sábado, 4 de janeiro de 2020

Antro de iconoclastas à luz que se deve acender.







A ignorância motivada pela impertinência gera a presunsão e a estupidez. Posto que toda gente tem o direito de ignorar, não dispõe o de esgrimir sua ignorância para afirmar estultices.







O último apaga a luz, programa que traz à mesma mesa a Dra. Inês Pedrosa, o Jornalista Joaquim Vieira, a historiadora Raquel Varela, e o não sei que Moita de Deus, onde acredito ser esse deus com minúscula, já em sua primeira edição do 2020, foi um desastre, só contido pelo bom senso e delicadeza da Dra. Inês Pedrosa, e a boa disposição e classe do condutor, escritor e humorista Pedro Vieira, que deve gastar muito de seu bom humor para ouvir impassível enormidades como "o Serviço Nacional de Saúde está morto." Deus, esse o verdadeiro, o com maiúscula, livrai-nos, desses que o querem na Moita para poderem afirmar todo o tipo de sandices e ignomínias impunemente.

Pois essa primeira edição do novo ano foi pra lá da conta, uma verdadeira seleção de sandices e estultices sem iguais, desde ver decretada a morte so SNS, até carradas de desconhecimento sobre Arte, proclamadas como verdades de ocasião, pelos mestres da ignorância e desconhecimento, 'magister dixit' daquilo que deve ser Arte, inclusive com teorias sobre sua pretensa degenerescência e/ou distrofia que supostamente presentemente atravessa, segundo os desconexos comentadores. Excederam-se mesmo em afirmações que só mostram sua ignorância e preconceito, num festival de besteiras, só visto semelhante na seleção dos livros do Sérgio Porto, em seu antigo Febeapá, da saudosa memória do Lalaw.

Entre uma recolha rica e fecunda de disparates, o programa atinge seu auge quando resolvem comentar o vandalismo a que esteve sujeita a escultura de Pedro Cabrita Reis, onde o normalmente ponderado Joaquim Vieira, negando-se iconoclasta, e mostrando todo seu desconhecimento em Arte, vem dizer que basta dar uma tinta branca na escultura vandalizada que tudo se resolve. Olha, o que não se resolve é o senhor comentar o que desconhece. Pois a palavra da noite estava posta à mesa! Antro de iconoclastas, que, desconhecendo o que seja Arte, prisioneiros de um figurativismo antiquado, ultrapassado, e, como queria o grande João Sattamini, em sua resposta à senhora que não entendia nada do que pintara um artista abstrato, afirmando que ela gostava de coisas que pudesse reconhecer, para saber se foram ou não bem pintadas, questionava: "Porque ele não pinta um casal de namorados num parque? Ou um bonito cão? E o Dr. Sattamini em sua gentileza e cortesia: "Minha senhora depois que inventaram a máquina fotográfica?"

Pois esses descontextualizados do que é a Arte hoje, põem-se a debater com os ditirambos de suas preferências, com as normas de seu gosto particular, sem terem a mínima noção do que é estarem em espaço público, e, no caso, não esqueçamos, pago pelo contribuinte. Pois só faltaram louvar ao vandalismo que se perpetrou, e a enaltecerem o vândalo! A historiadora que supunha ser, como gosta, a nota destoante sobre o assunto, perde as palavras por ter sido ultrapassada pelo jornalista, mas não se contenta, dá, logo a seguir, seu 'show' de ignorância e desconhecimento do que seja Arte. Salva a noite, como sempre, a Dra. Inês Pedrosa, com sua cultura, que, no entanto, com sua elegância característica, não se coloca aos berros, como devera, para repudiar e censurar aos que pactuavam com o vandalismo, pois que também não gostam, por não entenderem, da Arte de Cabrita Reis. Uma lástima!   

Depois quando o não sei que de plantão, a quem insisto diminuir o d de seu deus, anuncia a morte do SNS, então a Dra. Inês mostra sua indignação fazendo a pergunta óbvia de porque razão entende o não sei que de que está morto o SNS, ao que ele responde porque em Coimbra, junto aos Hospitais públicos, há um privado, e cita de que grupo económico é o referido hospital.  Ora, ora, ora, os eleitores e futuros candidatos desse opróbrio que se chama Chega, cresce a cada dia, como os adeptos da igreja do diabo no conto de Machado, já o sabemos, para ter igual final, entretanto pagarão os pobres adeptos do mísero culto pela sua falta de tirocínio enquanto esse durar. Todos sabemos como é o mundo. Entretanto calar ante o dispêndio do dinheiro público para formar um antro de iconoclastas mal ajambrados, pregando o vandalismo, oferecendo esse "olhar sobre a nossa realidade", que, não atendendo ao título em que apaga a luz o último que sair, que se acenda então a dita!

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