O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
sexta-feira, 20 de março de 2020
Crónica de um parabéns, de uma constatação, e do agradecimento.
Nesses dias de reclusão em que ninguém vem, e eu sentia-me tão só, todos vieram, vieram por serem importantes, porque estiveram presentes, e me abraçaram e me beijaram, me deram alegria, acenderam velas, e cortaram bolos, borbulharam champagne, e houve sorrisos, e festa. Era meu aniversário... O que pode mais alguém desejar?
E foram às centenas: Uma sobrinha que nunca vi, um sobrinho que estará longe e de quem eu discordo totalmente, bolsonarista é ele, filhos do outro lado do mundo, a dizer que me amam, gente de que eu me não mais lembrava, ou que não via há tanto tempo. Amigos próximos e distantes, uns que vivem aqui pertinho, e outros do outros em outro continente, e locais distantes. Tanto gente que não vejo há décadas, ou gente que me terá visto ocasionalmente numa palestra, numa reunião, como também gente que nunca me terá visto, gente que eu nunca vi, mas cá estiveram todos, pela simples e única razão de me virem saudar, e de me desejar felicidades. Chamaram-me de irmão, de pai, de mestre, de camarada, de amigo... Uma disse mesmo que este era o meu dia, ... pois era.
Muitos escritores e poetas, colegas de letras, desde alguns muito consagrados, e outros nem tanto, gente que se lembrou, ou que lembrada pela máquina, deu um passo que eu não sou capaz, venceu a barreira da timidez, a barreira da imaterialidade, a barreira da invisibilidade, a da distância, e cá veio ter, com seus parabéns, suas velas, suas flores, é bom, sabem? Ainda que tudo seja um não ser, é muito forte, é muito denso, porque tiveram a coragem em ultrapassar essas barreiras às quais eu não sou capaz, e me vieram felicitar. E, podem estar certos, nunca cumpriram tão perfeitamente a acepção desse termo, porque tornaram-me feliz, trouxeram-me felicidade, essa coisa diáfana, dissoluta, e imaterial, que faz tanto bem e tanto mal, em haver ou não.
Para mim é muito estranho que alguém que me não conheça me deseje o bem, mas assim é, que alguém sem nunca me ter sentido o cheiro, goste de mim, causa-me enorme espanto, mas é assim. E foram tantas, apontei-lhes os nomes na ânsia de encontrar alguma convergência, até que um com seus votos, confirmou todas as minhas suspeitas referindo-se à minha escrita, e compreendi o que as torna todas próximas, são todos meus leitores, o que, ademais, as torna íntimas, muito íntimas, porque mais que conhecerem meu cheiro, conhecem minha alma, essa que se revela em cada palavra que escrevo, porque escrevo da alma para o papel (velho hábito de expressão dizer papel, para o virtual na verdade, para o computador, mas não fica bem, papel soa muito melhor) e nesta transferência a alma (a minha) que fala a cada um, deu-lhes o impulso para tantos darem o passo seguinte, vencerem todas barreiras, e me virem dar parabém (como é linda essa palavra, tão pura, sem maldade, para o Bem) e nesse ensejo trazerem o que trouxeram, o maior de todos os tesouros, a mais rica das prendas: Felicidade.
Que posso dizer face a tudo isso, mais que MUITO OBRIGADO? MUITO OBRIGADO! MESMO MUITO OBRIGADO!
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