quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Das eternas Cartas Portuguesas.












    Várias Marianas, três Marias e uma Inês.
    Na senda de uma tradição tri-centenária, desde quando Claude Barbin em 1669 publicara a tradução francesa, idioma que as três Marias também utilizam, de cinco cartas de amor de uma mulher, uma Mariana, como as Marianas que também evocam essas três Marias, aquelas eram cinco cartas que desde o tempo de Luís XIV revelam uma sensibilidade, um grito, aquele emitido desde um claustro, mas a mesma sensibilidade da mulher, e a razão, a mais perene de todas, amor. 'Ut ego amo te amo'
    'Amor me ad vos', um desejo singelo, um Direito mesmo, tão reprimido, tão esmagado, que a sua só revelação é um escândalo, mas é uma expressão sublime de beleza que muda o caminho da literatura por existirem aquelas cinco cartas, e em existir se resume muita vez a razão de que as coisas sejam de um modo e não de outro, assim como existem essas novas.
    Assim como existem também essas três Marias suas autoras, a Teresa, a Velho, e a Isabel que hoje nos deixa, mas da qual fica seu grito, uníssono com as outras duas que seguem guardando o testemunho, como aquele grito da Mariana Alcoforado, a anônima, que a partir de seu claustro fez ecoar pelo mundo fora, e que, pela sua força e beleza, permanece e permanecerá. São suas cartas, que, assim como as novas, portuguesas ambas, revelam a magia de um tempo, cada qual de per si, neste lapso temporal de três séculos entre ambas, assim como existe um sentimento de mulher que cumpre seu desígnio, assim como há forças que se lhe opõem, haverá sempre a expressão desse sentimento que, feminino, vem revelar, quem sabe?, "O lugar comum" como queria a Maria do meio em seu primeiro trabalho publicado, essa Velho que esconde o nome de sua santa, uma Nossa Senhora, a mais portuguesa de todas as Nossas Senhoras, ou quererá a primeira a da santa que poderá ser a d'Ávila, a de Lisieux, preferida no diminutivo, a dos Andes, Edith Stein, a judia, ou a santa do dia de hoje, a de Calcutá, não importa, haverá sempre uma "Minha Senhora de Mim" a nos dar "Educação Sentimental" Ave Teresa Horta! Como ficará para sempre em nós a memória da Maria que nos deixou, do nome dessa santa portuguesa que foi rainha, certamente a mais portuguesa das santas, que n'"A Condição da Mulher Portuguesa", marcou a "Crônica do tempo" sendo um d'"Os sensos Incomuns" de sua época, que como mulher recusou-se a ficar n'"As Vésperas esquecidas" fazendo-se presente, expressando sua totalidade na plenitude de sua existência que por fim terminou. Ave Maria Isabel Barreno de Faria Martins.
    E por fim uma Inês, não como aquela perdida para a vida que só morta foi coroada, mas muito viva, ativa, quem sabe até aflita da aflição bendita de querer realizar, das atribulações de enfrentar os desafios, do imponderável esforço de realizar e realizar-se, que empreende o obra da Sibila, não aquelas gregas, depois romanas longínquas, mas dessoutra que se expressa, em páginas de tinta e papel, buscando espaço num mercado tão difícil como é o livreiro. E se lhe perguntarem porque essa obstinação, essa intenção, certamente responderá que é porque transita entre a "Eternidade e o desejo." e mais dirá ao mundo que constrói: "Fazes-Me falta." Far-lhe-á falta a industria, pois sobra-lhe engenho e arte. E labuta para que todos os que carecem do diálogo mudo da leitura, possam ter o objeto mais fadado do desejo, colocando-o "Nas tuas mãos.", nas tuas leitor voraz, que a profética Sibila é sua editora.  Ave Inês Margarida Pereira Pedrosa.
    Que Deus abençoe a todas.

    Sem comentários:

    Enviar um comentário