sábado, 13 de janeiro de 2018

A CASCA E O MIOLO: Um rombo que só aumenta, e a culpa é de ninguém.





Já passam dos trinta bilhões, ou se preferirem trinta mil milhões, o buraco dos bancos com a crise de 2008, só no pequeno Portugal. E onde foi parar todo esse dinheiro? Não evaporou-se certamente, porque dinheiro não se evapora, muda de mãos, o que transforma a nossa pergunta em: Em que mãos agora estão esses trinta bilhões?

Ora todo mundo sabe que os buracos com a crise atingiram centenas de bilhões de euros no mercado financeiro mundial, e que o que causou a crise foram os investimentos gananciosos dos banqueiros,  dinheiro que foi investido em papeis que não valiam nada, que eram as fusões de dívidas e hipotecas que já existiam, como se elas fossem novas, e como ninguém vai pagar duas vezes o que deve, essas obrigações não obrigavam ninguém a nada, e eram um enorme embuste, uma fraude sem tamanho escondida sobre a ideia de que a obrigação original obriga obrigações agrupadas, ou fundidas, tudo uma enorme MENTIRA, assim como as bitcoins de hoje, uma invenção especulativa que também vai arrebentar qualquer hora. Eu devo ser mesmo muito estúpido, porque não consigo entender como isso é permitido e nada é feito, nenhuma atitude é tomada, para que quer arriscar dinheiro loucamente, há os casinos .

Pois evaporaram-se centenas de bilhões de euros ou de dólares, e quem foi preso por isso? NINGUÉM! Os que chegaram a ser presos foram por razões anteriores, ou por suas reações ao descalabro, porque estando dentro do processo de crise, e vendo toda a desgraça que haviam feito,  fizeram mais desgraça ou inventaram novas falcatruas para cobrir as antigas. No mais ninguém foi culpado, ou seja os autores do negócio que gerou a crise estão aí inocentes. Há uns quantos yuppies em Nova York que moram em palácios com Picassos nas paredes e centenas e centenas de milhões de dólares a sua disposição, e todo esse dinheiro foi para lá desviado nessas negociações fantasiosas, e que não sofreram nenhuma punição, e os criminosos gozam de vida regalada, é verdade que o Sr. Obama ainda falou em tomar qualquer atitude, porém logo o fizeram esquecer, mas que ao abrigo da falta de regulação do sistema eles continuaram escondidos e impunes da imensa fraude que praticaram. E, note, nem sequer o sistema foi regulado efetivamente para prevenir outras golpadas futuras, nem se lhes tocou num fio de cabelo ou num cêntimo da fortuna que recolheram. Tudo isso já foi detalhadamente analisado aqui por mim em outras crônicas, nas quais eu sempre afirmei, e volto a afirmar, que Na próxima encarnação vou vir banqueiro, porque os banqueiros são assim como uma casta divina, que sempre sai impune, não importa as misérias que cometam. Vejam por exemplo esse senhor Sérgio Monteiro, de Portugal, que ficou como responsável em vender o Novo Banco, um banco resolvido que surgiu das medidas que tomaram sobre o BES, o Banco Espírito Santo, que teria o transformado num banco bom, e que revelou-se mau, e que obriga agora o Estado português em mais cinco bilhões de euros nas efetivas negociações de venda com as quais esse senhor nada teve a ver. Pois esse senhor Sérgio Monteiro, além de não conseguir vender o banco, foi remunerado em algumas centenas de milhares de euros para ir tentando, ou fingindo que tentava, nessas funções especiais que desempenhou no Banco de Portugal com esse exclusivo intuito, já após todo o descalabro que havia feito, arranjaram-lhe esse pseudo-emprego com altíssima remuneração, e agora vai com alto salário outra vez ser diretor de um banco do Estado, a Caixa Geral de Depósito, num setor dela com grande autonomia, quase como se fosse um banco autônomo.Um perigo em suas mãos inúteis. O que vem a provar que os banqueiros nunca são atingidos façam as misérias que fizerem, cometam os desatinos que cometerem, e esse é um banqueirozinho por portas travessas, imaginem só os de casta, como o Sr. Ricardo Espírito Santo, tudo que lhe foi possível fazer, e está lá na sua mansão da Guia esperando a morte.  

Isso tudo se passa como uma podridão numa fruta, onde você vai e corta a parte podre, e fica com o resto da fruta perfeita, mas no dia seguinte a podridão está lá de novo, e então, assim, você vai e corta outra vez essa parte onde se manifestou a podridão, mas ela volta sempre nos dias seguintes, até você não ter mais fruta nenhuma. O comprometimento do sistema financeiro passou-se assim, com podridões sucessivas, sempre a espalharem-se, e na verdade não sabemos quando vai acabar, posto que sua ação ainda compromete o Estado e os contribuintes, os que sempre têm de solucionar o problema que os banqueiros criam, mas que nem por isso dispõe de poderes de regulação eficaz contra esses agentes e suas diatribes, nem consegue aplicar punição eficaz contra seus autores. A solução americana foi mais expedita, jogaram muitos e muitos bilhões de dólares em cima da podridão, como um remédio, como sulfa ou como penicilina, dinheiro para estabilizar o sistema, que afinal de contas nada mais é que papel colorido, no que os EUA são em grande parte os responsáveis de ser assim essa falcatrua mundial, dinheiro igual a papel, tendo em muito contribuído para o fim do lastro ouro, e o dinheiro passou a ser uma intenção de boas vontades que o câmbio regula em parte, e que a riqueza das nações que o detêm vai impor sua valia, ou sua  suposta pujança. Como é só papel, os EUA não tiveram dó em injetar bilhões e bilhões de notas de dólares para estabilizar o sistema. (>> Isso é fácil de entender como funciona, toda a roubalheira que houve, e a invenção de valores que não existiam, com as fusões das hipotecas por exemplo, posto que não existiam novas casas, as casas eram as mesmas, alargou artificialmente  as dimensões do sistema, logo o meio circulante não respondia pelas novas dimensões do sistema, e a injeção de dinheiro reajusta o sistema às novas falsas dimensões, como se riqueza real tivesse sido criada, como é tudo uma patranha mesmo, essa solução não se compadecendo em ser mentira, regulariza toda a estrutura, na Europa preferiram cortar, fazendo tudo e todos menores, menos ricos, mais pobres, o que tem mais relação com a realidade, mas dói muito mais.<<) Em ambos os casos era um perdão, uma amnistia prévia aos culpados.

E assim de embuste em embuste, mais ou menos consentidos, chegamos a essa permissividade geral, não regulada que é o sistema financeiro, que agora, nessas condições, só espera uma oportunidade para dar de novo um grande desfalque. A casca é a imagem que é vendida de que isso tudo é uma maravilha, essa aparência de normalidade, o miolo é a podridão que por mais que se corte, ela volta, e só com dinheiro se resolve o problema, porém aí é que mora o busílis, o Estado inoperante usa o dinheiro para resolver o problema, só que esse dinheiro que há é dos contribuintes, do pequeno cidadão que pagou impostos e esperava ver esse dinheiro empregue em melhores hospitais, escolas, e serviços em geral, e que vê sua riqueza ir cobrir o buraco que gerou uns quantos milionários que saem impunes. Acreditem que o absurdo mesmo grande, enorme, é a conivente falta de coragem em punir exemplarmente esses ladrões.

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