sexta-feira, 1 de junho de 2018

Além das medidas.




                             


                                                                 Tudo que é de mais paga o preço do excesso.



Tudo nesse mundo tem medida certa. Assim como os sapatos, se forem pequenos os pés não entram, se forem grandes saem dos pés. Assim como a roupa, pequena não se entra nela, grande fica-nos mal, e não só esteticamente. Assim como os alimentos que têm doses que não conseguiremos comer, e outras que nos deixarão com fome. Assim como os venenos, em que há doses que nos matarão, como também os remédios que nos curam, também têm doses que podem ser fatais, e ainda há outras que não fazem efeito em ambos os casos. Tudo nesse mundo tem medida certa.

A adição dos torcedores por seus clubes tem sido exploradas por tudo e por todos, desde os media na busca de audiência, leitores, ouvintes, até os próprios clubes na busca de rendas, lucros, poder, excederam todos os limites do admissível, do plausível, a palavra aqui tem de ser mais robusta, do racional, do lógico e do aceitável, mesmo do humano, transformando a adição na doença que é, quando excessiva, no desvio que assume quando é levada além da medida, e na medida se encontra toda a possibilidade da normalidade, e no excesso, toda  a manifestação do desvio, da loucura, da insânia.

Há culpados, e esses são todos que se excederam, e com isso roubaram o brilho da festa. Transformaram a alegria em angústia, a diversão em engano, a beleza em mentira, retirando toda a verdade do que é a competição, espalhando todo o horror que é a corrupção, afugentando a diversão para dar lugar à falsidade, à mentira, ao engodo. O futebol está morto para quem tem vergonha na cara, para quem ama a verdade, para quem quer conquistas, e não subornos. Desde a FIFA, ao clubezinho da esquina, está tudo podre, e para retomar o rumo, se algum dia o conseguir, vai levar tempo. Eu há duas décadas não vejo futebol, não me deixei enganar, escrevi sobre o assunto com o nojo indispensável, e me afastei da pocilga, pois até o cheiro me incomodava. Eu que sempre amei o passe de mestre, a bicicleta inesperada, o cabeceamento feliz. Tudo perdera a graça, imerso na pocilga.

Açulados pelos medias, excitados pelos números estapafúrdios dos traspasses de jogadores, onde só os  muitos ricos podem ter uma equipe vencedora, enganados pela (e vou usar um termo que me mete nojo) verdade desportiva, que nada mais era do que desportivamente MENTIRA! MENTIRA! E MAIS MENTIRA!

Quando se atua com excesso, seja no que for, o final é esse.




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