sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

NOVA NOMENCLATURA PORTUGUESA.





Como sabemos a língua evolui nos diversos países onde é falada por razões várias, com termos que se importam em aculturação, com distorções das palavras, alterações circunstanciais diversas, etc... Como sabemos o homem é ele mesmo mais as suas circunstâncias. Vejamos então alguns exemplos recentes, fazendo sua correspondência com as velhas, sinceras, fidedignas palavras do nosso idioma, que, sem eufemismo, sem importações, sem deturpações, querem dizer o mesmo que esta nova terminologia busca esconder:

               * facilitadores = cúmplices
               * whistleblowers = denunciantes
               * aplicação financeira = desvio
               * banco  = lavanderia
               * advogados = testas de ferro
               * empresária = ladra
               * denúncia = vingança
               * revelação = perseguição
               * investimentos = negociatas
               * reguladores = protetores
               * auditores = encobridores
               * filha = representante ou alter ego

Como também sabemos, muita desta nova nomenclatura é breve, e termina com a cabal revelação do que busca esconder, entretanto, enquanto é utilizada, revela a fraqueza das pessoas que as utilizam, seus diversos graus de comprometimento e/ou aculturação, e a covardia e leniência de gente que existe exatamente pelas razões inversas.

Esquecidos do poder da denúncia, que faz mover meio mundo, e até mundo e meio, calados, cúmplices, nulos, venderam suas razões de existência a preço de saldo, comprometeram-se, envolveram-se, calaram.

O jornalismo quando tem acesso, seja porque meio for, às fontes reveladoras das diversas tramóias, os famosos furos, ou vazamentos (e aqui vai mais uma para a nova nomenclatura = leaks) põe a Justiça, a polícia, os reguladores, os auditores a correrem atrás da reputação perdida, reputação de fazer o que lhes competia ter feito, e que não fizeram, e  que, por diversas motivações, se anularam, não cumprindo seu papel, e que vêm, agora, fora do tempo, como personagens de Marcel Proust, "a la recherche du temps perdu", buscar fazer o que lhes competia ter feito há muito.

É um pandemónio em toda parte onde os envolvidos, como ratos num barco que afunda, põem-se a correr, buscando todos os meios para fugir, escapar e se eximir a tudo que fizeram. Os políticos, cúmplices a outros níveis, ficam mudos como se não os possa imaginar desse modo, e muitos dos cúmplices diretos, fugindo à cumplicidade, dizem que nada sabiam, que foram enganados, etc... parecem os nazistas no julgamento de Nuremberga, todos inocentes.

O fato é que as criancinhas que viram seus recursos espoliados, fraudados, desviados, roubados, continuarão por muito tempo, para sempre na verdade, sem os recurso que a elas se destinavam, uma vez que foi tudo furtado. Entretanto tudo busca ser dito subtilmente, porque são muito poucos os que não empregam a nova nomenclatura, dando nomes aos bois, são os comprometidos que preferem a NOVA NOMENCLATURA, tudo o que fazem é encobrimento e farsa.

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