O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
terça-feira, 31 de março de 2020
Para louvar a Dra. Graça Freitas.
Louvar, e defendê-la da maledicência e incompreensão de que é alvo.
Imaginem-se por uns minutos no lugar da Senhora. Dia e noite, sem horário, com uma responsabilidade imensa, porque qualquer erro seu pode redundar em morte, essa palavra incontornável que se opõe à vida, que a Sra. Dra tenta defender, a de todos nós.
São milhares de avaliações à medida que a pandemia evolui, e há mudanças a cada instante, e ela tem de se adaptar, evoluir naquilo que pensa, e tomar milhares de decisões, dentro de limitações que haviam e das que há para ultrapassar, são problemas de toda ordem, a maioria para além das possibilidades de dar combate de qualquer ser humano. Mas nunca vimos a Sra. Dra. reclamar, ou se mostrar impaciente, ou revelar qualquer hostilidade, é sempre um lago sereno de águas paradas. Quando muitos energúmenos, por muito menos, se põem em armas, ou em bico dos pés, para afirmar seu enfado, e intolerância, ou sua supremacia no entendimento dos problemas. Só quem teve responsabilidades ingentes poderá avaliar ou conhecer de suas dificuldades, e poderá admirar-se de seu equilíbrio e controle, quando a maioria não consegue, e se exaspera. Não, a Dra Graça com uma paciência de santa, com uma tranquilidade única, porque sabe que qualquer desequilíbrio seu repercute na emoção de milhões, portanto tem de manter-se absolutamente calma e senhora de si, ultrapassando qualquer tremor ou agitação que poria tudo a perder.
E há tantos imbecis a discordar da senhora, gente sem a preparação e sem as informações misteres, atacam-na porque ela é o alvo. Até alguns mais lúcidos, como o presidente da Câmara do Porto errou, se queria não concordar com as decisões da Diretora Geral de Saúde, telefonasse à senhora, enviasse um e-mail, uma carta, mas nunca ir desacatá-la publicamente, como inúmeros imbecis o fizeram, não entendendo a gravidade do momento, mas que se pode esperar de uma Cavaco? De um Moura? De um Chicão? Gente que só sabe contestar e procurar oportunidades políticas para aparecer, desesperados por proeminência. Gente lastimável em todos os aspectos.
Quero fazer aqui um apanhado ficcionado de um dia da Senhora. 0 h e 20 minutos, tendo acabado de entrar em casa, já lhe ligam de um hospital do Porto a pedir mais gel, porque acabou tudo. A 1h pedem orientação sobre como reagir a um problema em um lar de idosos, onde há grande número de infectados, a Senhora Doutora que já havia começado a dormir, levanta-se, faz vários telefonemas, faz cálculos, pede mais informações, acorda um ou dois ministros, e consegue a solução, então volta a informar aos que esperavam a orientação, e tem tudo resolvido, pensa voltar a dormir. Vê, então, que ainda tem duas chamadas não atendidas no telemóvel, retorna-as, mais problemas, encaminha-os na esperança de poder, enfim ir dormir, volta para cama, já passa das três da madrugada. Busca o sono, sabe que tem de sair as seis, pois às 8H terá reunião com a Ministra da Saúde, e tem de ter muitos dados para esta reunião que ainda falta colher, para dar seguimento a muitos assuntos que ficaram pendentes, e se vão acumulando, e terá de dar resposta no dia. Acreditemos que conseguiu dormir duas horas e tal, toca o despertador: 6H, tem de higienizar-se, vestir-se, fazer o pequeno almoço, que poderá ser seu almoço afinal, num longo dia que a espera, e sai em busca de dados, muitos dados novos de medidas que deixou encaminhadas. 8H reunião com a ministra, muitas outras medidas para serem tomadas e encaminhadas, telefonemas, informações e solicitações dos secretários de Estado, reuniões, quando se dá conta, está já na hora do primeira conferência de imprensa, revê os dados mais atualizados, e vê curvas, números, e os dados anteriores, e os checa, e re-checa, para os poder passar ao país.
Por volta das 14H tenta comer qualquer coisa, uns dias consegue outros não, tem uma série de medidas esperando sua ação, que vão desde o simples encaminhamento, até sua reformulação, e logo tomar resoluções, ou contactar outros membros do governo no sentido de poderem avaliar qual a mais conveniente medida em cada caso. E há uma infinidade de assuntos que querem sua ação. Quando ainda não despachou nem metade, vem a assessora dizer que está na hora da segunda conferência de imprensa do dia e que já estão no seu telemóvel os dados mais recentes. Os analisa porque tem que informar ao país, e responder às mais imprevistas perguntas. Terminada a rodada de imprensa, lembra-se que tem muitos ainda esperando um telefonema seu. Pega na lista de recados e contactos para os responder. A secretária vendo que ela quase não comeu nada desde cedo, traz um sanduíche com um sumo de fruta. Quando termina já passa já passam das onze da noite e tem mesmo fome, além de extremo cansaço. Deve ir para casa tentar comer e descansar para poder aguentar o dia seguinte que será igual, ou pior. Não consegue, ainda tem gente esperando para lhe falar. Despacha tudo que ainda tem de resolver, e só consegue chegara casa por volta da 1H da manhã. Quando, já sabemos, outros telefonemas a irão importunar, mas tem de descansar e se manter.
E as pessoas só têm críticas e dedos apontados à Senhora! Mas a verdade é que partiu dela a estratégia para conter a pandemia, e é a ela que todos reportam para saber as medidas a tomar. É com ela que a Ministra da Saúde tem de discutir e analisar todos os atos, bem como os diversos secretários de Estado é nela que se vão apoiar para tomar deliberações, e ela tem de consultar os técnicos, os especialistas, os matemáticos, o pessoal da sua direção geral, das Universidades, dos centros de pesquisa, do país e de outros países, para conhecer da evolução, e dialoga com inúmeros colegas, institutos, laboratórios, hospitais, empresas, diretores regionais, para avaliar terapêuticas, e métodos, e ponderar caminhos e descaminhos que lhe são sugeridos por toda gente, e deve contactar autarcas de todos os lados, aos privados da área da saúde, e ainda os do terceiro setor, para ajudar e pedir ajuda, coordenar valências, planear e discutir os Planos da emergência, os de contingência, os de prevenção, de gestão, de resposta, e de circunscrição, com as informações disponíveis, todas muito diversas e mutáveis, e decidir, e decidir, orientar e orientar, e ainda com todos, das demais entidades de saúde ou correlatas, avaliar casos para dar instruções, responder a perguntas, e perguntar, e ponderar uma infinidade de questões e incessantemente decidir, sempre decidir, faça-se isso, não se faça aquilo, a prioridade é esta e não aquela. Irá além da lei às vezes, estamos em regime de exceção com a decretação do estado de emergência, a Dra. Graça tem de assumir o peso de todas as suas decisões, boas ou más, dentro ou fora da lei, da lei que exista ou existiu, bem como da expectativa de muitos, cada qual com seu estado de ânimo particular, e temperamento diverso, com diferentes estados emocionais, lida com centenas todos os dias, e tem de manter o seu calmo e controlado, sempre com boa vontade, segurança e tranquilidade, as que tem de passar ao país. E falar dos mortos e dos vivos, dar conta de contas que ultrapassam tudo e todos, menos a ela, por ser a Diretora Geral de Saúde. E não se pode enganar, não pode esquecer, não pode titubear, muito menos errar, é tudo com ela, todos voltam-se para ela, é a ela que todos perguntam, é dela que esperam respostas, todas as respostas.
E já vai nisso há mais de mês. E sabe que lhe esperam muitos mais meses. Não merece louvor? Merece críticas? Está fazendo mal? Atire a primeira pedra quem se habilitar a fazer melhor!
domingo, 29 de março de 2020
Chiara Civello - Io che amo solo te (Videoclip) ft. Chico Buarque
Para homenagear nossos irmãos italianos que nos legaram as coisas mais
belas do mundo, suas palavras, suas artes, suas almas belíssimas...
belas do mundo, suas palavras, suas artes, suas almas belíssimas...
Per onorare i nostri fratelli italiani che ci hanno lasciato le cose più belle del
mondo, le loro parole, le loro arti, le loro belle anime...
mondo, le loro parole, le loro arti, le loro belle anime...
Esa mujer | Alejandro Sanz y Roberto Carlos | TV Brasil - 21.12.18
Para abraçar nossos irmãos espanhóis nessa hora tão dura.
Abrazar nuestros hermanos españoles en un momento tan difícil.
quinta-feira, 26 de março de 2020
É PATOLÓGICO!
"MUCH ADO ABOUT NOTHING"
W. Shakespeare. 1600.
É da natureza humana lentes de aumento desnecessárias. Estão convocados sempre Benedick, Beatrice, o príncipe de Aragão, seu irmão bastardo, Balthasar, Cláudio, Leonato e, claro, sua filha, António... Bem, todos os originais da peça, e mais toda a Humanidade, que guarda esse perfil de tempestade em copo d'água, de grande celeuma por nada.
É o que se passa, mas uma vez o prolongando para além da linha do absurdo, posto que devemos aceitar tudo dentro dos parâmetros da razão, os que, então, uma vez ultrapassados, tornam absurdo e desconchavado tudo que esteja além, ou seja, para lá dessa linha, que são só disparates pegados, contrários a razão, situações que só podem dar prazer aos Trumps, Bolsonaros, Boris Johnsons, e Salvinis dessa vida. Todos os demais devem se horrorizar face ao que é mórbido, doentio, como essa predileção e insistência em cuidar do lado negro da pandemia, como se a vida estivesse suspensa até segunda ordem. Convoco aqui outros ingleses com sua fleugma tão admirável, os Monthy Pytons, para vos alertarem ao cantarem o "Bright side of life":
"Some things in life are bad
They can really make you mad
Other things just make you swear and curse.
When you're chewing on life's gristle
Don't grumble, give a whistle
And this'll help things turn out for the best...
Other things just make you swear and curse.
When you're chewing on life's gristle
Don't grumble, give a whistle
And this'll help things turn out for the best...
And...always look on the bright side of life...
Always look on the light side of life... "E voltemos todos a Messina, de onde se embarcava para Jerusalém à época das cruzadas, escolha de Shakespeare para essa peça, para notarmos que as ruidosas respostas às coisas imprevistas, são uma corrente elétrica que percorre os nervos libertando adrenalina, e, como explicaria Leonato, referindo-se a Beatriz: "There is a kind of merry war betwixt Signor Benedick and her."
Posto que as guerras, alegres, se é que o podem ser, ou tristes talvez, trazem sempre a
incompreensão consigo, evocando esse sentimento patológico em nós, como terror. E a
resposta é sempre a mesma: "Much ado about nothing." Um desgaste tremendo por ninharias.
Alguém deve lembrar o lado doentio dessa reação para que a evitemos, para que
compreendamos a brevidade de todas as coisas, o que faz com que não mereçam demasiada
atenção. São o que são, passam como tudo nesse mundo, deixam seu rasto, é verdade, mais
ou menos trágico, ou desgraçado, ou feliz, mas terminam, para que venha a seguir a
continuação da vida, o inevitável depois, como quererá Janus, seu guardião.
Curemo-nos desse mal, mais que tudo.
segunda-feira, 23 de março de 2020
Escolhas.
Como tudo, são escolhas.
Estar ou repousar é mais uma,
Nada que nos demova
Desse impasse, dessa caruma
Envolvente, quase invisível...
Que por mais que nos comova
Sendo amável ou risível
É estorvo que se remova?
Ou é dilema que se promova?
Ou é verdade sendo impossível?
- página 120 do Antológicas.
Oportuna, e um pouco premonitória desses tempos que vivemos coroados 'dezenovemente'...
Estar ou repousar é mais uma,
Nada que nos demova
Desse impasse, dessa caruma
Envolvente, quase invisível...
Que por mais que nos comova
Sendo amável ou risível
É estorvo que se remova?
Ou é dilema que se promova?
Ou é verdade sendo impossível?
- página 120 do Antológicas.
Oportuna, e um pouco premonitória desses tempos que vivemos coroados 'dezenovemente'...
domingo, 22 de março de 2020
NOTÍCIAS DE ITÁLIA.
Chega-me de Itália, que traduzo como posso, um poema que fala da acumulação de cadáveres com perto de 1.000 mortes diárias naquele país. É impensável, um horror (22/3/20).
CADÁVERES
A Ceifeira já cansada
De seu labor diário
Sentindo-se enfadada
Convoca espículo auxiliário
Que coroado cumpre as tarefas
Do velho ofício de matar
Ceifa, ceifa, ceifa... Nefas
Já não consegue parar
Às centenas, todos os dias
impossível imaginar!
Esgotadas freguesias
Não os consegue enterrar
Nem na Roma da barbaria
Houve tanto a lamentar
Visto não ser diária
Essa tarefa de matar.
sexta-feira, 20 de março de 2020
Crónica de um parabéns, de uma constatação, e do agradecimento.
Nesses dias de reclusão em que ninguém vem, e eu sentia-me tão só, todos vieram, vieram por serem importantes, porque estiveram presentes, e me abraçaram e me beijaram, me deram alegria, acenderam velas, e cortaram bolos, borbulharam champagne, e houve sorrisos, e festa. Era meu aniversário... O que pode mais alguém desejar?
E foram às centenas: Uma sobrinha que nunca vi, um sobrinho que estará longe e de quem eu discordo totalmente, bolsonarista é ele, filhos do outro lado do mundo, a dizer que me amam, gente de que eu me não mais lembrava, ou que não via há tanto tempo. Amigos próximos e distantes, uns que vivem aqui pertinho, e outros do outros em outro continente, e locais distantes. Tanto gente que não vejo há décadas, ou gente que me terá visto ocasionalmente numa palestra, numa reunião, como também gente que nunca me terá visto, gente que eu nunca vi, mas cá estiveram todos, pela simples e única razão de me virem saudar, e de me desejar felicidades. Chamaram-me de irmão, de pai, de mestre, de camarada, de amigo... Uma disse mesmo que este era o meu dia, ... pois era.
Muitos escritores e poetas, colegas de letras, desde alguns muito consagrados, e outros nem tanto, gente que se lembrou, ou que lembrada pela máquina, deu um passo que eu não sou capaz, venceu a barreira da timidez, a barreira da imaterialidade, a barreira da invisibilidade, a da distância, e cá veio ter, com seus parabéns, suas velas, suas flores, é bom, sabem? Ainda que tudo seja um não ser, é muito forte, é muito denso, porque tiveram a coragem em ultrapassar essas barreiras às quais eu não sou capaz, e me vieram felicitar. E, podem estar certos, nunca cumpriram tão perfeitamente a acepção desse termo, porque tornaram-me feliz, trouxeram-me felicidade, essa coisa diáfana, dissoluta, e imaterial, que faz tanto bem e tanto mal, em haver ou não.
Para mim é muito estranho que alguém que me não conheça me deseje o bem, mas assim é, que alguém sem nunca me ter sentido o cheiro, goste de mim, causa-me enorme espanto, mas é assim. E foram tantas, apontei-lhes os nomes na ânsia de encontrar alguma convergência, até que um com seus votos, confirmou todas as minhas suspeitas referindo-se à minha escrita, e compreendi o que as torna todas próximas, são todos meus leitores, o que, ademais, as torna íntimas, muito íntimas, porque mais que conhecerem meu cheiro, conhecem minha alma, essa que se revela em cada palavra que escrevo, porque escrevo da alma para o papel (velho hábito de expressão dizer papel, para o virtual na verdade, para o computador, mas não fica bem, papel soa muito melhor) e nesta transferência a alma (a minha) que fala a cada um, deu-lhes o impulso para tantos darem o passo seguinte, vencerem todas barreiras, e me virem dar parabém (como é linda essa palavra, tão pura, sem maldade, para o Bem) e nesse ensejo trazerem o que trouxeram, o maior de todos os tesouros, a mais rica das prendas: Felicidade.
Que posso dizer face a tudo isso, mais que MUITO OBRIGADO? MUITO OBRIGADO! MESMO MUITO OBRIGADO!
quinta-feira, 19 de março de 2020
A desUnião Europeia.
Uma coisinha tão pequenina, com um tão grande poder.
Revelando nossa fragilidade e impotência, nossos limites tão frágeis, assoalhando muita coisa escondida, trazendo para a luz situações inconvenientes que necessitam ser vistas sob a claridade de nossa inequívoca realidade, na timidez das inconveniências que procuramos disfarçar, mas que exigem ser reveladas para que as enfrentemos desassombradamente, a crise do Covid 19 escancarou a desUnião na Europa. Situações que vão desde a falta de liderança que se tem hoje, em todo o mundo é verdade (assunto recorrente em minhas crónicas), até a visível falta de iniciativa para enfrentar dificuldades mais complexas, que fogem ao entendimento simples e visível, por conta de suas características novas e desconhecidas (como já analisei várias vezes ao focalizar os problemas ambientais e outros daquilo a que chamei as penitências do Milenário). E com o passado de já meio século de organização, quase três décadas de existência, e duas da moeda única, já era mais que tempo de ter sanada as razões da desUnião. Porém como mantém vivas várias heranças malditas, desde a falta de força da Alemanha para assumir a liderança, devido à mais terrível de todas as heranças, e a própria razão de existência da União, até outras mais mesquinhas, como a herança Sch"auble/Dijsselbloem de desgraçada memória, um aleijado também na alma, um imbecil que fez escola.
Na UE, União Europeia, foi ficando cada vez mais clara a incapacidade de agir como uma verdadeira União, e tratar os assuntos em conjunto, dando resposta em todo o espaço Schengen como uma solução comum, ignorando interesses particulares, ultrapassando o maior ou menor poder das partes, e enxergando a Europa (dos 28, agora 27) como uma só unidade. Essa incapacidade tornou-se mais evidente durante a crise das dívidas financeiras, onde as respostas necessárias foram tardias e inadequadas (Salvou a UE de uma total perda de sentido o Sr. Mário Draghi, com sua firmeza e simplicidade, respondendo a uma pergunta sobre o que faria para salvar o Euro: "Tudo o que for preciso." foi sua resposta avassaladora em 2012, e salvou a moeda.) ainda que essa resposta devera ter vindo 3 a 4 anos antes, mas veio, ainda que tardia, e produziu os efeitos conhecidos, caso contrário não haveria mais UE.
Há coisa de meio século, nos anos 70, li um livro cujo título era "Europe, an emergent nation?" não me lembro o autor, e não o pude encontrar entretanto, mas essa pergunta, tão objetiva, trazia à luz uma situação que era absolutamente necessário analisar, de ser avaliada para a sobrevivência da União. Só pode haver UE, se esta for entendida como um país único, onde os Estados membros são, e se comportam, como Estados numa federação, dentro de um único e mesmo país, com o interesse comum sobrepondo-se ao das partes. Mas não é assim, ainda que a teoria, mesmo esta ainda fraca em sua explicitação (pois falta muita legislação que promova a União como um todo) pretenda atingir essa meta em ideal. Entretanto nos momentos cruciais, e já o vimos demasiadas vezes, os Estados membros cuidam de si, em prejuízo dos demais. Foi assim, por exemplo, quando a Sra. Merkel actuou para salvar a dívida da banca alemã, empurrando esta para a União, como se estivesse a resgatar os Estados detentores de suas dívidas. E vemos a cada passo os interesses particulares dos Estados, sobretudo dos poderosos, se sobreporem ao desejo comum, ou seja, contra o desiderato pretendido.
Agora outra vez a economia da União é posta em choque, desta feita por um inimigo invisível que a paralisará a pouco e pouco, em face das medidas restritivas necessárias para combatê-lo, e necessita de uma resposta forte, objetiva e comum, mas não consegue para manter-se ativa esperando que passe a crise. Entretanto só produz respostas tímidas, e a tibiez equívoca da actual presidente do Banco Central Europeu, com seu pouco caráter, contrasta firmemente com as boas diretivas do anterior presidente do BCE, o Sr. Draghi. Estamos como que encalhados, sem rebocador que nos salve, e o que é necessário é só papel (não acreditem que as notas e euro são outra coisa, porque não são, assim como as de dólares ou qualquer outra moeda), para enfrentar esse período onde tudo irá parar.
Os euros em sendo apenas papel para quem os imprime, a União, são recursos valiosos para quem os circula, os Estados membros, onde, como sangue, faz movimentar a seiva vital para a vida económica das nações que se uniram em moeda única (não são todos os Estados membros) o que se reflete na sobrevivência comum da União como tal.
Valores ocultos, posto que o aumento do meio circulante para salvar as economias mais expostas, logo as mais frágeis, a dos Estados menos poderosos, enfraquece um pouco a vitalidade das reservas e a pujança dos que dispõem de muita moeda e muita força exportadora, o sacrifício necessário a salvar a economia de todos como um bloco, situação que a nível individual é absolutamente dependente de suas reservas, de seus níveis de endividamento (por isso Portugal comprometeu 4% de seu PIB, e Espanha quase 20%) variando muito em suas possibilidades de terem acesso a recursos (dinheiro) porque só o que importa de momento é manter a economia operacional, circulando, e só o dinheiro tem esse poder, uma vez que o trabalho e a produção ficam restringidos pela estagnação física mister a combater o virus.
sexta-feira, 13 de março de 2020
Hoje 7 anos de Francisco.
Sete é um número místico, e para Francisco, só não ter sido assassinado, já é uma vitória enorme, mas também ter expurgado o Banco do Vaticano, ter dado nova e alargada dimensão ao papado, e ir realizando a sua abertura da Igreja, ainda muito comedida, é verdade, mas que é uma desobstrução de milénios de estrangulamento, é quase um milagre para uma Igreja que se ia definhando.
Novas perspectivas, muito aquém do que gostariam os reformistas, eu sei, muito suavemente aplicadas, como soem ser as medidas numa entidade multi-milenária, para não gerar conflitos e confrontações mais drásticas, e, ao final de contas, ir 'desenquistando' uma apoplexia muitíssimo antiga.
A Igreja Católica que tanto bem, e tanto mal, já fez ao mundo, precisa se transformar num elemento de enorme alcance humano (não só social ou político, humano) precisa chegar às pessoas, e o Cardeal de Buenos Aires sabe disso melhor que ninguém, sabe do efeito de construção que pode ter um padre bem intencionado, como sabe do alto poder de destruição de um padre mal intencionado, por isso tenta construir uma Igreja/ONG, onde a atividade de seus membros represente a ação de um ideal, e não apenas a modorra existencial de uma instituição que exista por existir. Essa patologia grave que deve ser tratada, tem dilacerado as forças de Francisco, que, mesmo só por vontade Superior, se mantém enérgico e operante a caminho dos 84 anos.
Neste 13 de Março, como consideramos a Igreja Católica Apostólica Romana ante um bem que um mal, saudamos o sétimo aniversário de Francisco à frente de seu destino, louvamos a coragem desse homem, pedimos a Deus que o mantenha na força de sua serenidade, na firmeza de suas intenções, e, sobretudo, na obstinação de seu papado. Salve Jorge Bergoglio!
quarta-feira, 11 de março de 2020
De pandemias e pandemónios (futurologia).
>>>> Escrevo esta crónica como se já estivesse terminada a crise do Covid 19, faltava ainda ser decretada (já era entendida por mim) como pandémica, e foi decretada como tal na tarde de hoje, 11/3/2020.<<<<<
>>>> Alguns dos meus leitores me perguntaram, já várias vezes, se eu vivo num mundo paralelo, face à minha recusa em comentar casos banais, mas que, por vezes durante semanas, dominam o noticiário, como se eu estivesse ausente, ou deles não me desse conta, portanto para não passar por cima da crise do Covid 19 como gostaria, e para a qual, como para outras tantas, não pretendo contribuir, vou, então, fazer um pouco de futurologia para tentar demonstrar o descompasso, a desproporção que dão às coisas, e o desassossego (*) por falta de paz interior das pessoas, pela sua falta de contenção verbal e psicológica, e por fazerem ações desnecessárias, terreno fértil para que o tumulto se instaure. <<<<<
(*) Homenagem que faço a Fernando Pessoa com o emprego da palavra.
De pandemias e pandemónios (*).
E de Panegíricos e pânicos. Uma história com muitas possibilidades.
"Global panic" diz o The New Yorker de 2/3/2020.
"Wall street em queda livre. Dow Jones afunda máximo histórico..." Jornal Económico 9/3/20.
"... catastrophic Covid-19" diz o Literary Hub (Nem o Literary Hub escapou ao corona) em 11/3/20, desejando que a experiência nos tenha ensinado. (Ensinado o que?)
"... a vida está em suspenso..." diz um jornalista que não merece muito crédito no Expresso 11/3/20.
Há coisas tão distantes e tão próximas. Rochedos e ostras, céus e marés, alfinetes e horizontes. Já vivemos todas as coisas, ou não? Veremos muitas coisas estranhas à conta do vírus!
Surgido intempestivamente, muito activo, mas não muito violento, ou seja muito contagioso, mas pouco virulento, portanto não fatalmente mortal em larga escala, mas, por sua capacidade de propagação, pandémico, eis o novo coronavirus.
O poder de transmissibilidade de um vírus determina a pandemia, juntamente com a incúria em preveni-la, o atraso em medidas essenciais, a pouca capacidade de prevenção e higiene das pessoas; na gripe esse poder é de 1 a 2 infectados por agente transmissor, no Covid 19 é de 2 a 3, exponenciando o contágio ao longo da cadeia de transmissão, porque cria outras vertentes de contágio, tendo, portanto, uma dinâmica epidemiológica muito mais rápida e eficaz. Duas semanas para não manifestar-se, (quarentena) 5 a 10 dia
s para ser vencido pelo organismo, 9 dias para o vírus morrer sobre uma superfície qualquer. Espalhou-se pelo Mundo todo a partir de Huwan na China, onde terá surgido, provando os efeitos da globalização em muitos sentidos. Perigoso bichinho ágil!
Um elemento tão pequenino faz o mesmo para que foram necessários exércitos e guerras sobre os campos subterrâneos de petróleo, pondo abaixo o valor desse duvidoso bem transacionado por poucos, e consumido por todos, e ainda um pouco mais. Em 1990 foi a Guerra do Golfo, filha do crash de 87, que jogou os preços, as bolsas, e os mercado no chão, gerando alta volatilidade nos investimentos, com más expectativas esperadas e concebidas, hoje é um microscópico vírus que faz exatamente o mesmo, mostrando sua imensa força, sua capacidade de actuar sobre os equívocos humanos(**). Países inteiros em quarentena. Cidades completamente encerradas. Barreiras levantadas, impedindo o trânsito de pessoas. Histeria. Esgotamento de mercadorias. Boataria e sensacionalismo. Aflição em toda parte. Falta e roubo de máscaras e desinfetantes. Fake-news. Medo por toda parte. Prejuízos enormes para a economia. Bilhões de euros gastos para combater um mal colateral, para compensar o consumo, a falta dele, pois se as pessoas não consumirem acaba-se o mundo. Agressões nas ruas, reações ilógicas. Corridas a Supermercados. E a evidência da importância do pessoal da saúde, em alguns lugares levado a exaustão, quando nunca foi tão evidente como são imprescindíveis, e alguns ganham pouco mais que o salário mínimo, gente a quem louvo pela firmeza da ação, pela prontidão do esforço, pela capacidade de sacrifício, eis o panegírico. Empresas falirão. Empregos se perderão. Médicos aposentados serão chamados. Muita gente morrerá. Enfim, o Corona porá o mundo de pernas para o ar., eis o pandemónio.
(*) Pandemónio quer dizer diabos por todos os lados. (**) Talvez no final venha a ser muito benéfico a nível económico, evitando a crise que se avizinhava.
Comparações:
As diferenças são grandes no Mundo, e as coisas tem aspectos incomparáveis, e sua apreciação, a dos números que as explica, como é fornecida, leva a muitos enganos e más interpretações tantas vezes, e os 'fabulosos' comentadores dos jornais, rádios e tevês, expertos em tudo, dizem enormidades porque sua superficialidade, e a necessidade absoluta em comentar os leva a isso, discutem tudo, o que sabem e o que não sabem, comentam procedimentos de internação (Porque temos nós, leigos em Medicina, de conhecer esses procedimentos, o que importa isso?).
3.000 pessoas na China são 20 em Portugal, uma fração dos que foram esturricados em Pedrógão Grande, e em Espanha são 94 proporcionalmente, ou seja, dois autocarros, mas, finalmente (digo assim face a intensa expectativa dos meios de comunicação) em 2 de março houve dois infectados em Portugal, que entrava para a lista dos países contagiados, e começa então o cerco que pretenderá conter as cadeias de transmissão, mas o corona é muito eficiente, e lá se irá espalhando pelo país, dez dias depois esse número se multiplicaria por 50, (falo de amanhã) atravessando a barreira da centena, e seguirá em progressão, felizmente logo sem nenhum morto. Na Índia, o segundo país mais populoso do mundo, felizmente houve pouquíssimos casos circunscritos, o que é uma benção, e para quem conhece a Índia, e sabe como será fácil se alastrar uma infecção como esta naquele país, é a grande proteção de Brama (Shakti, suprema divindade.) a salvá-los?
Da escalada do surto.
No resto do mundo espalhou-se e espalhar-se-á, mas houve comportamentos que se revelaram frutíferos, como os de Macau por exemplo, isolar. E houve em outros lugares, onde cretinos sem caráter buscaram esconder a gravidade da situação, permitindo ao vírus espalhar-se livremente. Há de tudo!
Alta volatilidade x Alta volubilidade.
O surto irá seguindo seu caminho, como soem fazer os surtos epidémicos, infectando, criando cadeias de transmissão, matando uns, vacinando outros, e afligindo toda gente, gerando um outro surto muito mais perigoso e crítico, o surto da estupidez. Onde a pressão excessiva da imprensa, a divulgação de realidades sem a mínima importância, como a contabilização ao minuto do número de mortos, e infectados, a desnecessária avaliação de cenários supostos, que todos esperamos que não aconteçam, com questionamentos infundados e imaginários, que só aumentam a incerteza, e com a criação de um clima artificial de crise mundial, disseminando pavor, bem como expectativas irreais criadas, como se fossem-lhe bater à porta com uma bomba de vírus para o infectar. Quando, na verdade, iremos todos sobreviver (MAIS DE 99,9% das pessoas.), sendo que todos os anos as guerras que se mantêm activas geram muito mais mortos, e a imprensa não faz uma pressão dessa. Posto que é inevitável, a estupidez humana que comanda o mundo, cria verdades inexistentes, gera ambientes anormais, promove realidades abstrusas, levando muitos à histeria.
Entre todos os mais histéricos são os mercados, que 'electronizados' e 'algoritimizados' (permitam-me os dois neologismos) refletem com velocidade as reações, eis a volatilidade, fruto da estupidez da vontade que os impulsiona, a dos homens que investem seus dinheiros, essa matéria tão sensível da fisionomia dos investidores, eis a volubilidade. Onde a lógica e a serenidade deveriam imperar, mas onde vemos darem rédeas ao medo, e, muitas vezes, à histeria colectiva, o que deveríamos aprender a evitar, eis o que nos deveria ensinar essa experiência. Cobrará seus custos económicos a todos.
E vai ensinar mais porque vai paralisar o planeta, mas logo uma vacina dará cabo do vírus.
Irrisório e irrisor.
Diz-se comummente: 'Seria cómico, se não fosse trágico' para evidenciar uma patetice que levou a uma desgraça. A estupidez que grassa por toda parte, sem noção do ridículo, o elemento irrisor, leva a desproporção das atitudes em que a grande maioria dos seres humanos se lança, quando a reação mister, serena e inequívoca, é de pequena monta, o elemento irrisório, mas que, agigantado pelo profundo desequilíbrio interpretativo do que realmente se passa, ganha e confere dimensão inexistente. É assustador verificar a tendência humana para o precipício, e o facílimo contágio do desespero, assim como o do riso.
Na verdade o surto pandémico será muito menor (eis a futurologia) que o surto pandemónico.
Um elemento tão pequenino faz o mesmo para que foram necessários exércitos e guerras sobre os campos subterrâneos de petróleo, pondo abaixo o valor desse duvidoso bem transacionado por poucos, e consumido por todos, e ainda um pouco mais. Em 1990 foi a Guerra do Golfo, filha do crash de 87, que jogou os preços, as bolsas, e os mercado no chão, gerando alta volatilidade nos investimentos, com más expectativas esperadas e concebidas, hoje é um microscópico vírus que faz exatamente o mesmo, mostrando sua imensa força, sua capacidade de actuar sobre os equívocos humanos(**). Países inteiros em quarentena. Cidades completamente encerradas. Barreiras levantadas, impedindo o trânsito de pessoas. Histeria. Esgotamento de mercadorias. Boataria e sensacionalismo. Aflição em toda parte. Falta e roubo de máscaras e desinfetantes. Fake-news. Medo por toda parte. Prejuízos enormes para a economia. Bilhões de euros gastos para combater um mal colateral, para compensar o consumo, a falta dele, pois se as pessoas não consumirem acaba-se o mundo. Agressões nas ruas, reações ilógicas. Corridas a Supermercados. E a evidência da importância do pessoal da saúde, em alguns lugares levado a exaustão, quando nunca foi tão evidente como são imprescindíveis, e alguns ganham pouco mais que o salário mínimo, gente a quem louvo pela firmeza da ação, pela prontidão do esforço, pela capacidade de sacrifício, eis o panegírico. Empresas falirão. Empregos se perderão. Médicos aposentados serão chamados. Muita gente morrerá. Enfim, o Corona porá o mundo de pernas para o ar., eis o pandemónio.
(*) Pandemónio quer dizer diabos por todos os lados. (**) Talvez no final venha a ser muito benéfico a nível económico, evitando a crise que se avizinhava.
Comparações:
As diferenças são grandes no Mundo, e as coisas tem aspectos incomparáveis, e sua apreciação, a dos números que as explica, como é fornecida, leva a muitos enganos e más interpretações tantas vezes, e os 'fabulosos' comentadores dos jornais, rádios e tevês, expertos em tudo, dizem enormidades porque sua superficialidade, e a necessidade absoluta em comentar os leva a isso, discutem tudo, o que sabem e o que não sabem, comentam procedimentos de internação (Porque temos nós, leigos em Medicina, de conhecer esses procedimentos, o que importa isso?).
3.000 pessoas na China são 20 em Portugal, uma fração dos que foram esturricados em Pedrógão Grande, e em Espanha são 94 proporcionalmente, ou seja, dois autocarros, mas, finalmente (digo assim face a intensa expectativa dos meios de comunicação) em 2 de março houve dois infectados em Portugal, que entrava para a lista dos países contagiados, e começa então o cerco que pretenderá conter as cadeias de transmissão, mas o corona é muito eficiente, e lá se irá espalhando pelo país, dez dias depois esse número se multiplicaria por 50, (falo de amanhã) atravessando a barreira da centena, e seguirá em progressão, felizmente logo sem nenhum morto. Na Índia, o segundo país mais populoso do mundo, felizmente houve pouquíssimos casos circunscritos, o que é uma benção, e para quem conhece a Índia, e sabe como será fácil se alastrar uma infecção como esta naquele país, é a grande proteção de Brama (Shakti, suprema divindade.) a salvá-los?
Da escalada do surto.
No resto do mundo espalhou-se e espalhar-se-á, mas houve comportamentos que se revelaram frutíferos, como os de Macau por exemplo, isolar. E houve em outros lugares, onde cretinos sem caráter buscaram esconder a gravidade da situação, permitindo ao vírus espalhar-se livremente. Há de tudo!
Alta volatilidade x Alta volubilidade.
O surto irá seguindo seu caminho, como soem fazer os surtos epidémicos, infectando, criando cadeias de transmissão, matando uns, vacinando outros, e afligindo toda gente, gerando um outro surto muito mais perigoso e crítico, o surto da estupidez. Onde a pressão excessiva da imprensa, a divulgação de realidades sem a mínima importância, como a contabilização ao minuto do número de mortos, e infectados, a desnecessária avaliação de cenários supostos, que todos esperamos que não aconteçam, com questionamentos infundados e imaginários, que só aumentam a incerteza, e com a criação de um clima artificial de crise mundial, disseminando pavor, bem como expectativas irreais criadas, como se fossem-lhe bater à porta com uma bomba de vírus para o infectar. Quando, na verdade, iremos todos sobreviver (MAIS DE 99,9% das pessoas.), sendo que todos os anos as guerras que se mantêm activas geram muito mais mortos, e a imprensa não faz uma pressão dessa. Posto que é inevitável, a estupidez humana que comanda o mundo, cria verdades inexistentes, gera ambientes anormais, promove realidades abstrusas, levando muitos à histeria.
Entre todos os mais histéricos são os mercados, que 'electronizados' e 'algoritimizados' (permitam-me os dois neologismos) refletem com velocidade as reações, eis a volatilidade, fruto da estupidez da vontade que os impulsiona, a dos homens que investem seus dinheiros, essa matéria tão sensível da fisionomia dos investidores, eis a volubilidade. Onde a lógica e a serenidade deveriam imperar, mas onde vemos darem rédeas ao medo, e, muitas vezes, à histeria colectiva, o que deveríamos aprender a evitar, eis o que nos deveria ensinar essa experiência. Cobrará seus custos económicos a todos.
E vai ensinar mais porque vai paralisar o planeta, mas logo uma vacina dará cabo do vírus.
Irrisório e irrisor.
Diz-se comummente: 'Seria cómico, se não fosse trágico' para evidenciar uma patetice que levou a uma desgraça. A estupidez que grassa por toda parte, sem noção do ridículo, o elemento irrisor, leva a desproporção das atitudes em que a grande maioria dos seres humanos se lança, quando a reação mister, serena e inequívoca, é de pequena monta, o elemento irrisório, mas que, agigantado pelo profundo desequilíbrio interpretativo do que realmente se passa, ganha e confere dimensão inexistente. É assustador verificar a tendência humana para o precipício, e o facílimo contágio do desespero, assim como o do riso.
Na verdade o surto pandémico será muito menor (eis a futurologia) que o surto pandemónico.
sábado, 7 de março de 2020
HAVERÁ MAIOR IMBECIL?
Pode haver maior imbecil?
Tenho muita tristeza ao perguntar isso. Não pela criatura, a quem não prezo, mas pelo Brasil, que cometeu o maior de seus equívocos, caiu no maior dos enganos, cedendo ao populismo fácil, cedendo à solução dos de pouca cultura, reflexo do nível de sua população.
Quando Machiavel dizia que cada povo tem o governo que merece, era disso que falava, de que o líder é bem o reflexo dos liderados. Essa escolha revela tristemente o povo brasileiro. E haverá milhões que concordam com a declaração de que se mataram 60.000 foi pouco, devem matar 200.000 (Criminosos segundo crêem). Dentro da ideia de que bandido bom é bandido morto. Será que nem por momento se lembram que todos estes têm pais, irmãos, parentes, gente a quem são caros, por pior que possam ser?
Matar gente não resolve nada, ao contrário, re-alimenta o ódio e a revolta, promove a insânia, acicata a desgraça, aumenta a insegurança. Só a criação de riqueza, de postos de trabalho com salários condignos, a educação e sobretudo a cultura, podem resolver o problema da violência no Brasil. Para o mais, enquanto esta se manifesta, é a ação da Justiça, com meios e prontidão, a única resposta. Tudo o mais é engano e oportunismo político, fruto da ignorância, da miséria e da desqualificação de um povo. E o pior de tudo é acreditarem em soluções milagrosas, acreditarem na estupidez do combate à violência com violência.
A maior cegueira é a falta de discernimento!
(*) O tratamento da fotografia, inclusive o retângulo vermelho, onde diz Vergonha mundial, é do Blog da Cidadania. (Pois nem todos os brasileiros são cegos.)
segunda-feira, 2 de março de 2020
O REI DAS RUÍNAS.
[Por ocasião da chantagem turca.]
Depois de ter escrito uma dúzia de crónicas denunciando o que se passa na Síria, e do problema se ter sempre agravado por falta de resposta de um lado, e por oportunismo de outro, chegou-se ao ponto de ruptura, com cada um querendo seu pedaço, e a Turquia chantageando a União Europeia, com mais de três milhões de refugiados, gente que foge da guerra, uma guerra sem fim, já de uma dezena de anos, com todos os imagináveis crimes hediondos pelo meio, desde o emprego de armas químicas até o extermínio em massa, sem que seus poderosíssimos vizinhos, tão próximos, nada fizessem, e dessem campo aos ditadores oportunistas para que avançassem (Putin, Erdogan...) milhares de mortos afogados no Mediterrâneo, um país em ruínas, milhões sem futuro. Esse o relatório da covardia associada à falta de solidariedade.
Sem limites, Bashar Al Assad, a quem chamo rei, posto que não se fez ditador, nasceu ditador, filho de Hafez, que foi ditador por três décadas, que emprega todos os meios para manter-se para além de todas as probabilidades, valendo-se de todas as artimanhas possíveis, já lá vão duas outras décadas com o filho de Hafez a destruir seu país e a matar um povo valoroso, cheio de tradições, o sírio.
Quem se lembra do fim que teve Saddam Husein, Muammar Kadhafi, e Bin Laden, sabe que se quiserem as potências podem tudo, mas sabem também que seu querer não se manifesta por justiça, se não por interesse. Nada foi feito na Síria, diferentemente do Iraque e da Líbia, porque os lucros daquelas ações justificavam-nas, e os da Síria não justificam. Quando o que move os países é apenas o interesse, alguma coisa está podre no mundo.
Nem mesmo o sentimento humanitário para com os milhares que conseguiram atravessar o Mediterrâneo, vindo bater às portas das Europa, foi sincero, confrontaram o problema, não tinham outra opção, mas não o resolveram. Os refugiados estão confinados em campos de concentração por vários países, aguardando uma solução que não virá. Uns poucos quantos aceitos em vários países, a Sra. Merkel aí fez história, mas outros há milhões em campos de concentração vendo seu tempo escorrer junto com lama das chuvas e as imundícies que infestam esses campos onde se concentram. Só o nome desses campos, e sua memória, me arrepia, se fizessem o mesmo efeito nos que têm responsabilidade no problema, esses campos não mais existiriam, e eu poderia crer que haveria um mundo justo e solidário.
Enquanto nada é feito na consequência do problema criado em seu país, quanto a sua causa, blefaram com umas quantas ações militares, e com um apoio circunstancial, com um eventual interesse, e desse modo permitiram, muitos desejaram mesmo, a manutenção do ditador matando o povo da Síria, porque não queriam se envolver mais, esta a posição das potências.
Quando tudo terminar, terminará com Bashar no palácio, já que de lá não sai, e com a Síria em ruínas.
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