domingo, 25 de setembro de 2016

Bratislava: Ou vai ou racha!





Terminou hoje a Cimeira informal de Bratislava onde os 27 chefes de governo dos ainda vinte e oito Estados europeus se reuniram, para se compenetrarem de que está tudo mal, o que já é de há muito sobejamente sabido. Sopra da reunião uma leve, muito leve, aragem de esperança, se esta aragem não se transformar num vento que sopre bem e sofre forte até a Cimeira de Roma, nesse crucial semestre que temos pela frente, para vermos flores na primavera europeia do ano que vem, estará tudo perdido, portanto, ainda que não o digam claramente, é: Ou vai ou racha.

Aliás rachar já rachou, as regras que distorcem a Europa, o dinheiro que flui para uns cofres esvaziando outros, e esse dinheiro, que se chama Euro, que funciona a duas velocidades, ou com duas funcionalidades como será mais correto dizer, é a mais deformadora arma que atua na Europa hoje, sendo a criatura a esganar o criador, o descumprimento das regras que é possível para uns e impossíveis para outros, a aplicação desigual dos pactos e tratados, levaram à saída do Reino Unido, e podem levar a total fragmentação da União.


É um triste e antigo habito político seguirem a assertiva de Lampedusa , sobretudo daqueles que exercem o poder, e, consequentemente, fazem com que as coisas corram a sua feição, o de mudar as coisas para que elas continuem como são. O grande problema Europeu deste momento, e que se os dirigentes não tiverem muito juízo, é que as coisas não podem continuar na mesma, com a Alemanha, a grande beneficiária do status quo, a manter o sistema de superavites, a acumular, como a França, com interesses homólogos, num jogo de faz de contas que vai empurrando com a barriga os problemas, também sempre à conta de atender aos seus eleitores, e, NÃO OS ENFRENTANDO, POIS TERÃO QUE DIZER-LHES, AOS ELEITORES, QUE, SE QUEREM EUROPA, AS COISAS TÊM MESMO DE MUDAR. Mas qual é o político que quer enfrentar e contradizer seus eleitores?

A única argumentação que poderá ser convincente, e esta será apresentar os fatos, é de que a Europa, mesmo com as alterações misteres, é um muito bom negócio para eles, pois sem as barreiras alfandegárias, com a configuração próxima de um só Estado, os mais ricos membros tem imensas vantagens, mas isso é mesmo assim entre Estados de um mesmo país, quando há uma federação (Brasil, EUA, Rússia por exemplo) há maiores vantagens para uns em detrimento de outros, e que o interesse destes, os Estados mais ricos no seio da União, compensa o ônus de prover os outros Estados, compensa os custos de participar para o progresso comum, onde o interesse de todos será respeitado, porque este será também o seu, e ainda lhes trará mais lucro. Só que convencer o eleitor disso não é fácil, sabemos. Mas agora não há outra alternativa!

Sim, para que continue existindo União Europeia, é absolutamente imprescindível que as distorções criadas no seio da União sejam ultrapassadas, é necessário destorce-las, concerto-las, endireita-las, é imprescindível ajustar o Euro para atender aos interesses de todos, e que não somente os déficites sejam controlados, mas também os superavites, e que haja uma efetiva administração central, uma união bancária, e imenso controle à ganância do sistema financeiro, com um Banco Central Europeu muito rígido e muito ativo, para controlar e evitar as insânias frequentes ao setor.


Vejo com alguma apreensão esse futuro próximo, a Hungria com um ditador, a França com um tonto, a Eslováquia com um premier que se opõe formalmente a um governo central Europeu, a República Tcheca com um cretino na cabeça do Estado, com a pressão dos refugiados, com o terrorismo mais atuante que nunca, com todos querendo salvar sua pele, só mesmo Deus poderá salvar a U.E., como eu acredito em Deus e reconheço seus milagres, fico só apreensivo, se assim  não fosse estaria desesperado. Ou todos se convencem de que só há um futuro, e esse terá de ser comum, com um projeto comum, e que esse não pode ser outro que não o da Eurolândia, ou seja que a União se transforme num país, poderá levar mais ou menos tempo, mas é a única saída.

Mas a direção, o rumo, terá de estar traçada até a próxima primavera, e às claras, a frente de todos os que estão no barco, com a consciência de todos, mesmo que com discordâncias e dificuldades. Com tudo isso para ser feito à nossa frente nos próximos seis meses, e com os dirigentes sem estatuto de líderes, salvo pouquíssimas exceções, vamos enfrentar momentos muito difíceis, mas a hora é chegada, soou a trombeta: Ou vai, ou racha!

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