quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

54 anos de estupidez, e ainda não acabou.









Obama que é a maior desilusão, para usar uma expressão, porque iludir-me, eu nunca iludi-me, até não pelo homem em si que até parece bem intencionado, mas pela cadeira, sim, a cadeira em que ele se senta dá muito pouca margem de manobra, por isto eu penso que os meandros do poder não se incomodam mesmo com quem vá sentar-se nela, seja branco, preto ou mulato, só não seja um puro como o Carter*, que isto sempre acaba mal, porque alguém com intenções e posições muito fortes é sempre inconveniente, já que quando há vontade... e o Sr.Obama tem tido pouca, muito pouca vontade como se pode comprovar, mas agora terá tido uma, ou o 'establishment' acabou por se convencer que o cerco a Cuba é inútil?

Não importando a resposta à pergunta que tem difíceis contornos a esclarecer, sempre fica bem para o historial da presidência norte americana que o primeiro presidente afro, ainda mais um sujeito laureado com um prêmio Nobel "de expectativas", satisfaça alguma delas.

Independentemente das circunstâncias, das possibilidades, e das intenções, fica o que está feito: Os Estados Unidos da América reataram relações diplomáticas com Cuba, ainda terá de haver a troca de embaixadores, e a formalização de uma relação que deixou de existir até os cumprimentos pessoais trocados entre Obama e Raul Castro nos funerais de Mandela, aquilo era a formalização de relações, falaram-se! Porém este começo agora irá se consubstanciar em algo muito mais importante, o fim do embargo, já que não havendo mais a oposição norte americana, irá aliviar-se a pressão com que Cuba vive há mais de  meio século.

Espero que este seja um ato de sincera abertura, sem que se espere nada em contrapartida. A mão invisível de Francisco que operou reforça esta esperança, mas com os norte-americanos nunca se sabe.

Comemorar-se-ão, ou melhor deplorar-se-ão, lastimar-se-ão em Janeiro do próximo ano, cinquenta e quatro anos que esta estupidez começou, e, como todas as coisas estúpidas são muito fáceis de serem deflagradas e muito difíceis de serem eliminadas, esta demorou a bagatela de cinco décadas à mais do que seria normal demorar para terminar, e ainda não acabou.

A lição que fica de tudo isto é que não se deve começar nada que seja confrangedor a quem quer que seja, porque aquilo que humilha o próximo nos humilha mais a nós mesmos, nos obrigando para manter a face, a manter a situação, para parecer sempre que afinal tínhamos razão, e o intervalo de tempo mister para esta sensação se dissipar é de tal forma longo e miserável, que não vale a pena. 


* O Sr. Carter, apesar de tudo que foi, não teve coragem de num primeiro mandato restabelecer relações com Cuba, reservou-se para o segundo, que não chegou a ter.

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