessem a dizer: Não gostamos de vocês! (E este gostar basta.) Não os queremos aqui! E este aqui é o local onde vivem estes milhões e onde sempre viveram toda a sua vida. Agora, de uma hora para outra, estão excluidos pela força de serem quem são, e os outros, os que os excluem, não os querem, não os aceitam por não disporem das condições e capacidades necessárias à tolerância, e impõem sua intolerância preconceituosa. Sim, porque é disto apenas de que se trata.

Temos uma Espanha de refugiados, a continuar neste ritmo, em breve serão  uma Inglaterra, uma Itália, uma França, e, á persistir, uma Alemanha. Porém como a intolerância que não para de crescer, não dá espaço para obtenção de uma qualquer solução, e carrega, a manutenção desta situação, a raiz da injustiça, bem como a matriz de sua propagação, segue, porque tolerada pela constelação de países cada um de per si, bem como  em coletivo. Enquanto perdurar esta situação, outras e mais intolerâncias manifestar-se-ão, numa auto-estimulação, sobretudo porque sabem que não serão penalizadas. Quem expulsar, violar, matar, ou banir grupos de pessoas, em sendo conflito interno de um país (E o que é um país?)   nada se passará, podem dar vazão à solta às suas maldades neste caso.

Criando um gigantesco problema humano e humanitário, apetece-nos dizer: Têm de conviver, como sempre o fizeram, com estes que agora expulsam, e obrigá-los a tal. Porém se refletirmos um pouco, quando a intolerância é revelada e transformada em ação de exclusão, pouco, ou nada resta fazer para a  sua inclusão como o era dantes. É um conflito insuperável, uma causa perdida,  e uma fratura exposta, por mais bandagem que se lhe ponha, se não se reconstituir o osso, não tem jeito...Agora, como reconstituir este osso, se o paciente não  o querendo, continua a parti-lo e a arrancar-lhe da carne que sustem? Os deslocados não podem ter nenhuma esperança de retorno. E como resolver esta questão? Onde arranjar um país que os queira? Estes pobres diabos que existem porque existem, existem em algum lugar que não é deles, existem numa realidade que não lhes pertence, mas institucionalizadamente NÃO EXISTEM. Estão, são, porque quem está vivo é, está, mas como é que podem ser, não sendo? Está criado um mundo em transitoriedade, não o da instabilidade do qual nos falava os 'afiches' japoneses do XIX, não. Aqui a transitoriedade é perene e insolúvel, porque, aberrantemente, não é uma transitoriedade transitória, por estranho que isto possa parecer, mas uma transitoriedade permanente. Os refugiados são jogados numa não existência que os leva a passar o tempo, e  a não ter esperanças, a não ter futuro. E eu não conheço nada mais criminoso do que alguém não ter futuro. E esta que é uma situação provisória, transitória, mas como porém o futuro sempre chega, e como este os encontra sempre na mesma condição, sempre iguais, o futuro é como o presente, e é como se fora o passado, e é também  desesperança, porque se, e os, encontra sem solução, fica então criada, permanentemente, em sem solução. Penso que este é o mais grave dos enigmas de nosso tempo.







terça-feira, 12 de agosto de 2014

Lugares no fim do mundo: Um país com 36 pessoas e um país onde não se pisa em terra.








        Há lugares onde muito provavelmente nunca iremos, onde a vida, como a conhecemos, não é, onde as referências temporais são outras, onde poderíamos nos crer em outro planeta.  Lugares onde o tempo flui com intensidade diversa, onde as referências são de tal ordem diferentes que lembram a do calendário dos Kagwahiva, onde os meses, ou épocas do ano, eram divididas segundo as circunstâncias do(s) rio(s) junto ao qual (is) moravam, sendo um mês, chamado Tem peixe, outro Águas altas, outro ainda  Águas turvas, estabelecendo assim as referências locais, como se todo o mundo fosse a sua pequena casa, não havendo mais nada para além disto. Lugares onde expressivas partes do país não têm população, muitas das localidades ou não são habitadas ou só o são temporariamente. Países que em seu território têm locais tão distantes como Rio e Manaus, mas que só têm uma área de bem menos de um mílésimo da do Brasil, que tem um potencial para refugiados do clima, distorções geográficas incríveis, onde podemos, mesmo, nos sentir no fim do mundo.

      As Ilhas Pitcairn junto à Polinésia francesa são Britânicas, mas usam o  dólar neozelandês e não a libra, o que é bem uma evidência que são uma unidade autônoma, um país, assim como as  Filipinas, que  sendo pertença americana, não o são. Pitcairn, Cucie, Henderson e Oeno, quatro  ilhas que tiveram uma brutal redução populacional desde 1936, tendo caído a sua população a menos de 15% dos seus originais 250 habitantes, são hoje 36.  Com a famosa revolta do Bounty, os seus marinheiros em 1767 foram  esconder-se lá, para fugir à 'Royal Navy' que os procurava por deserção.  Eram desabitadas nesta época e  foram eles que as colonizaram, escondendo-se lá. Pitcairn é um pico de um vulcão muito antigo, tendo sido habitada na idade da pedra, foram encontradas evidências, inclusive encontraram templos, e depois foram habitadas pelos polinésios durante sua expanção, sendo novamente abandonadas. Adamstown, a  sua capital, é, às vezes, uma cidade fantasma, quando a sua diminuta população faz um pequinique por exemplo. Se alguém for a Adamstown durante o pequenique, não encontrará ninguém na cidade. Será bom morar num país com 36 habitantes? Você quereria ser o trigésimo sétimo?

    Já quinze vezes maior é outro país desta mesma região, Kiribati, este relativamente muito populoso, mais de cem mil habitantes, 1% da população portuguêsa, 0,05% da brasileira, 0,005% da chinesa, divida por 33 ilhas com uma particularidade que fez um amigo meu ir para lá morar: não têm terra. O nosso planeta que se designa por este nome, se fosse levado ao absoluto, as deveria escluir. Kiribati, o país mais oriental do planeta, não é deste mundo, não há agricultura, é todo em coral, por isto lá não se pisa terra e foi por isto que o meu amigo, o Dr. Rafael Soane, um espanhol da Galícia, foi para lá morar em12/12/12, data aquando não deveria mais pisar sobre terra, como ainda não se pode viver na Lua ou numa estação orbital, mudou-se para Kiribati. Não sei até quando poderá lá morar, já que todo o país, as 33 ilhas, corre o risco de desaparecer com o aquecimento global e o consequente aumento do nível dos oceanos, tendo levado a seu presidente a querer comprar terras nas Fiji para deslocar a população se necessário. Esta república é certamente instável, porque poderá passar a constituir apenas um grupo de refugiados do clima, deixando de existir enquanto país.

    Neste próximo Dezembro se vão completar três anos que não sei de meu amigo, espero que esteja feliz, partiu sem deixar contacto, tendo avisado que assim seria, sem deixar rastro, como gostariam de fazer alguns ladrões e golpistas que a polícia procura. Meu amigo, Rafael, não fez nada, já lhe citei o nome completo, era e é um homem brilhante, apenas com uma enorme desilusão do mundo, mundo que conhece como pouca gente, tendo viajado aos mais longíncuos lugares na sua busca civilizacional, estudava arqueologia, fez imensas coleções, das quais adquiri algumas, fomos juntos a muitos lugares do planeta, era uma adorável companhia, buscou seu caminho de solidão, certamente o irá encontrar, espero. ( Deveria ter dito desilusão das pessoas, o mundo não desilude, seus habitantes sim.) Por isto meu amigo partiu para um desses lugares que pertencem a outro mundo, que, estando neste, nós dizemos que são do fim do mundo



sábado, 9 de agosto de 2014

Os ciclos minoritários brasileiros.






O Império inaugura-se com um ciclo curto, 9 anos, o segundo imperador que permanece no trono mais de meio século, enfrenta vários e difíceis ciclos, nenhum tendo atingido os 21, a maioridade. A República é a instabilidade revolucionária, revoluções após revoluções, onde a de trinta trouxe o maior período de estabilidade conhecido: o Ciclo Vargas. O ciclo de Getúlio foi de quase 15 anos, e se somarmos o mandato que culminou com seu suicídio, 18, depois o Café Filho e a desgraça que se viu. Nem mesmo a ditadura dos generais, que trocava as caras e deveria ser mais durável, conseguiu um ciclo maioritário, 1º de abril de 1964,/15 de março de 1985, faltaram-lhe 17 diias, se quebrasse mesmo o encanto e resisitisse: Deus nos livre. O atual ciclo estará fazendo 20 anos (1994/2014) ao qual podemos chamar de Ciclo do Real, com seu fim anunciado será também minoritário, um destes quase, ao qual faltará também pouquinho para maioritário, mas deste teremos saudades. Ciclos políticos-institucionais ou econômicos, os ciclos brasileiros têm esta tendencia de minoridade, ao nunca ultrapassarem os vinte e um anos, morrem jovens e desiludidos.

O grande problema é que o Brasil vai se perdendo com isto, o ciclo imperial inglês levou século e meio e pôs a Ingraterra na condição de nação rica da qual ninguém a tira, nem algumas besteiras governativas de relêvo, como houve. Outros muitos países tiveram longos ciclos que os enrriqueceram, mesmo Portugal, o 35º mais rico, teve um longo ciclo bi-secular de riqueza que granjeou a esta pequenina nação esta posição de pujança, depois vieram muitas besteiras, mas vai se mantendo. O Brasil não consegue, vai aos sobressaltos. Agora que estava arranhando a posição de quinto país mais rico, em que se situaria de forma forte com possibilidades alvissareiras, vem desmoronar uma política que o alçou de um devedor miserável a um rico promissor no clube dos quatro em desenvolvimento ascencional, os ditos BRIC, Brasil, Russia, Índia e China, sendo o Brasil o único do clube que não era um 'remake', porque a Rússia, a Índia e a China já foram potências mundiais em tempos históricos, o Brasil nunca.

Com um déficit de 4%, com o cescimento médio em declínio (de 1,8% para 1% em 2014) com o investimento em ordens de grandeza muito insuficientes ( média de um trilhão de reais /ano) muito abaixo dos 2,3 trilhões necessários, para gerar empregos e fomentar um desenvolvimento continuado, com déficit em conta corrente, juros estratosférios, o custo Brasil astronômico, (1 exemplo: é mais barato usar telemóvel europeu no Brasil, que usar qualquer operador de telecomunicações 'brasileiro', uma vergonha.) luz e outras energias, combustíveis, água, insumos etc... tudo absurdamente inflacionado,  e mesmo assim com risco de faltar a elétrica por exemplo, por maior demanda que produção, com a oferta de emprego caindo, com a Petrobrás destruida, a Eletrobrás como se vê, com a produção industrial não tendo atingido suas metas (lembram do Brasil Maior?) com a âncora cambial tendo literalmente deixado o barco, com os 40% à mais nas comodities que foram para o beleléu ( retroagimos uma década e meia em termos de preços reais), e com uma explosão de consumo que foi desalinhada, e que não ajudou na formação de mercados, mais esta tolice de usar a política cambial como instrumento de combate a inflaçao que é uma bomba relógio que irá explodir a qualquer momento,  tendo queimado reservas internacionais que eram a nossa defesa para as incertezas que certamente virão, tudo isto junto vai levar o Brasil a não completar este último ciclo em maioridade, este, de todos os ciclos, o ciclo de expressão econômica, que promovendo estabilidade política e ascensão social, poderia levar o Brasil a escapar deste destino eternamente minoritário, que, como tal, não lhe propicía também uma maioridade civil, instaurando, para além da democracia, os benefícios que um continuado processo econômico sabe promover numa sociedade, dando-lhe estabilidade, seu maior bem depois da liberdade.

O Brasil está perdendo o rumo e esta gente nas ruas é sintomático, não sabem bem porque, mas sabem que há algo de podre a pairar no ar, sentem, como os animais antes do terremoto, as vibrações imperceptíveis de um disturbio incontrolável, e querem interferir, fazer algo, impedir a tragédia, porque é disto que se trata, impedir que se consume este 'não sabem bem o que' de cataclismo que se avizinha. Os indícios estão por toda parte, só os cegos não podem ver e os surdos não ouvir: o índice Bovespa já mostrou, as taxas de juros internacionais também (não há dinheiro barato para pobres, dinheiro barato é para os ricos, para torná-los mais ricos, é o princípio da confiança) o Brasil cresce 10% com 11% de Selic, isto é crecer como a cauda do cavalo, ou do burro, para baixo. Os analistas econômicos internacionais já avisaram, só o governo brasileiro não vê, porém mais cego é mesmo aquele que não quer ver.

O circo está montado, depois dos palhaços virão os equilibristas, e depois deste ficaremos todos à espera do domador de leões, mas este só virá a muito custo, e se houver quem se apresente com competência para tal. Nunca é fácil que apareça. Quem viver verá!

                                                               ADENDA

Para que não se diga que não falei em solução, e esta não é permitir que cada brasileiro possa comprar um telemóvel europeu pra reduzir os ciustos das telecomunicações, a solução é muito simples: É inaugurar-se um novo ciclo econômico para avançar ( O Brasil não pode parar.) ( É uma fuga pra frente, é, mas tem de ser assim.) e ir-se corrigindo, com a maior urgência possível, dentro do novo ciclo (dentro de um ciclo de crescimento para evitar a recessão) as distorções que foram e estão relegadas pela otimística incúria governamental (que irá custar cortes e ajustamentos.). Por outro lado promover um ciclo econômico num país como o Brasil é a coisa mais fácil do mundo. Na atual conjuntura sugiro que este ciclo seja o das Energias Renováveis, que ademais pode ser democrático em termos econômicos, todo mundo pode ter o seu poste de eólica, do qual cuida, usa a energia que necessita, e vende o excedente para o sistema, o mesmo pode acontecer com a solar e com inúmeras quedas d'água particulares de variadas dimensões, só isto será bastante, claro que com a condizente tomada de juizo por parte dos malucos que fazem uso das ações das estatais para fazer política social.








segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Resolução no BES, 'a case study'.



Que a supervisão bancária no extremo existir ou não dá no mesmo, ficou uma vez mais evidente. Que a melhor forma de se assaltar um banco é sendo 'dono' dele, também. Que existem pelo menos algumas centenas de cargos,  empregos, ( auditorias internas e externas, BP, CNVM, KPMG, todos com os seus departamentos especializados) que custam muito dinheiro, que poderiam não existir que era a mesma coisa, também ficou evidente. E que quando alguém se predispõe a fazer alguma coisa e dispõe dos meios para tal, com ajuda ou não de contabilistas próximos ou distantes, não há avisos, prevenções, cordões sanitários que o evitem, é outra constatação, porem isto é o antes, falta-nos o durante e o depois.

Vamos ao durante: Com um problema destes criado só pode haver quatro modalidades de solução,1- ou deixa-se falir o banco, ou 2- há uma venda do banco, e o comprador tem dinheiro para resolver todos os problemas porque acha que o banco é viável, sendo as dívidas menores que os ativos, o que lógicamente não se passava no BES, ainda que toda gente tenha sido enganada que assim era, ou 3- a solução vem de fora e há um empréstimo exterior que salva o banco, ou  4- vem de dentro e se dá uma nacionalização. Neste último caso pouco importa se os capitais são públicos ou privados, se salvou-se o banco com dinheiros do país, este foi nacionalizado, é aliás o que afirma em desacordo com as afirmações do governo toda a imprensa internacional. E no durante o regulador, o Banco de Portugal, 'in extremis' arranjou uma solução para, entre muitas coisas, salvar a sua cara que estava mais do que comprometida com o grande fiasco de seu cordão sanitário, para se dizer pouco.

E qual foi a solução encontrada é o 'case study', e o depois  será a sua consagração como medida de solução a ser adotada, ou não, em casos semelhantes. A primeira medida louvável na solução encontrada é este novo Fundo de Resolução criado, que compromete todo o Sistema financeiro, o que promoverá no futuro grande controle inter-bancário em suas más ações, atitudes perigosas quando menos, porque ninguém quererá pagar por roubalheiras ou erros de outros. Esta poderá ser uma verdadeira regulação, ou supervisão se preferirem. Ou seja esta falácia em que se transformou o Mercado de Capitais, transformando-se num Mercado de Especulação, ficará muito mais prevenida, para não dizer  mais. Aceitará um mercado como este até hoje tão desrregulamentado e livre pagar por seus próprios abusos, sendo este o mercado de todos os abusos? A segunda é a divisão do BES em dois, o mau e o bom, como os políciais a fazerem inquéritos, esta solução inapartável quando se quer salvar uma parte sã de algo que está junto de outra parte podre, que contém o que se chama eufemisticamente de ativos tóxicos, ou seja todas as aplicações ou empréstimos de capital do banco que se sabem perigosas ou que não vão  ser pagas, gerando (outro eufemismo) imparidades, são os prejuízos que ocorrem quando o débito não faz par com o crédito. Assim terão um banco, menor mas limpo, que sempre valerá algo e que alguém o desjará comprar, o que resta saber é se o prêço pelo qual se o conseguirá vender saldará o montante investido para o salvar (?). A terceira, e mais que lamentável, é que isto, como muito do que se faz no setor financeiro, pouco ético como sempre tem sido,  onde de fiduciário só tem o nome - aliás meu avô ensinou-me que quando visse algo intitulando-se algo de muito bom e são, desconfiasse, porque aquilo que é mesmo bom e são não necessita de se intitular como tal - tudo foi feito além da legislação existente, criando-se a possível, para suprir sua falta, e fazendo todo o resto por força da regulação, tudo 'manu militarmente'. Será isto aceitável? A resposta a estas perguntas é o 'case study' em desenvolvimento, uma vez respondidas saberemos se há ou não um modelo a ser seguido.

Resta falar no encobrimento angolano, 3,5 milhões de euros dados  como  garantia pelo Estado Angolano ao BESA para livrar o BES de ser irrecuperável, passando os valores do seu buraco, com este débito angolano, a rondar os oito bilhões de euros, ou oito mil milhões como preferem dizer os portugueses, sendo então um buraco que não haveria Fundo de Resolução que resolvesse. Para com este valor, que  foi excluído, não comprometer a solução implementada, logo sendo à seguir retirada a garantia dada pelo soberano, o Estado Angolano, o que foi, para se dizer o menos, uma grande desalavancagem. Resta agora a venda do Novo Banco, a devolução do dinheiro aos emprestadores, que foram os contribuintes, e não comprometer o Sistema Financeiro, que já não anda bem por muitas e outras tropelias ocorridas (e tropelias é uma palavra meiga), concluindo, destarte, o caso.

Quem comprará o Novo Banco por 5 bi? Este é o busilis do 'case study'!













sábado, 2 de agosto de 2014

ZECA AFONSO

                                                                   
                                                                                                             O último trovador.

                                                                                             À José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos.
                                                                                                          2/8/1929 - 2/8/2014  -85 anos.



Assombrado por som antigo
Que não sabia transcrever
Memorizava-o consigo
Até alguém o poder valer

Enquanto Os Vampiros sugam o sangue
Às Galinhas do mato até as estiolar
Canta com força e acaba exangue
Na faina intensa para as libertar

O Doutor Esoj Osnofa esconde o desejado da PIDE
Mas o Zeca continuará sempre a cantar
Traz no peito o fogo desta arte. E que ninguém duvide,
Está no combate, nunca parará de lutar

Sua luta que é canto, ou seu canto que é luta
Agia e atuava quando pouca gente reagia
E tinha muito mais  força que a força bruta
Já que adentrava almas e as envolvia

Cantando nas almas, na sua cantava
Este ressoar constante em ação febril
Cantigas, baladas- canção que embalava -
Tornando as Cantigas de Maio, as de Abril

Atormentado por um anjo antigo
Cerceado com grande crueldade
De tudo o que queria partilhar contigo
Resistiu, até todos termos liberdade!