O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
COMO LER A ARTE - CONVERSA 1.
O primeiro entendimento mister para interpretar uma obra de arte, para compreender sua mensagem, é seu enquadramento histórico. Saber onde, quando, e quais as condições existentes no local e época em que foi produzida. Assim a destruição de Pompeia e Herculanum pintada por John Martin no princípio do século XIX, é todo um processo imaginário do que teria acontecido milênios antes, no entanto a destruição de Cracatoa retratada por alguém que a presenciou em 1883, como o há em gravuras inglesas por exemplo, tem todo um cunho de realismo que a diferencia e valida. A enorme tragédia contada por Picasso no seu Guernica tem a força do momento, do protesto, o grito do inconformismo e da inalienação do ocorrido, daí sua importância. É claro que os estilos e seu envolvimento pesam: Picasso era espanhol e Guernica aconteceu em seu país e na época em que a pintou, A destruição de Pompeia e Herculanum aconteceu em outro país que não o de John Martin, que era inglês, e em outra época que não a sua, a totalidade das obras sobre Cracatoa retratam uma ocorrência geológica, um fenômeno, mesmo sendo da época, elas não contam a tragédia de seus ilhéus indonésios que viveram a terrível erupção, não têm nem mesmo a força das palavras de Plínio o moço a falar a erupção do Vesúvio que destruiu Pompéia, Herculanum e Estábia. Local e época duas determinantes básicas para a compreensão de uma obra, dados que são em geral fornecidos na etiqueta de cada museu, e que devem ser a primeira referência tomada em conta pelo observador para situar o que está vendo num contexto que permita sua compreensão.
Mas, como sabemos, isso não basta, é muito necessário perceber os sinais encriptados na obra. E isso vai depender de outros conhecimentos, como por exemplo a sua cultura histórica, seus conhecimentos sobre a época e o local onde a obra foi desenvolvida, idem sobre o que retrata quando for o caso, será absolutamente mister conhecer a História da Arte para a situar no período e escola em que está se dá, bem como reconhecer a linguagem empregada. É necessária uma grande cultura, protestarão alguns, é verdade, porém hoje essa grande cultura está disponível a qualquer um com uma pequena e rápida pesquisa que o situará, se você levar consigo o seu tablet na sua próxima visita a um museu, poderá ter a informação mister para uma melhor compreensão do que vai ver. Em breve os próprios museus disponibilização net em suas instalações. Sugeri isso ao Dr. António Filipe Pimentel para implantar no Janelas Verdes, vamos ver se funciona.
Portanto não há nada a temer. Ninguém poderá saber tudo, é verdade, mas deve saber o que deve procurar, e é esta a linha das nossas conversas aqui. Por hoje ficam estes primeiros pontos, logo, na próxima quinta-feira, teremos mais. Aproveitem para irem revistar algumas das obras que gostariam de entender melhor, e empreguem estes dados que comentamos aqui, verão que muita coisa se esclarecerá. Este é o nosso primeiro passo. Até para a semana.
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