O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
sábado, 2 de março de 2019
As comendas de Neto de Moura.
O Sr. Juiz Neto de Moura prepara-se para medalhar os que o atacaram. Irá processar todos os que criticaram suas sentenças e comentários, e como lembra a Catarina Marins com sua vivacidade costumeira: "vai ter que processar a maioria do país" e, desta forma, irá condecorar seus críticos, porque toda e qualquer atitude que tome esse Sr. Juiz, cuja credibilidade é negativa para o comum dos mortais, se transformará imediatamente num elogio, e num apanágio ao alvo de seus processos, que antes será admoestação, uma vez que o bem a fazer para o Sr. Juiz, é fazer com que acorde para o tempo em que vive. Não sendo ele próprio totalmente infenso ao entendimento de suas incapacidades e limitações, já havendo mesmo, por duas vezes, tentado impedir-se de julgar casos de violência doméstica, por que há certamente de reconhecer sua inaptidão para o efeito.
Não duvidando que haverá os que se excederam, que algumas pessoas muito indignadas com a reiterada peroração machista do juiz, adequando as mulheres aos maus tratos sofridos, dando por inimputável aos imputáveis, menosprezando ações graves, e retrogradando a Justiça com visões medievais e códigos já substituídos pelas vontades de novos tempos, alguns ter-se-ão excedido em atacar seus atos desprezíveis, há os muitos, como eu, que se mantiveram dentro da contestação apenas das ideias, e outros que tocaram o pessoal, e, os que como Ricardo Araújo Pereira gozam da imunidade do humor, e terão dito qualquer coisa forte, posto que as ações jocosas têm esse caráter de caricatural, não projetando um retrato do que critica, mas sua caricatura, liberdade inegável dada a ironia cômica, que se a retirássemos mataríamos a graça de RAP, e ninguém deseja isso.
O Sr. Juiz certamente chocará contra um muro de uma sociedade tolerante, que a Justiça reflete, e sucumbirá ante os preconceitos de sua própria intolerância, que são o seu retrato a preto e branco exposto nas sentenças, os mesmos que motivaram a admoestação da magistratura em que se insere, feita através do órgão próprio, seu conselho. Não tendo percebido o sentido da advertência, insiste. Só encontrará meios para se por outra vez, fique, não só na berlinda, mas de baixo dos holofotes fortes da contestação popular (ampla, geral e irrestrita) onde só encontrará meios para ser expelido. Quem sabe não estará cansado de ser juiz?
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