O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
quinta-feira, 23 de setembro de 2021
Afeganistão, uma lição africana.
Um país que não poduz nada, ou muito pouco. Um país em que suas riquezas estão nas mãos de outros (suas minas, suas fábricas, sua produção) é uma bomba relógio. A ganância e o egoísmo de uns quantos, tem levado ao fracasso e à miséria países que querem criar uma economia produtiva, e que, tendo perdido as 4 revoluções industriais, hoje só podem produzir e exportar, guerras, terror, drogas ou miséria. O retrato do Afeganistão pela mão do terror choca, e faz reclame do que seja, e é, a miséria, e do que é a nossa incompetência em acabar com ela. Os EEUU gastaram trilhões no Afeganistão, e deixaram um país pior do que o que encontraram. Porque? Os muitos retratos dos muitos países d'África, estão cobertos pelo manto do silêncio, um silêncio cúmplice com a miséria, e a falta de perspectivas, sob o qual fermentam desgraças futuras para o mundo, que, desplicente e egoísta, canta alegremente sua riqueza e quase nada faz para evitar essa situação, não entendendo que só temos um mundo, e ele toca a todos nós. Criamos, portanto, uma bmba relógio. Temos então uma bomba relógio. Ouçam o seu tick tack, dêm-se conta que só há um planeta, e ele, menor cada vez mais, como se torna super-povoado, e como se tornou com os avanços tecnológicos, está todo comprometido, e poderá explodir como dinamite se não entendermos que estamos todos no mesmo barco.
A lição que se deve tirar do Afeganistão é sobretudo africana. Há trinta anos eu escrevo sobre esse tema, para lembrar que África espera pela presença do mundo rico lá em suas terras, lindas e portentosas. Não como colonizadores, como já estiveram, não como conquistadores, como já foram, mas para criarem um ambiente de prosperidade (higiene, saúde e emprego, é o que basta) não se espera riqueza, só sanidade e oportunidades de trabalho, nada mais, repito. Esse continente esteve séculos nas mãos dos colonizadores que não conseguiram deixar lá o básico sequer, salvo exceções pontuais. Colonizar, essa palavra estranha, que significa promover a colonização, e colonização significa colonizar. Num ciclo vicioso dicionarizado, que bem expressa na realidade, sua infrutífera condição, vale dizer: As riquezas africanas só eram frutíferas nas mãos dos povos que as colonizavam, em mãos africanas são o vazio, a improdutividade, e a miséria.
O exemplo afegão é nitidamente a visão atualizada da colonização, de que a presença dos poderosos não consegue ser inclusiva, não consegue legar prosperidade, só miséria. Esta incapacidade se deve ao fato de sua presença não chamar a todos, não os inspirar, estabelecendo o nós/eles, e quando o nós vai-se embora, ficam os eles sem nada. Nem um maldito exército foram capazes de criar, apesar de todo o equipamento e recursos que lá puseram. O porque, a causa é muito simples de se entender: Nã há corpos sem alma. Se a alma não existisse, ou nã fosse necessária a ciência já tinha vencido a morte, como vai vencendo com sua farmácia fantástica, com sua medicina incrível, mas que não reúnem forças suficientes para dar alma a um qualquer corpo. Sem vontade, sem desejo, sem ambição, sem amor, sem sonho, não há alma, só há um corpo que ali fica moribundo, que inerte será cadáver brevemente.
Os novos colonizadores não esqueceram nada, mas não aprenderam nada (como os Bourbons no dizer de Talleyrand-Périgord) porque o poder e a riqueza cegam, estupidificam. E desta cegueira a desgraça afegã que hoje vemos, a desgraça africana que ficou, em estruturas físicas que remanesceram, ou abandonadas, ou sem uso, ou com uso impróprio. Fábricas que nada fabricam, mercados que nada vendem, hospitais que não geram sanidade. Os colonizadres foram mentores de sua riqueza e da miséria alheia, incapazes de transmitir seu saber e capacidades, deixando a desgraça como herança e, como no dizer de Luís XV: "Après moi le déluge."
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