O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
terça-feira, 8 de novembro de 2022
Quando ele vai ser preso?
terça-feira, 1 de novembro de 2022
A liberdade é frágil, a democracia é um fino cristal.
quarta-feira, 26 de outubro de 2022
CENTENÁRIO DE DARCY RIBEIRO - O HOMEM QUE QUERIA SER DEUS.
sexta-feira, 21 de outubro de 2022
sábado, 15 de outubro de 2022
Das eternas cartas portuguesas.
Na senda de uma tradição mais que tri-centenária, desde quando Claude Barbin em 1669 publicara a tradução francesa, em idioma que as três Marias também utilizaram, de cinco cartas de amor de uma mulher, uma Mariana, como as Marianas que também evocam essas três Marias, agora por pura obstinação estética, e revolta em seu tempo. Aquelas são cinco cartas que desde o tempo de Luís XIV seguem revelando uma sensibilidade, um grito, aquele emitido desde um claustro, mas que na mesma sensibilidade da mulher, e com a razão, a mais expressiva de todas, o amor. 'Ut ego amo te amo''Amor me ad vos', um desejo singelo, um Direito mesmo, tão reprimido, tão esmagado, que a sua só revelação é um escândalo, mas é junto, uma expressão sublime de beleza que muda o caminho da literatura por existirem aquelas cinco cartas, e em existir se resume muita vez a razão perene de que as coisas sejam de um modo e não de outro, assim como existem essas novas cartas.
Assim como existem também essas três Marias suas autoras, a Teresa, a Velho, e a Isabel, duas que nos deixaram, mas das quais ficaram seus gritos, uníssonos com a outra, a Maria Teresa que segue guardando o testemunho, no mesmo tom, como o daquele grito da Mariana Alcoforado, a anônima, que a partir de seu claustro, o fez ecoar pelo mundo fora, e que, pela sua força e beleza, permanece e permanecerá. É como no registo sentimental de Wainewright quando afirma que "A Arte tocou o seu trânsfuga; pelas suas influências elevadas e puras se purgaram os miasmas fétidos; os meus sentimentos ressequidos, fogosos e crestados, foram renovados por uma efloração fria e fresca, simples e bela para um coração singelo." Melhor definição não poderá haver para o efeito. Porém para a Alcoforado eram apenas seus sentimentos latejantes, já paras as Marianas das três Marias e as suas palavras, foram um exercício para um tempo miasmático em si mesmo, em que o antigo regime se decompunha, e cuja comiseração que nos inspira, hoje histórica, era já prenúncio do "…dia inicial inteiro e limpo…" como o quis Sophia, mas de cuja "noite e do silêncio" uns já se tinham aventurado sair.
São suas cartas, as do XVII, que, assim como as novas, portuguesas ambas, revelam a magia do tempo, cada qual de per si, neste lapso temporal de três séculos entre ambas, assim como existe um sentimento de mulher que cumpre seu desígnio, assim como há forças que se lhe opõem, haverá sempre a expressão desse sentimento que, feminino, vem revelar, quem sabe?, "O lugar comum" como queria a Maria do meio em um dos seus primeiro trabalhos publicados, essa Velho, que com a força de sua escrita marcou seu tempo. Ave Maria de Fátima de Bivar Velho da Costa! Essa que esconde geralmente o nome de sua santa, uma Nossa Senhora, a mais portuguesa de todas as Nossas Senhoras.
Ou quererá a outra o mesmo, a da santa que poderá ser a d'Ávila, a de Lisieux, preferida no diminutivo, a dos Andes, Edith Stein, a judia, ou a santa do último dia de Abril, a de Calcutá, para também nos libertar? Não importa, haverá sempre uma "Minha Senhora de Mim" a nos dar "Educação Sentimental" Ave Maria Teresa de Mascarenhas Horta Barros!
Como ficará para sempre em nós a memória da também Maria que primeiro nos deixou, a do nome dessa santa portuguesa que foi rainha, certamente a mais portuguesa das santas, que n'"A Condição da Mulher Portuguesa", marcou a "Crônica do tempo" sendo um d'"Os sensos Incomuns", esse, de sua época, que, como mulher, recusou-se a ficar n'"As Vésperas esquecidas" fazendo-se presente, expressando sua totalidade na plenitude de sua existência que nunca terminará. Ave Maria Isabel Barreno de Faria Martins!
AS NOVAS CARTAS.
O texto, marcante texto de coragem e ousadia, sobretudo em sua época, traz-nos as muitas Marianas, transgressoras, ou trânsfugas, como quereria Wainewright, suas faces femininas emergentes do Universo reprimido da mulher, hoje alcandoradas pela ousadia, como sempre foram alcoforadas, como pressagiava o apelido da primeira Mariana, aromatizadas por seus sentimentos, mas não incensadas por seu amor, como aquele, o que, verdadeiro, buscou a fórmula epistolar para expressar-se, e cuja "beleza da forma" encantou Barbin, e que na história da literatura manteve-se, após o longo eclipse diegético da fórmula, vivo na alma de muitas Marianas e Marias.
Que Deus abençoe a todas.
quinta-feira, 13 de outubro de 2022
"Como el musguito en la piedra..."
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
À BUSCA DA REALIDADE PARALELA - I.
quinta-feira, 11 de agosto de 2022
'Apokálypsis - ἀποκάλυψις
quarta-feira, 3 de agosto de 2022
A lã da cabra e a lei do aleatório a darem fé.
sexta-feira, 15 de julho de 2022
O carvalho, o salgueiro, a bétula, e o equívoco.
sábado, 9 de julho de 2022
O golpe de Estado, "bird's are not real", e uma incógnita.
Porque há que se humilhar a Rússia.
quinta-feira, 19 de maio de 2022
E afinal ficou independente.
Foi há 20 anos, 20/5/2002, acabávamos de entrar no novo milênio, e esse parecia nos augurar coisas boas, passadas estas duas décadas sabemos que não é bem assim. Foi no mesmo dia que Cuba se libertava do domínio dos EEUU, um século antes. Há 120 anos, Cuba tornava-se independente, mas, sabemos, na verdade era mais escrava e submissa que uma cadela agrilhoada, Timor padecerá da mesma situação.
A geografia tem determinismos macabros, Timor é muito longe de tudo mais para, sendo uma ilha entre muitos milhares de ilhas do arquipélago indonésio, ser verdadeiramente independente. Um sonho idiomático português que cada dia mais se esvanece, uma presença que cada dia mais é de fumaça,
segunda-feira, 16 de maio de 2022
Portinari em Paris.
sexta-feira, 8 de abril de 2022
Lugar de encontro.
"A vida é a arte do encontro, malgrado haja tanto desencontro nessa vida."
Vinícius de Morais.
Dos extremos, como nas estações do ano, para o calor e o frio, 'locus horrendus' versus 'locus amoenus' como se demarcava então na visão literária romântica, posto que será com essa visão literária que se consolidará a ideia antiga, consumada no sexto século antes de Cristo, donde teremos o 'testimonii loco', o 'Colletio loco', um 'locus tutum', lugar seguro, o lugar do encontro, posto que com as oferendas das Musas na Grécia antiga, formaram-se coleções de objetos preciosos e exóticos que eram exibidos mediante o pagamento de uma pequena taxa. Pouco depois, no final da época Neobabilônica (530 a.C) a princesa Enigaldi-Nana, filha de Nabonido, com as coleções da dinastia caldeia, que vinham desde Nabucodonosor II, formou o primeiro Museu, entendido como hoje o entendemos, com finalidade eminentemente cultural. Teria de transcorrer mais de um milénio, onze séculos, para voltarmos a valorizar esta ideia - museu - lugar de encontro.
'Collectio loco'.
Essa expressão, que é a forma latina do título escolhida para este artigo, bem como sua introdução via literária, se devem ao fato de que é do coleccionismo que nascem os museus, mesmos os coleccionismos involuntários, como ocorre tantas vezes com as peças que deixaram de ter uso corrente e permaneceram guardadas nas cafuas das famílias e instituições. E tanto é, o que quer significar aqui 'encontro', exatamente como está também na raiz da palavra coleção, como temos as Musas, as nove filhas de Zeus com a Memória [Mnemósine] (e que eram as das Poesias, épica e lírica, a da História, as da tragédia e da comédia, as das Músicas, a corrente e a sacra, a da Dança, e a da Astronomia e Astrologia) Calíope, Erato, Clío, Melpomêne, Tália, Euterpe, Polímia, Terpsicore, e Urânia respectivamente, que deram origem com suas coleções de objetos preciosos ao termo Museu, para o local da exposição dos mesmos.
E é deste encontro que Vos quero falar, posto que o lugar de encontro que desejo referir aqui e agora, é o Museu da Misericórdia de Cascais que se inaugura neste dez de Abril de 2022, data solene, visto que é enfática e infunde respeito a um só tempo, daí sua solenidade, a que na magia do tempo restará por testemunho, capsula do tempo, universo de referências, razão nossa, posto que nos define, razão de memória, com M grande, da mãe das Musas, que reunem todas as artes, visto que sem Arte, a vida é nada. A mim, que escrevo esse texto, cabe uma mui pequenina responsabilidade por esse Museu vir a existir, cuja Missão é a da Misericórdia, assumida em sua plenitude pela sua Provedora, Dra. Isabel Miguéns de Almeida Bouças, na realização das obras que a definem, tanto as corporais, como as espirituais, que aqui permanecerão no testemunho de sua realização, e cujo incumbente é, por sua visão maior, o Presidente da Câmara, Dr. Carlos Manuel Lavrador de Jesus Carreiras, que com sua simplicidade e objetividade, tem assumido a lúcida visão do futuro mister.
Futuro necessário.
Na continuidade do passado é que se constrói o futuro, uma vez que ninguém pode partir do nada, posto que quando todos aqui chegamos havia já uma realidade estabelecida, ignorá-la é desmerecer a História (Clio) e a Memória (Mnemósine, sua mãe). Assumir esse passado é a grande obra necessária ao futuro, que em si mesma se alimenta, posto que por preservá-lo criamos o que virá, o testemunho rico, o registo da História que remanesce após a vida ter acontecido em cada sítio, preservar o conhecimento dessa história, é criar o futuro necessário. Para o turismo, por exemplo, mais frequência, mais negócios, que ninguém vem a uma terra onde não há o que ver. Para os da terra, um outro exemplo, é o de seu passado, o caminho que estabelece seu auto-respeito, seu patriotismo, e seu orgulho. Infelizmente pouca gente entende isso, mas o futuro, esse que é necessário, revelará que assim é.
sexta-feira, 1 de abril de 2022
PODEM TANTO AS PALAVRAS: 12/3/1572 - 12/3/ 2022
quinta-feira, 10 de março de 2022
O anunciado Haraquiri russo.
E o reles autocrata russo cometerá seppuku? Como um samurai sem honra nesse caso, porque nunca a teve, o sr. Putin cortará o seu próprio ventre ao cortar o fornecimento de matérias primas, -energéticas (gás, petróleo carvão) assim como -metais, e -cereais à Europa. Posto que a Europa é uma princesa muito melindrável, ciosa de seu poder e glória, não sendo susceptível a aceitar ofensa sem grande e vigorosa resposta. Assim como seus três irmãos, netos do furioso Netuno/Poseidon, orgulhosa e difícil, não aceitará ficar dependente de ninguém, nem ignorará a ofensa de quererem regulá-la, ou cercearem o que quer que deseje ou necessite. Para Putin será fatal cortar o fornecimento de gás. Quem viver verá.
Um suicídio doloroso enquanto rasga horizontalmente a barriga, retalhando os intestinos, esventrando o interior no qual se alimenta. Expropriar empresas estrangeiras instaladas em território da Federação como retaliação, seria a segunda parte deste suicídio, pondo a mão onde não deve, situação inaceitável, que legitimaria a manutenção das medidas. E, como sabemos, que o alimento de uma economia é o dinheiro, aquele montante que consiga obter com seu comércio e indústria, na qual seus recursos, sobretudo os naturais, permitam alcançar riqueza, que distribuída e multiplicada permita que uma nação se sustente e mantenha, assim como sempre fez a Grã-Bretanha, nominalmente a quinta potencia econômica do planeta. Estripação bastante elaborada pretende perpetrar o coronel, em que seu Wakizashi será a torneira do gasoduto, o 1, que o 2 ainda não há, nem mais haverá proximamente. Putin tendo já destruído boa possibilidade de progresso de uma economia, que sendo o décimo primeiro PIB nominal, é débil e insuficiente para 150 milhões de almas, e de onde umas quantas dúzias de oligarcas, entorno de uma grosa, arrancam a maior porção, montante ao qual se somam os custos de seu poderio bélico, diminuindo muito a riqueza que possa ser distribuída. Pobre povo russo, fantoche de um "socialismo" que só lhe trouxe miséria, sobretudo por não ser socialista mais que no nome. A riqueza russa que cai no per capita para a quinquagésima oitava posição, e que com a desvalorização do rublo mais as atuais sanções, já estará abaixo da centésima posição, depois do Peru, da Colombia, da Guiné, de Palau, da Moldova. Este será o resultado final da prepotência de Putin e de seu sonho de recompor a União soviética. Bem sabemos também que a ideia do per capita é estatística, como aquela de 200 galinhas para alimentar 100 famílias, que, estatisticamente, dá 2 galinhas para cada uma, mas como na realidade uma come galinha e meia em sua 'dacha', sobra apenas meia galinha para a outra da estatística se alimentar. O coronel Putin está a espalhar a miséria pelo povo russo, e nãpo só. O qual esperamos o mande embora, possibilidade que só se verificará através de uma revolução, bolchevique (?), solução feliz para acabar com a pobreza num país cheio de recursos e ladrões. O kaishakunin do presente ritual de seppuku, a Bielorússia, este país, onde na praça principal de Minsk se situava o gigantesco prédio da KGB, a Belarus sem oceano, confinada, desejosa de um porto, quem sabe no Negro face da impossibilidade báltica? Belarus que não cumprirá o ritual, decapitando o samurai, situação que, quem sabe o ajudará, levando a que o urso acorde de sua longa hibernação, enquanto foi autocraticamente vampirizado; esse poderoso gigante de dois continentes, 17 milhões de quilômetros quadrados, dois Brasís, adormecido, e sugado por sucessivos execráveis meliantes gatunos no poder e seus associados. Tornando aos filhos de Agenor, irmãos da poderosa princesa que raptada deu nome ao continente que habitamos, dentre eles o que tinha nome da ave que, antes de ser grega foi egípcia, mas que era mesmo chinesa, que, entrementes, fundou a Fenícia, que guarda seu nome, já seu irmão Cílix, seguindo a tradição, fundou a Cilícia, que ao penitenciar-se em mortificação no pelo da cabra, seguindo a tradição familiar, também não volta, e o outro que completa o trio, Cadmos, que funda Tebas, a grega, a que, quando terminada a Guerra do Peloponeso, expulsa os espartanos de seu território, transformando a antiga poderosa cidade-Estado de Esparta para sempre num Estado de segunda categoria, a história nos ensina tanta coisa, não é? Devemos estar atentos! Este conjunto de contra-medidas, se aplicadas, poderá se converter no fim da Era Putin. Que os anjos digam amém! Ainda veremos a Ucrânia na NATO, e uma Federação Russa falida. O que será um perigo acrescentado para o mundo, porque um agressivo urso moribundo é sempre muito perigoso, ainda mais quando detém o maior arsenal nuclear que existe.