sexta-feira, 10 de agosto de 2018

DA PERSISTÊNCIA À INCONVENIÊNCIA - A FALTA DE ESPELHOS.




Ser persistente geralmente é visto como algo positivo, como uma qualidade, não como defeito, porém a persistência excessiva, aquela que ultrapassa os parâmetros de uma insistência dada como sadia, com uma atitude tida como louvável, porque resiste às adversidades que surgem, indo então para além do razoável, para além da resistência a essas adversidades e oposições tidas como aceitáveis, indo empenhar-se para impor sua agenda, suas idéias, já quando uma maioria as considera inaceitáveis, deixa de ser bem vinda, para ser repudiada.

Trump, Bruno de Carvalho, Teresa May, Ricardo Robles, Constança Urbano de Sousa, são personagens que transitaram mais ou menos rapidamente dessa ação de uma persistência admirada para uma insistência inconveniente. Ultrapassaram limites por falta de espelhos, falta de auto-apreciação, não se dando conta que não resulta insistir para além de um certo ponto por mais razão que se tenham.

Figuras de diversas dimensões, e por motivos distintos, passaram da louvável condição de persistentes, para a indesejável de inconvenientes. QUANDO SE DÁ ESSA TRANSIÇÃO?

O que se passou com elas, e/ou com suas causas, para que sua condição se alterasse? E deixassem de ser vistas como admiráveis persistentes, para serem conotadas como indesejáveis?

Penso que a resposta reside em duas palavras que utilizei, e devem ser esquadrinhadas para nos revelarem o que se passa, o que se deu como mudança interpretativa, são elas: razoável e aceitável, que são a base para o entendimento do que deixa de ser conveniente. Os humanos têm marcas etológicas estabelecidas, assim como os animais por outras razões, que, apesar de invisíveis, estão muito definidas, e não podem ser ultrapassadas sem provocarem forte reação.

RAZOÁVEL - É antes de tudo qualidade da razão. E quem é a razão? Sendo a compreensão, a inteligência, é matematicamente uma quantidade que numa progressão opera sempre de um mesmo modo, é o fundamento.

ACEITÁVEL - É tudo aquilo que merece ser aceito, ser recebido.

CONVENIENTE - É o que bate e volta, ou seja o que corresponde, e corresponder é responder em simultâneo, e essa ideia de simultaneidade, o sentimento que gera sentimento de resposta homólogo, 'co', e nesse corresponder traz também a ideia de utilidade, de responder pela positiva, de atender às expectativas. Logo para que haja conveniência, para que haja correspondência, é mister ser razoável, posto que é a razoabilidade que traz entendimento comum, o que a matemática descreve como algo que opera de forma regular, sempre do mesmo modo. O que lhe dá aceitabilidade, pois é confiável, já que ninguém acolhe a quem desconfia. Ou seja é tudo uma questão de confiança, essa se perde quando a ação do agente opera de forma irregular, ou se essa ultrapassa os limites aceites por todos, não merecendo mais ser recebida (Aceite).

Voltemos às personagens que escolhi para exemplo dessa análise, e avaliemos que valores excederam, quais atitudes tiveram, que romperam sua aceitação, e, num dado momento se tornaram inconvenientes, ultrapassando os limites da persistência para ingressarem no âmbito da inconveniência.

Verão que todas, num dado momento, perderam a aceitabilidade por levarem sua insistência para além do razoável, excedendo limites, que apesar de não convencionados, estão estabelecidos em critérios naturais da resiliência de todos e de cada um, da elasticidade do caráter humano em aceitar uma oposição valente, que para uns terá maior âmbito, e para outros, menos, entretanto existe um ponto além do qual torna-se intolerável, tornando ao recalcitrante inconveniente. E ninguém jamais esquece uma inconveniência, como uma ofensa que lhes seja cometida.


Sem comentários:

Enviar um comentário