sábado, 9 de agosto de 2014

Os ciclos minoritários brasileiros.






O Império inaugura-se com um ciclo curto, 9 anos, o segundo imperador que permanece no trono mais de meio século, enfrenta vários e difíceis ciclos, nenhum tendo atingido os 21, a maioridade. A República é a instabilidade revolucionária, revoluções após revoluções, onde a de trinta trouxe o maior período de estabilidade conhecido: o Ciclo Vargas. O ciclo de Getúlio foi de quase 15 anos, e se somarmos o mandato que culminou com seu suicídio, 18, depois o Café Filho e a desgraça que se viu. Nem mesmo a ditadura dos generais, que trocava as caras e deveria ser mais durável, conseguiu um ciclo maioritário, 1º de abril de 1964,/15 de março de 1985, faltaram-lhe 17 diias, se quebrasse mesmo o encanto e resisitisse: Deus nos livre. O atual ciclo estará fazendo 20 anos (1994/2014) ao qual podemos chamar de Ciclo do Real, com seu fim anunciado será também minoritário, um destes quase, ao qual faltará também pouquinho para maioritário, mas deste teremos saudades. Ciclos políticos-institucionais ou econômicos, os ciclos brasileiros têm esta tendencia de minoridade, ao nunca ultrapassarem os vinte e um anos, morrem jovens e desiludidos.

O grande problema é que o Brasil vai se perdendo com isto, o ciclo imperial inglês levou século e meio e pôs a Ingraterra na condição de nação rica da qual ninguém a tira, nem algumas besteiras governativas de relêvo, como houve. Outros muitos países tiveram longos ciclos que os enrriqueceram, mesmo Portugal, o 35º mais rico, teve um longo ciclo bi-secular de riqueza que granjeou a esta pequenina nação esta posição de pujança, depois vieram muitas besteiras, mas vai se mantendo. O Brasil não consegue, vai aos sobressaltos. Agora que estava arranhando a posição de quinto país mais rico, em que se situaria de forma forte com possibilidades alvissareiras, vem desmoronar uma política que o alçou de um devedor miserável a um rico promissor no clube dos quatro em desenvolvimento ascencional, os ditos BRIC, Brasil, Russia, Índia e China, sendo o Brasil o único do clube que não era um 'remake', porque a Rússia, a Índia e a China já foram potências mundiais em tempos históricos, o Brasil nunca.

Com um déficit de 4%, com o cescimento médio em declínio (de 1,8% para 1% em 2014) com o investimento em ordens de grandeza muito insuficientes ( média de um trilhão de reais /ano) muito abaixo dos 2,3 trilhões necessários, para gerar empregos e fomentar um desenvolvimento continuado, com déficit em conta corrente, juros estratosférios, o custo Brasil astronômico, (1 exemplo: é mais barato usar telemóvel europeu no Brasil, que usar qualquer operador de telecomunicações 'brasileiro', uma vergonha.) luz e outras energias, combustíveis, água, insumos etc... tudo absurdamente inflacionado,  e mesmo assim com risco de faltar a elétrica por exemplo, por maior demanda que produção, com a oferta de emprego caindo, com a Petrobrás destruida, a Eletrobrás como se vê, com a produção industrial não tendo atingido suas metas (lembram do Brasil Maior?) com a âncora cambial tendo literalmente deixado o barco, com os 40% à mais nas comodities que foram para o beleléu ( retroagimos uma década e meia em termos de preços reais), e com uma explosão de consumo que foi desalinhada, e que não ajudou na formação de mercados, mais esta tolice de usar a política cambial como instrumento de combate a inflaçao que é uma bomba relógio que irá explodir a qualquer momento,  tendo queimado reservas internacionais que eram a nossa defesa para as incertezas que certamente virão, tudo isto junto vai levar o Brasil a não completar este último ciclo em maioridade, este, de todos os ciclos, o ciclo de expressão econômica, que promovendo estabilidade política e ascensão social, poderia levar o Brasil a escapar deste destino eternamente minoritário, que, como tal, não lhe propicía também uma maioridade civil, instaurando, para além da democracia, os benefícios que um continuado processo econômico sabe promover numa sociedade, dando-lhe estabilidade, seu maior bem depois da liberdade.

O Brasil está perdendo o rumo e esta gente nas ruas é sintomático, não sabem bem porque, mas sabem que há algo de podre a pairar no ar, sentem, como os animais antes do terremoto, as vibrações imperceptíveis de um disturbio incontrolável, e querem interferir, fazer algo, impedir a tragédia, porque é disto que se trata, impedir que se consume este 'não sabem bem o que' de cataclismo que se avizinha. Os indícios estão por toda parte, só os cegos não podem ver e os surdos não ouvir: o índice Bovespa já mostrou, as taxas de juros internacionais também (não há dinheiro barato para pobres, dinheiro barato é para os ricos, para torná-los mais ricos, é o princípio da confiança) o Brasil cresce 10% com 11% de Selic, isto é crecer como a cauda do cavalo, ou do burro, para baixo. Os analistas econômicos internacionais já avisaram, só o governo brasileiro não vê, porém mais cego é mesmo aquele que não quer ver.

O circo está montado, depois dos palhaços virão os equilibristas, e depois deste ficaremos todos à espera do domador de leões, mas este só virá a muito custo, e se houver quem se apresente com competência para tal. Nunca é fácil que apareça. Quem viver verá!

                                                               ADENDA

Para que não se diga que não falei em solução, e esta não é permitir que cada brasileiro possa comprar um telemóvel europeu pra reduzir os ciustos das telecomunicações, a solução é muito simples: É inaugurar-se um novo ciclo econômico para avançar ( O Brasil não pode parar.) ( É uma fuga pra frente, é, mas tem de ser assim.) e ir-se corrigindo, com a maior urgência possível, dentro do novo ciclo (dentro de um ciclo de crescimento para evitar a recessão) as distorções que foram e estão relegadas pela otimística incúria governamental (que irá custar cortes e ajustamentos.). Por outro lado promover um ciclo econômico num país como o Brasil é a coisa mais fácil do mundo. Na atual conjuntura sugiro que este ciclo seja o das Energias Renováveis, que ademais pode ser democrático em termos econômicos, todo mundo pode ter o seu poste de eólica, do qual cuida, usa a energia que necessita, e vende o excedente para o sistema, o mesmo pode acontecer com a solar e com inúmeras quedas d'água particulares de variadas dimensões, só isto será bastante, claro que com a condizente tomada de juizo por parte dos malucos que fazem uso das ações das estatais para fazer política social.








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