sábado, 17 de dezembro de 2016

5 anos sem Cesária.





Sem ti quem nos vai mostrar esse caminho longe?
Quem vai dizer com a maciez de teu canto que há um caminho, ou que há sequer uma hipótese?
Quem, como tu, terá voz morna que nos envolva e conduza?

Guardiã de verdades absolutas, custódia de lânguidos e longínquos sentimentos, sei quão longe pode ser o caminho, um que vá do Alentejo a São Tome, que possa ir de teu apelido ao teu país, sem sair do lugar  Senhora de muitos lugares . . . Ou que vá de São Vicente a Vila do Conde, do Mindelo ao Mindelo, traço de união.

Com a tua calma absoluta, com teus gestos lentos, teu andar pesado, tua pachorra, tua malemolência, tua modorra mesmo no falar, tão pura e castiça expressão de tua gente, essa voz morna, na temperatura certa, agora quem?

Não sei dizer mais nada além do que nos ensinastes com a profunda melancolia de teu ser, e em que nos deixou a todos mergulhados:

 Sodade, sodade, sodade. . .


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