O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
terça-feira, 9 de abril de 2019
Uma ria já não tão formosa.
Com características muito próprias, um grande labirinto, porque ali concentram-se muitos esteiros, bem como inúmeros bancos de areia, como ainda uma rede de pequenos cursos d'água com pequenos estuários, que estabelecem complexas relações, abrandando o impacto do despejo dessa massa líquida no mar, evitando convulsionar uma grande área de movimento hídrico, onde o enorme despejo, se fosse direto e único, teria um poder de arrasto que não permitiria a formação de uma ria, e sendo assim, cria ambiente muito acolhedor para a vida marinha infantil, alevinos, e formas juvenis de muitas espécies, nomeadamente crustáceos, moluscos e peixes, e é um verdadeiro paraíso para os Syngnathidae, essa estranha espécie de peixes que conhecemos vulgarmente por seu nome mitológico de cavalos-marinhos.
Parque Natural desde 1987, tendo conquistado este estatuto por sua importância ambiental como criadouro natural, uma creche da Natureza, que deve ser preservada a todo custo, e é INTOCÁVEL por LEI, constituído em parque.
Hippocampus.
Com cerca de quarenta (entre 37 e 47, não se sabe ao certo) espécies diversas espalhadas por todo o mundo, esse gênero tem todas as sua espécies ameaçadas de extinção, por uma única e singular razão: É considerada remédio pelos chineses, indonésios e filipinos (mais de um quarto da população mundial).
Esses admiráveis animais que habitam em zonas temperadas e tropicais as águas costeiras mais razas, em áreas mais protegidas, como rias, esteiros, estuários, manguezais e recifes, ou em formações de algas flutuantes, sempre tiveram na Formosa uma grande população de cerca de dois milhões de indivíduos, sendo a maior comunidade existente no planeta. Esses peixinhos não se dão bem em cativeiro, e são muito susceptíveis a várias doenças. De repente, agora, na Ria Formosa são menos de cem mil. Desapareceram um milhão e novecentos mil indivíduos, 95% da população. Foram capturados impiedosamente para serem vendidos para os países asiáticos fazerem poções com seus corpinhos, que endurecem fora d'água. E os já vi mesmo usados como berloques, em enfeites e chaveiros, uma estupidez sem limite.
CRIME: O terrível fato é que há um mercado mundial que consome vinte milhões de specimens/ano, ou seja, dez rias formosas. NÃO HÁ POPULAÇÃO QUE RESISTA! Para que pudesse haver algum controle, depois de muita pressão dos ambientalistas, foram criadas as CITES, de onde, porém, alguns países se excluíram, a Indonésia, o Japão (baleias), a Noruega, a Coréia do Sul, não fazendo parte do acordo podem comercializar as espécies ameaçadas da flora e fauna, sem nenhuma restrição. UM CRIME, Permitindo que hajam janelas na rede fechada de comércio mundial, por onde escapam ao controle tendo, desta maneira, como transitarem as mercadorias proibidas. UMA VERGONHA! UM CRIME! Se todos os países fizessem parte das CITES, não haveria caminhos por onde se comercializar espécies ameaçadas (desde os dentes dos elefantes, e outros marfins de diversos animais, os dentes dos hipopótamos, os chifres do Narval, até insetos de toda ordem desde cochinilhas e borboletas a pulgões, e caramujos e aranhas e crocodilos, e todos os tipos de aves e todos os animais selvagens que servem de troféus ou companhia, em milhões de lares, no segundo caso sendo tidos como domésticos.) Coisa mais estúpida! Com estas janelas, fauna e flora podem ser espoliadas porque há como vendê-las, sendo transportadas, camufladas, para todos os pontos do globo.
É PRECISO URGENTEMENTE QUE O GOVERNO PORTUGUÊS INVESTIGUE, ENCONTRE E PRENDA OS CRIMINOSOS QUE ROUBARAM 19/20 AVOS DOS CAVALOS MARINHOS DA FORMOSA.
E que com essa ação dê um aviso eloquente que não permitirá ações criminosas em território português. Única forma de defender as espécies e os parques onde vivem, preservando sua Natureza.
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