O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
quinta-feira, 7 de novembro de 2019
DO BEBÉ NO LIXO.
FOI ENCONTRADO UM BEBÉ NUMA LIXEIRA. (Em 5/11/19)
1. O nascimento.
Nasceu o bebé, indesejado, foi largado numa lixeira para morrer, e a vida é algo
tão precioso.
Toda criança é um acontecimento.
Toda criança é uma alegria.
Se para alguém é tormento
Se a mãe não o queria
Que encontrasse destino, em momento
Incerto, que certo, então, seria.
2. O abandono.
Na lixeira seu destino é traçado, de frio irá morrer.
Saído à luz, em que pulsa a vida,
Um ser que é promessa
Entretanto esquecida
Que pronto começa
E é desde logo perdida
Perfídia imposta. Homessa!
Situação pervertida.
3. 'Periculo vitae'.
Abandonar um bebé, nu, em meio ao lixo, é tentar matá-lo.
O dom da vida é precioso
Mui valiosa é a vida
E quem seja cioso
Nunca dela duvida
E será sempre zeloso
Sem descurar da temida
Luta que há, em ser atencioso
Com a dádiva recebida.
4. Descoberto.
Coube a um indigente sem abrigo salvar-lhe a vida.
No ecoponto amarelo
Em meio aos plásticos esquecido
Nu, refugado, singelo
Devido a mãe não o ter querido
Quis o destino fazê-lo
Emoção de um sem abrigo.
5. Salvo.
Na comoção do indigente, o sentimento de humanidade que todos temos de ter
com um inocente que acaba de nascer, e deve ser protegido.
Este homem sem lar
Ao menino rejeitado
Foi do lixo resgatar
Horrorizado...
Muito, muito comovido
Tendo a bondade mister
Que faltou àquela mulher
Que o tendo gerado
Não foi capaz de o querer
O tendo abandonado.
6. Sentimentos.
A falta de sentimento de uma mulher que rejeita ao filho, pondo-o no lixo, como se
fora o que representa, nesse lugar onde o deixa, e sendo uma inquietação de ser humano,
ou não, quem assim procede, que podia, ao menos, o ter entregue a uma instituição.
Sentir não é para quem quer
Nem para quem, mister, o devia sentir
Seja homem ou mulher
Incapacidade por definir
Nem, ao menos, sequer
Ter o sentimento
Mesmo que estivesse em tormento
Condição de existir
Que deixado ao relento
Acabando de o parir
Ter na morte o alento
De o querer destruir...
7. Consequências.
Não o matou, é verdade, mas seria essa a consequência sem a ação do indigente,
pois o abandono teria este desfecho fatal. Crime para os Homens, pecado para
Deus, não há quem a livre da miséria que cometeu, ao sem abrigo ficou o convite
para reerguer-se com sua humanidade intacta, o que nem todos têm. Os que o salvaram,
o saudaram no twitter, com o entendimento do valor de uma vida que começa.
Salvo, segue a vida
Essa força imperiosa
Esta fonte, que pretendida
Guarda em si, laboriosa
Toda a esperança devida
Que deseja ver satisfeita
Sua promessa repetida
Que segue com olhar astuto
Toda manifestação aduzida
E dito "Benvindo puto"
Queda toda a verdade presumida.
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Nada justifica este acto desumano!
ResponderEliminarPior ainda é ter sido cometido por sua mãe.