10/12/1920 - 10/12/2020
Com licença poética de Caymmi e Antº Almeida.
Se "amar é tolice, é bobagem, ilusão."?
Morrerei certamente bobo, iludido e tolo
Apesar da clara convicção certa
Que firme nos alerta
Para estarmos atentos ao dolo
Que o mergulho desta ação
Não nega!
Nego eu na tolice
Perdido de amor e meiguice
Em minha franca convicção
Nada me negará a ilusão
Que deveras condisse
Perplexo de muita pieguice
Em não dizer a Clarice
Ao menos, por pouco que fosse,
Algo do que ela sempre me disse.
No Centenário de Clarice Lispector, a mais brasileira de todas as ucranianas, que nos ensinou a absoluta liberdade no dizer, mágica, vertiginosa, desconcertante, a quem só o Sol do Nordeste brasileiro poderia bronzear a alma.
No dezembro de 2017 quando se completaram quatro décadas que ela no deixou, havia publicado um outro poema com o qual a honrava:
"... eu também sou o escuro da noite."
Clarice Lispector.
Fez a nove próximo passado quatro décadas que nos deixou a mais brasileira das ucranianas, e como foi brasileira, bem como também foi algo que traduz um senso mais taciturno em plena alegria, contradição existencial que a define, só a poderia lembrar com um poema, que espero represente um pouco de sua magia.
A vida NÃO inventada, ou
"Viver ultrapassa qualquer entendimento."
"Liberdade é pouco, o que eu desejo não tem nome."
Clarice Lispector.
Como mulher tinha o útero do mundo
E com isso toda sua imensa tristeza e alegria
Intrínseca e necessária contradição
Portanto desdobramento é a palavra
Que tem tudo a ver com implantação
Como se para ver o conjunto das coisas fosse necessária
Esta prévia fixação
Que pervagando este mapa
Seguindo linhas já traçadas
A caminho de não sei onde
Em busca de não sei que
Segue
Porque aprendeu a seguir
E isto é o quanto basta para o efeito
De fazer sentido
Porém fazer sentido é pouco
A "Liberdade é pouco . . ."
É imprescindível recusar a vida
Pois é absolutamente necessário o desejo do que não tem nome.
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