quinta-feira, 25 de abril de 2019

Aos 45 anos da Revolução.







Revolução perene.

É sempre Abril em Portugal
Quando de cuidar da democracia
Porque a esperança inculcada
Chama seus marcos
E é festa
Da sinistra a destra
Que por existir, manifesta

Rolam chaimites
Bailam crianças
Puras dinamites
Em explosões de esperança

Haverá sempre um jardim primaveril
Vozes no ar, e cravos
Que os símbolos guardam
Sons de louvor e cavos
Mais clamores de expectativas
Que os sonhos resguardam

A fazer-se a festa da presença
E a desfazer-se o medo medonho
Da lúgubre longa espera 
A realizar-se o sonho
E a cumprir-se a primavera

E a espraiar-se em seus dias
Em tudo aquilo que são
Disposição sincera
Manifesta resolução.


quarta-feira, 24 de abril de 2019

Já começou 8. E a presunção de inocência, Dr. Moro?






"Não debato com criminosos pela televisão." É a absurda frase do dr. Moro, atualmente ministro da justiça brasileiro, em resposta ao Sr. Engenheiro Sócrates, ex- Primeiro Ministro de Portugal.

Onde está o criminoso? Ao que eu saiba o Sr. Engº Sócrates, não foi condenado por nenhum crime, logo é inocente até prova em contrário, e goza da presunção de inocência. Ao afirmar semelhante estultícia, o Sr. dr. Moro, revela o que pensa da presunção de inocência que concede, a mesma que terá dado ao Lula, quando o teve em suas garras.

Espero que o Sr. Engº Sócrates o processe. E espero que ele venha a ser condenado.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Bolsonaro e os índios, surrealista!






Tenho evitado de falar dos problemas brasileiros devido a ignorância generalizada da real situação das coisas, e da pouca consistência dos debates, porque a classe política é ignorante e se move por interesses os mais inconfessáveis, e a população se move por momentos emocionais, sempre acreditando em Salvadores da Pátria (talvez seja maldição novelística da Globo) ou por expectativas irrealizáveis, na vertente de sua "profissão esperança". Nos breves minutos que estive a ver o vídeo título dessa crônica no canal Youtube, que tem ao lado comentários, grosso modo os comentários se dividiam, entre louvar o Bolsonaro, grande maioria, execrar os pt, e se colocarem contra as Ongs, a FUNAI e o IBAMA. Todos falando do que não sabem. E os que intervencionavam no vídeo apresentado, desde o Presidente Bolsonaro, aos Ministros, os Senadores e os índios, cada um dizia coisa mais absurda que o outro, mostrando que o Brasil não tem salvação possível por enquanto. É como é! Cada povo tem o governo que merece, e um povo ignorante merece um governo ignorante.

Deu-me enorme vontade de acabar a crônica nesse primeiro parágrafo, que é a síntese de uma realidade que não irei modificar. E mesmo toda a temática é muito longa para ser explicada de uma vez. Porém é meu dever, em respeito aos meus leitores, dizer tudo que deve ser dito sobre a matéria. E mostrar para quem viu o video, e todos podem vê-lo, é só irem ao canal Youtube, ou aos que leram as notícias sobre o assunto, o amontoado de sandices que ficam ali consagradas. O Capitão que preside os destinos do Brasil, não tem a mínima noção do problema indígena, e eu falo com a autoridade de quem foi próximo dos irmãos Vilas-Boas, de Darcy Ribeiro e do grande Noel Nutels (e da minha querida Elisa) que, quando eu era rapazote, era o médico do SPI e depois do SUSA. Com a autoridade de quem andou pela Amazônia, estive muitas vezes com os índios, e os conhece bem.

Porém independentemente de os conhecer ou não, se vi sequer os índios, há leis no Brasil, e uma Constituição. Onde está determinada a condição de tutelado do índio no Brasil. E quem exerce essa tutela (Lei 6001/73) é a FUNAI (Lei 5972/67). Ou seja, quando um idiota como o Bolsonaro afirma que quem manda na FUNAI são os índios, está querendo inverter toda a lógica jurídica existente. Quando diz que para apoiar os  índios vai pô-los a comandar a FUNAI, não tem a mínima noção do que diz. O Brasil está na mão de ignorantes, estes poderão ter a melhor das intenções, mas desconhecem a condição do índio, seu estatuto, e como chegamos a isto, com muita luta dos indigenistas, e do povo nas ruas, para defender os índios de serem logrados e espoliados.

O Sr. capitão Bolsonaro desconhece que o responsável pelos índios é ele, como último e mais alto representante da União (Artigo 8º da Constituição) porque finalmente o Direito dos índios foi reconhecido como um Direito originário, portanto anterior a existência do Estado brasileiro, outra grande luta que demorou para que nós a conseguíssemos incluir na Constituição, para que este não fosse um Direito superveniente, e o tornássemos inviolável. Conseguimos! Agora vem gente que não sabe do que fala dizer que os índios se irão auto-governar, outros que apreciam o que disse o Capitão Bolsonaro. Tudo é perdoado à ignorância, menos o desconhecimento das leis. Que as não cumpre, conheça-as ou não, vai para a cadeia.




Por outro lado a condição do índio, que foi conquistada com décadas de luta dos mais ilustres brasileiros, como aqueles com quem tive o gosto de privar, e anterior a todos eles, e o mais ilustre dos indigenistas, o Marechal Cândido Rondon, que pagou todos os preços do sofrimento para dar a condição do Direito dos índios às suas terras. Direito consagrado nas sucessivas Constituições (34, 37, 46, 63 e sua emenda de 69, e a de 88) onde o atual Artigo 231 é claro, as terras (são propriedade) pertencem a União, e são posse dos índios, que são os únicos que as podem usufruir. E seu uso só pode ser determinado por Lei ordinária proposta pela União (art 176 § 1º) e não pela vontade de quem quer que seja. Quando O Sr. capitão Bolsonaro diz que os índios decidirão do uso de suas terras, e que poderão estabelecer contratos para explorar as riquezas que nelas existe, dá-me vontade de rir. Falou mesmo (verbis) que existe uma "tabela periódica debaixo das terras" indígenas, e à seguir,  quando falou o representante dos Yanomami, um povo que ainda está na idade da pedra, disse que aquilo era maior que dois Estado do Rio de Janeiro, que é, e que a utilização desses recursos os tornaria ricos, e geraria muitos impostos. Território crivado de solicitações de mineração, e invadido regularmente. Insano, ignorante, estúpido, despreparado, não tem a mínima ideia do que fala. Aquela gente quer pescar e caçar em paz, dormir num bom xabono, e dançar, cheirar yãkuãna,  contar suas histórias, e trocar suas esposas, com a benção de Kurikama.  E este mesmo Artigo 231 agora consagra a mais antiga das ambições daqueles que amam os índios e conhecem sua causa, entendendo o Direito a Diferença, como o Direito inviolável dos índios, nós pressionamos muito os constituintes de 88 para que assim fosse, e se mantivesse na revisão de 93/4.   



 O Brasil está uma desgraça, é verdade, mas ainda tem Leis, tem gente que sabe como são as coisas, juristas, indigenistas, funcionários capazes, gente digna, para além desse oceano de estupidez e confrontação em que se tornou, tem uma herança legislativa que conquistamos na luta social, onde meu sangue se derramou muita vez. Temos também gente que estudou e estuda, e tem noção do que diz, do que fala, e do que faz.

Pelo sangue dos Rondon, dos Darcy Ribeiro, dos Nutels, que a Ucrânia nos legou, dos Vilas-Boas, e de tanta gente digna que fez um Brasil melhor, por isto, sei que não perecerá pela circunstância de cabos, sargentos, capitães e generais analfabetos terem momentaneamente o controle de seu governo. Para que a ditadura de 64 caísse esperamos 21 anos, tudo passa.


NOTÍCIA DE 25/7/2019 na Galileu A SITUAÇÃO ESTÁ PIOR!!!

Um vídeo produzido pela organização Mídia Índia mostra imagens que alertam para os problemas enfrentados pelos indígenas Awá, uma isolada etnia nativa da Amazônia que sofre com os impactos da indústria madeireira na região. Divulgado pela Survival International, organização britânica não-governamental, o filme foi feito pelo olhar do documentarista Flay Guajajara, que pertence à etnia Guajajara, um povo que vive ao redor do território dos awá, no estado do Maranhão.
Flay faz parte do grupo "Guardiões da Floresta", cujo objetivo é oferecer proteção contra  atividades agrícolas e extrativistas. Os guardiões, como são conhecidos, se tornaram  protetores dos awás, que são o maior povo isolado do mundo.
"Esperamos que esse filme traga um resultado positivo e faça uma repercussão internacional com um olhar voltado para a questão de proteger um povo, uma floresta, uma nação, uma terra e uma história", contou o autor do vídeo.
Na filmagem, um homem com peito nu usa colares e segura um facão. Além dele, é possível notar que há em um plano mais escondido uma outra pessoa que está com flechas. O vídeo é interrompido logo após o homem olhar para a câmera, num gesto que parece indicar que ele percebeu que estava sendo observado.
Amazônia aberta para negócios? (Foto: Agência Brasil)
“Mas a gente sabe da importância de usar essa imagem dos awás porque se a gente não divulgar isso para o mundo eles vão acabar sendo assassinados pelos madeireiros”, explicou. “Há uma necessidade de mostrar que eles existem e que estão correndo risco de vida.”
Os perigos enfrentados pelos awá são agravados pelo fato do território da tribo estar diminuindo. Somente no mês de junho, o desmatamento na Amazônia cresceu 60% em comparação com 2018, segundo o  Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O presidente Jair Bolsonaro questionou os dados da entidade, ao chamar os números de "exagerados".
"Estamos usando essa imagem para pedir ajuda", disse Erisvan Guajajara. Há um temor entre ativistas e ONGs de que a situação dos territórios indígenas pode se complicar com o governo do presidente Jair Bolsonaro, que tem forte apoio do agronegócio.”
>>>>> Hoje sabe-se que o próprio Bolsonaro promoveu um sistemático ataque aos povos indígenas, razão pela qual está denunciado tanto pela Comissão Arns, como Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos, ao Tribunal Penal Internacional por incitação ao genocídio.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Eu, Quasímodo.







Horrível, peçonhento, com mau-hálito, com azias, miserável, horrendo, dantesco, pior hugoniano, corcunda a pular as arquitraves em chamas, agarrado a capitéis e arcobotantes que tombam, pináculos que desmoronam, botaréus diversos desamparados, enquanto tento fugir ao fogo. O imenso fogo que me devora a alma.

"Notre-Dame de la tristesse."

Minha catedral amada, símbolo de uma época, história de um povo. Templo de Isis. Gotiquíssima Catedral. Alma de Paris. Teus vitrais, teu colorido, tuas sombras e reflexos, tuas rosáceas imensas, teus  pequenos colorismos a meus pés, como que fragmentadas evocações de eternidade agora enfumaçadas. França apunhalada em seu coração. Tantas vezes santa, preciosa por si mesma, tesouro de tesouros, tua santidade, tua presença, tua força, tudo rasga meu peito com todas as tristezas possíveis por te saber destruída. Tu que mantinhas teu diálogo poderoso com todos que te procuravam, e mesmo com os passantes, em infinitas conversas de proximidade, tua função oculta, tua sina. E sempre aberta os acolhia a todos, sem excluir ninguém, fosse de que credo fosse. Nem o animalismo nazi foi capaz de atacá-la, pelas deferências que evocas, todas, pelo respeito que impões, todos, intocável. Urbi et Orbi. Ilhada no teu sítio "da cidade" e universalizada em teu símbolo do mundo inteiro. Tuas duas irmãs portuguesas, a mais velha de Braga e a tua coetânea de Lisboa, choram comigo aqui, desde Portugal.

Jour de ma misére.



Da plenitude da estupidez.

Há coisas que não podem acontecer, simplesmente não podem. Alguém pensa que se possa quebrar a Vênus de Milos, ou a Vitória de Samotrácia? Ou que pudessem rasgam a Monalisa? Franceses, vós sois guardiães de muitos tesouros que não são vossos, são universais, não vos podeis permitir tais desmazelos. Não podem ocorrer semelhantes negligências. Não pode, ponto. Notre-Dame que é tão vossa, é tão nossa, é universal. Num país como o Brasil, onde há ainda longuíssima caminhada a fazer, que se tenha incendiado São Cristóvão, é tanta tragédia como a da Notre-Dame, mas que não deveria poder acontecer ainda em menor grau de possibilidade, porque o Brasil ainda tem muito pouco. E em São Cristovão perdeu-se praticamente toda a história do Brasil. Comparação absurda, posto que as impossibilidades não têm gradação. Não pode, ponto. E nesse ponto toda a força da impossibilidade, e, como impossível, não podemos admitir nenhum espaço ao possível, não há explicação, tudo o mais serão escusas.

Maldito século XXI.

Desde que começou esse milênio amaldiçoado, temos visto sucessivas destruição de nosso passado, começadas com a ação de uns demônios soltos pelo Oriente Médio, que se intitulavam jihadistas, mas de santa sua guerra não tem nada, mas de estúpida e absurda, tem muito. Começou em 2001 com a dinamitação dos budas de Baniyam, no Afeganistão, por uma versão local destes animais, que se chamavam talibães. Seguiu-se 2003 com o Museu Nacional do Iraque, em Bagdad, saqueado e destruído a marretada. Depois temos templos inteiros, teus irmãos Notre-Dame, a Mesquita do Profeta Jonas, o Mosteiro de São Behnam e Sarah, o Mausoléu de Imam Dur, e Mar Eliam em Qaryatain , Baal-Shamim, em Palmira. Depois cidades inteiras explodidas para dar curso a simples estupidez humana: Hatra, Apameia, Dura Europos, Mossul, Nimrad, Khorsabad, Nínive. Porém essa seria a demência religiosa, obsessão de criar um império que nunca se realizará, o islâmico, doença na cabeça de homens metidos numa guerra absurda, de gente atrasada e inculta. Mas São Cristovão arder até o último documento, e hoje te veres arder, no coração da mais prestigiosa cidade do mundo, Paris, a ti magnífica Catedral! Nós, os ocidentais, os civilizados criadores de civilização e novos mundos, nós respondermos perante essa desgraça, não me digam acidente, não empreguem o termo fatalidade, que não há outro que estúpida incúria, e por ele respondemos. A não intencionalidade, como a dos pretensos jihadistas, não nos diminui a culpa um miligrama, talvez até a acrescente.

O fato irrevogável e imperdoável.

Este fato de que ardam mil anos da história do mundo, que roubarão a alma, por mais que a reconstruam, daquelas paredes vetustas, daquela eternidade impregnada, daquela presença magnífica. Minha igreja, símbolo de eternidade, o turismo de topo imporá tua presença novamente, tu que sempre ali estivestes. Talvez até te angariem mais turistas ainda, para que vão conhecer tua magnificência, para te irem ver de perto. Mas nunca mais serás a mesma, por isso os responsáveis por este crime, se encontram amaldiçoados, irresponsáveis que são, todos e cada um deles, autores de tua desgraça.

Quasímodo.

Arrepio-me de horror. Desfaleço de saber-te dilacerada. Torno-me monstro e arrepelo-me só de pensar na tua decadência, símbolo transcendental que és. Sou Quasímodo, mostrengo, por que me sinto feio, convulso, retorto, miserável em teu pesar, impotente de te salvar, vendo-te arder, cenário absurdo ante o qual todas as palavras são nada.









PEGADAS NO ESTORIL.







A excelente reportagem fotográfica de José  Batoque Foles, de quando da visita de seu grupo a exposição, desfrutem:























sábado, 13 de abril de 2019

Meio século da BNP - Lisboa, em casa nova.





Num mundo onde os livros vão perdendo sua importância, onde as pessoas cada vez mais isoladas vivem uma realidade paralela, uma biblioteca de grande porte cada vez mais se assemelha a um museu, um lugar onde a realidade está coleccionada, guardada, arquivada, protegida, muito longe da ideia original que concebeu os museus. As pequenas, das freguesias e dos bairros, sempre manterão seu caráter utilitário e lúdico, aonde ainda as pessoas frequentarão em suas disponibilidades de tempo, acompanhando os filhos, visto que estes ainda não nascem por encomenda, nem crescem ao abandono, logo uma ida a biblioteca sempre estará no programa existencial por longo tempo.

Mas e as fantásticas, as fabulosas e monstruosas que pretendem abarcar todo o universo de impressos existente, e conservar esses originais raros, únicos alguns? Essas bibliotecas são o brio de um povo, de uma gente que se orgulha de seu contributo para a humanidade, que se envaidece das maravilhas de seu país, ali registradas nas páginas dos livros pelos cientistas que as estudaram, e as maravilhas da Natureza, também rócio de uma nação, que refletidas nos estudos que lhe são feitos e editados, representam, materializadas em livro, um duplo orgulho, como também são duplos os orgulhos que sentimos ao visitarmos a literatura de nosso país, sua iconografia, sua imprensa, etcetera.



Maior ainda é um desses gigantes quando se propõe, para além de ser o guardião intransigente desse passado, exercitar a preparação do futuro na difusão da informação e na evidenciação dos valores que preserva, com a lembrança necessária e contínua desses valores. Essa a missão que cumpre exemplarmente a BNP.

Essas cavernas de muitos Ali-babás, são o repositório dos verdadeiros grandes tesouros da humanidade, da excelência de suas realizações, da história viva na palavra de quem a viveu, registro fecundo de um passado que se projeta no futuro, gerando inúmeros filhos prolíficos, numa capacidade mirífica da multiplicação dos pães, eterno alimento, numa cadeia sem fim a repetir e a criar grandeza.

Em 1969 a grande biblioteca que reunira Portugal, desde o acervo privado de seus reis, até aos exemplares muitas vezes repetidos para o uso das gerações que a frequentavam, necessitava de uma nova casa em sua capital. Foi escolhido o local mais favorável ao pé da Universidade, onde todos os centros de difusão do saber se instalariam, e onde a torre de todos os tombos iria conhecer sua nova versão, importante elemento de conservação de passado tão largo, indispensável instrumento a futuro tão promissor. Assim nessas duas fabulosas casas, ANTT e BNP, estariam, como estão, reunidos os documentos do último milênio da existência humana em português, afetando a população habitante de mais de doze por cento da superfície do planeta, 25% da habitável, os lusofalantes.

Hoje, meio século depois, com seu destino traçado, a biblioteca nacional portuguesa ganhou muito maior importância, primeiro porque nesse mesmo meio século, o número de falantes da língua guardada em seus tesouros duplicou, segundo porque é o centro nevrálgico do país fundador da língua, terceiro porque está na Europa unida, quarto porque estabelece o contraponto entre uma pequena nação que preserva seus tesouros, com nações gigantes e fabulosamente ricas que os deixam perder e muitas vezes perecer. Viva a Biblioteca Nacional de Portugal! Vivam os portugueses!  Viva Portugal!







A morte anunciada de Ricardo Salgado.







O tigre que deixa sua pele(*), agora cheia de buracos, exposta ao público, assim como parte de seu patrimônio, seus apreços, e sua intimidade. Penso que a maior condenação do Dr. Salgado, entre as muitas que o esperam, é a de estar apartado de seu mundo, ter deixado de fruir o que fruía, ter-lhe sido amputada a importância, a capacidade de ação, o poder, a influência, o respeito e a deferência de que gozava.



O importante quadro de Brueghel, o novo, que o Dr. Ricardo Salgado tinha em seu gabinete, agora está em Évora, no museu, para toda gente o ver. A 'Festa de Casamento' como é designado o quadro do grande pintor flamengo, junto com o resto da coleção do BES, foi distribuída por todo o país, Portugal, pelo Novo Branco, novo dono da coleção, abrindo à fruição popular maravilhas privadas.

Num de seus depoimentos na Assembleia da República, o Dr. Salgado lembrava que o tigre quando morre não deixa só sua pele, é verdade, há sempre um odor que a acompanha. No seu caso será da melhor água de colônia, com os adereços das maravilhas que rodeavam-no em seu mundo, esse em que se empenhou tanto em salvar, e, como era expectável, fez de tudo, desde o mais correto às maiores ignominias, tentando evitar a explosão da bomba no coração de seu império, bomba colocada pela maldição dos mercados que lançam desgraça a toda gente, e maldição particular aos que nele transitam. [Bomba que decepa e amputa, as amputações na alma do dito dono disso tudo são maiores do que se fossem físicas.] Dr. Ricardo Salgado era desse segundo grupo, homem do mercado, portanto nenhuma inocência poderá alegar em sua defesa (não me reporto a nenhuma das defesas que interporá nos inúmeros processos de que é alvo, mas a da pele do tigre, a da ética).

 Dr. Ricardo mergulhou na esterqueira para tentar limpar um enorme império que nela se afundava, não lhe deram tempo, nem ajuda, essa que não solicitou enquanto pode mascarar a imundície que lhe subia pelas paredes do banco, arruinando um grupo sólido, poderoso, imerso na desgraça lançada pelo mercado, desgraça que ele permitiu que entrasse por sua porta, na ambição de realizar mais uns quantos lucros, mas todos fizeram o mesmo, e pagaram o preço, o do Dr. Ricardo foi apenas mais alto, devido a diversas circunstâncias, sendo a principal a de que seus possuídos não o queriam mais ver como o dono disso tudo. E nesse último ato arrastou consigo o seu império visível, que se esfacelou, e o invisível, que se revelou, o que foi ainda muito pior, arrastado na teia cúmplice de favores e oferendas, ouro, mirra e incenso, para os falsos deuses da república, os pináculos políticos e gestores, como Zainal Bava, este que me indigna muito mais não estar na cadeia, do que o Dr. Salgado, que fazia o que sabe fazer, e com imensa competência, a que lhe sustentava o posto. Porém Dr. Salgado nunca se vendeu, terá vendido a alma ao diabo, mas isso é outra coisa, o Sr. Bava vendeu além da alma, cada gesto, cada sorriso, cada mentira em se fazer passar por um administrador competente, todos sabemos o que ele era, e é.

E nesta dupla asserção temporal, do passado e do presente, a anunciada morte do Dr. Ricardo, a quem os jornais tratam como um despossuído, um desapossado, um excluído, um homem marcado para morrer, se não fisicamente, como acredito que não seja, mas espiritualmente, como se dá. Posto que os jornais se referem ao quadro, seu predilecto, como uma matéria do passado, afirmando, a 'Festa de Casamento' era seu quadro predileto... Ora, o Dr. Ricardo ainda está vivo, e de boa saúde, desfrutando ainda, muitas das suas predilecções, que não se extinguiram junto com o grupo que malversou. E mesmo da 'Festa de Casamento', ainda gostará do quadro, que ele mesmo já não via há alguns anos, (nós nunca o vimos) mas que agora Dr. Salgado o poderá rever, é só pegar o carro, com o chauffeur, e mandar tocar para Évora, esperar o museu abrir, e ir vê-lo, desde que não seja uma segunda-feira.

(*) O provérbio chinês original é <<O leopardo quando morre, deixa sua pele, um homem quando morre, deixa sua reputação.>>




 

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Estabilidade da Segurança Social.





E refeitos os cálculos da sustentabilidade da Segurança Social, a conclusão é que a nova idade da reforma deverá ser de 117 anos, o que permitirá a todos que se reformarem nesses parâmetros, plena estabilidade e nenhum risco de falência contributiva no sistema.

Esses cálculos não resultam de nenhuma apreciação política, mas de pura análise matemática, na qual empregamos um algoritmo, infalível instrumento na apreciação das coisas, que concluiu sem sombra de dúvida que com a reforma aos 117 anos a Segurança social será segura. Resta saber para quem.

https://hdocoutto.blogspot.com/2017/07/criterios.html

Só a miséria nos poderá salvar.







Sim, leram bem, a miséria. Porque com a concentração crescente da riqueza nas mãos de tão poucos, e o reino do dinheiro, o império que este estabeleceu no mundo desde que surgiu em sua fase abstrata, no segundo quartel do XIX, quando passamos a ter distorções cada vez mais acentuadas nos valores das coisas, sobretudo quando este é atribuído, bem como na distribuição da riqueza, com sempre maior concentração desta nas mãos de menos pessoas, até a incrível distorção atual onde 26 cidadãos possuem tanto quanto a outra "metade" menos favorecida dos seres humanos, ou seja, possuem metade da riqueza existente, ou seja meio a meio com todos os outros que compõem a Humanidade. (O número está certo, são duas dezenas mais meia dúzia num planeta habitado por oito bilhões, ponho aqui a desproporção entre as grandezas dos números, para a tornar mais evidente: 26 x [em] 8.000 000 000) Três bilionésimos dos seres, ou seja nada, controla metade de tudo, pode haver maior loucura?

Tudo isso dito assim talvez não dê conta ao meu leitor, do que representa o que se está a passar cada vez com maior velocidade e poder de concentração da riqueza que existe na mãos de cada vez menos gente. Essa riqueza enorme, cuja existência ultrapassa em muito tudo o que se possa comprar ou vender, porque, como sabemos, os valores apreciados por todos residem em muita coisa imaterial e inquantificável, o que não impede, com a grande distorção dos valores que passou a existir, que esses valores possam ser, e sejam, transacionados agregados a bens reais. Vejamos: Por exemplo a beleza, não pode ser comprada ou vendida, mas um lugar ou uma coisa bela podem, assim agregando o valor imaterial a um bem material. A decência ou o caráter não podem ser transacionados, mas a pessoa que os tenha sim, podendo até deixar de os ter em virtude da transação, mas no momento em que esta se dá, negocia-se, junto com a pessoa, seu caráter. Por outro lado as coisas necessárias, aquecimento no inverno, comida na mesa, seja o que for, até aos cinco bifes que um pobre não consegue comer  numa refeição, não só por os não conseguir engolir, como também não os consegue engolir os mais rico, nem o mais rico de todos, mas que os terá sobre a mesa, enquanto o pobre não. Temos com tudo isso, um mundo distorcido na apreciação e valorização de tudo que realmente tem valor, dando acesso ou não ao básico a milhões de excluídos, numa franja de estreitas relações, para que tudo possa, desse modo, ser transacionado. E porque?

Porque o dinheiro perdeu os limites. Antes, quando o dinheiro era feito em material raro (ouro, prata) o intrínseco limitava sua expansão, porque as quantidades limitadas desses materiais regulavam a possibilidade de sua existência, e com isto, regulavam a expansão monetária, ao mesmo tempo que a expansão econômica forja maior valorização da moeda, se não  aumenta o meio circulante, gerando nitidamente povos ricos e menos ricos, que, tendo essa riqueza vinculada a sua economia, não a expandia sempre, e sempre mais, como se deu depois, porque a matéria para cunhar era limitada, evitando a expansão do dinheiro. Quando Espanha descobriu uma montanha de prata em seus domínios coloniais, no Peru, viu-se as distorções e estragos que o dinheiro pode causar, pela vez primeira na história da humanidade. No entanto a ganância dos homens impulsionará a expansão do dinheiro para níveis impensáveis, muito para além do real crescimento econômico, única medida verdadeira da expansão monetária que a pode justificar, pois havendo mais riqueza, é perfeitamente normal e compreensível que haja mais divisa que a represente. Porém com a criação dos mercados financeiros, que inicialmente eram vinculados aos econômicos, essa suposta riqueza se expandiu muito, de tal forma que arranjou todos os artifícios para existir sempre mais e em maior numero. O dinheiro hoje sendo apenas um pedaço de papel impresso, ao qual as pessoas estupidamente valorizam, e que por muitas más e diversas razões, se vai imprimindo mais e mais, porque a ficção de seu valor ganhou uma prevalência de tal ordem, num vértice de possibilidades impossíveis, desde títulos que não valem nada à mercados que não existem. Poderá aí meu leitor discordar, tão crédulo está que as ações têm valor, que os títulos que comprou, também, e que os mercados são coisas seríssimas. Vou lhes mostrar que não é assim.

Os títulos e ações.

A ideia jurídica que contém a palavra título é de que este autentica os direitos de quem os possua. Essa ideia se funde com a ideia da química, e da ourivesaria, de que se possui de uma concentração, de uma proporção de um todo [daí o título de um metal nobre representar o grau de sua pureza], com esta mesma lógica passamos a representar as obrigações a que está sujeito o banco, ou  a companhia que os emita e transacione. Assim as ações, que são pedacinhos do bolo que constituiriam a empresa, e que todos juntas representam, valeriam essa pequena parte, essa fração que representa. Mas não é assim, é tudo promessa, é tudo papel, e poderá nunca se realizar em valor. Só que com isso dá margem, permite a expansão monetária, pois teoricamente mais riqueza foi criada. O que é muito desejável num mundo onde se espera que todas as economias cresçam. Sendo assim, ao "criar" uma riqueza que não existe, abre espaço com isso à criação de dinheiro que a represente, quando vier a estar ativa, a existir. Mesmo que depois a empresa venha a falir, fica sua memória monetária, ou seja a porção de dinheiro que ajudou a criar, permitindo dessa maneira dois contra-sensos que se anulam, mantendo o engano. Com a riqueza esperada ficará justificada a expansão monetária, mesmo que seja só por sua memória [no caso de não vir a existir] já estará criada a "desejável" sensação de riqueza, e tudo lhe fica vinculado. Com esta ilusão, a sensação de maior riqueza, exatamente a mesma que tem um drogado, ao aceder à fonte de sua desgraça, e de  seu prazer, a adição se re-alimenta, num processo viciado e vicioso de expansão monetária sem expansão econômica. Com essa prática os mercados, sobretudo os financeiros, se deliciaram com mais dinheiro, como dinheiro-dependentes que são, da mesma forma que os tóxico-dependentes necessitam de mais da sua substância de vício para estarem contentes e calmos.


Os mercados.

Estes são um exemplo sórdido da imprudência, loucura, ganância e desfaçatez humanas, tão translúcidos que só não os vê quem não quer (os mais cegos) mas também não vêem aqueles a quem convém sua existência. Criaram mercados de tudo, a maioria dos mercados mercadeja ilusões e mentiras, como os casinos, onde se joga apenas numa esperança, uma possibilidade, ainda que pequeníssima, de se acertar no número da aposta, sendo, entretanto, mais honestos os casinos, posto que sabendo que centenas de milhares irão perder, um sempre ganhará, aquele que acertar no número, ou nas cartas. Nos mercados todos perdem, muitas vezes até os que bancam o jogo. Poderão, evidentemente os que se retirarem a tempo, sair com seus ganhos, ou os que só industriarem as movimentações mercantís, sem comprometerem seu capital, ou os ganhos já realizados. As bolsas de valores são isso, e as expectativas de lucro, e os consequentes investimentos, se baseiam em coisas tão improváveis como "se chove muito ou pouco", "se este ou aquele homem é eleito", ou ainda "se haverá ou não lucros para uma determinada empresa este ano", não que este lucro venha a ser repartido, é só uma aragem a insuflar o fogo das expectativas. É verdade que muitas das empresas do 'stock market', são reais e valiosas, mas sempre sujeitas a flutuações irreais, porque os mercados, sobretudo o de ações, se transformaram numa grande jogatina, não refletindo, como deveria ser, um estoque de recursos, como sua denominação inglesa sugere, ou seja uma acumulação de valores, poupanças, onde milhares, ou milhões, financiariam e participariam na expansão econômica de uma empresa, tornando-se 'sócio ' dela - dono de um pedacinho da empresa, que de outra maneira não se tornaria possível, porque a empresa não conseguiria reunir o capital sem tantos 'sócios', mas não é isto que se passa.

No entanto os mercados sofreram tão grande perversão, que passaram a lidar com abstrações, começando pelos ditos mercados futuros, que transacionam coisas que irão existir, ou não, como os frutos das próximas safras, até débitos que deverão ser pagos, se o forem. E foi com essa última forma que criaram o sub-prime, que levou ao mundo a crise de 1998, e que gerou, em seguida com a "necessidade" de interveniência dos Estados, a crise das dívidas soberanas, mais que tudo pela perda de confiança em sua capacidade de pagar essas dívidas. Tudo isso é uma falácia, uma fachada de oportunidades de investimentos, que na verdade são um logro ou uma jogatina, dependendo da malícia com que são criadas. A única coisa incrível nisso tudo é que os governos autorizem a constituição desses mercados.

O fim do sistema financeiro.

Só com o fim do sistema financeiro, onde só seria permitido o empréstimo das poupanças com garantias reais por parte das empresas,  e para aquisição de imóveis, mais nada, só assim nos permitiria acabar com a jogatina e com a especulação, e o dinheiro poderia voltar a ter valor dentro de parâmetros que estabeleceríamos. Doutra forma não há solução. O caminho para as pessoas, para a esmagadora maioria delas, será tornarem-se cada vez mais pobres e despossuídas.

A relatividade e a futilidade dos números.

Se a casa de seus sonhos custa 10, 100, 1000, 10.000, 100.000, 1.000.000 ou 10.000.000 tanto faz desde que sua possibilidade de atingir qualquer um desses números (não são valores) com seu esforço, possa se concretizar, visto que o objetivo é a casa, o número que ela custa não importa nada, o único que importa é o número de salários seus que serão necessários para adquiri-la. Quantos? Ou seja qualquer número em si é fútil, só a sua comparação com aquilo que cada um consegue atingir faz lógica. Relação do esforço. (Alguém já me deve estar xingando.) O grande problema é que esses números com seu crescimento artificial, afastaram a maioria das pessoas, porque seus rendimentos não acompanharam o crescimento dos números. (A desvalorização do trabalho é diretamente proporcional a valorização do dinheiro.) E mais, a artificialidade desse crescimento impôs valores (que eles passaram a representar) cada vez mais difíceis de atingir pelas pessoas em geral, um número cada vez maior e inatingível, o que se deu para benefício de uns poucos. E muitas dessas pessoas que iludidas acharam bem, não se deram conta que logo elas também seriam ultrapassadas e excluídas, ou que logo seus filhos seriam pobres. Essa expansão também vem consumindo aceleradamente os recursos do planeta e promovendo sua destruição. A compreensão de que essa relativização que nos é imposta, que é o instrumento através do qual o dinheiro vai afastando a maioria das pessoas de sua acumulação, a tornando mesmo impossível, para a imensa maioria, a atingir as altitudes onde se vai colocando o dinheiro cada vez mais alto, cada vez mais longe, cada vez mais inacessível, é a visão do inferno, do império da mentira, e da ilusão, com seus artifícios enganosos mais envolventes em ação.


A imparável ascensão do dinheiro.

Como nos metemos nesse mundo virtual da mentira, e a única maneira de sairmos dele seria voltarmos a restringir a emissão de moeda a um lastro (Lembram-se do lastro ouro que ninguém respeitou?) E transformar 70% do dinheiro existente em stocks do que quer que seja, e todo aquele que o fosse converter, perderia uma percentagem, tão mais alta quão maior o valor convertido. E que se acabassem com os mercados, para evitar a especulação e a criação artificial de riqueza. Como isso não vai acontecer, teremos o dinheiro sempre a crescer, porque cresce porque cresce, fruto da ambição e da ganância, sem nenhuma base econômica para que seja assim, a ascensão do dinheiro será sempre imparável, de tal sorte que só o que ela cria na sua outra ponta nos poderá salvar.

O enxugamento da classe média.

A classe média, A, B, e C, não só a dos países pobres, ou em desenvolvimento, mais expostas, como é compreensível, às oscilações de toda ordem; mas a dos países ricos, vem vivendo uma diminuição, um sistemático enxugamento de sua parte na pirâmide social, e é já um fenômeno generalizado, era 72% passou a 69%, 68% em países onde a distribuição da riqueza estabelecia a harmonia da sociedade, a dita mobilidade social, bem como era o eixo da máquina de promover progresso. Agora, com a ascensão imparável do dinheiro, a classe média vem cada vez mais diminuindo e perdendo importância, isso, junto a instabilidade generalizada, desde a do emprego, com a mobilidade laboral que é cada vez maior, e já não há empregos para a vida, até a instabilidade nas relações, inclusive familiares, fruto de um mundo cada vez mais inconstante, a classe média com a dificuldade acrescida de se reproduzir, ou seja, muitos dos filhos nascidos nessa classe não se conseguem manter nela, e muito poucos das classes inferiores conseguem ascender à classe do meio, e tudo isso dilacera a mais importante parte da estrutura social, a que cria movimento de circularidade no sistema, permitindo que haja evolução, destarte gerando estagnação e desesperança.


A "impensável" ascensão da miséria.

Todos os governos, através de todos os seus organismos, todas as organizações sociais, todos os membros do dito terceiro setor, trabalham diariamente para tentar controlar a contínua expansão da pobreza, que, apesar desse contínuo esforço diário, da inversão de imensos recursos, da ação de milhões de cidadãos e entidades, não para de crescer. Pelo contrário, todos e a cada dia se expande, aumentando o número de pobres, ficando cada vez mais vazio esse esforço em tentar evitar a já acentuada expansão da miséria, que é o nível abaixo do qual a pobreza se torna insuportável. Mesmo apesar de todo este esforço, a miséria segue crescendo, abrangendo um número cada vez maior de pessoas em todo o planeta. E, como tudo está interligado, a riqueza dos poucos é responsável pela miséria dos muitos.


A desesperança é base para o desespero.

Com a generalização dos fatores negativos que bloqueiam que a riqueza possa se espalhar e se dispersar, e com a crescente e doentia concentração da riqueza, manifesta-se uma geral perda de esperanças, que bloqueia a economia em muitas vertentes, inclusive no pequenino e médio negócio, o que lentamente vai desestruturando a sociedade, marginalizando sucessivas camadas que não conseguem ascensão, bloqueia o elevador social, e arrasa a possibilidade de haver distribuição das rendas. Tudo isso gera uma absoluta falta de esperança!  E para os que vivem sem esperança, sem verem como possam ter progressão social, essa progressão, tão benfazeja ocorrência, que deu aos EUA toda sua grandeza, surge um sentimento insidioso que corrompe toda a alma social, o desespero das pessoas por não conseguirem melhorar suas vidas.

O título do artigo.

Como em tudo nesse mundo, é no veneno que encontramos a cura do mal, e aí reside nossa esperança. Assim como a evolução das armas levou a que não se conflagrasse mais uma guerra mundial, no seio da qual, na esperança de a ganhar, acabariam por usar como recurso, um poder
bélico capaz de destruir várias vezes o planeta, e com isso pararam (Santa bomba atômica!). Só com a miséria de um percentual elevadíssimo da população do planeta vejo alguma esperança para o fim da selavajeria econômica, essa máquina de fazer miseráveis que impera no planeta hoje em dia. Posto que a expansão da miséria a níveis insuportáveis levaria a uma reação dos miseráveis para se apropriarem das fontes de recursos que existem, extinguindo o privilégio de as utilizar, apenas estar restrito aos quem têm o dinheiro para isso. Essa reação acabaria com o "valor" atribuído ao dinheiro, que passaria a não valer, terminando com as disparidades de bilhões não terem o que comer, para que alguns  comam os tais cinco bifes, e possam possuir todos os luxos, todos os confortos, todos os prazeres que há no mundo. Irá correr sangue, e muito, mas será o único caminho de salvação.

Comentário.

Tanto na ganância sem fim, como na estupidez gigantesca, residem as forças da mudança, pois que não é a bem que se dão revoluções! Alguns de meus leitores certamente não acreditarão nas palavras dessa crônica, e me creditarão uma visão distorcida da realidade, assim também pensava a nobreza francesa antes do 14 de Julho, até que tudo se virou de ponta cabeça. Quem viver, verá.
















quinta-feira, 11 de abril de 2019

Já começou 7 - Assassinato.







"Eles (os militares) têm que ser presos. Como podem fazer uma coisa dessas? Meu pai era um cara do bem, nunca fez uma maldade contra ninguém. E morrer assim? Com o carro cheio de tiros. Essa gente não pode ter arma na mão..."
                                                               Palavras do filho filho de Evaldo Rosa, músico brutalmente assassinado pelo exército brasileiro, com seu carro varado de balas. Nada mais correto que suas palavras!

 

Certa feita, em conversa com Brizola, ele me explicava porque nunca autorizaria a polícia a agir com truculência, nem permitiria a entrada nas casas da favela sem mandato: "Sempre muitas injustiças podem ocorrer." me dizia Dr. Leonel. É assim é, o poder tem de ter os limites de sua atuação bem claros e estabelecidos. Vamos agora viver uma onda de assassinatos, justificados pela ação policial. Pagará o justo pelo pecador, e, mesmo o pecador, tem Direito a um julgamento judicial.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Uma ria já não tão formosa.






Com características muito próprias, um grande labirinto, porque ali concentram-se muitos esteiros, bem como inúmeros bancos de areia, como ainda uma rede de pequenos cursos d'água com pequenos estuários, que estabelecem complexas relações, abrandando o impacto do despejo dessa massa líquida no mar, evitando convulsionar uma grande área de movimento hídrico, onde o enorme despejo, se fosse direto e único, teria um poder de arrasto que não permitiria a formação de uma ria, e sendo assim, cria ambiente muito acolhedor para a vida marinha infantil, alevinos, e formas juvenis de muitas espécies, nomeadamente crustáceos, moluscos e peixes, e é um verdadeiro paraíso para os Syngnathidae, essa estranha espécie de peixes que conhecemos vulgarmente por seu nome mitológico de cavalos-marinhos.

Parque Natural desde 1987, tendo conquistado este estatuto por sua importância ambiental como criadouro natural, uma creche da Natureza, que deve ser preservada a todo custo, e é INTOCÁVEL por LEI, constituído em parque.

Hippocampus.

Com cerca de quarenta (entre 37 e 47, não se sabe ao certo) espécies diversas espalhadas por todo o mundo, esse gênero tem todas as sua espécies ameaçadas de extinção, por uma única e singular razão: É considerada remédio pelos chineses, indonésios e filipinos (mais de um quarto da população mundial).

Esses admiráveis animais que habitam em zonas temperadas e tropicais as águas costeiras mais razas, em áreas mais protegidas, como rias, esteiros, estuários, manguezais e recifes, ou em formações de algas flutuantes, sempre tiveram na Formosa uma grande população de cerca de dois milhões de indivíduos, sendo a maior comunidade existente no planeta. Esses peixinhos não se dão bem em cativeiro, e são muito susceptíveis a várias doenças. De repente, agora, na Ria Formosa são menos de cem mil. Desapareceram um milhão e novecentos mil indivíduos, 95% da população. Foram capturados impiedosamente para serem vendidos para os países asiáticos fazerem poções com seus corpinhos, que endurecem fora d'água. E os já vi mesmo usados como berloques, em enfeites e chaveiros, uma estupidez sem limite.

 CRIME:  O terrível fato é que há um mercado mundial que consome vinte milhões de specimens/ano, ou seja, dez rias formosas. NÃO HÁ POPULAÇÃO QUE RESISTA! Para que pudesse haver algum controle, depois de muita pressão dos ambientalistas, foram criadas as CITES, de onde, porém, alguns países se excluíram, a Indonésia, o Japão (baleias), a Noruega, a Coréia do Sul, não fazendo parte do acordo podem comercializar as espécies ameaçadas da flora e fauna, sem nenhuma restrição. UM CRIME, Permitindo que hajam janelas na rede fechada de comércio mundial, por onde escapam ao controle tendo, desta maneira, como transitarem as mercadorias proibidas. UMA VERGONHA! UM CRIME! Se todos os países fizessem parte das CITES, não haveria caminhos por onde se comercializar espécies ameaçadas (desde os dentes dos elefantes, e outros marfins de diversos animais, os dentes dos hipopótamos, os chifres do Narval, até insetos de toda ordem desde cochinilhas e borboletas a pulgões, e caramujos e aranhas e crocodilos, e todos os tipos de aves e todos os animais selvagens que servem de troféus ou companhia, em milhões de lares, no segundo caso sendo tidos como domésticos.) Coisa mais estúpida! Com estas janelas, fauna e flora podem ser espoliadas porque há como vendê-las, sendo transportadas, camufladas, para todos os pontos do globo.
 

É PRECISO URGENTEMENTE QUE O GOVERNO PORTUGUÊS INVESTIGUE, ENCONTRE E PRENDA OS CRIMINOSOS QUE ROUBARAM 19/20 AVOS DOS CAVALOS MARINHOS DA FORMOSA.

E que com essa ação dê um aviso eloquente que não permitirá ações criminosas em território português. Única forma de defender as espécies e os parques onde vivem, preservando sua Natureza.