sábado, 27 de outubro de 2018

E o amor venceu o ódio.




O que poderemos esperar dessa fase que o Brasil atravessa?

Apropriei-me deste sound-bite de campanha para intitular essa crônica porque define absolutamente o que se vai passar de um modo ou de outro, se não vejamos.


A Democracia está tentando se implantar no Brasil, e carece de se enraizar para que todos definitivamente percebam que a Democracia é o pior dos regimes, exceptuando todos os demais, ou seja essa herança grega da forma de resolver os problemas da polis, é a única solução humana plausível de ser alcançada para a vida em comunidade com justiça. Quando isto estiver bem entranhado nas mentes e corações dos brasileiros, eles não mais correrão o risco de ditaduras, de ditadores, de regimes de exceção, de todos os desvios que existem e afastam os governos sob estes desvios da vontade soberana do povo para atender a outros interesses, coisa que também acontece com os eleitos democraticamente por se deixarem tentar pelas mais diversas canções (cantos de sereia) e pelos mais escusos interesses que sempre condenarão aos seduzidos por assim procederem. Até lá...

A ainda insipiente Democracia brasileira está sendo sujeita a um teste pesado que a trará renovada para a tona dos acontecimentos futuros, e isso faz-me lembrar de duas verdades esclarecedoras, uma dita por mim, outra é um conto de Machado de Assis.

1. Numa entrevista que dei certa vez logo após o caso da UNE, perguntaram-me em quem pretendia votar para presidente se a escolha que se me apresentasse fosse Lula ou Afonso Arinos de Melo Franco, que já no final da vida voltava por aquele tempo à ribalta, daí a pergunta. Vieram os minutos do intervalo da propaganda televisiva, e meu entrevistador queria saber em off da resposta que iria dar. Resisti, passaram-se aqueles breves minutos, e a conversa termina com ele dando-se a certeza de que eu votaria Lula, homem de esquerda que sou, e que portanto... Voltamos ao ar, ele repete a pergunta, e para seu espanto respondo que voltaria Afonso Arinos. Estupefacto pergunta-me porque. E eu respondo prontamente: Porque a esse meu pai já pagou o champagne e do outro (Lula) terei eu de o pagar. Risada geral no estúdio, termina a entrevista, a hipótese das duas candidaturas não se coloca, passam-se anos, quando viemos a saber do Petrolão e de todas as ações do PT, e foi quando me dei conta que tristemente tinha tido razão antes do tempo.

2. O conto de Machado a que me refiro é o intitulado "A Igreja do diabo." Delicioso e educativo como toda a escrita machadiana, nos fala que o diabo tendo entendido que o êxito de Deus residiria na sua organização, subiu das profundezas indo ter com Deus, dizendo que a razão de Seu sucesso estava por ele ter igreja, com intermediários eficientes, um culto organizado etc...etc... E que ele, diabo, não, tinha tudo sem uma ordem bem estabelecida, sem entidades que o coadjuvassem, sem nada, e era esta a razão de seu pouco sucesso em contraste com o espetacular sucesso divino. Deus respondeu-lhe que se assim achava deveria, então, se organizar, e imediatamente sentindo-se autorizado, começa a constituir sua igreja muito à semelhança da Igreja de Deus, mas com os seus pressupostos e ritos diabólicos evidentemente. Assim procedendo sua igreja encheu, a devassidão e a libertinagem atraíram milhões de fiéis. O diabo regozijava-se de ter uma igreja que de dia para dia tornava-se cada vez mais poderosa. Porém a licenciosidade cansa, sobretudo em confronto com a índole da maioria que não é salaz, e toda aquela depravação que de início tinha tido seu poder sedutor, transformou-se logo numa ação desgastante, esvaziando a igreja do diabo de seus seguidores fartos e exaustos.


As instituições serão posta a provas, e talvez o PT tenha aprendido a lição e perdido sua voracidade e vá buscar um novo caminho mais próximo da ideologia que o formou, e, por outro lado, se estiver em nosso Karma passarmos pela experiência que presentemente se intitula pesselista, o povo sairá refeito como os adeptos da igreja do diabo que logo retomaram ao bom caminho, assumindo propostas menos odiosas; e retornando à senda das boas propostas cedo se desiludiram da pretensão que há um caminho curto, cheio de ódio que nos possa levar a uma sociedade justa e equilibrada. É bem verdade que num país onde há dezenas de milhares de assassinatos todos os dias, seis, sete dezenas de milhares deles anualmente, o que leva a um absurdo número de ocorrências diárias, as coisas alcançaram um grau de distorção que requer muita ação sociológica para repor os carros nos trilhos, e é compreensível que os menos esclarecidos acreditem em medidas miraculosas, igrejas dos diabos, que os possam conduzir às situações desejadas. Só que não há milagres sociais, por mais que se evoque Deus. Só que não há soluções rápidas para a construção de uma nação. UMA NAÇÃO É UM LONGO E DEMORADO EDIFÍCIO QUE SE CONSTRÓI AOS POUCOS. O Brasil tem necessidade de estimar-se, de respeita-se, de valorizar a vida humana, e ter presente os sentimentos mais próximos como nos ensina Deus em seus mandamentos, e está nos valores do paradigma sociológico respeitar o próximo, e só assim poderemos alcançar o ensinamento cristão e com o amor vencermos o ódio.

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