quinta-feira, 5 de março de 2015

O perigo do homem do sistema.







O sistema é perigoso porque se qualquer um  que faça parte dele se degenerar pode comprometê-lo todo. Pior que qualquer máfia, pior que qualquer criminoso, pior que qualquer organização, é um homem do sistema - um ex-secreta, um ex-polícia de alto escalão, um ex-pj, um ex de qualquer bureau, que pode usar todas as informações a que teve acesso contra o próprio sistema ou em seu próprio benefício, ou a favor do crime se for esta sua intenção, portanto um enorme perigo,  e vai lá saber-se que rede de proximidades ou interesses terá ele (o ex-homem do sistema) criado,  formado, e que agora possa fazer uso dela, ou que crimes terá encoberto que agora possa cobrar os favores, ou que segredos terá descoberto de personalidades importantes e poderosas, para as fazer ir em seu auxílio, agora que o guardião dos seus segredo necessita seu apoio. Todo sistema cria cumplicidades.

Paulo Pereira Cristovão é um perigo que anda por aí. Não se esqueçam dos serviços que ele prestou a governantes, não esqueçam das listas que ele possui de personalidades que ele investigou e os segredos que delas tem guardados, não esqueçam dos amigos que fez e tem em todos os postos da alta administração da justiça e dos procuradores, dos juízes, dos investigadores, dos ministros e desembargadores, que ainda tem e que agora irão julgá-lo pelo mais mesquinho dos crimes: latrocínio.  Sim este ex-pj é um ladrão, suas atividades queriam entre outras coisas dinheiro para uma vida regalada pode-se imaginar, segundo as acusações, e que, agora na mão da justiça, lhe terá sido imputado o crime de ser cabeça de uma rede de policias que praticavam diversos crimes para seu enriquecimento sob a orientação de Paulo Pereira Cristovão.

Que este senhor sempre quis ascender socialmente, fica claro pela sua participação nos quadros sociais do Sporting, queria uma vida de um bem nascido, de uma pessoa com projeção social, um desejo natural e justo desde que se o promova pelos caminhos certos, desejos para os quais é necessário dinheiro, e bastante, diga-se de passagem, além de tempo e disponibilidade, conjunção que só é possível àqueles que já atingiram um estatuto social em que, não lhes faltando boas condições de existência, sobra-lhes dinheiro e tempo para se dedicarem a estas atividades. Logicamente quem tem de fazer pela vida não reúne estas condições, sendo logicamente um alpinista social  todo aquele que quer viver num nível que não é o seu.

Quando se acalenta um sonho, um desejo, procuram-se os meios para alcançá-lo, e é absolutamente normal ter desejos e sonhos, eu mesmo procurei com minhas parcas limitações prestar serviços e ajudar pessoas e instituições, e fiz, até muito além de minhas possibilidades, tanto na Cuz Vermelha como em Rotary, reunindo meus poucos recursos e convencendo outros com muito mais do que eu a ajudar, tendo até me tornado bom membro, creio, de ambas as instituições, é um desejo legítimo de participação social e que pode levar à mistura um pouco de vaidade, desconhecendo eu em quais proporções, mas que é bem compreensível que seja assim, e que as instituições possam até se valer deste desejo de aparecer socialmente para continuar a fazer seu trabalho meritório, não importa, mas há que se ter uma certa folga econômica que a maioria dos assalariados não tem e a quase totalidade dos funcionários públicos não dispõe, salvo aqueles que têm recursos que herdaram ou os que ganharam na loteria, salvo estas exceções, só aos empresários e profissionais liberais de sucesso é dada esta condição.


Lamento que seja assim, mas no labirinto social as coisas assim são. Labirinto, eis aí uma boa palavra, terá ela a ver com o nosso caso? De desvio de dinheiro já era acusado e é um dos processos ao qual responde, a mediatização de uns quantos casos em que participou o terá subido a cabeça? Estigmatizado desde o caso Joana Cipriano terá modificado sua personalidade? Os crimes de burla e devassa da vida privada de que é acusado, se confirmados, mostrarão bem o caráter e as capacidades deste homem, assim como un dos livros de sua autoria intitulado Levaram-me, que aborda a pedofilia mostra suas capacidades de ordem mental, revelando um escritor bem razoável.  Paulo Pereira Cristovão tem trunfos na manga, sempre. Vale a pena relembrar uma sua afirmação ao Público quando em 7/11/2013 afirmava: " Não disse tudo o que sei sobre algumas personagens. " revelando a matreirice de sua forma de estar na vida. Afastado e depois indemnizado, mostrou que sabe mexer com os pauzinhos da justiça e do poder, reanalisem o caso e a quem ele prestava informações. Há uma trama ao redor deste homem.

E homens, como este, que tiveram o sistema a seu favor, e que com ele puderam recolher dados, conhecer pessoas, aproximarem-se delas, estabelecer uma rede de favores e influências são o perigo do sistema.

















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