sábado, 29 de outubro de 2016

Bicentenário de D. Fernando II de Portugal.





Criou um sonho. Soube seu lugar. Respeitou a pátria que o acolheu. Teve noção de muitos valores antes que qualquer outra pessoa a tivesse. Salvou muito do patrimônio português. Portugal deve-lhe muito. Soube amar. Soube respeitar. Soube ser pai, marido, Rei. Foi grande D. Fernando II.

Fernando Augusto Francisco António Saxe-Coburgo-Gotha Coháry, tinha imensa sensibilidade artística, que o atraía  para esse universo desde menino. Já em Portugal procurava estar envolvido com as artes, sendo protetor da Academia de Belas Artes que então se formava, e buscando conhecer tudo que fosse expressão artística existente  no país. Assim descobriu que a Custódia de Belém estava recolhida aos cofres do Reino pelo material de que é feita: ouro, e que, como tal, poderia ser derretida para ser amoedada, dando-se conta desse  absurdo, logo a faz recolher pelo seu valor artístico, reconhecendo a importância dessa obra-prima de Gil Vicente que a época já caminhava para quatro séculos de existência. Salvou-a. Para mim isso bastava para ser glorificado.

Porém D. Fernando com sua inclinação viveu um sonho romântico, adquiriu um velho convento para salvar o esplêndido retábulo de Nicolau de Chanterrenne em seu altar mor que o fascinava. Este irá acabar envolvido num palácio de sonho e fantasia no alto da Pena de Sintra, assumindo esse o nome do antigo convento, o do local nas alturas das penedias onde se encontra. Indiscritível legado de maravilha que ficou como símbolo da sensibilidade desse rei.

Rei regente por morte de D.Maria II no trono de seu filho Pedro, foi dos mais serenos governantes que conheceu Portugal, estrangeiro, as cortes temiam que se apoderasse do trono português, foram-lhe depois oferecidos dois tronos, o da poderosa Espanha, e o da Grécia, que recusou ambos, por não ter ambições, e não se querer afastar de seus filhos e do país que o acolhera, como se enganaram as cortes.

No vinte e nove de Outubro de 2016 completaram-se dois séculos de seu nascimento, nenhuma comemoração se fez, nenhum registro o demarcou, nenhuma lembrança se manifestou para louvar esse grande homem que reinou em Portugal. Eu, não podendo deixar passar em branco essa data, rendo-lhe daqui as minhas homenagens a um homem que soube amar, respeitar, criar, zelar, realizar, governar e proteger o patrimônio que teve sob sua esfera de influência, dando contas de valores que como ninguém sabia apreciar, não vendendo sua alma, e deixando precioso legado. Seu palácio ainda é o mais visitado do país, marca de sua vontade, de sua fértil imaginação. Salve D. Fernando II!

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