OS ESTADOS DE ESPIRITO
DE MAFALDA D’EÇA.
ANIMSTATO.
Estado d’alma. A expressão está em esperanto, essa língua artificial com vocabulário simplificado, expressão que designa essa vulgaríssima sensação que percorre todos e a cada um de nós, o que explica como sentimos diferentemente as coisas, e muitas vezes temos dificuldade em traduzir em palavras. Muito embora sua expressividade seja coisa corrente é também um sentimento muito particular, pessoal e intransferível, cuja manifestação é sempre complicada de se explicar a outro.
Entretanto um Estado d’alma ser posto em imagem, é um desafio ainda maior e bem
mais complexo. A forma e a cor para traduzir sensações amorfas e incolores, é coisa bastante improvável. Pensarão alguns, que o são também sem palavras, poderão serem alguns casos, não muitos, mas tudo que tentamos dizer, explicar, traduzir, fazemos com as palavras, essa amigas de todas as horas que nos socorrem, auxiliam e abrem-nos todas as portas. O que de facto é mesmo nada expectável é que Estados d’alma surjam em imagens com formas e cores.
As cores que genericamente traduzem e explicitam sentimentos, bem o sabemos
quando está a vermelho, e os semáforos, em três diferentes cores, já dizem, como
diz o dia se cinzento, ou azul anil, e como dizem os momentos negros, roxos e
claros e brancos da vida de cada um de nós, mas a artista vai muitos além disso,
ela não trabalha com códigos, mas com voos da imaginação e da sensibilidade.
Esta a proeza da artista Mafalda d’Eça, traduzir em imagens as formas intrincado da
alma humana, retratando o irretratável, que também o é no sentido de que não se
poder tratar, eis o verbo procedente, além de retratar, que é traçar-lhe o retrato, é
representar com exactidão, esta manifestação fugaz, ligeira e fugidia, que todos nós
sentimos, para logo a seguir, dando de ombros, nos esquecermos, e muito desejamos tantas vezes esquecer, daquilo que nos encheu o ânimo (vale dizer a alma) durante o episódio do estado em que estivemos vivenciando.
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