O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
A desordem que impera.
Canta Caetano: "Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial . . . parece pôr tudo a prova, parece fogo, parece. Parece paz, parece paz . . ."
Trump fala em "ordem civilizada", estúpido, como é, desconhece o que se passa, mas animal com bom faro percebe de onde vem o odor de sangue.
Suíça, Turquia, a capital da Alemanha, Zurique, Ancara, Paris, tiroteios, assassinato de um embaixador, repetições do esquema de Nice, felizmente com menor competência, dias do nada, porque nada leva a nada, vacuidade de tudo, até de protestar. Alguma coisa está fora da ordem, não há dúvida, mas ficará por aqui? O Djinn foi liberto da garrafa, anda a passear solto pelas ruas fazendo estrepolias, pior, trazendo morte, pavor, terror, desgraça do tempo do ódio, do ofício da desesperança, pois que só com a nuvem negra da desolação podem enraizar o desconsolo, única esperança do caos, seu intento, pois no confronto de poucos contra muitos só o caos os poderá favorecer. Se perdermos a confiança, nosso mundo desmorona, abrindo espaço a outras opções.
E têm havido vitórias do terror, pois que se abriu espaço a forças desesperadas que sempre viveram na sombra, que sempre mantiveram sua virulência anabiótica na expectativa de se manifestarem um dia, e surgiram agora fruto das tensões que se desencadearam por toda parte, e ocupam espaços de perdição, onde pode haver até condenação eterna, mas onde certamente há vícios, imoralidades, desonra, miséria, porque agora estão ativas forças que vivem por valores tão díspares dos nossos, tão antagônicas, que só sua existência é uma ofensa, sua manifestação um perigo, e seu soerguimento um ultraje, por tudo que representam, por tudo que fizeram uma vez, forças anti-sistema que, como fizeram no passado, prometem um caminho novo, e, uma vez no poder buscam o caminho do poder pelo poder, porque para se manterem sem materializar bondade, que seria a única novidade possível nesse mundo, buscando novo status quo, mantêm uma virulência corrosiva que lhes modelou a alma em anos e anos de espera pelo poder, agora que o alcançaram numa pequena janela, tudo farão para mante-lo, pouco importando os custos humanos que cobrarão. E a culpa é do sistema que deu espaço a essa janela.
Para que haja tempestade é necessário o adensamento de nuvens, calor ascendente, ar seco, então haverá ventos fortes, raios, trovões, relâmpagos, trovoadas e chuva forte. Eis a tempestade! Hoje vamos dando espaço a elementos tempestuosos por toda parte, nos principais focos do poder mundial surgiram essas forças geradoras de conflito, umas ao lado do poder, e outras mesmo já como poder. Que esperar se você sacode o espumante e arranca-lhe a rolha? Nós já vimos esse filme, e ele termina em mortandade com guerra dita mundial. Por toda parte vem ascendendo lideranças tortas, gente comprometida com o que há de pior na condição humana, muitos do que provocam, inclusive inconsequentemente, tensões incompatíveis com a ordem mundial, rompendo-a, como se tirassem a rolha da garrafa, libertando o Djinn, seu conteúdo efervescente, o conflito. Liberando a tempestade como resultado final, tempestade avassaladora, destruidora em sua manifestação, inevitável uma vez retirada a tampa da garrafa.
Muitos dos que aparecem e se firmam no atual cenário, é gente comprometida com o estupor, estupores mesmo, que, à conta de seu dizer tempestuoso, de seus compromissos mórbidos, espalharam a prédica da mudança, essa tão necessária mudança, desejo de todos, aflição de muitos, esperança de muitos outros ainda, e que por essas razões, pela incompetência ou fraqueza dos anteriores dirigentes, mais a manifesta ganância dos que puderam lançar suas redes obtendo fortunas e arrebentando com isto a ordem das coisas, gerando crises e miséria à conta de seu enriquecimento, pondo grande parte da população em apuros, assim fazem os financistas, as bolsas de valores, os negociantes de armas, a grande indústria bélica que necessita de guerras, alterando tanto a situação existencial que permite que no anseio por mudança muitos se lançassem em caminhos desesperados, o que estabeleceu a nova ordem mundial, esta dos dias que correm, e que ninguém sabe aonde nos irá levar, que advém das sombras, da confusão do caos, porque nós permitimos que essas emergissem no rastro da ganância, que em conluio envolvente abriu espaços insondáveis. Nesse cenário vejo, e antevejo um mau sucesso. Entre os líderes que emergiram só o Bispo de Roma e o atual secretario geral da ONU, são homens com desejo de servir e de promover a paz, os demais, todos os outros sem excessão, são potenciais bélicos, geradores de conflitos e tempestades, pondo-nos na perigosa situação em que nos encontramos.
Tenho muito medo em fazer previsões porque geralmente acerto, e, do que posso antever não espero nada de bom, não irei materializar possibilidades, apenas quero ressaltar que isto que está fora da ordem, repetindo a música do Caetano, e que vem se implantando com origem no terror, permitindo a ascensão de personalidades que consumam a desordem que impera.
Que Deus nos possa valer!
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