O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
terça-feira, 31 de dezembro de 2019
Poema de Ano Novo.
As pedras ultrapassam os anos
Que vêm um após outro
Sejam bebes ou decanos
Discursar no mesmo rostro
Ambiguidades tacanhas
Que roubam o que amamos
Com enormes patranhas
Em que acreditamos
Desvanecendo o horizonte
Enganando a emoção
Sejam vazas ou monte
Em que se perde a mão
Então um outro ano começa
Quando tudo se entrança
Partindo pedra, arremessa
Como se fosse criança
Tudo que se lhe peça
Para renovar a esperança.
Da razão que cabe a Dra. Ana Gomes, em abrir saco que os demais querem cerrado. .
Seu combate escolheu o mais negro dos temas: A Corrupção! Quem tem coragem em desafiar a escuridão dos autores desta desgraça que se alastra a todos os recantos da atividade humana, por motivações diversas, sendo a principal a Ganância?
Ela sabia, e sabe, dos riscos que corre, desde o da própria vida, até ao de ser condenada por dizer a verdade. Verdade que não agrada a ninguém, e que os poderosos não querem ver repetida. E foi logo pegar nesse assunto abominável!!! Coragem não lhe falta, bem o sabemos, mas tem marido, filhos, gente que lhe é cara, e que sabemos que toda esta gente fica exposta ao perigo, pela temerária escolha da verdade, que fez a Dra. Ana Gomes. Por isso sempre houve um silêncio cúmplice, o silêncio do medo, esse que fez também tantos mais do que se calarem, votarem a favor do corrupto, motivados pelo medo. O silêncio dos culpados. Iremos ver isso brevemente, com grande horror, no Senado Norte Americano, pelo medo dos senadores da língua do sr. Trump, e de não se reelegerem.
Se a razão cabe a Dra. Ana Gomes, deveria bastar, mas não. Apesar de sabermos que "Basta a quem baste o que lhe baste, o bastante que lhe bastar." A razão não basta, uma vez que, podemos nos interrogar: Quem terá razão frente ao irrazoável? Em todas suas acepções irrazoável é a ganância, a vontade de ter, seja a que preço for. E o final do verso do Pessoa cai como uma luva, "A vida é breve, a alma é vasta; Ter é tardar." E, estejamos atentos, que essa gente que tem muito, não tarda na vingança, na maldade, no mistificar, no aniquilar.
Tendo escolhido a temática em que ninguém pegou, saco largado à beira do caminho, assunto escondido e desprezado, minudência que corrói a sociedade, destrói seus valores, e corrompe todos os princípios nos quais se deve alicerçar, a Corrupção é o tema do qual ninguém quer falar. Brava Dra. Ana Gomes. Persistente Dra. Ana Gomes. Temerária Dra. Ana Gomes. Tenaz Dra. Ana Gomes!
Eu sempre soube do quão valorosa é esta mulher, correndo sempre por fora, outsider, contra estruturas cerradas, grupos fechados, onde nunca é bem aceita por ser do contra (e ser do contra é ser a favor da verdade, da justiça e da decência) quando nem os que têm a obrigação da prática querem ser vistos como do contra por medo, com medo das possíveis consequências, essas que tocam a todos os que não se calam, que, contra a corrente, não aceitam ser cúmplices, e a cumplicidade do silêncio está em toda parte, por que os que têm, sabem calar, sobretudo os que se lhes opõem. E como eu sempre vi nela valor, escrevi há alguns anos a crónica A Adorável Dra. Ana Gomes, mas de uns tempos a essa parte ando mesmo preocupado com a Dra. que corre todos os riscos da sua decência indómita, e, como sabemos, o "Amanhã não gosta de ver ninguém bem", é este o meu medo. Essa gente tem todo o tempo do mundo, esse que o dinheiro pode comprar, e não quererá ver bem quem os aponta, quem os denuncia. Aquele saco largado à beira do caminho, era para lá ficar, esquecido, sem alça, abandonado, nunca quererá ver seu conteúdo revelado, nunca quisera saber de que alguém o pudera abrir, e há um rol grande de cadáveres, excluídos, desempregados, entre os que se insurgiram contra os interesses ocultos, os que se escondem naquele saco maldito.
Posta a preocupação, ninguém negará que a razão está do lado da Dra. Ana Gomes, como ninguém desconhecerá que os meandros nos quais se movimentam os corruptos e corruptores, transitam da sombra para a plena escuridão, e nesse breu, mantendo o negrume e o secretismo, o perigo, espreita junto com a impossibilidade, e a insuficiência de informações (e provas) obriga a todos a não terem noção clara do que se passa, e aos que as vão buscar, sonegadas em todos os níveis que são, restará sempre em falta a arma fumegante, a prova cabal do delito, uma vez que tudo é feito às escondidas, com enorme cumplicidade, onde impera uma atmosfera de ocultação. Que só os indícios, e a riqueza inexplicável, podem apontar, e poderão incriminar afinal os culpados, ainda que todos saibamos que está ali o ladrão, que ali está o corrupto.
quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
Ensejo de Natal
segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
De como vencer a Morte: A Malvasia do Barão.
Em 2005, von Bruemmer, com 96 anos, após ter sido operado, teve um sonho, ou alguém lhe terá murmurado, e sua única ideia, que perseguiu nos 9 anos seguintes que ainda viveu, até o fim legando maravilha. "Tenho de sair do hospital já, pois vou fazer um vinho", aos 96 anos, é tão incrível quanto admirável, e foi re-criar o seu Colares D.O.C.(Terroir da Quinta.)
Bodo von Bruemmer era um Barão russo, nascido em 1911, banqueiro suíço, industrial, que veio viver para Portugal aos 60, idade da reforma para muitos, e, no final de sua vida, quase centenário, tem uma visão, mística terá sido (?), e, impulsivo, crente e maravilhoso homem que ele era, seguiu sua visão, e criou uma excelência gustativa que atende pelo nome de Casal de Santa Maria.
Sua propriedade, a mais a Oeste que existe em território europeu, a do nome de seu vinho, que tinha sido plantada com vinhas no auge do Colares, criou um vinho com uma personalidade muito especial, com sabor a mar, como quereria Sérgio Endrigo a cantar. Quando o barão começa seu sonho, já há mais de um século que não havia vinhas no Casal, que tinha sido várias coisas, pocilgas, hortas, vacarias, um roseiral, uma coudelaria, etc... Porque diabo veio a ideia ao provecto Barão para refazer as vinhas? Falaram-lhe do além, e deram-lhe vida junto com o sonho, mais uma década de vida, quando a maioria dos seres humanos já optam por morrer.
Ninguém foge a seu destino! Vontade férrea, teimosia indómita, irá beber de seu vinho, e, imparável, deixará 13 variedades. Bodo em português quer dizer distribuição de bens aos necessitados, atentem que é um desígnio. O Sr. Barão podia viver apartado num mundo paralelo, seu mundo onírico, mas quão profícuo, útil, criativo e transcendente pode ser este mundo?
Bebamos a Malvasia do Senhor barão, desfrutemos de sua excelência, saudemos seu sabor, e louvemos sua herança, maravilha sonhada, desejada, recriada e vívida, sua vitória final sobre a morte.
Bodo von Bruemmer era um Barão russo, nascido em 1911, banqueiro suíço, industrial, que veio viver para Portugal aos 60, idade da reforma para muitos, e, no final de sua vida, quase centenário, tem uma visão, mística terá sido (?), e, impulsivo, crente e maravilhoso homem que ele era, seguiu sua visão, e criou uma excelência gustativa que atende pelo nome de Casal de Santa Maria.
Sua propriedade, a mais a Oeste que existe em território europeu, a do nome de seu vinho, que tinha sido plantada com vinhas no auge do Colares, criou um vinho com uma personalidade muito especial, com sabor a mar, como quereria Sérgio Endrigo a cantar. Quando o barão começa seu sonho, já há mais de um século que não havia vinhas no Casal, que tinha sido várias coisas, pocilgas, hortas, vacarias, um roseiral, uma coudelaria, etc... Porque diabo veio a ideia ao provecto Barão para refazer as vinhas? Falaram-lhe do além, e deram-lhe vida junto com o sonho, mais uma década de vida, quando a maioria dos seres humanos já optam por morrer.
Ninguém foge a seu destino! Vontade férrea, teimosia indómita, irá beber de seu vinho, e, imparável, deixará 13 variedades. Bodo em português quer dizer distribuição de bens aos necessitados, atentem que é um desígnio. O Sr. Barão podia viver apartado num mundo paralelo, seu mundo onírico, mas quão profícuo, útil, criativo e transcendente pode ser este mundo?
Bebamos a Malvasia do Senhor barão, desfrutemos de sua excelência, saudemos seu sabor, e louvemos sua herança, maravilha sonhada, desejada, recriada e vívida, sua vitória final sobre a morte.
terça-feira, 10 de dezembro de 2019
CHEGOU A HORA DO BLOCO.
São 230 deputados, se consegue maioria com 116 votos a favor, metade mais um, o PS tem 108, o BE 19, ou para o PS com a abstenção de 15 deputados, chegou a hora do Bloco.
Porque não de outro partido? É simples: O PCP, melhor dizendo, a CDU tem 12, o que dá folgada maioria, mas não dá para a abstenção, e os comunistas tem posições muito rígidas, e uma linha de reivindicações muito sólida, um caderno de encargos muito pesado, que vão muito além do que o PS, digo melhor, o Governo estará disposto a ceder. O bloco também, mas é mais flexível, aceitará outras medidas em troca das que não representem o confronto direto com os números do Dr. Centeno. Reservando as outras medidas para adiante, todo ano tem orçamento.
Outras adições partidárias são muito improváveis. Com qualquer outro partido qualquer, singularmente, exceptuado o PSD, não atingem os mágicos 116. Os 79 do PPD-PSD, não deverão votar favoravelmente o Orçamento do Governo do PS. Falam em três da Madeira, para uma coligação negativa, talvez possamos dizer positiva, por ao se juntarem aos do PS, com o PAN e ainda mais um, onde a única possibilidade é Joacine, também atingiriam a maioria necessária, penso ser muito improvável, juntar numa mesma equação: traição + o dos Animais + a flutuante deputada 'do Livre'.
Com o CDS em frontal oposição, os outros dois votos dos outros dois partidos também contra, resta como única opção o Bloco. Que em podendo conseguir melhorias para o país, estará sempre aberto a negociar. (Nunca esquecendo que a aprovação do OE tem um preço, que deve ser cobrado na totalidade, e que este é o único momento em que o governo tem de barganhar.) Resta ao governo levar essas negociações a bom porto, tudo o mais são cenários improváveis.
As cartas estão na mesa, e as posições devem ser claras, e os territórios bem demarcados. Nunca atritar, o povo quer soluções e não brigas. Negociar, negociar, e negociar, à exaustão. Colocar as coisas com equilíbrio e lucidez, esta a noção que entendeu a nova porta voz do Bloco desde a legislatura anterior, prática e lógica, na medida exata, como deve ser. Brava Catarina!
Aceita sempre o diálogo, sabendo que esse só resulta quando se materializa em propostas concretas. Tem um caderno cheio de proposta, se não passa uma, troca por outra, ou por duas menos pesadas, até chegarem ao acordo que necessita o governo para aprovar os seus números para o ano que vem. E o que mais quer o Bloco? Que introduzir essas suas propostas na medida do possível ! Propostas para um Portugal melhor. Portugal acima de tudo. Então porque é tão alijado? É tão excluído, tendo lutado como um bando de leões, leoas é mais adequado, para encontrarem seu espaço? (Que ficou do mesmo tamanho, apesar da razia do PS.) - É que o Portugal do Bloco, não é o Portugal da economia, do bem comportado Portugal que tem como prioridade se enquadrar no sistema. Não! É o Portugal das pessoas, onde as pessoas contam, e vêm em primeiro lugar. É uma pretensão tão simples, mas tão difícil de obter. Nossa brava Catarina há de repetir à exaustão suas posições, para que faça finalmente por revelar o entendimento de que o Bloco, é de esquerda, mas não é papão, e pode, e deve ser, um partido da governação.
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
É mais que tempo.
Num estudo que publicarei brevemente, demonstramos que 2050, já será muito tarde. Pelo que já fizemos, iremos pagar em vidas humanas nossa incúria. Pelo que fizemos até agora, e pelo que deixamos de fazer na última década, sangue de inocentes irá verter-se sobre o solo do planeta conflagrado. Nossa culpa e exclusiva estupidez, mas tem sido sempre assim, se não fosse, não teria havido tantas guerras, tanta matança.
Entretanto muitos ainda não estão convencidos, ignorantes como Mr. Trump, e os interesses que ele defende, que não querem ver a urgência para reverter a alhada em que nos metemos, que, apesar do preço em vidas que se irá pagar, poderá ser sempre menor desde que actuemos o quanto mais cedo. O abençoado Guterres fulcralmente escolheu como título para a COP 25, a cimeira do Clima da ONU, que afinal se realizou em Madrid, "É tempo de actuar", foi o título que lhe deu, e este artigo aqui é a minha resposta, daí seu título, conforme mostrarei com dados no documento que estamos preparando, e que muito em breve será encaminhado para as Academias, para a Media, e para todos que tiverem interesse em conhecer nossa análise.
Apesar do asqueroso e reles que ocupa a Casa Branca presentemente, fazer por se retirar do Acordo de Paris, a nação americana tem mostrado que é muito mais do que uns quantos miseráveis agarrados à política e o poder que esta lhes faculta, e tem actuado. A iniciativa privada, os governos estaduais, os cientistas, e gente com sensibilidade e coragem cívica, como Nanci Pelosi, que foi a Madrid para dizer que os EEUU, continuam dentro do acordo.
Não se enganem, estamos travando uma luta caso a caso, uma luta de indivíduos, como antes de haver pólvora, corpo a corpo, combate de almas e crenças, de convicções e dignidades, entre os que, na luz, querem nossa existência enquanto espécie, e enquanto maravilhosa civilização que foi capaz de tantas conquistas, e aqueles que, na sombra, nas trevas, querem mais lucros, mais atividade económica, mais consumo, os equívocos desta mesma maravilhosa civilização. Essa luta está para durar! Passa a Greta, e todos põem-se de acordo, meia hora depois estão pensando noutra coisa. 40 minutos depois e as notícias estão reclamando maior crescimento económico, não sabem que esse mundo não existe mais, a inércia é muito poderosa, e o poder conservador tem a maioria das condições para manter tudo como está! Não duvidem que são muitos os cúpidos e gananciosos, que tudo farão para manter o 'status quo', para engordarem suas contas bancarias, para continuarem a marcha em direção ao precipício. Em 2050 a grande maioria dos que detêm o poder hoje estará morta, e pouco lhes importa o que advirá, querem viver essas três décadas com largueza e despreocupação, após eles, o dilúvio...
Os mais criteriosos não acreditarão que possa ser assim, o tudo ou nada. Mas é! Não acreditarão que não pensam nos filhos e netos. Não pensam. E não poderão compreender que haja gente que comprometa o futuro, pela ganância do presente. Assim é. As pessoas que têm riqueza, tiveram um só propósito na vida, obtê-la, acumulá-la, aumentá-la, e é esta sua obsessão permanente, não vendo, e não querendo ver, o mal que causam, uma vez que esse estado de consciência os obriga a serem mais comedidos, mais prudentes, e o comedimento e a prudência, assim como a consciência, diminui sua capacidade de fazerem dinheiro. A ganância é uma doença grave, ou como queria Ezra Pound: "A usura é um cancer no azul."
É mais que tempo Meus Guerreiros, ajamos pois! À luta, às armas, e elas são nossa convicção, nossa consciência mais profunda que o futuro depende de nós. Só de nós! É pessoal e intransferível agora. Vos calhou que vivessem nesse tempo, e fossem chamados a luta. Assim a vitória ou a derrota, da qual não desfrutaremos, só depende de nós. Só de nós.
sábado, 30 de novembro de 2019
"O Captain! My Captain!" Foram os 200 anos de Walter.
Publicada originalmente no Jornal A Pátria.
ROTEIROS PARA A VIDA.
Era um livrinho preto de capa dura, penso que um pouquinho maior que A8, com 6x10 centímetros, que andava comigo pra toda parte. "Leaves of Grass," publicado um século antes de que eu nascera. "And I know that the hand of God is the promise of my own, And I Know that the spirit of God is the brother of my own, And that all the men ever born are also my brothers, and the women my sisters and lovers..." Era para aprender inglês que chegara às minhas mãos o pequeno livro preto, mas ensinou-me humanidade, esta lição de esplendor, e de eternidade para quem a aprende..." ... And that a kelson of the creation is love, And limitless are leaves stiff or drooping in the fields,..." E eu também queria cantar-me, e ouvir a "Canção de mim mesmo." Em que ritmo tocaria? Quais as suas notas, quais seus versos, e seus compassos?
Walt, ensinou-me o imenso senso do destemor, o enorme poder do desassombro, a interminável força da comunhão, quando meu país desmoronava em sincronia com meu lar e minhas hormonas. E eu devera cantar-me? Deveria lutar contra essas forças que me esmagavam? A resposta era sim, porque Deus é meu irmão, todos os homens são meus irmãos, e todas as mulheres são minhas irmãs e minhas amantes... e conscientizado de que "The whole theory of the universe is directed unerringly to one single individual." Não havia saída, não poderia fugir, e estava condenado a ser poeta, O Captain! My Captain! Lincoln morria, mas nós continuaríamos, e a vida é um dom por demais valioso para que titubeemos. Exult O shores, and ring O bells!
But I with mournful tread,
Walk the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.N'A concubina fogosa do Universo (também publicada aqui no blog), lembrei seu bicentenário com alegria e zelo, mas era necessário dizer da marca que fica do poder infinito da palavra que, quando bem convocadas, incitam maravilhas, produzem eternidade. E Walt gerou infinitos mundos de esplendor infinito. É preciso afirmá-lo.
Implantou em minha alma, com sua vara de condão, a percepção das maravilhas que vivemos, "Seeing, hearing, feeling, are miracles, and each part and tag of me is a miracle." E deu-me roteiros para a vida: "Re-examine all that you have been told... dismiss that which insults your soul." que procurei seguir, " Keep your face always toward the sunshine -and shadows will fall behind you." Deixando-me a lição que havia tentado me entranhar meu professor de filosofia, um psicólogo arrogante, mas, a lição, na voz de Walt não tinha arrogância, e sim singeleza: "I exist as I am, that is enough."
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
NA HORA DA DOR...
Para Maria Teresa Horta na morte do amor de sua vida.
Luís de Barros 14/10/1941 - 20/11/2019
“A vida é a arte do encontro,
embora haja tanto desencontro pela vida.”
Vinicius de Moraes
no “Samba da Benção”.
Foi-se o Luís, o Luís, Luís
Que há que se diga?
Foi por um triz, triz, um triz
Que não terá matado minha amiga.
O que resta.
Quando só há a ausência
Nada mais toca ao coração…
Que se possa pensar quando falece a paixão?
Que se possa dizer ao se acabar a emoção?
Que se possa sentir quando morre quem se ama?
Dor infinda que esvazia
E renega a realidade…
No entanto abençoada dor de intensidade
Racha-se a alma…
Contudo restará sempre a eternidade.
terça-feira, 19 de novembro de 2019
200 anos d'El Prado.
Quem senão ele para nos aguardar á porta? No prado florido, em sua cadeira, com seus pincéis longos, impressão detalhada, e sua paleta ainda mais florida, lá está Don Diego, também um pouco português, como a Sra. D. Maria Isabel de Bragança, Rainha de Espanha.
No pretendido gabinete de ciências encomendado a Villanueva, o gigante neoclássico, transformado em quartel, as ruínas eram certas, D Isabel reabilitou-o, e reuniu lá todos os espanhóis das coleções reais e os das de alguns nobres que conseguiu agregar, para mostrar ao povo, para desfrute público, as obras de arte acumuladas durante séculos de sucessivos reinados.
Ligada a um rei de memória miserável, Isabel lhe daria uma aura de sensibilidade imerecida, sobretudo para quem se lembra de Aranjuez, e do que, logo depois, fez em França, enganado por Napoleão, apunhalando ao pai, outro vendido miserável, que vendeu Espanha para continuar a ser tratado como majestade num castelo em Paris. E a Madrid foi ser rei Pepe botelhas, como nunca deixará esquecer o povo espanhol.
Isabel, tão parecida fisicamente com a sobrinha, filha do irmão mais velho que será a segunda Maria dos portugueses, morre, mas deixa obra feita num trono onde as rainhas não contam muito, depois daquela de que guarda o nome, e que criou Espanha, com sua bravura, habilidade, e inteligência.
No dezenove de Novembro de 1819, abrem-se os salões do Museu, que uma vez magnífico estará obrigado a ser enriquecido sempre e cada vez mais, até se transformar no que hoje é, o incontornável museu no top 10 de todo o mundo.
Salve Isabel de Bragança, Salve Madrid, Salve El Prado!
domingo, 10 de novembro de 2019
ESTÃO TODOS A PAGAR O PREÇO DA SUA ESTUPIDEZ.
É exatamente assim. Esse tonto era contra o Brexit, e foi convocar o referendo, dando azo a que as mentiras ganhassem terreno, com o Brexit alcançando uma maioria baseada no engano, a que todos os ingleses foram submetidos. Resigna de primeiro Ministro. David Cameron de seu nome.
Este o autor das mentiras, em seu jogo de poder e hipocrisia. Nigel Farage de seu nome.
A deputada trabalhista que, por ser a favor do Brexit, foi assassinada. Jo Cox de seu nome.
E esta tola que também é contra o Brexit, entendeu que deveria defendê-lo, uma vez que havia sido votado, apesar de imerso em mentiras. Resignou de primeiro ministro. Teresa May de seu nome.
E agora, 4 anos depois, veio esse estafermo, que só pensa no poder, querer um Brexit a qualquer preço, sobretudo arrebentando com a Grã-Bretanha. Para não resignar de primeiro ministro, então propôs eleições. Boris Johnson de seu nome.
Até onde pretendem ir sem um novo referendo para esclarecer a questão? O quanto mais pretendem destruir a Grã-Bretanha? Essa gente não tem juízo nenhum, no país onde é apreciado o 'sound judgement'. Quem diria? 13/12/19 - E Boris Johnson acredita que sua maioria, agora obtida, referenda o BREXIT, não é assim...
Fica também o adeus do supremo estúpido, o Sr. Corbin, que pensou que ficando em cima do muro, com uma construção de indefinições, sem se dizer contra ou a favor do BREXIT, sem posições claras, fazia boa política. Foi seu fim. Todos estão destruindo a GB.
E se essa maioria, agora conquistada, permitir que os conservadores levem um BREXIT a peito muito duro, irão desintegrar a Grã-Bretanha. Há muita água ainda por passar debaixo dessa ponte. Eu continuo co esperanças, como na caixa de Pandora.
quinta-feira, 7 de novembro de 2019
DO BEBÉ NO LIXO.
FOI ENCONTRADO UM BEBÉ NUMA LIXEIRA. (Em 5/11/19)
1. O nascimento.
Nasceu o bebé, indesejado, foi largado numa lixeira para morrer, e a vida é algo
tão precioso.
Toda criança é um acontecimento.
Toda criança é uma alegria.
Se para alguém é tormento
Se a mãe não o queria
Que encontrasse destino, em momento
Incerto, que certo, então, seria.
2. O abandono.
Na lixeira seu destino é traçado, de frio irá morrer.
Saído à luz, em que pulsa a vida,
Um ser que é promessa
Entretanto esquecida
Que pronto começa
E é desde logo perdida
Perfídia imposta. Homessa!
Situação pervertida.
3. 'Periculo vitae'.
Abandonar um bebé, nu, em meio ao lixo, é tentar matá-lo.
O dom da vida é precioso
Mui valiosa é a vida
E quem seja cioso
Nunca dela duvida
E será sempre zeloso
Sem descurar da temida
Luta que há, em ser atencioso
Com a dádiva recebida.
4. Descoberto.
Coube a um indigente sem abrigo salvar-lhe a vida.
No ecoponto amarelo
Em meio aos plásticos esquecido
Nu, refugado, singelo
Devido a mãe não o ter querido
Quis o destino fazê-lo
Emoção de um sem abrigo.
5. Salvo.
Na comoção do indigente, o sentimento de humanidade que todos temos de ter
com um inocente que acaba de nascer, e deve ser protegido.
Este homem sem lar
Ao menino rejeitado
Foi do lixo resgatar
Horrorizado...
Muito, muito comovido
Tendo a bondade mister
Que faltou àquela mulher
Que o tendo gerado
Não foi capaz de o querer
O tendo abandonado.
6. Sentimentos.
A falta de sentimento de uma mulher que rejeita ao filho, pondo-o no lixo, como se
fora o que representa, nesse lugar onde o deixa, e sendo uma inquietação de ser humano,
ou não, quem assim procede, que podia, ao menos, o ter entregue a uma instituição.
Sentir não é para quem quer
Nem para quem, mister, o devia sentir
Seja homem ou mulher
Incapacidade por definir
Nem, ao menos, sequer
Ter o sentimento
Mesmo que estivesse em tormento
Condição de existir
Que deixado ao relento
Acabando de o parir
Ter na morte o alento
De o querer destruir...
7. Consequências.
Não o matou, é verdade, mas seria essa a consequência sem a ação do indigente,
pois o abandono teria este desfecho fatal. Crime para os Homens, pecado para
Deus, não há quem a livre da miséria que cometeu, ao sem abrigo ficou o convite
para reerguer-se com sua humanidade intacta, o que nem todos têm. Os que o salvaram,
o saudaram no twitter, com o entendimento do valor de uma vida que começa.
Salvo, segue a vida
Essa força imperiosa
Esta fonte, que pretendida
Guarda em si, laboriosa
Toda a esperança devida
Que deseja ver satisfeita
Sua promessa repetida
Que segue com olhar astuto
Toda manifestação aduzida
E dito "Benvindo puto"
Queda toda a verdade presumida.
quarta-feira, 6 de novembro de 2019
Essa ideia...
6/11/2019
A ideia de ser Sophia...
Sophiana.
Ser Sophia
Delíquio
Apostasia
Princípio
E heresia
Universalidade
E fantasia
Totalidade
Simplicidade
E maravilha.
Confundir-se com as coisas
Em seu essencial
Purificar-se em outras loisas
Símile natura, não importa qual
É na essência
Em permanência
A guardar igual
Tanto o Bem, sua ciência
Como a resistência contra o mal.
Centenário de D.Sophia de Mello Breyner Andersen.
Tinha a cabeça baixa sobre a escrevaninha, ouvi o martelar do salto alto de seu sapato de cromo, depois uma voz contida pergunta-me da porta de minha loja: "Senhor, conhece a loja da Belá?" Levando os olhos e vejo uma senhora baixinha, muito coquete, com suas luvinhas brancas, que à primeira vista me encheu de simpatia. Respondi pronto, eu levo-lhe lá. Brasileiro, seu único comentário.(Pensei: devera ter dito eu a levo lá.) A tendo levado, soube que iriam mais tarde tomar chá. Fui convidado para o cha, hora e tal depois. Assim vais conhecer Sophia, sentenciou a Belá, minha especial amiga, tão diferente e tão única, assim como D. Sophia. Viviam num mundo à parte, posto que não eram desse mundo. Foi um grande presente que a Belá me deu, sempre lhe serei grato. Havia uma certa reverência da parte da Belá para com aquela Senhora de luvas brancas, como ninguém mais usava por esse tempo, menos ainda se não fosse em recepção de grande gala, mas a senhora era assim, depois, com seu falar amendoado, confeitado, conquistou definitivamente meu coração, não que buscasse ser simpática, nunca o faria, era uma espiritualidade boa que a circundava. Mas a Belá, que não prestava reverência a ninguém, sequer cortesia, quanto mais reverência, como era aquilo, porque era aquilo? Durante o cha iria saber.
Sigo pensando que há pessoas que não deveriam nunca morrer, sua graça, sua presença, sua energia, são de tal modo transbordantes, que enriquecem o mundo com tal intensidade, que nunca deveriam se apagar, luz que nunca se apaga de nossa memória, luz que ilumina o mundo, afastando as trevas, as tenebras tenebrosas da mesquinhez e pouca certeza, das falsidades e falsificações que enchem o mundo de mentira.
Vi desde o primeiro instante que com D. Sophia era tudo preto no branco, como lhe disse, do que ela riu-se muito, sobretudo da expressão que empreguei, ela gostava muito de reparar nas palavras, estas que por sua escolha definem o caráter de quem as usa. Sim, a verticalidade de D. Sophia era absoluta, e distintiva, havia como que uma linha que a separava do equivocado pretenciosismo das pessoas, que separava seu mundo do resto das coisas, e nele só entrava quem ela queria, não iria gastar seu precioso tempo com quem não merecesse. Curioso, lembro-me de lhe ter dito que não usava boa vela com mau defunto, do que ela muito se riu, e, depois como que em transe, corrigiu, não usava bom defunto com má vela. Como entendo hoje o que ela quis dizer. Absoluta, precisa, fulcral, certeira, direta, magnífica D. Sophia. Com toda a subtileza desse mundo, educação então nem se fala, com uma leveza e uma suavidade, que era capaz de matar com um olhar, ou com algumas palavras apenas. E assunto resolvido, virava a página, e não falava mais nisso, não tinha tempo a perder, tão incisiva, às vezes mesmo mordaz, sem enfeites, mas absolutamente confeitada, como se tivesse atingido uma cristalização, puro cristal que era. Uma janela para o mundo interior, uma dimensão tão rara, tão especial, tão magnífica, que só mesmo através de alguém como a Belá, a Fada Oriana lá do centro onde tinha minha loja, eu poderia ter conhecido, e poderia se ter completado a magia.
No dia 2 de Julho fez quinze anos que ela nos deixou, mas nesse seis de Novembro é que o dia em que contamos um século que essa luz veio ao mundo, e é da luz, em claridade, que nos devemos recordar.
quarta-feira, 30 de outubro de 2019
O PROBLEMA DE BOLSONARO É MESMO SUA IGNORÂNCIA.
Completamente desqualificado, reles, sem educação, boquirroto, sem noção, sem cultura nenhuma, facilmente irritável, o que significa sem tirocínio e sem reflexão, desequilibrado.
Considera as notícias que o desagradam ou, mais claramente o denunciam (Já vamos a isso) um ataque pessoal, e responde com ameaças. Ameaçou não renovar a concessão da Rede Globo de Televisão, para daqui há dois anos, se ela o continuar atacando. E essa criatura não é processada, não é impedida?
As barbaridades que disse na ONU mostram o alto nível de sua impreparação, e sua incapacidade de recorrer a gente com cultura para lhe explicar o que deve dizer, o que revela, para além do que revela, também a sua incapacidade de ir buscar o que não tem, para pelo menos não passar pelo medíocre que é. Entretanto essa revelação evidencia algo mais perigoso, seu desinteresse, mesmo, em re-avaliar as situações e buscar ajuda, mostrando a sua falta de critério. E só há uma possibilidade que explique esse desinteresse: Acredita que esse seu comportamento indigno será visto como "autenticidade" ou algo como 'ser do povão' (semi-analfabeto) e, desse modo, revela sua falta de tudo, e o grande vazio que é.
Por outro lado a extraordinária irritação no caso da participação de um dos assassinos de Marielle ter se originado em sua casa, mostra à saciedade, sobretudo quando diz, ameaçando a Rede Globo, verbis: " Eu sei aonde querem chegar..." Essa expressão no contexto em que empregou, mais sua exacerbada irritação junto com sua linguagem corporal, demonstram claramente que há algum envolvimento seu, ou diretamente, ou indiretamente, através dos filhos talvez, no assassinato da Vereadora Marielle Franco, que é alguém que representa tudo o que odeia os Bolsonaro (Ver as suas declarações ao longo dos últimos anos) e que sua atuação política e social era um incômodo, um óbice, um empecilho e uma "afronta" segundo o entendimento dos membros dessa família, da mesma maneira para os que a mandaram matar, conformando seu poder discricionário de vida ou de morte sobre quem detestam.
Essas constatações que gritam aos olhos de qualquer um que tenha uma primária bem feita, e que leia regularmente aos jornais, são A VERGONHA BRASILEIRA, como foram eleger um desclassificado destes? Porém está nas bocas do mundo já há bastante tempo, e só não vê quem não quer, não o cego, porque este vê, e bem visto, mas porque mais cego é aquele que não quer ver, e se arrepender de seu voto nessa criatura.
Quem quiser leia a reportagem de J. L. Anderson, que mostra o mesmo horror que eu sinto por saber que esse capitão analfabeto está no Palácio do Planalto.
At the U.N., Jair Bolsonaro Presents a Surreal Defense of His Amazon Policies
September 24, 2019
By tradition, the Brazilian President is the first leader to speak at the General Debate at the United Nations General Assembly, and on Tuesday morning it was the turn of Jair Bolsonaro, the outlandish, far-right, populist leader, who came to power last January. In what was just his second major address on the world stage—he appeared at Davos three weeks after his inauguration—Bolsonaro gave a predictably defiant defense of his country’s policies regarding the environment, especially the Amazon rain forest, sixty per cent of which lies within Brazil’s borders. For non-Brazilians, hearing Bolsonaro speak on the topic must have been a surreal experience (similar, perhaps, to hearing Donald Trump, yesterday in New York, tout himself as a champion of religious freedom). This summer, the Amazon’s forests went up in flames. But, on Tuesday, Bolsonaro asserted that the forests were “practically untouched,” and blamed a “lying and sensationalist media” for propagating fake news about their destruction. He also decried the notion that the Amazon is “a heritage of humankind.”
The period from June to December is the Amazonian dry season, and fires are a recurring phenomenon in the great South American wilderness, but the sheer number and intensity of the fires this year—there were more than seventy thousand separate blazes—was particularly alarming, seemingly adding sudden weight to the mounting evidence that a drastic cycle of climate change has definitively begun on the planet. Along with the Amazon’s firestorm, forest fires swept through the northern expanses of Siberia, while unusually high summer temperatures were recorded from France to Alaska and a Category 5 hurricane struck the Bahamas. But what makes Brazil’s fires especially troubling is that most of them were man-made—set in order to clear land for cattle ranches and farming—and, moreover, that they appeared to burn with the tacit consent of the Bolsonaro government. Since taking office, Bolsonaro has gutted the agencies tasked with defending the environment, slashing their budgets and severely limiting their functions. In August, he fired Ricardo Galvão, a physicist who was the director of the country’s prestigious National Institute for Space Research, after the institute published a report that concluded that the number of forest fires in Brazil since January represented an eighty-four-per-cent increase over the number recorded in the same period in 2018.
By mid-August, as shock and indignation at Bolsonaro’s inaction spread around the world, provoking admonitions from a number of international leaders, Bolsonaro spoke of the fires with scoffing indifference. He accused N.G.O.s and “greenies”—as he calls environmental activists—of having set the fires in order to “bring attention to themselves” and to “bring problems to Brazil.” It was a typical remark from Bolsonaro, whose leadership style bears comparison to that of Donald Trump, a head of state he admires. One of Bolsonaro’s favored slogans is “Make Brazil Great Again.”
In a number of ways, though, Bolsonaro trumps Trump. Last month, in the run-up to the G-7 summit in Biarritz, France, when President Emmanuel Macron implicitly criticized Bolsonaro’s mishandling of the situation, Bolsonaro told him tersely to stay out of Brazil’s domestic issues, and followed that up by insulting his wife, setting off an unseemly tit-for-tat between the two leaders. (Some of Bolsonaro’s officials joined in. The tourism ambassador, Renzo Gracie, a former mixed-martial-arts fighter, threatened to choke Macron.) And, after Pope Francis invoked the “blind and destructive mentality” of those behind the destruction of the rain forest, Bolsonaro evidently interpreted the remark as being about him, and told journalists, “Brazil is the virgin that every foreign pervert wants to get their hands on.”
Lest there be any lingering doubts about the cartoonishness of the Bolsonaro world view, his foreign minister, Ernesto Araújo, who accompanied him to the U.N., claimed earlier this month that the fuss over the fires had been blown out of proportion by a campaign that had been “orchestrated by Brazilian groups that are systematically against the government” and “want to use any tools at their disposal to attack the government, even if this harms the country.” The remark was an allusion to environmentalists and indigenous-rights activists, whom Araújo has said are part of a Marxist plot. Such views are also held by a tranche of Brazil’s conservative armed forces, which has an influential role in the government. Bolsonaro, himself a former Army captain, has expressed nostalgia for the country’s right-wing military dictatorship, which ruled from 1964 to 1985, and has filled his administration with military men, naming eight former senior officers to cabinet posts. His Vice-President, Hamilton Mourão, is a retired Army general, and although Mourão is more moderate than Bolsonaro on many issues he adheres to the idea that Brazil’s sovereignty in the Amazon must be aggressively defended.
By late August, Bolsonaro’s wisecracking rope-a-dope was not enough to halt the international fallout. Along with several major clothing brands, including the VF Corporation, which owns Timberland and the North Face, and the Swedish company H&M—both of which announced a temporary stop to purchases of Brazilian leather—Norway and Germany announced that they would suspend millions of dollars allocated for the U.N.-backed Amazon Fund, which seeks to fight deforestation and to balance conservation goals with sustainable development. Ireland and France, meanwhile, expressed doubts about ratifying a long-pending agreement between the European Union and the South American trading bloc Mercosur, which is dominated by Brazil. The spectre of economic punishment appears to have given Bolsonaro pause, because a few weeks ago, in a televised address, he expressed his “profound love” for the Amazon, and said that he was dispatching Brazilian troops to fight the fires. In response, Trump tweeted his support for Bolsonaro, whom he said he has come to know well, and who “is working very hard on the Amazon fires and in all respects doing a great job for the people of Brazil — Not easy. He and his country have the full and complete support of the USA!”
Finally, on August 28th, Bolsonaro declared a sixty-day moratorium on setting land-clearing fires in the Amazon. He also said that he thought he had come out well from his war of words with Macron, whose behavior, he said, had “awoken a feeling of patriotism” among many Brazilians. The country would develop its own strategies to deal with the Amazon. Olavo de Carvalho, an ultra-conservative philosopher and climate-change denialist who now lives in the Virginia countryside but is seen as Bolsonaro’s political guru, offered his approval. “No one knows what goes on in the Amazon,” he said. “It’s just too big to control. The only thing that works is what he is doing—sending the Army there. Legal measures, monitoring, none of that has any effect. It has to be occupied militarily. Amazonia is ours, and we have to assert national power there. End of story.”
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
A triste herança Peronista.
A Argentina, a grande nação ao sul da minha, a vizinha luxuosa, onde em minha juventude encontrei um requinte, um bom gosto, uma gente bonita, uma mistura de sangues que criou uma das grandes maravilhas da América do Sul. Essa lembrança feliz, me obriga a escrever essa crónica, para a qual, na sua lógica, a que fica proposta em seu título, bastaria uma só palavra para dizer no que se materializou essa herança.
Por outro lado poderia escrever uma longa crónica onde falasse da génese da desgraça argentina, dizer que essa situação se consolidou quando o país se enredou na falácia da possibilidade de ter toda sua população próspera e rica, com o fim dos 'descamizados', com a ascensão social geral e sem exceções, onde todos desfrutariam das riquezas do progresso. Esqueceram de dizer ao povo que isso era possível no século XVIII, depois, com a evolução do nível de vida, já não existe tanta riqueza no planeta, assim, para se partilhar, ademais que com o aumento populacional o volume da demanda passou então a ser muito maior, impossibilitando alcançar a mentira que lhes venderam. O que é possível é alcança-se Justiça Social, um país onde não haja mais miséria, mas a ganância das elites não permite isso, cavando o enorme fosso entre pobres e ricos, e será sempre assim.
Mas não quero escrever essa crónica, não quero falar da tristeza enorme que emerge da manipulação das injustiças, só para conseguir o voto. Não quero falar de uma criatura, Evita de seu nome, que manipulada por seu coronel, atraiu hordas de pobres para legitimar um regime equivocado e mal intencionado, que cegou e cega os argentinos até hoje, e que teve sua re-edição com a terceira mulher, Maria Estela, chamada Isabel, que logo teve seu diminutivo estimado, e acarinhado por todos. Mas não é com sentimentos que se tem boa governação, é com ideias e propostas, com ampla discussão na busca de um caminho de governo, mas por essa via que escolheram, os argentinos só encontraram desgoverno.
E basta uma palavra, a maldita palavra em que se materializaram todas as ilusões, todas as falsas promessas, todos os jogos políticos para levar um povo à esperanças sucessivamente frustadas, às misérias crescentes e oportunidades perdidas, cada vez mais enredado na teia da palavra que se espalhou por todos os cantos do país, fazendo crédulo e equivocado, um povo bom e laborioso, que conheceu um alto padrão de vida, que fez de Buenos Aires uma cidade europeia, mas que perdeu seu estatuto por querer crer em mentiras que se concentram todos na formula repetida de se fazer política na Argentina, e na palavra maldita que já vai para um século de seu desgraçado império: POPULISMO.
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Para o New York Times.
David Leonhardt, um cronista que eu admiro, do NYT, escreveu uma crónica onde dá os parabéns ao sr. Trump por ele ser o primeiro no cargo a preencher as preocupações dos Pais Fundadores da Nação, quando incluíram a cláusula de Impeachment na Constituição dos EUA. A preocupação era que alguém que, por interesses estranhos ao cargo de Presidente, pudesse trair a confiança da Nação e se acertar com qualquer país estrangeiro, movendo interesses estranhos aos americanos. Foi exatamente o que fez o sr.Trump. É o que eu penso e sempre disse, agora o Sr. Leonhardt vem dizer o mesmo, e nas crónicas Trump is a tramp and a trap, A man with a sophism, duas crónicas nas quais dizia o que agora, dois anos depois, muitos já reconhecem e dizem-no abertamente, foram crónicas que, por serem muito denunciadoras da figura, as preferi postar em inglês.
Agora dá-se o mesmo com a carta que enviei ao New York Times.
A man with a sophism.
Dear Mr Leonhardt,
Dear Sir,
I’m an outsider, I’m a brazilian, but I admire America, not the America of the politicians, or that of the Pax Americana, or the American rule, and my admiration has no envy on it, cause i do not want the American style to my self or to my country, but I admire the country with its population in it, the feelings of a country united by such thing we call integration, who accepted the different an made them all Americans.
We are no more living the old dichotomy, USA X URSS, there is no more police of the World, but we may do not forget that China is coming every day more stronger, and we need a great country of west in the balance. Unfortunately America, The USA, are loosing its place of leadership among the nations. And I understand the procedures of Mr. Trump are destroing the only chance we have to see a leadership on West, and he is not absolutely helping to make America Great again.
The greatness of America live in the people, and have no chance to get a way to be great against the feelings of the people, no matter how much someone can deceive the people, that is not possible. I wrote, two years ago, a chronicle (The title above.) where i said The Founders Fathers are turning around in their coffins just by see this man in the oval room. Now You give me reason, with Your chronicle of “Congratulations” because their idea of trust was completely betrayed.
Thanks for Your time,
Helder Paraná Do Coutto.
domingo, 20 de outubro de 2019
O mal de uma má escolha.
MUITOS BRASILEIROS PODEM NÃO SABER, MAS O MUNDO TODO SABE: The New York Times, 29/7/2019. Fizeram uma má escolha, e o mal é que pagam os inocentes, a Natureza, os Pobres, os indefesos.
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sexta-feira, 11 de outubro de 2019
O segundo premio de Chico Buarque. A luz e a sombra.
"O meu pai era paulista/ Meu avô, pernambucano/ O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano"
'Paratodos' Chico Buarque.
Para quem não sabe, Francisco Buarque de Holanda, é um bem nascido, seu pai, Sérgio Buarque de Holanda, foi o maior historiador de seu tempo, intelectual de profunda formação humanista e com cultura vastíssima. Maria Amélia Cesário Alvim, sua mãe, era uma intelectual de grande pujança, tendo, pai e mãe, se amado, tanto na alma, como na mente, fruto desse amor, nesse lar, nasce o menino Francisco. Para mais os Buarque de Holanda são uma família com profunda ligação acadêmica desde suas mais remotas origens, sendo seu avô, Cristovão Buarque de Holanda, professor universitário ainda no século XIX, portanto são séculos de cultura ativa na família, assim como de políticos, governadores, deputados. E de estudiosos, de escritores, de gente que construiu o Brasil, criou universidades, e criaram um país com futuro. Os Cesário Alvim, da mesma forma, é um clã de políticos, também com deputados, governadores, senadores. Poderíamos incluir aí os Costa Carvalho, e muitos mais outros, mas basta, o sangue que corre nas veias de Chico, como todos sabem, é impossível ser de melhor cepa. Deixo, desse modo, em rápidas pinceladas a genealogia de Chico Buarque.
Agora o próprio Chico é doutorado pela USP, e, o mais importante tinha em sua casa, desde sempre, a intelectualidade brasileira, os amigos de seu pai, com quem convivia. Ganhou vários Grammy, prêmios de toda ordem, além de ser uma personalidade mundial. E atingiu tudo isso remando contra a maré. Porque Chico não pousou de bom moço, como lhe teria sido muito fácil, tendo nascido, onde nasceu, e tendo o berço e os contactos que sempre teve. Não! Chico se opôs a ditadura militar, e aí o busílis do segundo prêmio, lutou contra a ditadura e pagou o preço, exílio, prisão, afastamento do apoio estatal, como é óbvio.
Pois bem, isso não o impediu de ser um sucesso mundial por mais de meio século, não foi algo que aconteceu e acabou, não, está aí, em todo o mundo, a alegar e comover as pessoas, sendo um dos maiores nomes da música popular em todo o planeta, mas não lhe foi bastante. Revelou-se também dramaturgo, teatrólogo, escritor, poeta. E, entrementes, trabalhando em suas canções, ficou rico. Tudo junto é uma dose letal para a mediocridade de alguém como Bolsonaro, que do outro lado da trincheira, apoiando a ditadura que nós combatíamos, viu o reconhecimento mundial de Chico Buarque, o que, como as sua próprias canções diziam muitas vezes, era uma bofetada na ditadura, a mesma que Bolsonaro sempre defendeu.
O próprio prêmio Camões, motivo de recusa em o homologar, sem justificativa, por esse energúmeno, mal nascido, um ignorante, filho e neto de ignorantes, sem cultura, sem história, sem valor, e, mais que tudo, sem noção do cargo que ocupa, um capitãozinho do mato, não direi do honroso Exército Brasileiro, esse ao qual a minha família deu tantos oficiais, a maioria generais, não o posso dizer, porque esse cabra, só por descuido conseguiu ser capitão, e esse descuido tem um nome: DITADURA MILITAR.
Pois o escolhido pela intelectualidade lusófona dos dois hemisférios, é Chico, que por todos os méritos, não precisa de mais nenhum prêmio, nem do valor monetário do prêmio, mas que é escolhido justamente como uma resposta mundial ao que se passa no Brasil, ter a escumalha ignorante no poder.
E o incômodo foi de tal ordem, que o capitãozinho não conseguiu cumprir com seu dever, além do mais um dever internacional, o de homologar a vitória de Chico Buarque ao Prêmio Camões, o signo do grande poeta da língua, da raça, e da portuguesidade. Desse modo, concedendo um segundo Prêmio, como de pronto o entendeu toda gente, e ademais o declarou o premiado. Porque ao negar a aceitar a premiação, sua lógica, seu valor, sua importância, revela o quanto esta premiação o admoesta. E esta a medalha final para a vida deste homem que sempre pugnou, não se afastando nunca de fazer oposição aos torturadores, aos vendilhões do Brasil, que, por um momento de equívoco, voltaram agora a Brasília. O prêmio é ao Chico que defendeu, cantou, valorizou, e glorificou o Brasil do trabalhador, dos operários, dos negros, dos mulatos, de todos os que buscavam espaço social, desde as Genis, aos faroleiros "que contavam mentira" passando por toda a sorte de gente, e que, ninguém como Chico, entendeu que eram o Brasil, e, como tal, por serem todos representações da pátria, mereciam todos, sem exceção, reconhecimento e espaço, espaço político, o que é algo que pouca gente compreende da necessidade em reconhecer.
Este episódio é mais um marco na luta da Luz contra as sombras, essas nas quais se tecem as misérias da gente trabalhadora, promovendo sua exclusão e opressão. Mas nós estamos calejados de que temos de lutar, às claras, junto com a voz do povo, como as canções do Chico, com seu destemor, com seu apreço poderoso pelos simples, e sabemos que A LUTA CONTINUA, porque os agentes da escuridão movem-se nas sombras que veneram, para tentar esconder a Luz, mas, como sempre, a Verdade, a Dignidade e a Claridade, vencerão. Viva Chico Buarque! Viva o Prêmio Camões! Viva Portugal! Viva o Brasil!
domingo, 6 de outubro de 2019
20 anos sem Amália.
6/10/1999 - 6/10/2019
Que oferecer a Amália ?
A ela ofereci minha amizade
e constantemente lhe ofereço minha saudade,
mas isto é uma coisa só portuguesa
Trecho do poema: Une valse pour Marlene, do
livro: Luzes que não se apagam.
Saudade é a palavra. Essa palavra que dizem tão sem correspondência em outros idiomas. Mas aqui falamos e sentimos em português, e isto nos dá a certeza do termo: SAUDADE! Quem a conheceu bem sabe de sua presença... « Muito obrigada, Muito obrigada» e as mãozinhas no ar como a tocar castanholas.... Tinha sua mística. Morreu porque parou de cantar. Parou de cantar porque não tinha mais a excelência, qualquer outro se satisfaria imensamente com aquela fabulosa voz que ela ainda tinha, mas Amália não! Para Amália era pouco. E tinha tido um nível único, inigualável (e o termo não é ocasional, ou uma forma de dizer, ou de elogiar, no caso de Amália era assim mesmo. Quando ela própria, não se conseguiu igualar, parou, e parando sua razão de viver acabou, e assim sua vida acabou, apagou-se a luz, foi isso.) Quem se pode igualar a Amália Rodrigues? O que há por aí em todo o mundo com aquela expressão, com aqueles vibratos? Não, não há, por isto a seu tempo teve o mundo a seus pés. No Japão, ninguém entendia uma palavra, e quanta gente na plateia chorou, chorou pela emoção que aquele canto passava. Única, inigualável!
Foi no milênio passado, ficou com o milênio nas coisas das memórias, não, não! Ficou e fica com as coisas do coração! Onde fica bem tanta emoção que representa. Ano que vem faz um século que nasceu, mas morreu triste. A última vez que estive com D. Amália, e a escoltei até o carro, tentei falar de coisas alegres, lembrar tempos felizes, quando a conheci no circuito das Casas de Portugal no Brasil, mas ela tinha já uma tristeza que doía, uma sombra que não anunciava nada de bom, passados uns meses, morreu.
Devo um poema a Amália, ainda não consigo fazê-lo, sempre me vem um nó, o nó da saudade e vejo que vou chorar. Penso que um dia certamente vou ultrapassar isto, mas, quando dos 15 anos, não foram suficientes para ultrapassar a dor, e, com o fato dela me ter honrado com sua amizade e agora eu saber que não posso mais ir a São Bento, a rua. Não há mais Amália... É duro.
Como estou errado! Há Amália! Toda esta ausência é ela, mais forte que nunca! Mais vibrante que nunca, em nossos corações.
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