O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
sexta-feira, 26 de janeiro de 2018
SALDO DE DAVOS: Estão instaladas as condições para outra crise.
O que isso quer dizer é que há a liquidez necessária para que os mercados se aventurem em qualquer nova loucura. NÃO REGULADOS têm as mãos livres para lançarem-se num novo embuste, numa nova peta que se lhes venham oferecer como extremamente lucrativa, permitindo que se criem outra vez as condições de insolvência peculiares das crises, condições necessárias ao desbarate de todo o trabalho de recuperação econômica, de toda a poupança acumulada com essa década de padecimentos, e mesmo das fortunas que se criaram com as crises anteriores. E os governos serão chamados outra vez a sanear os mercados. COMO NADA FOI FEITO o campo está aberto à repetição das loucuras e engodos de que o mercado gosta tanto, ou poderemos dizer de que é useiro e vezeiro, práticas que sempre se instalam no mercado como uma moda ou como uma característica, uma praxe de sua existência como ambiente de lançamento de novos produtos que é, etiqueta da relação do investidor com as multíplices ofertas de aplicação.
Este é o saldo de Davos deste início de 2018, com a ponta de lança situada mais uma vez nos EUA, que tem agora a agravante de ter um ultra-liberal, não político, nem legislador, como cabeça de seu governo, ou desgoverno, se preferirem, podemos mesmo dizer que estão criadas as condições para a tempestade perfeita (a crise perfeita) que não sabemos quando virá, mas sabemos efetivamente que virá, porque quando você tem ovos batidos com pedaços de presunto à meio, postos numa frigideira ao lume, é evidente que em breve vai ter omelete, se mais cedo ou se mais tarde, tudo depende do fogo, se é com mais ou menos calor.
Uma ação excitante dessa conjugação de fatores é a participação cada vez mais presente da China sempre em ascensão nos mercados mundiais, desde seu ingresso na Organização Mundial do Comércio em 2001, em contraste com a pouca liberalização que se verifica desde então para novos agentes, diminuindo o mar para as pescarias, e a sede de água onde se possa pescar é cada vez maior, teoricamente infinita, mas deve se conter até que hajam peixes bastantes para a nova rede que irão lançar, e COMO NÃO HÁ REGRAS a malha da rede poderá ser tão fina que arranque até os grãos de areia do fundo do oceano. Porque a riqueza que a China vem criando com trabalho e inovação o que aumenta a base da pirâmide do dinheiro, riqueza chinesa que é colocada no mercado abocanhando boa fatia, cria por outro lado desequilíbrio às ganâncias por gordas fatos de outros que não trabalham tanto como os chineses, essa a razão de queixa do Sr. Trump em relação à China como grande centro catalisador de investimentos de toda a ordem, por isso agora não tem mais América a preeminência da atração desses investimentos. Isso lembra uma releitura do que possa significar para ele 'América first'.
O que isso quer dizer é que se está iniciando um novo ciclo econômico, onde imbecilidades como a Bitcoin imperam, ou seja onde ha cada vez mais espaço para a especulação, e nós bem sabemos onde isso geralmente nos leva. A opinião dos banqueiros se dividiu em Davos, desde os cínicos que só querem ver a boa maré (Sem ver que essa maré é de recuperação de uma horrível tragédia.) posto que são guerreiros muito acostumados com mortes e decapitações esses banqueiros que regozijam com seus momentos de boa onda, sabendo bem que com ela estão criadas outra vez as condições para novo maremoto, porém hoje é mais 'in' usar termo nipônico e dizer-se tsunami.
Não sabemos quando, não sabemos de que lado, não sabemos nem mesmo sob que forma, só sabemos que virá, e pode ser tanto mais devastadora a crise quanto forem os fatores que a criem, ou seja quão maior for a permissividade num MERCADO TOTALMENTE DESREGULADO. Tendo isso em mente só me ocorre cantar como Caetano no seu 'Um índio': Virá que eu vi!
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