O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
sexta-feira, 1 de dezembro de 2023
Espalhe a informação.
Receita de Sara Tavares.
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
Três histórias do Arlequim de Caiena.
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
"ELES ESTÃO A MATAR-NOS"
Diz um cartaz. Tecnicamente não estão. A resposta climática da Natureza aos seus malfeitos, sim. Entretanto dizer desta maneira é mais direto e compreensível, uma vez que por si mesma a Natureza não faria a série de desastres, como ora acontecem, se não tivesse sido atacada, como foi. Portanto ELES, os que atacam diariamente a Natureza, ESTÃO A MATAR-NOS. E quem os pode impedir pouco faz. Os governos estão pensando em outras coisas.
A REAÇÃO e A leniência dos poderes.
Os governos estão protelando sem horizonte medidas que deviam ter sido implementadas há muitos anos, atuando na defesa de interesses que mascaram sob a capa das dificuldades administrativas, e nunca revelam o que pretendem com esses atrasos das medidas que clamam urgência. É um fenômeno mundial, assim como a natureza humana, sua ganância, seus desatinos. Os Acordos de Paris estão sendo descumpridos sistematicamente por ser implementados, os governos mantendo-se pouco operantes, como iriam admitir isto, se é de uma gravidade muito forte? Além do mais com as manifestações dos problemas ambientais ocorrendo em todo lado, sobremaneira as de cunho climático, violentas e assassinas como são, por isso os governos preferem falar de um alargamento dos prazos estabelecidos, de 2030 para 2035 por exemplo, para manterem os motores a combustão por mais meia década. As cinco irmãs petrolíferas, mais suas primas, como a ARAMCO, esse monstro com receita de mais de 535 bilhões de dólares ano passado, superior á receita da maioria dos Estados do planeta, não iriam ficar imóveis e verem seu negócio, o mais poluente do planeta, mas o mais lucrativo e poderoso também, ser diminuído, sem nada fazerem. Aí está sua resposta: mais cinco anos de poluição pro futuro. Porque este alargamento é sobre o prazo do fim da produção de motores a combustão, não sobre sua utilização. É uma VERGONHA a falta de responsabilidade dos governos face ao que já está acontecendo. A falta de consciência de governantes, com Rishi Sunak, em prorrogar este prazo revela uma total insensibilidade ao que se passa, e ao que virá muito em breve, ou uma imensa sensibilidade a outros apelos. Durante todos estes longos anos de minha luta ecológica, mais de cinquenta, tentei sempre convencer pela argumentação, com dados científicos. É facil para qualquer um defender o respeito à Lei e a Ordem, uma vez que ninguém gosta de violência. OK, mas eu estou defendendo meios de ação ativo para evitar a catástrofe que está a nossa frente; mesmo velho e desgastado como estou, ainda encontrarei forças para buscar outras vias. Dêem-me bolas de tinta!
Sem plano B.
Por isso os jovens, os que irão viver no futuro, reagem, manifestam-se, atiram tinta às paredes e às pessoas, procurando abrir as mentalidades, mas os interesses e o poder das pressões e do dinheiro mantêm o status-quo. Não importando os bilhões em prejuízo que causam, nada importa, nem as vidas humanas que a poluição que geram mata todos os dias. Parece que teremos que indagar ao mundo como Miranda n'A Tempestade de Shakespeare: "O brave New World-That has such people in't " Para querermos responder como Coriolano n'O Corilano, ao virar as costas para Roma: “Há um mundo noutro lugar”. Só que neste caso não há.
Não há opção. Não há mundo alem deste superaquecido que geramos. E enganam-se os climatologistas, o aquecimento da água dos oceanos não é conjuntural, é estrutural também, porque os oceanos estão tentando resolver o problema do aquecimento. ESTREMOS COMPOSTOS -SECA NA AMAZÔNIA.
Quem conhece a Amazônia sabe que aquele ambiente da floresta superúmida é o mundo da água, a água que chove, a que corre nos rios, e alaga tudo, imensos e numerosos rios que estão em toda parte, e a água que está guardada, presa, na vegetação; assim ninguém pode imaginar que possa haver seca na Amazônia, seria o mesmo que nevar no Saara. Pois está acontecendo. Os níveis de desmatamento atingiram tal grau que a resposta ambiental aí está, SECA. O mais grave é que nada disso impedirá a loucura dos homens, que continuarão a desmatar e a poluir.
O TERCEIRO PODER.
Esgotadas as vias dos poderes sob a direta ação do(s) povo(s), estes povos que em Democracia são os Senhores de seus países, posto que apesar da vontade do povo, os seus prepostos dos legislativos são inoperantes em praticamente todos os países, e os Executivos são sensíveis a outros apelos que os têm mantidos reféns dos poderosos interesses que poluem o mundo, restou, no tripé institucional, o poder Judiciário, O TERCEIRO, que será posto à prova, por obra de seis jovens portugueses, uma vez que está agora a ser chamado ao terreno das decisões do futuro da Humanidade, por uma ação que estes impetraram, para decidir da responsabilidade dos governos nos diferentes países sobre as medidas a serem tomadas para prevenirmos os desastres climáticos que nos estão atingindo. Resta-nos esperar que haja uma decisão que obrigue aos países agirem, e rapidamente. Antes que as bolas de tinta lançadas em paredes e pessoas se transformem em bolas de chumbo, posto que, acuadas e sem outra opção, as populações, vendo descumprida suas vontades expressas eleitoralmente, se vejam obrigadas a agir com violência. Eu previ, quando participei da RIO-92, que, com os interesses em jogo, não se alcançaria impor as medidas misteres a evitar a catástrofe que se anunciava, e que agora, trinta anos depois, está aí a matar muita gente com água, vento, fogo, fome, frio e calor. Disseram-me então que ninguém, menos ainda os governantes, iam ser malucos de caminharem em direção ao precipício. Pois caminham inexoravelmente. É muito dinheiro que está em jogo. E, como disse uma vez um presidente do IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis: "O mundo vai ser uma enorme bola careca, como afirmam os cientistas, porque que eu vou me preocupar, se então já não estarei mais aqui?" Com essas mentalidades imperando, só nos resta dizer: ELES ESTÃO A MATAR-NOS. E vamos ter de lutar para não morrermos todos.
terça-feira, 19 de setembro de 2023
Neruda em Niterói.
terça-feira, 25 de julho de 2023
Peabiru.
domingo, 4 de junho de 2023
Em busca da realidade paralela IV - διαλεκτικ.
sexta-feira, 26 de maio de 2023
Do am I welcome to Elsinore?
DE VIÉS.
NOTAS DIDASCÁLICAS
Vejam os que têm olhos de ver.
terça-feira, 23 de maio de 2023
CENTENÁRIO DE EDUARDO LOURENÇO. 1923 - 2023.
sexta-feira, 12 de maio de 2023
NUM INFINITO MUITO PARTICULAR.
OS INSTINTOS PRIMITIVOS.
A sutileza do rinoceronte a marrar.
O fator central da prática diplomática sempre foi a subtileza. Hoje, e cada vez mais, estão perdidas a diplomacia e sua subtileza, fruto da alteração da forma de se fazer política. Não sendo mais a mesa de negociação o locus diplomático, onde se poderão resolver os impasses e as divergências entre as nações? Fora da mesa de negociações só haverá o confronto, este que no extremo se traduz em guerra, a inevitável consequência da vontade de uma parte impor sua vontade sobre a outra, extinguindo toda a negociação. Hoje se acredita ser possível fazer diplomacia nas redes sociais, em declarações à imprensa, e em boletins de Estado. Quanto engano, e que cobrará um alto preço.
Ao longo da história, a Diplomacia sempre resultou de ações delicadas que buscavam atrair e envolver a parte discordante para o ponto que defendia a ex-adversa, buscando um consenso. Destas ações mansas e penetrantes destacaram-se muitos homens que desde a Antiguidade desempenharam papel nas negociações de Estado, que pela sua verve, habilidade, subtileza e boa forma em dizer, conseguiram levar adiante a sua tese, fazendo-a vencedora. Foi assim desde os negociadores do Tratado de Eannatum, até os milhares de negociadores atuais de tratados de toda a natureza , que fazem o dia-a-dia de diplomacia nos tempos que correm. Aliás os tratados são a alma do empenho diplomático, sua própria tradução, posto que o próprio nome do ofício, vem de diploma, que era o papel de se escrever o acordo, em grego antigo, e 'matos' que quer dizer objeto duplo, pois que haveriam sempre duas cópias do documento, cada uma cabendo a cada parte negociadora. Expressando maior ou menor destreza, muitos homens ficaram na História por sua capacidade de negociação, e habilidade para o feito. Assim desde os enviados da Antiguidade, passando pelos apocrisiários, pelos 'procuratores', quando a instituição diplomática começa a ganhar caráter permanente, até às Missões do Renascimento, para chegarmos aos corpos instituídos e continuamente estabelecidos modernamente, acreditados em missões permanentes, de caráter oficial, mantidas junto aos diversos países.
Com estes dispositivos instituídos, as queixas, reivindicações, os conflitos de várias ordens, as posições e ações dos governos dos diversos países, encontraram um canal permanente e revestido de muito tacto, que sempre visava estabelecer conversações frutíferas, fugindo a confrontos, retaliações, ou choques, tão comuns entre potentados, evitando por essa via as inconciliações resultantes do embate de princípios contrários. Por isso, desde muito cedo, a atividade diplomática recrutou homens com habilidade para nunca dar por finda a negociação, até que ambas as partes se encontrassem satisfeitas, ainda que precariamente ,ou em pequeno grau, em suas posições, estabelecendo acordo. Essa habilidade sempre se traduziu em subtilezas que mantêm a conversa a nível possível, não dizendo nada que impossibilitasse a continuação da conversa, nunca rompendo o processo de negociar.
Hoje em dia vemos um extremar de posições, numa miríade de conflitos resultantes de interesses muito diversos, em muitíssimas áreas, que sem a negociação soeriam descambar para outros caminhos mais severos, que normalmente nunca acabam de forma satisfatória para nenhum dos lados, ou evoluem para a beligerância, também conhecida como A Diplomacia da bala, juntando na expressão dois polos incompatíveis.
Deste extremar e desta radicalização tão pouco afeitos aos processos diplomáticos, costumam resultar irreconciliabilidades perigosas, que alimentam ódios e confrontos pouco úteis a ambas as partes, cujo único possível real propósito é sempre ver o conflito ultrapassado, que, mesmo com uma vitória no campo de batalha, não se verá dirimido, posto que, com o rescaldo remanente, poderá a qualquer momento atiçar o incêndio novamente. Só as conversações são efetivamente capazes de anular de modo terminante as divergências, com a satisfação das controvérsias, terminando, resolvendo a matéria em disputa.
Cada vez mais vamos vendo atualmente a perda dessa tão importante capacidade diplomática, com o surgimento de mediadores de toda ordem em contraponto com os defensores das partes em conflito, em ambos os lados da barricada, mediadores na sua maioria com incapacidades intrínsecas. Que vão desde não lhes reconhecerem uma neutralidade mister, passando pela falta de credibilidade, para ir culminar na absoluta falta de capacidades diplomáticas. Por outro lado os responsáveis das facções em contraposição que, ao queimarem pontes, ao esgrimirem razões com a sutileza de um rinoceronte a marrar, eliminam qualquer possibilidade da boa atuação da via diplomática, único caminho para a resolução efetiva de qualquer conflito.
Não havendo o reconhecimento do equívoco que há em trilhar essa vereda fora do diálogo, fora das negociações, strico sensu, e, por assumirem uma mudança de rumo aos esforços que deveriam estar concentrados na mesa de negociação, teremos com isso sempre respostas improdutivas, medidas inconsequentes e futuros reacendimentos da pendência não resolvida.
Com a falência dos canais tradicionais, desde, muitas vezes, os dos corpos diplomáticos dos dois lados em disputa, até à ONU, vão surgindo hodiernamente mediadores de toda a sorte, com maior ou menor legitimidade e habilidade para o serem, cheios de boa vontade, que, pisando em terreno minado, buscam outras formas de estabelecer princípios, e criar condições, sobretudo as de sinceridade, e boas intenções, que visam abrir portas ao compromisso e à confiança no processo negocial que desejam estabelecer.
Em muitas plagas hoje essa é a senda que se busca criar, para anular os rinocerontes que seguem a marrar.
O TEU PAÍS DOS OUTROS.
Sempre houve muitos políticos que fazem distinção vincada entre um seu país e sua população, dizendo que a população vai mal, mas o país vai bem. Em muitas ocasiões afirmaram que crescia o PIB, diminuía a dívida, o déficit não havia, ou era insignificante, cresciam as exportações, etcetera… etc… logo o país vai bem, não levando nunca em consideração os cidadãos que vão pessimamente.
Para lá dessa ideia absurda de um país sem povo, ou de um povo sem país, excluídos ou desconsiderados os nacionais, à conta da análise pretendida, em que o que importava, e importa para esses políticos, era, é, o CRESCIMENTO ECONÔMICO, quase nunca tendo em consideração bons salários, preços baixos, ou seja um maior poder de compra para os seus cidadãos, com a possibilidade de obterem excelente alimentação, moradia boa, aquecida, bem conservada, a preços abaixo de um quinto dos salários, tanto no que represente um aluguer, ou uma prestação de aquisição do imóvel, e também a parte referente a alimentação representar outro quinto dos ganhos. Todos esses ingredientes são os que formam uma classe média forte, que é a alma de um país rico. Não há países ricos com gente pobre, ainda que haja quem acredite que sim.
Muito bem, com a ascensão imparável do dinheiro iniciada na segunda metade do XIX, verificamos que as pessoas foram ficando fora da equação, uma vez que o preço das coisas, todas elas, aumentou, e aumenta, sem que haja a devida reposição salarial, o que torna as pessoas pobres a vários níveis, uma vez que a maioria esmagadora das populações em todos os países vivem de seus salários. Baseados nas mais diversas razões, muitas delas verdadeiras, não aumentam os salários, por exemplo para não re-alimentar a inflação, ou seja o assalariado paga a expansão do dinheiro. E, desse modo, essa contínua subtração de poder aquisitivo tem progredido lenta mas insistente e continuamente, até que chegamos às impossibilidades ora consubstanciadas em realidades muitas, adversas todas elas, resultantes da perda do poder de compra que foi retirando muitas coisas do alcance das pessoas em geral. Desde certos alimentos, em Portugal o fiel amigo passou a ser um ilustre convidado, e as centenas de receitas de bacalhau frequentes diariamente, ou quase, à mesa dos nacionais, foram dilatando os períodos de consumo, acabando por serem guardadas para dias festivos, até, noutro extremo, à possibilidade de aquisição de imóveis em muitos sítios, que deixaram de ser para os bolsos dos nacionais em geral, passando a ser só possíveis a bolsos estrangeiros capazes de responderem aos altos preços que foram sendo sucessivamente praticados. Desse modo o país vem progressivamente trocando de mãos, deixando de ser de uns para ser de outros, sendo os outros aqueles que podem pagar pelo privilégio, seja o de comer bacalhau frequentemente, ou o de morar com vista pro mar, ou mesmo morar em casa própria, ainda que estas sejam em mais de dois terços da banca, mas que pretensamente próprias, possam, com o tempo, formar um pecúlio a deixar aos filhos. Resultando que o progressivo afastamento da sociedade, dos cidadãos, do poder de compra, poderá transformar a frase da última alternativa acima: 'ou mesmo morar em casa própria', noutra frase onde desapareceria o adjetivo.
Por mais que não queiramos, por mais que o processo democrático idealmente deva se refletir em governos voltados para o bem estar, e bem estar é algo sempre ligado ao poder de compra, bons salários se preferirem, por mais que o Estado Social venha a colmatar as carências das populações, tendo vindo mais a se transformar num Estado Assistencial, assistencialista, porém poderia tudo isso deixar de existir, inclusive a ascensão imparável do dinheiro, se dividíssemos o bolo. O bolo é a riqueza produzida num país, que é de todos, e só toca a alguns, poucos, e, por outro lado, se não houvesse Estado Social, ou seja: saúde pública, escolas pública, habitação do Estado, transporte em empresas estatais, etcetera, e houvesse salários que permitissem às pessoas pagar por tudo isso ao preço do mercado, então a equação estaria resolvida. Assim é que devera ser. Mas os sucessivos governos ao longo do tempo, foram pactuando com a concentração de riqueza, e, para diminuir as crateras que se abriram entre as possibilidades das pessoas, e o preço das coisas - voltamos a falar de poder de compra, foram criando o Estado Social, para, desse modo, diminuir o enorme buraco com ação governamental. Todo o bem que advém das pessoas terem poder de compra, o que para a maioria das pessoas significa bons salários - desse modo não sendo mais necessária a interveniência estatal, tão clientelista devemos lembrar, nem mais assistência de nenhuma ordem. Quem tem condições não necessita de ajudas. E faço aqui notar que toda essa perversa situação de inversão do modo de ser, ou que deveria ser, das coisas, não é do sistema, mas resultante do sistema, e é muito mais difícil mudar uma resultante, que uma parte do sistema.
Certa feita, num debate acadêmico, me questionaram sobre as empresas públicas, e eu, socialista que sou, afirmei que o Estado não deveria ter empresas, que, se em determinado tempo essas foram necessárias à ação do Estado, que criou uma determinada empresa para impulsionar, ou mesmo iniciar as actividades em determinado sector, e, logo que, uma vez suprida e atendida a necessidade, essa deveria passar às mãos privadas, e os recursos de sua venda serem empregados noutra empresa para impulsionar outro sector que necessitasse, para logo a seguir também ser privatizada, e assim por diante. Minha resposta, de socialista convicto que sou, assustou muito ao meu interlocutor, levando-o a afirmar, mas os socialistas não pensam assim. Ao que respondi: porque não acreditam na regulação, e preferem que o Estado faça por si mesmo as coisas que apenas deveria regular e fiscalizar seu bom funcionamento. Como assim? Questionou-me. Sabem esses socialistas que a fiscalização e a regulação são corruptas, sabem que as coisas acabam descambando para atender apenas a um lado, e que o Estado não exercendo o controle mister para que o empresário cresça, fique rico, por sua capacidade criativa, e não pela possibilidade que tenha de aumentar preços, por isso preferem que seja o Estado a empreender o negócio, para o poderem controlar diretamente, o que é um engano. Temos que quando a ideologia esbarra na lógica, esta última deve sempre prevalecer. Em países supostamente mais regulados, estabelecem-se, então, os lobbys, uma aberração democrática, também estabelecem-se organismos reguladores que mor das vezes não funcionam, criam-se ministérios para ações sectoriais, que se traduzem em verdadeiras bolsas de negócios, onde os ministros barganham, não o interesse público, o das pessoas, mas os seus, particulares. Suas ambições, sejam políticas, sejam financeiras, são as que prevalecem em detrimento do interesse público. Com salários justos, isso tudo acabaria. Ministérios como o da saúde, da educação, da economia, etcetera, perderiam sua utilidade, sua razão de existir, e apenas haveriam institutos para controlar as regras do Estado e sua aplicação consoante as leis que atenderiam ao interesse geral do país. E não haveria um sector empresarial do Estado. Só isso.
O verdadeiro socialismo é aquele onde as pessoas vêm atendidas suas necessidades, e vêm a riqueza distribuída de modo a que todos desfrutem dela, não é esse assistencialismo que se instalou para mitigar a miséria, que é muita, e que assim é pelos baixos salários. Numa sociedade rica, de altos salários, não há miséria, não há mendigos. Procurem um mendigo em Israel, ou um judeu mendigo em qualquer parte, por exemplo. Os governos criaram essa situação, entraram por este túnel, e não conseguem sair dele, todos os recursos do Estado acabarão por serem empregues no financiamento dos custos do Estado social, fomentando essa mentira que vem rebentando pelas costuras, e dão espaço a grupos contestatários para ascenderem num cenário mal resolvido, propício às reivindicações, onde podem enganar à vontade. Não serão os políticos populistas, ou as atitudes extremistas, ou posições ultras, nem esse pseudo-socialismo, que trarão a solução, ou darão caminho a esses problemas velhos como a Humanidade.
Este processo de inversão de valores da desejável realidade, são quase como a fala de um Trump, ou a de um Bolsonaro, onde reinam as mentiras e as narrativas paralelas, e foi criando distorções que foram justificando as ações governamentais e essas enormes máquinas estatais com elevadíssimo custo ao contribuinte, quando os governos deveriam existir apenas para fiscalizar, estimular o desenvolvimento em sectores onde fossem necessários impulsos, até se estabilizarem como produtivos, e promoverem as leis e a defesa, cuidarem do patrimônio comum, cultural, ambiental e histórico, e pouco mais. Então me perguntaram: Tudo o mais fica em mãos privadas? Sim, fica. Sob controle apertado dos governos, apertado porque a tendência dos homens para o erro e a desonestidade é grande, porque com bons salários, havendo leis e aplicação eficiente delas, pouco mais é necessário. Mas o que temos é o engano, o dinheiro a correr solto, criando miséria generalizada, desgoverno por todo lado, prevaricação em toda parte, peculato do enorme funcionalismo, a busca de vantagens por quem as possa conseguir, e a miséria se espalhando à conta de entendimentos que acreditam não poderem dar o justo às necessidades de cada um, pagando um salário que divida o bolo do país, calculado todos os anos, e de conhecimento geral, é só fazer contas, no país onde se viva e trabalhe, permitindo desse modo, como são as coisas hoje, a manutenção da miséria geral, e que outros se apropriem da paisagem, por terem poder aquisitivo para isso, esse mesmo poder que falta aos nativos. Criando O TEU PAÍS DOS OUTROS.