sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Morreu a noiva do cowboy.




                                                                                                                  28/12/2018

A miúda Miucha não mais vai cantar, e foi-se o dia
Em que a gente ia levando, apesar de andarmos "falando de lado e olhando pro chão"
Esperando nós todos, muito espertos,  pela "enorme euforia"
Sabendo ser certo que tudo passa e que ia passar, mas ainda não

E "a luz dos olhos meus", dos nossos olhos, tinha encontro marcado
Com um Brasil melhor que queríamos construir
Este era, mais que tudo, nosso sonho sonhado
Que não podíamos deixar fugir.

"Não fuja não, ...era fatal que o faz-de-conta terminasse assim"
Parte do legado dos Buarque e Holanda ao Brasil, esse enorme legado
De que somos todos devedores. Foi assim meus senhores, e seguiu, sim
Terminou neste 27 uma vida que se fez coroar para além de seu próprio estado
"A gente agora já não tinha medo" mas, como tudo, tinha fim.


Dr. Rui Rio, que assim seja.









Declaração de interesse contrário: NUNCA VOTAREI NO PSD. Discordo de todas as suas ideias e do estilo de sua governação, mas o Dr. Rui Rio é algo novo que merece atenção e reparo.



Agrada-me a frontalidade de Rui Rio. Não que ele não saiba fazer o jogo escondido para continuar a liderar um saco de gatos como o PSD. É necessário todo um jogo invisível e miserável para se manter a liderança de um partido, sobretudo sem o poder, essa flor entorpecente que suaviza todos os ânimos, e aparta todas as contestações internas. Ele tem se esforçado para evidenciar um novo estilo de fazer política, sem aquelas práticas torpes de sempre, sem aquelas mentiras, sem aqueles enormes enganos usuais para manter acesa a chama, tanto do público interno como do esterno ao partido. E ele tem pago um certo efetivo preço por isso. É evidente que tem de contornar e engolir as diatribes dos seus opositores internos, e as fraquezas, erros e inconsequência de seus apoiantes, mas vai se havendo bem.

Escrevo essa crônica como uma profissão de fé ou uma confissão, porque sempre se deve dizer a verdade e fazer coro, quando vê-se alguém a pregar no deserto, esse imenso deserto de homens e ideias que é a política, homens no sentido que meu avô sempre exigiu que eu fosse: Verdadeiro, franco, firme, seguindo uma linha bem traçada, e incorrupto. Será talvez pretender muito da natureza humana, mas há muita gente assim, e eu tenho tido o imenso gosto de privar com muitos, gente que tem acesso a quantias avultadas, a poderes fortes e efetivos, que cuidam de coisas muito importantes, e não se valem dessa condição para nenhum proveito pessoal, e, creio mesmo, que são maioria. O que nos dá esperança no futuro da Humanidade, não muito forte é verdade, porque a ganância, a ambição, o desejo de desfrutar, medram  por toda parte, roubando almas e corrompendo consciências, entretanto sempre devemos esperar o melhor. Mas voltemos a Rui Rio.

Esse senhor que eu não conheço de parte alguma, com quem nunca troquei uma palavra, tem se mostrado firme, bem intencionado e verdadeiro na medida do possível, o que já é muito para um político, e um político na luta pelo poder.  Temos que admirar e louvar essa atitude, que junto com tudo o mais que se passa em Portugal, e com o excelente Presidente da República que temos, tem gerado um clima onde os cães que ladram e querem derribar a caravana, não consigam eco e força para o efeito, ainda que sempre criem mal-estar aqui e ali.

Digo tudo isso ciente que vivemos um tempo de populistas, e que em Portugal no vazio que se criou, o espaço é para uma direita populista e enganosa, demagógica mesmo, que prometa menos impostos, melhores salários, que prometa ao mesmo tempo todo um leque de soluções impossíveis, porque é assim que conseguirá alcançar o poder. As pessoas desejosas da esperança que se apresenta, não se darão conta da impossibilidade por não haver recursos para realizar seus sonhos. E esta direita está presentemente se organizando, e, certamente não é o PSD de Rui Rio.  O que mais me intriga é que certamente o Dr. Rui Rio vê isso, dá-se conta de tudo isso, mas mantém-se em sua meta, querendo dar a política o que ela cada vez quer menos: Verdade e honestidade. Os novos tempos políticos estimam os mentirosos e/ou os salvadores da pátria, e cada vez mais esses se apresentam numa direita extremada, que sabe que é preciso o caos para tomar poder, que é preciso enganar para se assenhorar da cadeira do mando, lembrem Berlim em 1933. 

O Dr. Rui Rio com sua forma de estar (E mesmo de ser, acredito.) tem revogado esta baixa prática política, se contrapondo com franqueza e verticalidade às tolices esporádicas e desnecessárias que o Costa  e sua caravana cometem com uma frequência dispensável. Mas, sabemos que o poder ilude, e cria antolhos, e lá estão eles às quintas-feiras, como cavalos suados após uma sôfrega cavalgada, sentados à beira da mesa do conselho de ministros, muitas vezes a olharem só para seus umbigos, mas, e muito com a ajuda e o peso do PCP e do BE (pesos e contrapesos, nos ensina a política dos EEUU) repito o porém, têm alterado bastante o estado de pressão e opressão que se vivia até bem pouco tempo, criando novas expectativas, e mesmo perspectivas, que penso que é para continuar, e, espero verdadeiramente, que a oposição que exista na nova legislatura, seja limpa e clara como tem sido a do Dr. Rui Rio. Necessitamos de pedagogia e não de demagogia. Esperemos que assim seja!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

NOSSA VERGONHA COLETIVA.





O número diz tudo, é um número de guerra: 60.000 refugiados mortos desde que começou o milênio pela incúria e menosprezo que lhes votaram as grandes nações europeias.




E baseado na intolerância a esses ultrajantes procedimentos, invocando o artigo 2º da DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, como cidadão deste mundo, porque não há outro, pugnando pela Liberdade e Direitos que esta proclama, afirmo a VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DOS REFUGIADOS EM TODA A EXTENSÃO DESTA DECLARAÇÃO UNIVERSAL, como se de outro mundo eles fizessem parte:

VIOLAÇÃO DE TODOS OS CONSIDERANDOS.

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 1º: Pergunto onde está o espírito de fraternidade proclamado?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 3º: Que Direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, foi reconhecido aos refugiados?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 4º: Que mais são que escravos, refugiados mantidos retidos (PRESOS) em alguns países como a Turquia, a Grécia ou a Itália, porque os outros se recusam a recebe-los?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 5º: Que mais é que tratamento cruel, desumano e degradante o tratamento que é dispensado aos refugiados todos os dias?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 6º: Que personalidade jurídica é reconhecida aos refugiados?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 7º: Sob que lei estão as centenas de milhares de refugiados onde quer que eles estejam?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 8º: Que qualquer Direito de recorrer aos tribunais tem um refugiado?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 9º: Já não estão eles presos, detidos e exilados?

VIOLAÇÃO ARTIGO 10º: Que igualdade e justiça recebem ou a qual estejam sujeitos?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 11º: Que presunção de inocência ou de ação ou omissão de Direitos terá quem está fora da lei por princípio, por estar em terra estranha?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 12º: De que vida privada dispõe para a não ter sob intromissão ou violação nos campos de refugiados para onde foram banidos?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 13º - 1 - Que Direito de ir e vir têm, confinados que estão?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 13º - 2 -  ESTE É O  ARTIGO DOS REFUGIADOS, QUE LHES DEVERIA GARANTIR, NESSA CONDIÇÃO, TODOS OS OUTROS QUE LHES SÃO RECUSADOS (LOGO VIOLADOS CONSOANTE ESSA DECLARAÇÃO) TODOS OS DIAS POR CADA UM DE NÓS E POR TODOS ATRAVÉS DOS GOVERNOS QUE NOS REPRESENTAM.

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 14º - 1 - Que Direito de asilo se manifesta com esse asilo que lhes é dispensado desrespeitando todos os seus Direitos como pessoa.

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 14º - 2 -  POIS É COMO SE OS REFUGIADOS FOSSEM TODOS CRIMINOSOS . NADA PODEM INVOCAR COMO DIREITO.

VIOLAÇÃO DO ARTIGO 15º - 1 e 2 _ Que nacionalidade será a de um refugiado que, ao fugir da sua, está privado de qualquer outra?

VIOLAÇÃO DO ARTIGO... Não lhes canso mais, todos os 30 artigos da declaração são violados todos os dias pelas grandes nações civilizadas da Europa, mais os EEUU, no caso dos refugiados, lhes sugiro a leitura integral da Declaração, e vossa reflexão sobre ela quanto aos Direitos que consagra, está disponível na net, leiam-na, mas a declaração conclui com essa pérola:

Artigo 30:
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

Será que já leram o nossos governantes alguma vez essa Declaração? Como?
Se as violam todas e cada uma delas, já não são Estados, nem mais somos indivíduos, perdemos todos nossa cidadania e individualidade ao recusarmos acolhimento aos refugiados, violando os termos dessa Declaração. Não houve Direito digno desse nome que lhes fosse assegurado, perante o Direito dos homens a acolhida aos refugiados é a falência total do que seja Direito. Perante o Direito de Deus vos convido a leitura do capítulo 19º do Genesis, ou seja está na origem da Humanidade como tal, esse princípio que Deus defende. Lá está a história de Deus ter destruído Sodoma e Gomorra, por que essas cidades descumpriram o princípio básico da hospitalidade. Quanto mais seremos responsáveis por excluir, afastar, restringir, aprisionar, retirar-les (aos refugiados) todos os Direitos que moldam a condição humana,a os escravizar, a essas populações inteiras que solicitam refúgio e acolhimento? Deus destruirá nossas cidades? Deus nos imputará terrível castigo? Entre estes, há muitos que deram acolhida,  forneceram e fornecem alimentos, dividindo assim a população em duas, umas serão responsabilizadas e outras não, umas que repudiam esses miseráveis que recorrem a acolhimento e hospitalidade, porque suas terras, suas casas, suas vidas foram destruídas, por guerras, desgraças, catástrofes, os querem expulsar e banir, outras os querem acolher. Porém todos não os acolhermos é, como disse o António Guterres, "fonte de NOSSA VERGONHA COLETIVA".  



No N Y Times de 27/12/2018 pode se ler:


Europe Edition
Your Thursday Briefing
By ALISHA HARIDASANI GUPTA
Good morning. 

An inflatable boat from a search-and-rescue ship operated by Sea-Watch, a German humanitarian organization.An inflatable boat from a search-and-rescue ship operated by Sea-Watch, a German humanitarian organization.
Darrin Zammit Lupi/Reuters
Europe’s migrant crisis: ‘It’s an act of murder’
In November of last year, 20 people drowned while trying to get to Europe from Libya. Forty-seven others were captured by the Libyan Coast Guard and bought back to suffer abuse, including rape and torture. 
A nearby ship that belonged to a German humanitarian organization, Sea-Watch, wasn’t able to intervene and rescue them. A French vessel in the vicinity refrained from responding. 
Our journalists produced a minute-by-minute reconstruction of the incident, working with two research groups and combining videos, radio recordings, vessel tracking data and witness testimony. 
Why it matters: This case reflects a new policy in Europe — particularly in Italy — that has effectively outsourced migrant rescue operations to the Libyan Coast Guard, which often violates human rights.

JÁ COMEÇOU.






 
 

domingo, 9 de dezembro de 2018

Não importem a estupidez.







Há tantas causas nesse mundo porque lutar, e há rebeldes sem acusa que insatisfeitos com o bom país que têm querem importar a estupidez, querem difundir o caos.

Tipos como o português residente em Paris que disse que faltava coragem aos portugueses para fazerem o mesmo que em França. Esse, que devia ser preso por incitação à violência, se esquece de quem são os portugueses, a quem não falta coragem nenhuma, sobra-lhes, como sobra-lhes juízo para saberem que a situação portuguesa nada tem de comparável com a francesa, e que importar a estupidez não é solução para nada.

Mas já chegou por cá essa ideia esdrúxula e despropositada, e já enviam convites como esse que recebi, e que reproduzo abaixo.
Gisele Silva convidou-te para o evento de Tiago Nunes
Vamos Parar Portugal Como Forma De Protesto
Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2018 às 07:00
Portugal inteiro

E a minhas primeiras questões são a seguinte:

        1. Revolta contra que?
        2. O que representam?
        3. O que pretendem individualmente? e
        4. Onde pretendem chegar em conjunto?

Sem essas respostas, que cada um deve fazer a si mesmo, não adianta querer organizar nada!

Como há partidos, como vivemos a mas perfeita paz democrática,  e todos podemos nos manifestar,  e propormos soluções e caminhos, e como temos o presidente com mais bonomia que se possa sonhar, e temos um primeiro ministro que escolheu um ministério que atende aos que querem lhes falar, ainda que nem sempre atendam e compreendam as reivindicações colocadas, mas, como sabemos, antes de tomarmos qualquer atitude, antes de nos revoltarmos, devemos esgotar os meios pacíficos de sermos ouvidos.

NADA, MAS NADA JUSTIFICA EM PORTUGAL UMA REVOLTA, VÁ LÁ, USEMOS-LHE O TERMO, NA MEDIDA QUE HÁ CAMINHOS DE PROTESTO E LIDERANÇAS, ALIÁS BEM ATIVAS, NESTE METIÉR.

Por isso na esperança de que criem juízo deixo a crônica que fiz sobre Paris aqui nesse blog: 
https://hdocoutto.blogspot.com/2018/12/toda-estupidez-de-paris.html, se o link não funcionar, como é hábito, o título é Toda a estupidez de Paris, está aqui no O Olho do Ogre, é só colocar no motor de busca.


PUBLICAÇÃO DO ANTOLÓGICAS.




Foi lançada uma recolha de 100 poemas feita em muitos dos livros temáticos, em diversas vertentes, que criei ao longo de minha vida, que resultou nesse curioso ANTOLÓGICAS, que agora vê a luz
e que, promete-me o distribuidor que estará em todas as livrarias portuguesas, excessão feita a Bertrand, cujas margens afastam-na da distribuição, bem como tem fechada suas aquisições esse ano.



Estará também disponível para venda on-line com 10% de desconto na Promobooks.

Na contracapa traz uma opiniões valiosas sobre a obra, onde diz:

Este livro é uma seleção de poemas de diversos livros de Helder Paraná Do Coutto sobre temáticas variadas, e apresenta o interesse do autor pelas múltiplas áreas que a poesia canta, representando a sensibilidade de um alma atenta, ou melhor, como diz Lídia Jorge sobre o autor, mesmo quando esse escreve prosa, vê-se: “ Que tem alma de poeta.” Porque só o poeta tem a dimensão da universalidade do sentimento e a consegue transformar em palavras.

Maria Teresa Horta diz de Helder: “ É uma sensibilidade rara.”
E o autor diz de si mesmo:

Eu sou uma casa escura, vazia
Em que o poema vem ter comigo
Enche-me de luz
E eu sendo assim como abrigo

Acolho-o, e ele faz-se, se traduz.  

Passada a informação, só me resta esperar que meus leitores portugueses os vá adquirir nas livrarias, ou, se preferirem receber em casa sem custos de envio seu exemplar, podem recorrer a https://promobooks.net no motor de buscas aqui no seu computador, basta pôr promobooks. 

Desejo-lhes a todos um Feliz Natal. 


quarta-feira, 5 de dezembro de 2018




O Alfaiate de Lanhoso. (*)

                                                                                                         Um pinga-amor.



Temos um alfaiate apaixonado
E vários objetos de seu amor
Na verdade um pouco desesperado
Com grande expansão e furor

Não atendido zangava-se
Com quem seu amor recusou
E assim logo passava-se
Mas foi ele quem, afinal, apanhou

Detido, se encontra trancado
Por todo amor que derramou
Já que puseram-no de lado
E sua paixão não resultou.



(*) Poesia-boutade.



terça-feira, 4 de dezembro de 2018

China uma presença absoluta em nossos dias.







Dos mercados mundiais a China representa um quarto deles. Sendo 17% da população  mundial, e 15% do PIB mundial, e sendo o seu PIB per capita mais de oito vezes o mundial, tendo assim o maior PIB do Mundo, maior em 25% que o dos EEUU, maior do que todos os países da UE juntos, quem não olhar para China hoje em dia estará muito equivocado. Se eu tivesse vinte/trinta anos, estaria aprendendo chinês.

Muita gente ainda não se deu conta da dimensão da China a todos os níveis, não só a econômica. Não sabem que os EEUU perderam a primazia que vinha mantendo por décadas como a nação mais rica do mundo (PIB). E como a China não é uma economia endividada, e, além do mais abocanha todos os anos grande parte da economia de outros países numa política de investimentos a nível global que ninguém mais tem, sua expansão é imparável. O mundo corre o risco de ser propriedade chinesa, já sendo chinês, pois o mundo já é chinês no sentido de sua liderança e influência em todas as decisões que são tomadas, direta ou indiretamente, se são desse jeito, e não daquele, é por causa da China, e isso fica claro e mostra-se incontornável se analisarmos o impacto dos números que Vos dei no primeiro parágrafo.

Aonde isso nos leva?

Nos leva a uma distorção da realidade mundial como nunca antes foi vista, e a China calada, ou escondida atrás do sorriso do presidente Xi, vai comprando ao retalho nas horas difíceis dos outros países. Nos EEUU foi quando as grandes companhias estavam mal, comprou o patrimônio acionário da maioria delas, mais tarde a dívida americana atingiu um estoque tão grande que era difícil para os mercados suportarem, e a China entrou comprando, hoje está recebendo em juros dessa dívida boa parte da produção norte americana. Bem como, por outro lado, não distorceu sua própria economia com o re-investimento de tão enormes estoques de dinheiro nela, o que seria um enorme erro, pois a saturaria e desalinharia, entre outras coisas. Tudo isso somado, muito para além do enorme poder que representa ser 'dono' da dívida da maior economia do mundo, essa que entretanto a China ultrapassou em valores de produção, ainda que não o tenha feito em valores absolutos, pois conta para o efeito absoluto a pujança econômica de sua industria instalada, e a riqueza individual da população, que nos EEUU é muito maior, com o PIB per capita americano sendo sete vezes o chinês, mas apesar de tudo, o resultado chinês é o da maior potência econômica do mundo, que se consolidará como tal em duas décadas, e a China sabe muito bem disso, por isso quer afirmar sua penetração em todos os mercados.


Com a visita do presidente chinês a Portugal temos de colher as razões que trazem o homem mais poderoso do mundo ao pequeno Portugal, o que possa querer o gigante com o baixote. O território da China é 103 vezes o português, o PIB da China é 64 vezes o PIB português, a população da China é 139 vezes a população portuguesa, qualquer pequena vila chinesa, ou um bairro de Xangai, tem mais gente que Portugal inteiro, e isso traz uma grande lição, porque naquelas 64 vezes do PIB e 139 vezes da população está escondida a realidade mais importante que há para as nações, pois feita a divisão dos dois números temos o PIB per capita, onde Portugal é um grande vencedor. Pois ao dividirmos 64 por 139 temos bem menos de metade, e esta comparação é arrasadora, porque a China quer fazer de cada vila sua um Portugal. Ou seja quer mais que duplicar seu PIB, para atingir toda sua imensa população com a qualidade de vida dos portugueses, um feito que será muito difícil de conseguir, mas que é sua meta, e a China é  muito boa em metas. Sendo a única nação do planeta que tem um objetivo a nível global, e que o vem realizando com investimentos sucessivos pelo mundo fora, sempre em comodities, ou, mais que isso, em valores, mais do que em bens essenciais, coisas essenciais à vida (água, energia, distribuição, etc...). A China olha para um futuro longínquo. Não corre os 100 metros com barreiras, mas corre uma longa maratona que pretende ganhar, calmamente.


E o que vê a China?


Vê que suas possibilidades são imensas, assim como sabe que seus problemas são enormes, e que para os prevenir tem de agir com muita antecedência. Imaginem só a dimensão da distribuição de alimentos para dar de comer a todos os chineses todos os dias, escuso-me de dar o número de toneladas que têm de ser distribuídas, por que é tão esmagador que tenho medo de afligir meu leitor. Imensa como é, sabe que terá de importar cada vez mais de tudo, em especial alimentos, e que só pode importar mais, se exportar cada vez mais. E é isso que lhe traz a ideia de construir a nova rota da seda.


Uma lição de história.

Portugal é o pai da globalização. E a globalização era então trazer e levar mercadorias por rotas muito longas, por terra e por mar, a lugares muito longínquos, muito distantes entre si, e foi o que a China fez com sua rota da seda que atravessava meio mundo para chegar a Europa, e Portugal o fez com a carreira da Índia, com o comércio das especiarias, com a sua companhia das índias. Foi um prodígio no final do XV, passados cinco séculos de história, estamos confrontados com outra globalização: a instantânea, virtual, digital,  filha da tecnologia cibernética, e ainda outra, onde outras tecnologias permitem a proximidade física dos seres humanos com os vôos de avião, os enormes navios cargueiros, a abertura de rotas mais curtas, e o enorme potencial que se estabeleceu permitindo às pessoas poderem viajar.


Portugal para o mundo.

Dentro daquela necessidade chinesa de exportar, a China viu claramente que era necessário retomar a rota da seda, o histórico e milenar caminho de escoamento de suas mercadorias. E Portugal está na ponta deste caminho, e a sua suposta posição lateral ou excludente, passa destarte a ser central, e pode portanto ser a porta de entrada das mercadorias chinesas no Ocidente, dispondo para isso de um porto moderno e efetivo, Sines, que os chineses vêm como seu caminho preferencial. Quem leu o artigo que Xi Jinping fez publicar, e viu toda a panóplia de acordos (19) que pretende firmar com Portugal, entende perfeitamente que vêm na sequência dos enormes investimentos chineses no país, como uma estratégia de longo prazo, que colocou Portugal como o centro de maior investimento chinês no mundo por razões estratégicas apenas, sem considerar as componentes econômicas que o leva para o quinto lugar no universo dos investimentos chineses fora da China, então entende-se perfeitamente que a China tem um lugar especial para Portugal dentro desta sua estratégia global. Resta saber se Portugal aceitará o lugar. Creio que sim, pois nada nem ninguém poderá impedir a marcha da China.


Enfim o quinto império.

E nessa estratégia que a China tem passando  por Portugal, coloca-o novamente no centro do mundo, o que inclui outras capacidades portuguesas para e pelo mundo. Sua língua, um elo de união universal, presente em todos os continentes. Seu passado de proximidade e capacidade de lidar e entender-se bem com todos os países. Sua dimensão, que nunca o levará a pretender ser um opositor da China. Sua integração total em diversos mercados. Sua participação na UE, como membro. Sua penetração em África e nas Américas. Portugal é certamente um achado chinês, que, evidentemente, terá segundas escolhas, mas que vê em Portugal sua primeiríssima opção. E com isto, no novo mundo que virá, inexoravelmente virá, poderá com ele vir enfim o quinto império, numa posição acessória, é verdade, mas sem população nenhuma nação pode pretender a primazia, uma condição cimeira exige muita gente, e Portugal nunca teve tantas almas. Entretanto as almas lusitanas que custaram a carreira da Índia, a implantação do Brasil, a presença no Índico, ainda clamam por um império que as justifique plenamente.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Toda a estupidez de Paris.






Têm certamente todo o Direito de protestar. Aliás Paris sempre foi assim, em 1789 terminou de forma muito séria, apearam do poder quem propunham derrubar, e, como rastilho em incêndio inextinguível, nas próximas décadas fez arder meio mundo. Houve muitas outras manifestações importantes, a que agora completou cinquenta anos marcou o século XX. Em 1968 não foi como em 1789, mas sacudiu também meio planeta também, porque a opressão que existia nessas duas datas, como a existência de ditaduras pelo mundo fora, às quais os de Paris se opunham, ainda que indiretamente, representavam um momento mau da humanidade, com injustiças se consolidando em vários países. Penso que nesse final de 2018, não é assim. Vive-se em democracia na quase totalidade dos países europeus e também nos que o ocidente tem influência direta. O sr, Macron, cedo ou tarde não será re-eleito, e tudo mudará. Entretanto esses prejuízos todos, a destruição, o ataque ao patrimônio alheio, a violência, toda esta estupidez é injustificada. E injustificável esse diapasão. Não farão como em outros países que se atiraram nas mão dos maiores enganos eleitorais que se apresentaram durante muito tempo, um outro tipo de estupidez, e bem mais perigosa? No entanto a estupidez francesa, que terá estimulações esdrúxulas de outros enganadores eleitorais que pretendem se beneficiar com a revolta, a insatisfação, o desagrado dos coletes amarelos, obtendo desproporcionada fatia eleitoral ao canalizarem essa insatisfação em seu proveito. Depois, mais tarde, com o tempo os  eleitores tomarão rumos mais sérios outra vez, retomando um rumo profícuo com políticos bem intencionados e com soluções possíveis. Entretanto transitoriamente marcarão sua participação no ambiente da estupidez dos que hoje reagem nas ruas, e, talvez, dêem espaço a esses políticos que radicalizam posições impossíveis de serem adotadas, porque o mundo e a sociedade é mais que essas mesquinharias e despropósitos.

Ou seja essa estupidez tem várias vertentes e várias manifestações, assim como as diversas ocorrências da cegueira que de tempos em tempos aflige aos excluídos ou empurrados à exclusão e miséria na estrutura do edifício social de quando em quando vem à tona, fazendo opções erradas, quando deviam canalizar sua insatisfação para políticas e políticos viáveis. Razões têm eles muitas, Direitos, todos menos um, o de expressarem sua revolta em destruição da propriedade alheia, na agressão ao patrimônio público, em agredir, em ferir, em ofender, em malbaratar.

Paris a ferro e fogo, mais a estupidez governamental que lhes antepõem opositores, as ditas forças da ordem, quando se deixassem a manifestação correr sem forças que se lhe opusessem, penso que se esvaziariam mais cedo.E que filmassem tudo, e com as imagens responsabilizassem aos que cometeram crimes. (Incendiar carros, ferir gente, destruir lojas.) Entretanto a solução política, para quem quiser busca-la, está nesta quarta/quinta revolução industrial, indo encontrar meios inclusivos para estes contingentes humanos cuja remuneração é injusta e insuficiente. As economias têm de promover soluções para todos de forma a poderem se converter em políticas de Estado, e atenderem às aspirações das populações. Tudo o mais é balela, e como os governos e os governantes são mestres em balelas. E esses erros, mentiras, enganos e políticas desajustadas geram toda a estupidez de Paris.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

As vidas que não valem nada.




Nem pranteadas são.









Em muitos lugares do mundo as vidas valem pouco, muito pouco, quase nada, ou mesmo nada.
E porque?

A Catarina Carvalho em sua crônica no DN comentava "Quanto vale uma vida em Borba", eu assumindo como pergunta sua assertiva, respondo: Não vale nada! E explico porque.


Sabia-se do problema há muito tempo, como se sabe de vários outros em que nada é feito. Velho mau hábito de empurrar com a barriga. Só que a única maneira de uma estrada que está para cair resolver o problema, é caindo. Se estiver gente por lá passando na hora que a derrocada se der, será fatalidade, ou poder-se-á empregar um termo inspirado na expressão norte-americaba para aos mortos em cenário de guerra: casualidades. E estamos conversados.

A razão pelo que digo que nem pranteadas são, é razão da insensibilidade dos responsáveis que não  demonstram desassossego pelo ocorrido, entregam-no ao espectro do imponderável e se eximem. No caso de Borba, e dói-me porque os portugueses não são assim, insensíveis, bem ao contrário: Responsáveis diretos e indiretos, a começar pelo presidente da câmara e a terminar no primeiro ministro, demonstraram sua pouca valorização da vida humana com seu descaso. Um dar de ombros generalizado, um pouco caso afrontoso à sensibilidade de quem valoriza a vida humana, seja em que número for que é ceifada,  mas foram só cinco! Para pais, esposas, filhos, amigos, aquele ente lhes faz falta, e é valorado, para as autoridades foi certamente uma casualidade, um azar, uma fatalidade.

Esse sentimento, essa postura, essa conclusão, gera a desvalorização da ocorrência, e, com ela, a diminuição das responsabilidades, a memorização da desgraça, posto que o desgraçado é aquele que ficou sem pai, sem irmão, sem marido. O mais não importa muito, aluindo a cadeia de responsabilidades e o edifício social nela apoiado. Quando alguém vai por um caminho, uma estrada, põe fé em quem o construiu, assim como quem faz uma cirurgia põe-se na mão do médico, se esse for incompetente, será responsabilizado, se quem construiu, ou deve cuidar do caminho o fôr, será fatalidade, não sendo acusado de nada.

A vida humana não vale nada para os que se escondem por detrás de responsabilidades não evidentes, mantendo uma relação afastada, não preventiva na maioria das vezes, porque não lhes será imputada culpa, e numa postura anti-obsequente, não ouvem aos técnicos, não respeitam as normas, sem precaverem as possibilidades de desgraças, sem acautelarem ocorrências avisadas, sem tomarem as medidas necessárias. Para esses irresponsáveis crônicos a vida vale pouco porque cuidam pouco de sua culpa, não se sentem ameaçados, logo não se atribuindo responsabilidades, eximindo-se do dever mister de premunir.  

Morre a culpa solteira sempre que o descaso não encontra dedo acusador que lhe revele a responsabilidade. As vidas ceifadas por sua ação fraca, tíbia, pouco zelosa, ou não zelosa de todo, não encontram mor das vezes relação direta na responsabilidade a se imputar por suas mortes, que é do que se trata. Ficando cadáver o infeliz que confiou no irresponsável, e esse, isento, segue feliz e faceiro com sua vidinha, para talvez no futuro repetir o malfeito.

domingo, 18 de novembro de 2018

TODA A HISTÓRIA DO ESTORIL - CONVITE.





 

Convido aos amigos leitores para a EXPOSIÇÃO  Pegadas no Estoril a inaugurar-se na próxima 5ª feira 22 na Casa Sommer em Cascais.

Abraço amigo,
                           Helder Paraná Do Coutto.