Democracia / Dinheiro
Ouvi a declaração esta semana repetida várias vezes de que NÃO É A DEMOCRACIA QUE ALIMENTA OS FILHOS, dita de maneiras diversas, mas todas querendo expressar a mesma ideia. Regimes como o da Coreia do Norte, da China, de Uganda, da Síria, do Estado Islâmico, do Zinbabwe, é muito longa a lista, é que pensam desta maneira para justificar seus atos e declaram-no; outros como Angola ou Iraque, ou Rússia preferem fingir à democracia.
Tendo absoluta consciência de que este regime depende, como quase tudo neste planeta, de que não hajam os que se impõem pela força do dinheiro contra os que, necessitados, deixam-se dominar, ou como queria Rousseau, tendo visto com perfeição como é que o regime funcionava e funcionaria, já que Rousseau quase teve uma premunição da história que vem desde aquela segunda metade do século dezoito até nossos dias, podendo ser classificado como o iluminista iluminado, tendo afirmado: «Uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico que não possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém.» portanto não tenho ilusões, ou inocência, e depois foi um social-democrata que postulou a ideia que uma democracia existe não só por causa da prática política, mas pela prática econômica, social e cultural prioritariamente, maior das verdades, alegada por ninguém menos que Francisco Sá Carneiro.
Porém como em tudo há as proporções, vale dizer o quanto de cada coisa entra na composição do resultado final obtido ou desejado, conforme a verificação das suas possibilidades. E a proporcionalidade entre dinheiro e democracia tem como resultante direta de que o primeiro podendo corromper a segunda na proporção da sua concentração, e que a segunda pode inibir o primeiro na razão direta da sua plenitude. Ou seja: Quanto mais Democracia houver, menos importância e menos influência tem o dinheiro e este passa evidentemente a se concentrar menos, porque os foros da Democracia implicam em justiça social e, como é óbvio, em distribuição de renda.
Como sei isto desde sempre porque no país onde nasci esta realidade nos é exposta desde criancinhas, porque sendo um país riquíssimo foi explorado, corrompido e desvirtuado de todas as maneiras e para que estas injustiças e misérias fossem removidas do dia a dia, para que houvesse menos exploração, para que houvesse menos corrupção, para que os recursos do país fossem mais em benefício de usa população em geral e não de um pequeno grupo, foi preciso muita luta e muitas conquistas, e estas conquistas que se foram sucedendo lentamente foram todas no âmbito da Democracia. E continuamos a clamar por mais! Quando houve uma ditadura houve, é verdade, muito desenvolvimento, muita riqueza sendo realizada, mas houve muita fome e miséria, porque este regime traz pouca distribuição da riqueza, porque é um regime para poucos e com poucos, mesmo quando opera sob o manto de uma democracia.
Portanto basta uma pequena revisão na História para verificarmos que diferentemente destas afirmações que visam legitimar o ilegitimável, é a democracia que nos traz mais fartura, podendo, destarte, afirmar-se a expressão título deste artigo, porque o pão acaba, a democracia não.
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