sexta-feira, 12 de maio de 2023

OS INSTINTOS PRIMITIVOS.

Somos o que somos, e não podemos fugir a isso, por mais sessões de psicanálise que façamos para nos tentar convencer do contrário. Temos implantado três cérebros em nossas cabeças, cada um relativo a um animal que nos habita (*), e dos quais não conseguiremos fugir, por mais que nos esforcemos. Desde o bom e velho impiedoso assassino reptiliano, até o estratega hominídeo, passando pelos comportamentos aprendidos, característicos dos mamíferos. Somos tudo o que fomos e fomos tudo o que somos, tendo tudo isso colado à nós de maneira absoluta. Tudo o mais é como é, só porque pode ser assim. Com o advento do fogo, que nos permitiu aumentar imensamente o tamanho e as capacidades de nosso cérebro, ingerindo muito mais proteína assimilável, expansão que nos foi tornando em seres superiores, mais propriamente pela capacidade de elucubrar, muito para além da de pensar, desde os pensamentos simples, afetos a qualquer animal, como os de ir numa ou noutra direção, para os quais os nossos sentidos já nos orientavam da melhor e mais apurada forma. Impressões que, quando são bem respaldadas pelos órgãos que nos facultam as receber (impressões exteriores, refiro-me), nos permitem alcançar compreensão a vários níveis. Sendo evidente que se estes órgãos apresentarem alguma deficiência, nos incapacitarão proporcionalmente ao grau desta, por exemplo: alguém que tivesse dificuldades auditivas e não ouvisse para além dos vinte metros, estaria em pior circunstância (incapacitado parcialmente) do que quem apresentasse as mesmas dificuldades só para além dos cem metros, assim regressivamente até oo que fosse surdo. Como os cérebros dispõem, em todos os animais, só dos cinco sentidos para receberem as impressões do ambiente em que vivem, para as poderem analisar, nada os diferencia nesse âmbito, aliás os iguala, a grande diferença reside no registro das impressões acumuladas - memória e sinapses estabelecidas - que determinarão a análise, a capacidade de interpretar, a reação, e a resposta mais adequada em cada caso - etologicamente - sendo o único propósito dominante desses comportamentos: MANTER-NOS VIVOS. Assim medo, pavor, ou bravura são reações da coragem necessária em cada caso, disse bem: CORAGEM; da mesma forma que lutar ou fugir, são reações fruto de uma avaliação muito particular das possibilidades existentes em cada momento, estando estas em equilíbrio com as possibilidades em desenvolvimento do assunto que busca decisão, avaliadas em relação à esta situação particular, o que nos inclinará num ou noutro sentido, lutar ou fugir, nada tendo a ver com os mitos estabelecidos neste campo, desde os que conferem medalhas, até os que geram execuções, passando pela condenação ou glorificação públicas costumeiras, tudo por motivos fúteis. (O que não exclui as propensões, os caminhos das sinapses, ou as memórias que nos levarão a ir numa ou noutra direção.) OBJETIVO VERSUS SUBJETIVO Sob muitos aspectos sociais e sociológicos, os nossos instintos, moldados pela componente animal, são também determinados por influências exógenas, ensinamentos, perspectivas, crenças, etc..., que se chocam muita vez com nossas tendências primitivas instaladas, e numa discussão da conveniência de qual rumo seguir, então inclinar-se-ão num ou noutro sentido, atendendo ao animal ou ao espiritual, ou a uma combinação dos dois, segundo crenças e conveniências pertinentes. Nesse sentido inúmeras opiniões, e ideias absorvidas ao longo da formação do indivíduo, serão determinantes no processo de avaliação, e nessa contenda entre o animal,com suas impressões objetivas instaladas, nosso primeiro instinto de resposta, e o conceiptual, ou intelectual, ou mesmo espiritual, impressões subjetivas elaboradas, sempre numa possibilidade de resposta já num estágio fruto de entendimentos socio-culturais estabelecidos, mais elaborados portanto, que analisam outras implicações, muito para além do reativo básico, e neste campo temos desde as crenças e tradições sócio-culturais, até ao que é romantizado muitas vezes, destarte impregnando a avaliação final da resposta, com fatores de natureza religiosa, política, ambiental, familiar, cultural em lato e estricto senso, e até mesmo razões adventícias por quaisquer questões fortúitas ou alienígenas. Nunca esquecendoo que todo o processo se dá sempre num campo subjetivo, virtual ademais, nossa cabeça, na intenção de conseguir dar resposta a uma situação objetiva, real, que estivermos vivendo. Cada um desses fatores terá relevância relativa, dependendo do grau de permeabilidade do indivíduo às suas influências, bem como da força de suas implantações em cada um, o que não exclui, ao revés inclui, a valoração que represente cada uma dessas influências para cada indivíduo em particular, e a importância que este atribui a cada uma delas. Isso tudo vai se tornando cada vez mais complexo à medida que a sociedade evolui, para uma sociedade tribal serão muito menos as influências externas, do que a de uma sociedade medieval, que terá forçosamente mens influêncikas que a nossa, o que não exclui calores semelhantes enraizados. O que levará, por exemplo, pessoas muito crentes em Deus a sempre se sentirem inibidas em matar, de algum modo, as tomemos, pois, como exemplo. Já outras, mesmo crentes, no entanto, verão os preceitos religiosos como uma forma excessiva de influência em suas vidas, na vida individual de cada um, querendo determinar comportamentos e ditar valores, o que, entretanto, não limitará de todo sua crença. Como noutro exemplo, não limita o patriotismo o fato de um país ter num mau governo em dado tempo. Rejeitarão, em ambos os casos, o que lhes antagonize, sem perderem sua convicção matricial, continuando crentes e patriotas à vez. Ou seja alguém que crê em Deus e respeita os dez mandamentos(1), pode perfeitamente rejeitar os outros comportametos pregados pelas igrejas, como os aceitos em sua latitude por exemplo, sejam eles quais forem, aos quais ele não se adapte. Desse modo opiniões, não as de o uso de um lenço, mas sobre comportamentos e coisas mais profundas, como a prática da monogamia, ou da heterosexualidade, como as únicas aceitáveis, o que, da mesma forma quanto à legislação, ou às opiniões estabelecidas, em ambos os casos, podem variar com o quadrante onde estas imperem, sendo pecado, ou não, sendo crime, ou não, sendo aceitas socialmente, ou não, sendo motivo de exclusão, ou não. Vivemos num mundo muito diversificado, deveríamos aprender a sermos mais tolerantes. Desta diferença geralmente nasce o conflito, tanto o pessoal, como o comunitário, que promovem oposições e reações, tão mais conformes com nossos instintos primitivos, quanto forem mais básicos e desinformados os indivíduos susceptíveis a eles. Viu-se ao longo da história tantas vezes criarem-se ambientes de exclusão das regras que foram impostas nestas certas épocas e lugares(2), e ainda outras mais transversais, como as da avidez; de tal modo que podemos mesmo estabelecer um padrão comportamental para definir como prováveis as reações consoantes a satisfazer nossos instintos primitivos, reforçados por hábitos e ainda outros comportamentos que se foram estabelecendo em nossas vidas, desde os vícios aos prazeres, desde aos sacrifícios às penitência, desde as opções conscientes e às inconcientes que fazemos todos os dias, até as que não fazemos. Como cada um se mede é assim, dessa maneira, mas esta é também uma forma muito particular de medição, com resultados que quase nunca são tidos como fúteis, ou que não acreditamos de forma alguma que possam ser de qualquer modo. Perspectiva pessoal absoluta de auto-importância e/ou auto-presunção recorrente, que se repete infindavelmente nas nossas escolhas. Como não nos podemos nunca nos libertar de todo desta base instintiva animal primitiva, todo e qualquer rótulo, toda e qualquer determinação em desacordo com nossos instintos, primitivos que são antes de mais, e, como tal os primeiros que tivemos e temos; portanto hoje soem ser consideradas contra-naturam(3), contra o indivíduo portanto, uma vez que estão em dissenso com aquilo o que agora somos, depois que evoluímos em divergência absoluta com nossas próprias limitações originais. Apesar de detestadas por muitos que em seu puritanismo e preconceitos, vão estabelecendo valores particulares, bem como gerais, e desse modo moldando e restringindo naturezas que se não adaptam a essas restrições que reconhecendo, negando ou excluindo outros valores dividem águas de uma mesma bacia, indivizíveis que serão, criando anomalia que é dispensável. Por exemplo quanto a sexualidade, criaram barreiras que definem e propalam preconceitos, desde o fértil uso de palavras(4) preconceituosas, até a criminalização ou patologização de vertentes sexuais. Repudiando realidades que ocorrem no corpo social, bem com no indivíduo, e que já foram aceitas em outras épocas. Os egípcios procuraram interpretar isso atribuindo-nos dois tipos de alma, ba e ka. Ba e Ka, duas metades, uma só alma. O entendimento egípcio que se foi modificando com o tempo, três longos milênios, verificou sempre queexistem em nós características tão manifestas, qeu indissociáveis do indivíduo. Somos em verdade um espectro de manifestaçãoes que são de difícil classificação, uma vez que confundem-se. Direita e esquerda, positivo e negativo, supostamente certo e supostamente errado, e, evidentemente na formação destas manifestações Ba e ka, dis lados da alma, que para os egípcios eram duas. Ba era a manifestação metafísica do espiritual, não o espírito, mas a própria energia mística, divina portanto, que nos habita a cada um. E Ka é nossa energia metafísica em si mesms, logo expressão do nosso ser no mundo, que era, portanto, uma espécie de alma, mas não a alma cristã, e sim uma alma da Natureza. Desse modo os deuses tinha um só Ba, assim como nós, mas um Ba amplo, fruto do conhecimento das muitas energias, e muitos Kas, porque, como deuses, atuavam em várias esferas, impulsinados por muitos kas, que geravam os diversso trânsitos. PERSONALIDADE. Como ficou visto nossa capacidade de perceber o mundo traz em si diversas fontes de formação, desde a recolha da informação através dos sentidos, passando por vários filtros, que começam nos diferentes cérebros disponíveis, até a conjugação que estabelecem a diferentes níveis, conjurando uma interpretação, trama explicativa, que resultará naquilo que entendems como percepção - ou seja só percebemos o que somos capazes de interpretar, tudo o mais se perderá. Perder-se-á sempre, uma vez que nã existe o que não reconhecemos. Daí todas as verdades abslutas serem falsas, somos contraditórios, e toda crença em verdades absolutas, tolas. DE PRESUNÇÃO E ÁGUA BENTA... Como somos muito presumidos, somos facilmente enganados. Demasiadas são as ilusões e os enganos, posto que a interpretação que damos às coisas é sempre a conveniente, uma vez que resulta de nossa trama explicativa, e esta só é satisfatótia quando reune ou conjura, nossas referências, levando-nos ao que chamamos de mundo percebido, que é o único que existe para nós, foonte de tod nsso saber, e de todos nssos enganos. A Física Quântica foi um susto, porque nos mostrou que o que percebemos raramente é a realidade, e que esta raramente é perceptível. Vivemos, consequantmente, de presunção. Estimulados por inúmeros fatores: reais, alguns; hipotéticos, outros; sentimentais, endógenos, o que não excluirá influências exógenas; e ainda outros imaginários, mas todos balizados por noossa 'percepção'. ANALÍTICA E SELETIVA. É como aje a mente. Sendo tão analítica e seletiva ao ponto de ver o que que ver. Foca-se numa determinada coisa/ideia, e vai atrás dela, e em meio a infinitas coisas, encontra exatamente aquela em que se focou encontrar. Este é o princípio do Vision improvement, cujo método baseia-se nesta faculdade, de irmos ver o que esperamos encontrar, afastando sucessivamente para além de nossas capacidades visuais nas condições presentes, aquilo que inicialmente observamos de perto, focando nossa visão no que pretendemos ver, já para além de nosso campo visual restrito, limitado por alguma deficiência. Os olhos são como lunetas, como binóculo que se precisa ajustar. Desse modo a seletividade analítica de nossa mente vai buscar, faz o ajuste, e faz-nos ver o que pretendíamos. O que prova que não vemos com os olhos, mas com a mente. INFINITO AUTÔNOMO. A ganância, por outro lado, tem um fator estimulante muito particular, o de sua componente Matemática, porque sempre admite uma adição qualquer, posto que podemos sempre somar mais e mais a qualquer número, e, por outro lado, como sempre necessitamos acumular para enfrentar tempos menos favoráveis, os diversos cálculos nos permitem estabelecer prognósticos de valores para uma vida mais desejável, consoante a ambição de cada um, dependendo nesse sentido do que cada qual deseje, evidentemente. Poderá entã ser de feição a exigir muitas parcelas a somar, eis a ganancia em sua face mais perversa e pervertida - corrupção, ambição de poder, de estatuto scial, profissional, etcetera - posto que os instintos primitivos estimulados matematicamente não se contêm. Esta situação é presentemente o pior dos males da Humanidade, e não creio que vá passar facilmente, pois se exponenciou, e domina tudo, e quase todos, uma vez que se torna desmedida quase sempre, e é dissociada de nossa percepção. A subversão de valores reside primeiramente no afastamento de nossos instintos primitivos, formando um freio e um distancaiamento desses intintos primitivos uma vez que são resposta necessária para a vida em sociedade, posto que são violentos os instintos primitivos, e que dão respostas violentas quand estimulados; mas que nunca devem ser deixados de ter em consideração, posto que são parte de nossa natureza, portanto, como tal, devem, e têm de ser considerados, digo a nível consciente, para que, verificando em que medida, não para os satisfazer, ao menos integralmente, tendo-os em conta na avaliação geral, e no cômputo final de nossas opções, conscientemente, repito, porque inconscientemente sempre estarão lá, e não porque eles se venham a impor, mas porque os devemos considerar, uma vez que eles fazem parte, e são os nossos instintos primeiros, componente primitiva, antiga, rústica ademais, mas que estarã sempre a pulsar em nós, imperscrutável, indicando caminhos. (*) 'The animal within' O animal dentro, como foi percebidos por dezenas de autores em diversas formas de arte, que ampliaram emblematicamente os animais que nos 'habitam' para além desses três dos quais guardamos os cérebros. (1) Mandamentos, ou leis, ou normas, que sempre existiram em grande número; na bíblia tendo começado com estes dez do decálogo, chegaram aos 613 encontrados só no velho testamento, como foramm listados por Maimônides há oitocentos anos. (2) Para além de muitas atitudes, como acontece ainda hoje, serem criminalizadas num local e não noutro, desde tempos imemoriais, era muito comum um criminoso fugir da cidade onde cometeu o crime, para se ir pôr debaixo da proteção de uma outra cidade onde nada havia feito de mal, podendo lá viver em paz, sempr foi assim ao longo da História. Nesta paz se incluirá também a da consciência, como no caso recente de certas atitudes que no Bronx eram aceitas durante a Lei Seca, e que não eram nos outros bairros nova-iorquinos, isso há muitos poucos anos atrás. (3) Contra-naturam tembém é um conceito que 'se estabelece', é interpretativo portanto, mas o que quero dizer com a expressão, é que o que quer que genericamente seja contra a natureza dos indivíduos em geral, ou contra aquilo que sente cada um de per si, sendo aquele a excessão, deveria ser aceito pelo todo dentro de limites, modus in rebus. (4) Para apodar os homossexuais masculinos temos: larilas, panasca, bicha, viado, paneleiro, maricas, epiceno, invertido, virado, promíscuo, adamado, afeminado, efeminado,gay, rabicha, pederasta, bi, abichanado, panisgas, e também no singular, panisga, prostituto,finóquio, pinoio, puto, tia, panela, travesti, traveca, traveco, andaço, sacana, atracador, atraca dos dois lados, que corta para os dois lados, e outros que não listarei aqui por muito horríveis que são, bem como os mais os regionais, com menor amplitude de uso. São muitas dezenas, demasiada sinonímia para uma realidade que se deseja rejeitar.

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