quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O BCE é o único culpado.









Paz Ferreira* tem deixado muito claro qual é o resultado da sua análise: " as políticas que se têm aproveitado da crise económica para imporem uma crise social estão a comprometer a viabilidade do país, a destruir o ideal de Europa e a contaminar o mundo em volta."

*O Professor Paz Ferreira ensina Finanças Públicas na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. O prof..Paz Ferreira sabe bem do que fala...
     
                      * Ler mais: http://expresso.sapo.pt/do-optimismo-ignorante-ao-realismo-esperancoso=f891895#ixzz3F1MWhICI

Eu não quero pagar, afirma Thiago Betencour na sua deliciosa canção, e nós que pensávamos  que as cantigas de protesto haviam passado de moda, não as imaginávamos tão atuais.

Não o prazer, não a glória, não o poder, a liberdade, unicamente a liberdade, foi o que me guiou toda vida para chegar aqui, e ver subtraído meu futuro como o de muitos, quase todos, pela ganância de alguns e pela tolerância de outros, ritmados pela fraqueza das instituições, e só tem liberdade quem dispõe dos meios para ser livre. Não poder se deslocar a muita distância, não poder comer o que deseja, não poder ir ver a peça, a exposição, ou ouvir a música que se deseja, e que se podia, porque se foi amputado dos meios para isto pelos erros dos outros, cantemos todos como o Thiago: Eu não quero pagar, eu quero ser livre desta conta que não é minha, por isto sempre busquei a liberdade como único bem tangível numa existência remediada, o único que valia a pena ter, pois tudo o mais se remediava, tudo o mais se obtinha como fruto do trabalho, e sempre soube que a liberdade passava pela estabilidade de possuir recursos que me dessem esta liberdade :de ir e vir, de me alimentar da forma que me apetece, de me vestir, de dar boa escola a meus filhos, de sonhar com os que ouviam a música que se ouve junto com quem a canta. Liberdades que me foram roubadas à conta de uma má gestão dos recursos de todos. E de quem é a culpa? Minha não é de certeza!

As políticas econômicas para terem substância, e alcançarem seus propósitos, atingirem seus objetivos, exigem mais que qualquer outra coisa, dentro de parâmetros, continuidade. Não se pode dizer num dado momento : Vamos todos, para a esquerda, e logo à seguir, é para a direita, ou vamos todos em frente. Esta incerteza, esta falta de políticas continuadas, e a falta de solidariedade com aqueles que tendo seguido suas políticas, se afundaram com elas, esgotando os recursos na sua execução, que não atingido os fins, foram logo alteradas, não se provendo os recursos, como fez os USA, para que elas fossem mais longe na primeira direção indicada, que perseguissem até o fim o caminho que se havia proposto primeiramente como solução. É bem verdade que é preciso coragem para perseguir, neste caso, a via de injeção de dinheiro na economia, como fez os USA que torraram milhares e milhares de milhões até aplacarem a sanha devoradora dos mercado, sanha bem funesta é verdade, implacável e gananciosa, que nunca devera ter sido aplacada a poder de injeção de dinheiro, mas, que uma vez escolhido este caminho, deve-se perseguí-lo até o fim, caminho que, em Portugal, começa com os muitos bilhões gastos no BPN, e, que tendo esgotado as reservas do governo, foi de desastre em desastre até jogar o país na bancarrota, por orientação do Banco Central Europeu de que se devia ir neste caminho, depois nada fazendo para cobrir a retaguarda dos envolvidos, levando aos mais fracos à implosão.

Agora, que já haverá se dado conta dos estragos que provocou, e na situação de escombros em que colocou muitos países, resgatados ou não, agora que sabe que a retomada do desenvolvimento econômico é a única saída para repor a Europa no caminho da prosperidade, sem que devam passar décadas até que este caminho possa ser retomado, e que espero tenham se tenham conscientizado daquilo que todos sabemos, que sem trabalho não há pão, e que para promover a retomada do crescimento econômico custa dinheiro, dinheiro que tão avidamente têm sabido guardar, e que esta solução é a única para tentar equilibrar as diferenças acentuadas dentro da Europa, que a faz mover-se a duas velocidades, uma a velocidade daqueles para quem a moeda forte é um fator de prosperidade, permitindo acumular, os que, com esta riqueza, mesmo que deem, como têm dado, descontos em seus bens de exportação, e ainda assim fazem bom negócio, porque garantem riqueza e prosperidade interna, mantendo postos de trabalho com excelentes salários, e vão acumulando prosperidade e recursos com isto; outra Europa com a velocidade daqueles que a moeda forte torna não competitiva, porque competem com produtos cujas margens não permitem descontos, porque sua única condição, para os tornar competitivos, é a baixa de salários, porém estes situam-se já numa faixa que, baixá-los, é levar a miséria a quem os recebe, assim configurando-se um beco sem saída, ou a saída é uma mudança de políticas, BCE incluído.

Daquilo que se passou fica a lição que a quem dá uma orientação incumbe a obrigação de sustentá-la, não, certamente, com resgates que levem à falência os resgatados, mas sobretudo com a sua participação até o final do processo, e não retirando-se a meio, quando aperceberam-se da magnitude do rombo que este irá causar. Ficam os escombros. Fica a necessidade de sustentabilidade nas políticas econômicas, e fica a culpa disto tudo, que nos diz, para além de qualquer dúvida, a afirmação título deste artigo, que para além da crise em si mesma, que é filha da ganância e da desregulamentação, o BCE é o único culpado.




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