Eu, no dia 22 de Abril, o dia em que foi descoberto o Brasil, deste nosso 2016, falava dos 400 anos que passaram desde que nos deixaram estes dois gigantes da Humanidade, Cervantes que é o autor do livro mais vendido de todos os tempos. O top 1, agora que a J.K Rowllling entra em 10º com seu primeiro Harry Potter, lá está na lista, encabeçando-a, D.Miguel,desde sempre, desde que há imprensa, o Quijote, com sua graça, sua humanidade, seu entendimento da natureza humana. Pode-se dizer menos de Shakespeare? Repito, verbis, o que disse então: O que há de mais alto no mundo? Não só do literário, pois em tudo que há nesse mundo suas sensibilidades tocaram, deixando como herança a maior maravilha que o testemunho de uma passagem por esse mundo pode deixar: a grandeza dos sentimentos em seu entendimento mais profundo!
Foi há 400 anos, completam-se hoje, que os perdemos, mas como um grande navio atravessando tormenta sua obra perseguiu incólume, expressiva, brava, forte, atual. Que mais se pode querer das palavras? Que mais se pode desejar das ideias?
É nessa hora do encontro dos dois dias, o 22 e o 23, apesar de tudo se ter passado nesse 22, uns consideram 23 para Shakespeare, é nessa hora em que o dia finda que os lembro, imortais como são, inteiros no poder de seu dizer. Sua grandeza reside na mais poderosa característica que tem a Humanidade: a capacidade de rir-se de si mesma, e disso tirar proveito.
Vejo passar cavalgando em seu rocinante um homem alto, muito magro com uma bacia de barbeiro na cabeça, seguido por um baixo e gordo em seu burrico. Mais adiante vejo um casal de apaixonados morrer dramaticamente pelo amor que os unia, que o ódio familiar desbaratou. O que não daria para ser um desses amantes? Daria meu reino, onde há algo de podre, certamente, por não alcançar aquele nível de sensibilidade emocional. Vejo um homem de vidro a falar das realidades mais profundas que, como é louco, tem suas palavras louvadas. Vejo fileiras de mulheres, alegres e tristes, vejo Aldonsa, Desdêmona, Cordélia, Julieta, Marcela, Helena, Isabela, Dulcineia, Adriana, Catarina, Beatriz, Viola, toda a intensidade de um mundo praticamente desconhecido e alijado do resto das coisas, prisioneiro de uma outra realidade que imperava, apartado da possibilidade de ser. Como as mulheres devem de sua libertação a esses dois senhores!
Nesse desfilar de gente mais viva do que gente que assim se julga, vejo desfiar grande parte de meu encantamento, e talvez maior parte ainda de minha compreensão. Há coisas difíceis de aprender, mas a mais difícil de todas é perceber e entender o próximo.
E quanto entendimento devo a esses dois senhores...
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